A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 7
Home of the Spartans


Notas iniciais do capítulo

Lay*: Esse foi um capítulo difícil, eu comecei a escrevê-lo ontem de bobeira e acabei hoje. Tive que pesquisar um pouco sobre a FHS e eu queria agradecer a Liza Shell (Luisa) que contribuiu na pesquisa. Agradeço também a Mariana Zambujo que me contou sobre os olhos.

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"Sou um personagem totalmente deslocado da trama. Não combino com esse cenário, com os coadjuvantes, figurantes. Não combino com ninguém."
— Tainah Ferreira



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Casa dos Espartanos

Quando os Volturi finalmente abandonaram a mansão Foster, todos trataram de agir como se nada tivesse acontecido, exceto Xavier. O velhote – há pouco eu adquiri a liberdade de chamá-lo assim – ficava um longo tempo olhando para o nada como se a solução para seus problemas fossem surgir no ar diante de seus olhos.

Mirajane tinha o olhar distante como o velhote. Mais distante de nós, Liam e Pam travavam uma queda de braço com melhor de cinco, Liam já tinha perdido o braço duas vezes – literalmente -. Claire – a vampira de pele escura e olhos dourados – e Lucy riam mais ao longe de uma reação exagerada de Charlie sobre algo que as mesmas falavam. Kyle bebericava uma lata de cerveja – todos sabiam que o líquido na lata não era exatamente cerveja – e Leon jogava xadrez sozinho – não sei como, mas ele parecia se distrair com isso.

Eu virei o rosto para Mirajane.

– Eles não podiam estar falando sério, não é? – eu disse – Sabe... Os Volturi.

Ela deveria realmente estar distraída com seus pensamentos, pois demorou alguns segundos até virar o rosto para mim e responder:

– Eles vêm nos ameaçando há décadas e o clã ainda está intacto – ela forçou um sorriso amigável.

Leon, que estava mais próximo, fez um xeque-mate contra... Si mesmo?

– Você sabe que não é verdade, Mira-san – ele disse sem desviar o olhar do tabuleiro, como se estivesse examinando sua vitória – Sem Julian, tudo o que podemos fazer foi seguir em frente.

Mirajane voltou a olhar para o nada.

– Obrigada por me lembrar, Leon. – ela falou sem emoção.

Eu queria perguntar sobre o tal Julian, mas para Mira parecia ser um assunto mais que delicado. Desviei o assunto, parecia ser o melhor a fazer.

– Mas então... – eu pigarreei. – Há quanto tempo exatamente existe o clã Foster?

Mirajane voltou-se para mim com um olhar agradecido.

– Bom... Não faz tanto tempo assim... Deve ter uns cento e doze anos talvez – ela disse incerta – Mas tudo começou com Xavier, claro. Eu sou uma das netas dele, junto com Lucy, já que ela é minha prima.

– Uma das? – eu repeti – Quantas netas esse cara tem?

Mirajane deu um leve sorriso.

– Ele tinha quatro filhas e um filho, apenas duas tiveram filhas – disse ela – Eu, Lucy e minha irmã mais nova, Kyoko-chan... Kyoko não chegou a fazer parte do clã, eu mesma tentei transformá-la quando ela ficou doente, mas ela não sobreviveu. Foi à última vez que eu a vi sorrir. Você me lembra um pouco ela, sabe...

Eu fiquei um bom tempo olhando para Mirajane que sustentou o olhar.

– Eu entendo o que quer dizer, Mirajane – eu disse. – Ou pelo menos entendo um pouco.

Ela assentiu.

– Eu sei disso, Alex-chan – ela disse. – Logo depois veio Claire, quando a encontramos ela era uma sanguinária de primeira, mas Xavier conseguiu dar um jeito nela. Kyle-san foi o próximo, ele era filho do líder do clã Matsuri, quando esse clã foi destruído, Xavier acolheu Kyle como um filho. Liam e Leon... Bom, Liam se transformou e acabou transformando o irmão... Ambos não são muito antigos, eles são iniciante, ou seja, não tão acostumados com o sangue animal. Exceto Leon, Leon pode resistir facilmente ao sangue humano, mas Liam... Quando está com sede consegue dar trabalho.

Eu sacudi a cabeça.

– Não sei por que não estou surpresa com isso...

– Então temos Pam e Charlie. Não necessariamente nessa ordem – ela explicou – Pam é iniciante e Charlie já é um vegetariano, apenas sangue de animais.

Eu ri.

– Isso é engraçado.

Ela franziu o cenho.

– O que?

– Essa coisa de vegetariano. Normalmente isso significa ficar longe de qualquer produto que tenha sacrificado um animal e tal – eu disse – agora...

– Ah isso... Bom, eu acho estranho, mas você acostuma – ela disse levantando-se da cadeira. – Melhor eu dar um jeito na Pam, antes que ela faça Liam se quebrar inteiro.

Isso eu não tinha o que discordar, Técnica de tortura número 57 é horrível... – Nem me perguntem o que é aquilo, eu não faço ideia e nem quero fazer, só sei que deve ser desconfortável.

Eu fiquei pensando sobre a tal Kyoko, a irmã de Mirajane e em Julian, o antigo membro do clã, me perguntando o que teria acontecido com o mesmo. Minutos depois eu subi para o meu quarto e Charlie fez questão de ir junto caso o “fantasma” de Bree voltasse para me perturbar, mas claro que Liam tirou proveito da situação – Acho que vocês podem imaginar o que a mente inocente do loiro (Castanho pálido, desculpe) pensou quando Charlie disse “Eu vou com você”.

Charlie e eu “acampamos” no quarto, deixando apenas uma lamparina entre nós. Ele parecia tentar me animar, contando piadas idiotas – até agora eu não acredito que eu ri do “Porque o Draco Malfoy não matou Dumbledore?... Porque ele teve medo de errar o ‘Alvo’.” -, imitando o resto da família Foster – exagerando um pouco na imitação de Pam...

– Quem sou eu? – ele disse afinando a voz – Eu sou baixinha, mas isso não me impede de dividir você em dois! Ataque surpresa! Técnica de tortura sabe lá qual!

Era idiota, mas eu ria e Charlie se dava por satisfeito com esse resultado. Era como se eu o conhecesse há muito tempo e ele a mim.

O dia surgiu nublado e todos os vegetarianos lamentaram, pois... Por alguma razão, Xavier fazia todos os vegetarianos irem à escola. Escola. Eu estava animada pra isso, fazia muito tempo que eu não ia à escola e já estaríamos indo para o inicio do novo ano letivo e eu tinha muito controle sobre minha sede. – E para a sorte do meu cabelo, eu aparecia no espelho! Certo... Isso não tem nada haver, não é?

Mas de todo jeito eu sentia falta de irritar os professores com perguntas idiotas, ser estraga prazeres dos populares que se acharam o máximo – qual é! Toda escola tem gente assim, não? -. Porém eu não sabia, mas as coisas não aconteceriam exatamente do jeito que eu planejava.
– Que tipo de pessoa você costumava ser na escola? – perguntou Charlie quando estávamos descendo as escadas.

Dei de ombros e sorri marotamente. Só isso que eu lhe dei como resposta.

– Então, baixinha – Kyle ergueu as chaves do BMW X6 para mim – Sabe dirigir?

– A não ser que o propósito seja matar todos nós – eu disse.

Kyle sorriu.

– O que tem a perder então? – ele me jogou as chaves, mas Charlie que as pegou.

– Já ouviu falar naquela frase “Mulher no volante, perigo constante”? – ele perguntou. – Imagina uma Alex Tanner Foster no volante, não é pra matar, é pra aniquilar.

Revirei os olhos tomando as chaves dele e jogando de volta para Kyle.

– Eu não confio muito em Charlie – admiti ignorando os protestos do mesmo. – Essa frase também foi feita pra ele.

O homem-armário deu um sorriso sarcástico.

– Eu estou aqui – disse Charlie. – Sabiam?

Eu ri e o puxei em direção ao BMW.



Por alguma razão as pessoas gostavam do tempo aberto, com sol exposto, o céu límpido e azul, porém eu sempre gostei do tempo nublado e chuvoso, parecia um tempo triste, mas nem sempre era assim. Como apenas os vegetarianos poderiam – lê-se, eram obrigados... – ir à escola, Pam e Liam ficaram para trás junto com Lucy. Claro, Lucy era vegetariana, mas Xavier não via motivo de mandá-la para a escola, além do mais o dom dela era a inteligência, não? Pam e Liam ainda eram considerados iniciantes e não podiam resistir muito ao sangue humano. Mirajane já estava formada assim como Kyle – que serviria de carona para a escola. -, portanto seria eu – que já não era muito atraída pelo sangue humano -, Charlie, Leon – que diferente do irmão, era mais controlado – e Claire.

O que me preocupava era que no ano anterior eu já estudara naquela escola – e eu não era muito invisível... -, mas segundo Xavier eu não precisava ficar insegura quanto a isso.

A Forks High School parecia diferente aos meus olhos, mas ao mesmo tempo estava igual. Um conjunto de prédios constituídos por tijolos marrons e cercado por árvores e arbustos, as janelas tinham o acabamento branco e os telhados eram da cor das nuvens escuras acima de nós. Finos respingos de chuva davam uma cor mais forte ao gramado.

O estacionamento também não estava vazio. Não, eu não estou falando dos carros que aqueles adolescentes devem ter lavado muita louça para consegui-los, mas falando dos próprios adolescentes matando um tempo antes da aula, percebi que há muito tempo não estava cercada por tantas vidas humanas. Senti-me uma alienígena recebendo aqueles múrmuros e olhares.

– Bem-vinda de volta ao ensino médio – disse Charlie apoiando o braço ao redor dos meus ombros.

Não havia nenhum rosto familiar e eu não era familiar a ninguém. Meu olhar caiu em uma placa em frente ao colégio com os dizeres:

FORKS HIGH SCHOOL

CASA DOS ESPARTANOS

E ao lado a figura da cabeça de um cara com um elmo. Sorri.

– Estou sendo uma novata de novo – eu disse. – Incrível.

O que eu não sabia era que a minha chegada da Forks High School não seria digna de um sorriso como aquele.


Começar como novata em uma escola é sempre difícil. Por quê? Bom... Porque você é a novata! Não foi difícil achar as salas, mas eu tinha que fingir que era. Por sorte minha primeira aula seria com Leon, então eu me sentia menos idiota. A aula de inglês ainda era com o Sr. Mason – um sujeito alto e careca – e futuramente eu desejaria que Claire estivesse por perto.

– Senhorita... Foster? – ele olhou para mim e novamente para o meu papel de horários.

Com isso eu acabei mordendo a língua para não soltar um palavrão na frente do professore – dizem que isso pega mal.

– Ah, entendo – disse ela com falso tom de pena – Sinto muito pelos seus pais, mas tenho certeza que eles ficariam gratos ao Sr. Foster por acolhê-la.

Eu franzi o cenho enquanto Sr. Mason me devolvia o papel.

– Desculpe, mas... – eu comecei – O que tem meus pais?

Ele hesitou.

– Melhor se sentar, Srta. Foster – disse tentando ser gentil.

Mesmo a contragosto eu o fiz, sentando-me na última carteira da sala me perguntando se aquilo era algum tipo de truque que Claire, mas ela nem estava ali... Como sempre, o Sr. Mason fazia os alunos novos ficarem na frente de toda a sala e se apresentarem e falarem um pouco sobre si – se já não fosse bastante ficar na frente de várias pessoas cujo rosto você nem conhece.

– Meu nome é Augustus Banks, dezesseis anos, nascido em Chicago...

– Eu sou Madison Wilson, quinze anos, nascida e crescida aqui mesmo em Forks...

–... Eu gosto de basquete, morei na Inglaterra por um ano...

– Meu nome é Lauren Hunter... Pretendo cursar em radiologia...

Até que chegou a minha vez. Eu nunca tive muita paciência com o Sr. Mason então fiz a mesma coisa que eu já havia feito no meu real primeiro dia.

Andei até a frente da sala e sentei-me à mesa do professor.

– Eu sou Alexandra Mary Tanner Foster, mas me chamem de Alex a menos que queiram levar um soco no meio da fuça – eles riram. – Eu nasci em Seattle, tenho dezesseis anos, fui adotada pela família Foster há pouco tempo e o motivo eu não acho que interesse a vocês. Minha banda favorita se chama Adema, minha cor favorita é cinza e minha biografia ainda não está completa, quando ela estiver eu aviso por email e não vou precisar ficar vindo aqui e falar tudo isso... Por que... Fala sério! – mais risadas – E pra terminar, eu tenho coração de manteiga apenas nos fins de semana, por tanto...

Uma onda de risos ecoou pelas paredes da sala, mas eu permaneci séria.

– Obrigado, Srta. Foster – disse Sr. Mason pacientemente, o motivo eu desconheço, pois ele sempre foi um dos mais chatos professores – Pode voltar ao seu lugar agora.

O Sr. Mason fez a gente assistir a versão cinematográfica de Marley e eu, um dos filmes favoritos de Bree depois de PS: Eu Te amo. Por alguma razão ela gostava desses gêneros melosos e me fazia assistir também – pelo menos três vezes seguidas até eu decorar os nomes de todos os personagens.

Eu deitei a cabeça na mesa e fechei os olhos fingindo estar dormindo.

Um minuto era...

– Um cachorro não precisa de carrões, de casas grandes ou de roupas de marca, um graveto é ótimo para ele...

E depois...

Não me deixe sozinha...

Por um segundo eu esqueci como se abria os olhos, eu sabia que não estava dormindo – obviamente eu não podia dormir e nem precisava -. Os sussurros de Bree me perseguiram até aqui?

Tentei apenas ficar com a cabeça baixa, perdida em pensamentos, ignorando tudo ao meu redor enquanto tudo ao meu redor me ignorava. Como se eu fosse uma coitada que acabara de perder os pais.

O que eu ainda não sabia era que eu era isso mesmo.


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Notas finais do capítulo

Vou dar uma explicação rápida sobre o fato de ninguém lembrar da Alex, a não ser os professores - Alunos novos e ela nunca foi tãããão popular assim (Mas também não era invisível). Alex também nunca foi muito boa em decorar nomes e por que o "Sinto muito pelos seus pais"? Isso... Acho que vocês são capazes de imaginar a resposta.
Obrigada a quem está lendo e acompanhando, estou me divertindo no mundo de Stephenie Meyer.



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