Odeio como me culpa pelo seu termino com Rose.

Já se passavam das quatro da tarde e o tédio pairava na casa dos Weasley. Sim, por mais incrível que possa parecer, estávamos todos com tédio, o que é um caso inédito n’A Toca, já que ela é conhecida por ser agitada e nunca ter paz.

Mas lá estávamos: Vic com a cabeça deitada no colo do Teddy que mexia em seus cabelos provocando sono em minha irmã, que já estava muito animada. Louis e Alvo jogavam xadrez, um jogo muito animado e interessante – notem a ironia -, Lily lixava suas unhas, enquanto Rose lia um livro, para a surpresa de todos – sim, eu sou muito irônica -, James dormia e eu olhava pela janela pensando na vida.

Devem estar se perguntando: “Mas e a vovó Molly e o vovô Arthur?”. Vovó havia ido à casa de uma amiga, e vovô estava trabalhando, como sempre.

— De casa? – escutamos alguém chamar na soleira da porta.

Todos levantaram o olhar para a porta onde se encontrava um garoto loiro de olhos azuis acinzentados, mais conhecido como Scorpius ou namorado da Rose.

— Scor! – minha prima colocou o livro de lado e foi correndo receber o namorado. – O que faz aqui?

— Resolvi fazer-lhe uma surpresa. – sorriu docemente. – Olá pessoal!

Alguns acenaram e outros sorriram em resposta, mas apenas um fechou a cara e voltou fechar os olhos dizendo grossamente:

— Você não é bem-vindo aqui, Malfoy. – sim, tinha que ser o grosso do James.

— James Sirius! – Rose disse entredentes repreendendo-o – Não liga Scor, ele só não aceita o nosso término. – esclareceu puxando-o para sentar-se na poltrona e sentando-se ao seu colo.

— Se Dominique não tivesse atrapalhado nosso namoro... – começou, mas eu o interrompi.

— E lá vamos nós outra vez com este assunto. – revirei os olhos e Scorpius riu. – Meu filho, já te disse que eu não tenho culpa que você é um péssimo namorado e não soube segurar a Rose, não tenho nada a ver com isto, sabia?

— Não, né? Imagine só se tivesse. – riu sem humor.

Sem dizer mais nada levantei do chão, onde estava, e encaminhei-me para a cozinha a fim de tomar água.

— Alguém quer alguma coisa daqui? Você quer Scorpius? – gritei para que escutassem.

— Não! – responderam em uníssono.

— Quero um copo de água, por favor! – Scorpius gritou de volta.

Peguei uma garrafa da geladeira, despejei a água no copo e levei a ele.

— Muito obrigada.

— Diga então, o que faz aqui? – indaguei – Quer dizer, fora a surpresa para a Rose?

— Faz tempo que não vinha até A Toca, estava com saudades de vocês. – deu de ombros.

— Se anda com saudades da Dominique, porque não larga a Rose e volta com ela? Todo mundo sairia ganhando. – sugeriu James, com um sorriso de canto.

Olhei feio para ele, o que Rose iria pensar disso? Do modo como ele havia dito, até parecia que Scorpius e eu tínhamos um caso. Mas, como se ela lesse meus pensamentos, olhou para mim e disse:

— Não entra na pilha dele, Domi. – tranquilizou-me. – Sei que não tem nada entre vocês, ele é que não sabe perder.

Dei um sorriso forçado para ela e subi para o meu quarto, não estava a fim de discutir, mais uma vez, com James por causa do término deles. Mas, como se para me provocar ele subiu atrás de mim, invadindo o meu quarto e cruzando os braços para me encarar.

— Pois não? – indaguei sem expressão nenhuma. – Deseja algo?

— Sim. Quero que faça Rose terminar com Scorpius, para que ela volte comigo.

Aquilo era algo tão ridículo que não pude deixar de gargalhar, ele me observava sério como se o que havia acabado de dizer não houvesse graça alguma.

— Não pode estar falando sério, né? Sabe que eu nunca faria isso. – ri mais ainda.

— Pois deveria. – retrucou sério.

— E posso saber o motivo? – indaguei.

— É sua culpa dela ter terminado comigo. É sua culpa deles terem ficado juntos. Então você tem que concertar isto. – exigiu.

— James, pela última vez, eu não tenho culpa nenhuma por eles terem acabado juntos. Eu só terminei com Scorpius porque não dávamos mais certo, só por isso e não porque queria que vocês terminassem para que ela ficasse com ele. – disse calma – Não sei da onde tirou essa ideia maluca de que eu fiz tudo isso de propósito.

Ele apenas ficou me olhando, sem dizer uma palavra, esperando eu continuar.

— Nunca faria algo assim para te prejudicar. Somos primos, somos uma família embora você não me veja assim. – comentei – E caso não se lembre, na época em que terminei com Scorpius, eu e você éramos melhores amigos, e eu até te ajudava com o namoro da Rose, e você me ajudava com Scorpius, não é? Então como pode achar que eu terminei com ele só para te prejudicar?

— Amigos? Não pode estar falando sério, não é? Amigos não traem, amigos não prejudicam um ao outro, amigos ajudam, amigos são leais.

Eu estava me cansando daquilo. Ele não dava o braço a torcer de que estava errado, de que Rose só terminou com ele porque na realidade sempre amou Scorpius.

— Você nunca foi minha amiga! – cuspiu, e em seus olhos eu podia ver vestígios de lágrimas, lágrimas que ele tentava a todo custo esconder. – Eu gostava de você, eu gostava realmente, mas depois que fez isso comigo descobri o quanto você era falsa, o quanto me enganou.

— James, eu nunca te enganei. – as lágrima começavam a aparecer em meus olhos também. – Nunca faria isto com você.

— Você vive falando que me odeia! – acusou.

— Isso é porque você vive me humilhando, me atazanando, me maltratando. – comecei a chorar. – Nesses dias que estamos aqui você só me maltratou, primeiro foi a brincadeira de mau gosto durante a noite, que além de tentar me atingir atingiu a própria irmã. Em seguida me esculachou, dizendo mentiras horríveis sobre mim... E eu não fiz nada para merecer isto. Eu estou sendo julgada por uma coisa que eu fiz na intenção de tentar ser feliz, mas acabei ficando triste, porque você só me machuca!

— Eu só te machuco? – riu com ironia – Fala sério Dominique, você merece isso por ter me feito sofrer.

— Te feito sofrer? – indaguei confusa, ainda chorando.

— Sim! – gritou – Por sua culpa Rose terminou comigo!

O que? Ele ainda insistia nisso? Ele não prestou atenção no que eu havia dito minutos atrás? Aquilo me irritou profundamente.

Sequei minhas lágrimas com força e comecei empurra-lo para fora do meu quarto batendo a porta em sua cara e gritei:

— Odeio o modo como me culpa pelo seu término com Rose!