Dentro de um ônibus escrita por Crhistian Bones


Capítulo 1
O inicio de uma viagem.


Notas iniciais do capítulo

então... esse é emu primeiro Yaoi, que foi escrito por influencia de uma colega, uma inspiração instantânea, e alguns minutos de coragem insana...espero que gostem.



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Era quase onze da noite quando o professor anunciou que em breve nós entraríamos no ônibus.

Mas antes de contar essa história me deixem dizer quem eu sou. Meu nome é Louis, tenho dezesseis anos e estudo no Colégio Titãs. Uma escola particular que é considerada a melhor em minha cidade. Se quiserem me imaginar saibam que eu tenho 1.75, pele clara que às vezes chega a ser pálida, meus cabelos são cacheados e pretos e meus olhos são tão negros quanto os cabelos. Minha timidez, segundo dizem, é um dos meus piores defeitos e um dos motivos pra, mesmo sendo o melhor amigo da "rainha" da escola, eu não ser nada popular. Um verdadeiro nerd. Minhas melhores amigas são Annie e Lucia, e essa ultima é a pessoa em quem eu mais confio. Mas eu não estou aqui pra falar só de mim. Esta é a historia de um romance que começou dentro de um ônibus.

Os melhores alunos da nossa escola em 2036 receberam como premiação uma viagem de uma semana por destinos cuidadosamente escolhidos pelo professor de história. A viagem começaria na noite de sábado e aconteceria da seguinte forma.

À noite viajaríamos de ônibus e passaríamos o dia na cidade que constava no roteiro. Não havia acompanhantes. Podíamos fazer oque quiséssemos na viagem desde que às onze e meia estivéssemos em nossos assentos prontos pra sair. Da minha sala, além de mim, quatro pessoas foram escolhidas: Annie, Lucia, Johnson, e Liz. Como éramos cinco, um de nós deveria ficar com alguém de outra turma no ônibus. Esse alguém era eu.

Johnson e Liz eram um casal por isso estava fora de cogitação separá-los. Lucia e Annie decidiram ficar juntas pra terem "uma maior privacidade". Pra minha sorte o namorado de Annie, Arthur, também estava indo, e foi com ele que eu dividi a cabine.

Ah, tenho que descrever o ônibus antes que me esqueça, aliás, maior parte dessa história acontece dentro dele. Era como um ônibus de viagem comum. Mas além de ser muito mais rápido o BXT875 foi pensado para dar privacidade aos viajantes, por isso ele era todo dividido em cabines. Sim, imagine os bancos normais, mas com "janelas escuras" que separavam um banco do outro e uma porta separando-nos do corredor. Assim é o palco de nossa historia.

Acho que devemos começar.

〄〄〄

O que segundo o professor seria breve durou quase uma hora. Por isso o ônibus só começou o trajeto por volta de meia noite de domingo.

Como toda escola que se prese a nossa também mantinha um toque de recolher e onze e meia as divisórias do ônibus se fechavam e as luzes eram apagadas. Mas pesar do toque de recolher, aquela noite eu não consegui dormir.Não que eu não estivesse com sono, mas é que meu parceiro de viagem não parava de tremer e se revirar no leito por causa do frio que estava fazendo naquela noite.

Arthur, além de ser namorado da Annie, tinha aula na sala ao lado da nossa e, além disso, sua turma tinha as aulas de educação física junto com a nossa. Nós já trocamos algumas palavras, mas nada relevante até a viagem.

Era um pouco mais alto que eu e bronzeado também. Por praticar esportes tinha um corpo bem definido, mas nada muito exagerado. Seus cabelos ruivos e também cacheados, seus olhos verdes e as covinhas mostravam o quão afortunado o garoto era. Não era espantoso que ele e Annie fossem escolhidos rei e rainha em todo evento que acontecia e casal do ano no anuário desde que começaram a namorar.

Annie sempre falava do garoto. Falava de como ele era inteligente, legal, e de como longe dos amigos era uma pessoa sensível, que não tinha medo de demonstrar sentimentos. Era realmente alguém que eu tinha vontade de conhecer. Mas mesmo assim não trocamos palavra alguma naquela noite, mesmo os dois tendo a passado em claro, ele pelo frio, e eu por ele.

A manhã se aproximou e mais rápido do que pareceu o dia estava sobre nós.

— Bom dia._ eu disse quando o vai se mexer.

Ele, com sono, deu um aceno com a cabeça e um sorriso e se dirigiu para um dos banheiros na parte de trás de ônibus.

Não o vi voltar, pois logo que ele saiu eu também comecei a me arrumar para o primeiro dia de viagem. Ocorreram desencontros e quando voltei do banheiro Arthur já havia saído e durante o dia nós não nos cruzamos. Eu só voltei a encontrá-lo à noite, na cabine.

〄〄〄

Como na noite do primeiro dia eu mal conseguia dormir. Era quase impossível com Arthur se remexendo e tremendo por causa do frio.

—Você não trouxe um cobertor ou algo assim?_ perguntei.

—Na verdade eu trouxe, mas a Annie esqueceu o dela._ o garoto respondeu me fazendo rir.

— Mulheres, sempre nos fazendo passar as piores situações._ eu falei.

—Sim, sim._ ele disse rindo também.

—A Annie fala tanto de você que até parece que te conheço._ falei.

—Ela também fala muito de você. Até mesmo das mancadas que você dá de vez em quando

Eu ri, dando de ombros e me aconcheguei um pouco mais em minha coberta.

—Eu tenho o frio como justificativa pra estar acordado e você? Porque ainda não dormiu?_ ele falou.

—Não consigo com você ai fazendo todo esse barulho._ respondi.

—Desculpa, é que o frio está mesmo insuportável.

—Ah! Não precisa se preocupar. Eu te daria um cobertor se tivesse um sobrando, mas eu nem me preocupei em trazer um reserva.

O silencio pairou por alguns segundos e então o namorado de Annie propôs uma solução que eu havia descartado por questões óbvias.

—Eu poderia me virar dividindo o edredom com você._ ele disse._ isso se você não se importar.

Mil coisas passaram em minha mente na fração de segundo que se seguiu, mas por fim eu acabei concordando com a ideia.

—Espero que ninguém fique sabendo disso._ ele falou.

—Fique sossegado que de mim ninguém vai ouvir nada.

Nós rimos e nos viram os de costas um pro outro. Eu virado pra janela e ele pra "porta" que nos separava do corredor. Eu não tinha medo que falassem de mim, mas se falassem de mim com Arthur todos da escola ficariam sabendo em minutos e eu provavelmente ficaria conhecido como o carinha que acabou com o casal mais fofo do Titã.

—Se vamos ficar assim pelo resto da viagem._ eu disse quase sussurrando._ Deve saber que eu me mexo muito dormindo e quando eu digo muito, quer dizer... bem ...muito.

Ele riu antes de continuar.

—Você não é o único. É impressionante o fato de você dormir de um jeito...

—e acordar de outro totalmente diferente._ eu completei.

Nós rimos ainda mais e voltamos ao silencio anterior.

—Acho melhor dormirmos... amanhã temos um dia inteiro pra curtir a próxima cidade_ Arthur falou se virando para o corredor e se ajeitando com sua parte do edredom.

Eu concordei e nenhum de nós falou mais.

O sono me venceu poucos minutos depois que o reinado do silêncio começou.

〄〄〄

Eu sei que tínhamos dito que nos mexíamos demais a noite, mas a cena em que eu e Arthur nos encontramos fazia questão de enfatizar isso.

Ele estava deitado de barriga pra baixo em cima do meu braço e eu deitado de barriga pra cima com uma perna e um braço em cima de mim. Uma situação "normal" pra quem se mexe muito na cama, ou seria, se eu e Arthur não tivéssemos inconscientemente trocado de lugar durante a noite. Ele, que estava no corredor, agora estava na janela e eu, obviamente, o contrario.

O garoto começou a se mexer quase ao mesmo tempo em que o despertador dele começou a tocar.

—Bom dia._ falei ainda com sono.

—O dia só começa a ficar bom... Meia hora depois que a gente acorda._ ele disse devagar. E só então eu entendi o sorriso forçado que ele me lançou ontem frente à mesma saudação.

—Pensando bem, isso é verdade._ falei.

—É claro que é._ Arthur continuou._ quando você acorda, está com mau hálito, está despenteado.

—Tem uma preguiça demoníaca, um mau humor insuperável._ falei.

Ele riu antes de continuar.

— E não se esqueça da maldita ereção matinal._ ele falou fazendo um sinal com a cabeça na direção do meu short.

Eu me senti corando instantaneamente e me obriguei a dar um sorriso. Não que eu discordasse, ereção matinal era sim uma droga, mas falar sobre isso com um cara é muito estranho. Desde sempre eu andei com garotas por isso estava totalmente fora do "universo masculino".

—Foi mau cara, _ ele disse._ não sabia que você se sentiria ofendido. Não o fiz por mal.

—Não é isso cara—respondi tentando parecer natural_ É só que, é a primeira vez que vejo alguém tocando num... Assunto desses. Como já deve ter reparado, eu só ando com garotas e é difícil ver uma garota falando de "ereção matinal".

Nós rimos e então ouvimos a voz de Annie do lado de fora.

—Hey, vocês dois._ ela disse batendo na porta da cabine._ todo mundo já saiu do ônibus.

Sem esperar mais eu puxei a coberta para que ela cobrisse apenas a mim, deixando Arthur só com um lençol com que ele se cobria na primeira noite e nós trocamos lugar para fingir que nada havia acontecido.

Arthur riu e apertou o botão para destravar a porta e ao ouvir o "click" Annie a abriu.

—Até que enfim._ ela disse._ o que os dois pombinhos andaram fazendo durante a noite?

Eu me assustei com a pergunta e engoli o seco. Era como se ela tivesse me pegado em flagrante por algo que nem mesmo aconteceu. Tentando disfarçar eu dei um meio sorriso insinuador, como se entrasse no jogo. Arthur também decidiu brincar e colocou a mão em minha coxa. Eu me senti corando e senti uma espécie de embrulho no estômago, mas ignorei.

—Acho que os "pombinhos" fizeram loucuras ai._ disse Lucia, aparecendo do nada.

—Bom dia Lu._ eu disse.

—Quase boa tarde na verdade._ ela respondeu.

—O que?_ perguntou Arthur.

—É... Já são 11:30, quase tarde.

—Nossa! Tenho que encontrar o Josh. Até mais, vejo vocês depois._ ele disse correndo.

〄〄〄

Assim como antes o que se seguiu não iria interessar tanto vocês e por isso vou dar mais um salto para... Uma parte mais relevante.

〄〄〄

Era noite do segundo dia e eu e as garotas (Lucia e Annie) entramos no ônibus cerca de dois minutos antes do toque de recolher e do ônibus sair.

Sem esperar me dirigi pra minha cabine e assim que fechei a porta as trancas automáticas foram acionadas isolando a mim e a Arthur do resto do mundo, pelo menos por algumas horas. As luzes se apagaram.

—Hey._ eu disse.

—Hey._ ele respondeu um pouco grogue.

—Tudo de boa?

—É... Eu não sei... Pode parece idiotice, mas eu acho que posso falar com você.

—Se você acha._ falei.

—Sim, eu acho. E Como eu dizia... Eu não estou muito bem. Você provavelmente já sabe que minha relação com a Annie, não sei, está no mínimo conturbada. Ela me sufoca demais. Me trata como se eu fosse sua propriedade, entende? E mesmo eu sentindo tudo o que sinto por ela é difícil manter uma relação assim. Você deve ter visto... ela me enviava mensagens a cada minuto, todas insinuando que eu estava com alguém ou falando que eu não dava atenção a ela. Isso me deixa cansado.

—Acho que sou a pior pessoa para dar conselhos amorosos._ falei.

—É... talvez seja._ ele respondeu._ Mas sabe?! Eu não conseguiria falar isso com Josh ou qualquer um dos meus amigos. Eles diriam "ela é gostosa" como se isso fosse solução pra tudo. E com você... Eu não sei, eu simplesmente sinto que posso confiar em você como se eu pudesse ser eu mesmo. Como se confiasse cegamente em um cara que conheço a menos de uma semana.

Eu me senti corando. Era quase fictícia a minha relação com Arthur, eu também mal o conhecia, mas mesmo assim sentia exatamente o que ele acabara de descrever.

— Parece que tudo o que eu digo faz você ficar vermelho.

Eu sorri. E percebi que ele também sorriu.

—Sabe... O toque de recolher deveria ser um anúncio para que todos nós fossemos dormir._ eu falei me recostando no banco.

—Assim como esta era pra ser uma excursão educativa.

—E é! _ eu retruquei._ como todo nerd que se prese eu e as meninas passamos o dia visitando os museus da cidade. Liz e Johnson foram também.

—O que!? _ Arthur perguntou rindo.

—Nós ficamos apenas curtindo a viagem_ eu falei._ do nosso jeito.

Ele balançou a cabeça ainda com um meio sorriso e eu dei de ombros.

—Eu não te respondi o que acho sobre você e a Annie._ eu falei.

— E o que acha?

—Sendo sincero?_ eu perguntei.

—Já vi que não vem algo bom... Mas vai lá, fale.

— Vocês dois não tem nada a ver e não digo no sentido de serem diferentes é que nenhum de vocês parece estar realmente feliz. E mesmo assim insistem em continuar juntos só pra serem o casal do ano ou rei e rainha da escola.

—Está dizendo que a gente deve terminar?

—Estou dizendo que talvez fossem mais felizes se o fizessem. Mas é só o que eu acho. Você disse que ela te tem como uma propriedade. Você não pode ser feliz sendo sempre vigiado por alguém, sem qualquer liberdade... E nem ela desconfiando de você, com duvidas sobre o que realmente você sente.

—Eu acho que entendo, mas o que sinto por ela é tão forte.

— Sentimentos fortes muitas vezes são confundidos, sabe... Muitas vezes aquilo que parece ser um amor absoluto é na verdade amizade e aquela sua amiga pode ser a pessoa da sua vida.

—Você sabe mesmo deixar as pessoas mais calmas._ ele falou se virando pra porta e puxando um pouco a coberta._ Boa noite.

—Boa noite. _ respondi.

E como antes depois de alguns minutos de silencio nós caímos no sono.

〄〄〄

Novamente eu me surpreendi com como nos mexemos dormindo, eu estava de bruços mas dessa vez eu continuava perto da janela, aonde tinha dormido, mas tinha alguém nas minhas costas

Por sorte ele estava deitado de barriga pra cima, de costa pra minhas costas. Eu não podia me mexer senão acordaria o garoto e, deixando toda a masculinidade de lado, Arthur era ainda mais bonito dormindo.

Flagrei-me encarando o reflexo dele no vidro e me deixei continuar assim pelo que pareceu uma eternidade, até que percebi o quão errado aquilo era. Além de ser um homem Arthur era o namorado de uma das minhas melhores amigas.Afastei todo pensamento "errado" e fechei os olhos.

Quando acordei, Arthur não estava mais lá, mas colado no vidro um bilhete dizia.

"É impressionante o fato de você dormir de um jeito acordar de outro totalmente diferente."

Eu sorri, e me levantei. Aquele foi um dia bom. Eu e as garotas fomos pra praia e depois jantamos em um renomado restaurante da cidade. Algo interessante, mas nada tão interessante quando oque aconteceu, nas noites que se seguiram.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem...e comentar não custa néh... >



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