Enquanto dormia sonhava com um mundo onde as pessoas não mais pertencessem a suas sociedades, onde sua vontade fosse feita e não houvesse mais limites para a extensão da sua mente, porém aquilo não era real.

O sol da manhã lançava seus primeiros raios pela janela de meu quarto e eu logo abri meus olhos com uma imensa preguiça. Embora não quisesse levantar da cama naquela manhã a vida continuava, e eu deveria vivê-la. Fui até minha janela e a abri para inalar ar fresco que fez meu pulmão se encher de oxigênio fazendo com que os sistemas de meu corpo funcionassem normalmente. Olhei fixamente para o telhado da casa que havia em minha frente, o sol não estava tão forte naquela manhã então minha visão estava clara e focada, havia uma coruja. Eu raramente via corujas na vizinhança, pois elas eram consideradas criaturas não muito normais, meus pais possuíam repulsa por elas, porém eu sempre as familiarizei.

Desci as escadas lentamente para que o dia durasse mais e eu não precisasse novamente voltar para a escola, já que a ideia de ver pessoas me chateava naquela manhã. Entrei na cozinha e lá estavam meus pais, o café da manhã já estava servido em uma grande mesa redonda de madeira. Minha mãe era muito doce e meu pai era realmente muito preocupado com seu trabalho, ele quase nunca tem tempo para passar um tempo de pai e filho comigo, mas eu não me importava.

Sentei me na cadeira perto da mesa e a puxei para que eu ficasse confortável, meu café da manhã eram ovos e bacon, não tomei isso como uma novidade já que quase sempre este era o nosso café da manhã. Minha mãe vendo minha cara de: "Ah não... Isso de novo", acariciou meu ombro e disse:

— Não se preocupe, querido. Teremos torta de maçã no almoço.

Naturalmente eu a ouviria com atenção, porém a única palavra de sua sentença que eu realmente prestei atenção foi: "Torta de maçã", eu gostava delas particularmente, pois eram recheadas e doces, mas não tão doces, apenas doce.

Depois que terminei meu café da manhã fui até meu quarto novamente para me arrumar para ir à escola, arrumei meu material dentro da mochila e me certifiquei de que todas as lições de casa estavam feitas, na escola eu sempre era tachado de uma pessoa inteligente, mas eu acho que a expressão que realmente usavam era "nerd". Peguei meu casaco, pois aquele dia estava extremamente frio, apesar de não estar nevando. Coloquei minha mochila em minhas costas e desci as escadas para me despedir de meus pais.

Chegando ao final da escada deparei-me com meus pais lendo uma carta onde havia um brasão gravado em sua face. Pensei que fosse alguma carta executiva de meu pai, porém me surpreendi quando percebi que ela estava endereçada à mim e não à ele.

Meu pai me entregou a carta com um ar de dúvida, mas mesmo assim não hesitei em pegar o objeto de suas mãos frias e suadas. O papel da carta me fazia se sentir confortável, apesar de eu nem mesmo saber como isso pode ser possível. Abri a carta e então comecei a ler.

"Querido, Jake...", continuei a ler a carta e por pouco os olhos de meus pais não saltaram de sua órbita, pois o que eu segurava na mão era uma carta me convidando para participar de uma tal "Escola de Magia", porém achei que fosse apenas uma brincadeira, porém ela estava muito trabalhada para ser uma brincadeira. Saí lá fora e olhei para leste e oeste me perguntando quem será a deixara ali, quando desci para tomar café não havia carta. E então percebi, aquilo era real.