POV. Renesmee

Eu estava em uma das maiores salas do castelo. Nela, tinham colchonetes no centro, e um pouco afastados deles, alguns puffs pretos. Também tinha uma Tv de led de quarenta polegadas na parede. Era a sala de treinamento de luta. Eu passava seis horas por dia lá dentro.

Aro havia decidido que eu não treinaria mais todas as minhas atividades, como foi em todos os outros anos. Em vez das minhas nove aulas diárias, eu teria somente duas: Aperfeiçoamento de dons e lutas. Fora essa mudança, eu também teria mais dois mentores além de Alec: Felix e Jane, ele ficou com a parte de me ensinar a lutar, enquanto ela me ajudaria com meu dom. Eu estava sendo, literalmente, treinada para matar. E seria assim até que a guerra acontecesse.

– De novo! – Disse Felix, se levantando do chão.

Há cinco dias, a maioria das coisas que eu ouvia dos outros era isso.

– Concentre-se, Cullen. – disse ele, me vencendo no ultimo golpe que tentara.

– Estou tentando, Felix. – me preparava pra o próximo golpe – Mas achei que tivesse me dito para não arrancar sua cabeça. – eu disse, de costas pra ele, forçando sua cabeça para trás, mas parei quando a ouvi rachando.

– A minha não, mas a dos próximos adversários, quero que arranque. – ele dizia, indo para o outro lado da sala.

Os adversários dos quais ele falava eram recém criados. Agora, todo dia, quando Heide trazia os humanos, Aro transformava três ou quatro pessoas para lutar comigo. Eu acho, pessoalmente, uma falta de respeito á mortalidade, mas sei que tem que ser assim se eu não quiser morrer na Suécia.

Felix se virou pra mim, ele estava a uns oito metros afastado. Então começou a correr em velocidade sobrenatural na minha direção, depois desviou. Eu já tinha aprendido sobre aquilo, jovem ou velho, um vampiro quando faz isso, ou quer atacar outra pessoa ou quer te atacar por trás. Como só éramos eu ele lutando, a segunda opção era a correta. O vampiro estava a alguns centímetros das minhas costas, mas ainda não tinha parado, e, em vez de esperá-lo, eu me virei, tão rápida quanto ele e o empurrei para o chão. Assim que ele caiu, pisei com o pé direito em sua garganta, e, se eu tivesse usado um pouco mais de força e pressão, sua cabeça teria se separado do corpo.

Depois de dois segundos naquela posição, dei a luta como vencida e, devagar, fui tirando meu pé de cima dele e me virando. Quando eu estava quase de costas, ele puxou minha perna, me fazendo cair debruçada nos colchonetes azuis.

– Uh.. – disseram os gêmeos, que estavam sentados perfeitamente nos puffs. E aquilo não foi um uivo, foi algo do tipo: “Essa doeu”.

– Não se dá as costas para o inimigo até que ele esteja sem a cabeça, Cullen.

– Vou me lembrar disso, Felix. – eu disse, enquanto ele se levantava .

Assim que o vampiro se dirigiu até a saída da sala, eu me virei de barriga pra cima, levantando as pernas e dando um impulso pra frente em velocidade sobre humana, quando vi, já estava de pé.

Me dirigi até os irmãos Volturi.

– Bela luta. – elogiou Alec, me jogando uma bolsa de sangue.

– Só precisa ter cuidado para não matar o professor. – disse Jane, neutra, o que me fez rir.

Quando eu estava quase acabando o lanche, Felix me chamou, do outro lado da porta.

– Renesmee. – eu o olhei, sem parar de sugar – Os recém criados chegam em alguns minutos. – assenti e ele fechou a porta.

Assim que me virei, observei Jane olhando para a porta, como se esperasse alguma coisa. Depois de alguns segundos ela se virou pra mim:

– Você vai lutar sozinha. – ela disse rápido, então eu a olhei assustada.

– Como é?! – perguntei, tirando o ‘canudinho’ da minha boca pela primeira vez desde que encostei nele.

Antes dela voltar a falar alguma coisa, olhou para o irmão, que a olhava repreendendo-a. Jane deu de ombros.

– Aro e Felix acham que você evoluiu rápido pra quem não sabia arrancar uma cabeça.

Acenei positivamente a cabeça pra ela, com raiva. Eu só treinava daquele jeito a cinco dias e já estavam querendo de deixar sozinha com recém criados loucos de sede?!

– Eles acham?! Então vou ficar trancada dentro de uma sala, sozinha, com quatro vampiros recém criados querendo me matar, sem ninguém por perto caso aconteça alguma coisa?!

– Não vai ser bem assim, Ness. – disse Alec com aquela expressão de quem não queria que fosse daquele jeito... Não preciso dizer que eu adorava aqueles olhos vermelhos me olhando como se não quisessem me deixar sozinha.

– Então como vai ser?

– Nós dois, Felix e Aro vamos observar a luta pelo vidro... – ela se referia ao vidro que tinha na parede da sala que dava para o corredor, ele era escuro se fosse visto do lugar aonde eu estava, mas do lado de fora, se enxerga perfeitamente tudo o que acontece dentro dela – Se você não der conta nem com o seu dom, a gente entra. – nos treinos com vampiros novos, eu só podia usar meu dom se eu não estivesse dando conta na parte física.

Assenti, como se entendesse e não aceitasse. Jane riu, mas logo olhou de volta na direção da porta, e depois pra mim, com aquele olhar de: “Tem gente vindo, fique quieta.”

Logo Felix entrou, me chamando pra conversar longe dos gêmeos. Em questão de segundos eu estava na frente dele, do outro lado da sala.

– Você já sabe, não é, Cullen?

Quando ele perguntou, pude ouvir Jane dar uma risadinha de leve. Assenti, sabendo que ele ouviu a conversa.

– Renesmee, sabemos que está acostumada a lutar com quatro vampiros, mas... – ele observou minha expressão, eu estava surpresa – O mestre encontrou um vampiro velho tentando se expor para os humanos e, ele achou que seria interessante se você lutasse com ele também. Então serão cinco vampiros, quatro novos e um experiente, sabe o que significa?

– Idades diferentes, diferente modo de lutar... – repeti o que ele vinha me ensinando desde que eu era pequena – Sim, eu sei...

– Ótimo. – ele disse, chamando os irmãos para sair da sala – Boa sorte.

Assenti e coloquei meus fones de ouvidos, programados para tocar em apenas uma musica. Depois observei os Volturi saírem da sala, esperando os vampiros com quem lutaria, sem nenhuma ansiedade.

POV. Alec

Já faziam dez ou onze minutos que Aro, Jane, Felix e eu estávamos observando Renesmee lutar. Ela matou dois recém cridos nos primeiros seis minutos, e, como eles não eram experientes, não sabiam que podiam se remontar. Mas o fato de que agora só tinham três vampiros lutando com ela, deixou Aro impressionado.

– A Cullen está perfeitamente bem. Você fez um bom trabalho, Felix.

– Obrigado, mestre.

– E quanto aos dons, Jane? – Aro não tirava os olhos da luta, assim como eu e minha irmã.

– Está bem, mestre. Mas não melhor do que nas lutas.

– Oh.. Então vamos reduzir duas horas desse treino e adicionar duas horas ao seu. Precisaremos mais dos dons do que da... – ele pausou quando Ness socou a nuca de uma recém criada, fazendo a cabeça da moça cair – Força física.

– Claro.. – disse ela, sem animo. – Não terá ninguém com algum dom como o da Swan no clã sueco, mestre?

– Stefan não mostrou nada sobre isso, Jane. Pelo visto aquele clã treina somente o físico do exercito... – o mestre observou o vampiro mais velho, que tinha deixado Ness contra a parede, o que me fez olhar para Aro, pedindo permissão para entrar na sala, assim como minha irmã e Felix – Esperem.

Olhamos de novo para o vidro, e ela já estava arrancando a cabeça do infeliz. Agora só tinha sobrado uma garotinha, parecia ter a mesma idade que eu e Jane quando fomos transformados. A vampira se afastava de Renesmee, com medo. O que fez a hibrida olhar para o vidro, com aquela expressão de: “Eu não vou matá-la”.

O mestre a olhou decepcionado, dando permissão para entrarmos. Ele entraria por ultimo.

– Meus parabéns, Cullen! – disse Felix, orgulhoso. Parecia que ela era um projeto dele que deu certo.

Ela assentiu, mas não estava feliz, sabia que ela não gostava de matar.

– Parece que esqueceu uma. – disse Jane, olhando para a vampira, sorrindo maldosamente para ela. Deu pra ver que minha irmãzinha estava querendo usar seu dom em alguém. Não demorou muito. Logo a garota estava se contorcendo no chão de dor – Felix, faça as honras.

Enquanto ele arrancava a cabeça da vampira, Aro entrava na sala.

– Renesmee, minha querida, foi magnífico. Você está melhor a cada dia. – ele disse, sorrindo.

– Obrigada, Aro.

Assim que ela agradeceu, o mestre sorriu e desapareceu da sala. O almoço ainda estava sendo servido na sala dos tronos.

POV. Renesmee

– Só precisa se concentrar mais nele... – disse-me Jane.

Já faziam três horas que eu estava treinando meu dom no jardim e nunca parecia que eu melhorava.. Talvez fosse porque Alec era o boneco de teste, e também porque eu teria que usar o que me lembro do dom irmã gêmea nele.

Eu admito, não conseguia ficar mais que alguns segundos vendo o moreno se contorcendo de dor. Isso quando eu tinha coragem de fazer com que ele sentisse alguma coisa forte.

– Renesmee... – a loira me chamou, e assim que a olhei, cai curvada para trás, mordendo o lábio de dor.

– Jane... Não precisa fazer isso.

– Alec, talvez o problema seja que ela não se lembra bem de como é a dor... – ela disse, sem parar de me olhar.

– Agora eu já e lembrei. – eu disse, com muito esforço, mas ela parou de imediato.

– Eu também amo você... Tchau – dizia Demetri no celular, não muito longe de nós.

– Por que não tenta em Demetri? – sugeriu Jane.

Olhei pra ele, com mais coragem usar meu dom nele do que eu tinha quando ia usá-lo em Alec. Me concentrei e logo ele caiu curvado para trás, pelo visto eu estava lhe mostrando toda a dor que senti com a namorada dele.

– Por que, Jane?! – ele gritou entre gemidos, enquanto ainda estava curvado.

– Desculpe! – gritei, antes de parar.

Ele se deixou cair no chão, aliviado. Mas em segundos estava do lado dela.

– Foi você, Ness?

– Sim, sinto muito, Dimmy. – ele assentiu, sorrindo.

– Como foi? – perguntou Alec.

– Doloroso. – ele olhou para Alec - Não tanto quanto o dom da Jane, mas... Doloroso. – então Demetri se virou pra mim – Demétria te mandou um abraço, disse que quer conversar com você quando chegar aqui... – ele sorriu.

– Ela está vindo para a Itália? Por que ela vai vir? – perguntei, pois se bem me lembro, a vampira não era muito fã de Volterra.

– Ela já está no pais, faz algum tempo que minha irmãzinha estava em Florença. – ele encarou o chão, depois voltou a olhar para mim – Aro ficou sabendo que Demi estava no território e a convocou para a guerra.

Encarei o chão também. Demétria lutando? Ela mal gostava de ver lutas de boxe na Tv.

– Sei bem como está se sentindo, Dimmy. Ver a irmã lutando em qualquer guerra que seja não é fácil. – disse Alec, então sua gêmea foi para seu lado, lhe dando um beijo na bochecha.

*---*

Depois de mais quatro horas treinando, dessa vez com dois bonecos de teste, Jane finalmente viu meu dom melhorar, e, antes mesmo do Sol se por completamente, eu já havia sido dispensada do treino e me preparava para entrar na maravilhosa água quente da banheira de Alexander.