O ódio de amar escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 10
Novas confissões


Notas iniciais do capítulo

Enjoy Druna;



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/456404/chapter/10

Logo o dia seguinte amanheceu. Nada de sol para iluminar os cômodos da casa de praia áquela manhã, o tempo nublado transparecia e havia o sinal claro que pretendia chover.

– Essa não. - Disse Narcisa inconformada, sua sacola plástica com protetor solar, óculos de sol, toalha e esteira estava agora pendurada desastradamente em seu braço. Abrindo a porta, olhou as nuvens carregadas e em seguida o mar agitado logo pela manhã.

– Como vou andar de lancha hoje? - Lamentou Lúcio, atrás de Narcisa encarando as ondas distantes.

– Quem sabe o tempo não muda, né? - Narcisa comentou esperançosa, fechando a porta de madeira desenhada e entrando corredor a dentro logo em seguida.

A janela do quarto que Luna escolhera ficar naquela viagem estava aberta. O vento frio que adentrava o cômodo bagunçavam os fios loiros de cabelo que já tinham sido penteados. Os pensamentos da loira voavam com a intensidade da ventania. Escorara os cotovelos na madeira da janela e apoiava o rosto nas mãos. Ao mesmo tempo que tinha vontade de sair do quarto, a mente a obrigava a não fazer por um simples motivo a qual ela sabia exatamente o que era.

Não queria pensar, mas também não conseguia evitar. Um beijo, de novo. Isso definitivamente não devia ter acontecido. Sabia que teria problemas. E um deles já estava aparecendo: não conseguia mais evitar, tinha insonia com aquela droga daqueles dois beijos.

Um fato: Luna odiava mais do que qualquer coisa Draco Malfoy.

Segundo fato: Ela era obrigada a admitir, mesmo passando por cima de todos os seus conceitos sensatos, que ele era incrivelmente sexy e beijava muito bem.

Terceiro fato: Não parecia tão insuportável quanto achava.

Ótimo. Sua mente dava voltas. Não era certo, mas estava com vontade de vê-lo. Algo que nunca aconteceu em toda a sua vida.

Se sentiu com um amigo quando foi carregada por ele para o mar. Se sentiu leve com aquele sorriso que o loiro lhe proporcionara. Se sentiu quente com aquele beijo.
Maravilha, estou surtando.

Balançou a cabeça, tentando sem sucesso afastar aqueles pensamentos para longe. Mesmo não conseguindo, puxou a janela de duas portas e a fechou, tratando logo de vestir algo, por estar ainda de roupas íntimas. Foi até o guarda-roupa, a qual já tinha esvaziado as malas e o enchido com suas roupas e escolheu uma regata branca soltinha, um short jeans leve e azul escuro e calçou seus chinelos. Amarrou os cabelos em um nó mal feito e saiu do quarto com certa lentidão.

Não encontrou ninguém pela sala, nem ouviu vozes em nenhuma parte da casa. Por ser cedo, pensou que Narcisa e Lúcio podiam ainda estar dormindo.

Abriu a porta que dava passagem á praia e escutou o som agitado das ondas do mar. Caminhou para fora da casa olhando diretamente para a água. Se lembrou da falta de ar em baixo do mar, do loiro a puxando para cima, do desespero interno adentrando por suas entranhas.

Logo suas pegadas pela areia mudaram do formato do chinelo para o formato de seus pés. O chão estava frio. O vento forte continuava a bagunçar-lhe os cabelos. Chegou bem próxima ao mar, tanto que podia sentir a onda já sem formato molhar-lhe os dedos dos pés.

Luna suspirou, sua mente teimava em lhe mostrar o acontecido na noite passada. Recordou novamente do mar, do frio se misturando com o calor, do beijo.

Sentiu seus pelos eriçarem e imaginou que a temperatura ali deveria não estar passando dos 15 graus. A loira deu meia volta e resolveu voltar. Precisava falar com alguém, desabafar com alguem. Fosse com Ginny, com Neville ou até mesmo com sua mãe. Estava confusa demais pra guardar tudo para si.

Entrou novamente dentro da casa e fechou a porta. Quase gritou quando se virou e viu a forma loira quase tão branca como um fantasma á sua frente.

– Malfoy! - Exclamou com certa irritação. - Quer me matar é?

– Sempre foi minha vontade. - Implicou o outro com um sorriso. Nada de deboche, certo Luna, não encara.

– Que ótimo, pois é a minha também. - Retrucou Luna com completa irritação dessa vez e passou pelo loiro. Sentiu algo a prendê-la pelo braço e bufou. - Você vai acabar arrancando meu braço.

– Acordou irritadinha é? - Draco provocou quando encontrou o olhar da loira.

– Eu não entendo você. É sério, na mesma hora que eu penso que você pode ser um pouquinho menos insuportável do que parece, eu já tenho certeza de que não pode. - Luna argumentou em paciência.

– Eu gosto de te irritar. - O loiro continuou provocando.

– É mesmo? - O deboche soou na voz de Luna. - Porque você não vai se ferrar?

– E o nosso trato de sermos amigos? - Indagou o loiro de sobrancelhas arqueadas. Se aproximou de Luna, que por sua vez tentou recuar, em vão, com o braço preso pela mão de Draco.

– Não dá pra ser sua amiga. - Retrucou Luna encarando-o nos olhos. Ela percebeu aquele tom de desafio morrer na expressão do rosto dele.

– Como assim? - Questionou Draco soltando-a e torcendo para que Luna não fose embora dalí no mesmo instante.

– Sério, não dá. Você é o Draco, você é irritante, insuportável, idiota. Eu não posso. - Luna tentou explicar, sua mente deu volta naquele momento e flash backs de beijos inconsequentes passou por entre ela.

– Olha aqui. - Draco voltou a segurá-la pelo braço, e puxou o corpo de Luna para o seu. O impacto do corpo dela no dele foi impossível de não despertá-los. - Eu também odeio você. Sério eu odeio muito, você é a pessoa mais insuportável que eu conheço. Mas eu tô passando por cima dos meus conceitos pra tentar me dar bem contigo.

– Porque? - Luna indagou encarando os olhos acizentados dele. - Porque hein Draco? - Quis saber, desafiadora.

– Porque.. - Draco se perdeu nas palavras entre alguns segundos quando o olhar penetrante da loira o encarou. - Porque você é legal. Shii, deixa eu falar. - Foi um pedido um tanto educado dele, quando viu que Luna já iria interrompê-lo. - Porque você é bonita e.. - Draco engoliu em seco enquanto Luna deixava a pose de irritação morrer e a curiosidade um tanto envergonhada lhe penetrava. - Porque é em você que tenho pensado ultimamente.

– Draco, não me faça rir. - Luna debochou mesmo sentindo as pernas perderem o equilíbrio. - Você pode brincar com todas menos comigo. Esse seu joguinho não cola.

– Eu não tô brincando com você. - Draco segurou-a mais forte pelo braço. - Escuta aqui, eu não preciso me arrastar atrás de ninguém pra conseguir alguma coisa. Se eu tô aqui falando isso pra você é porque tô querendo sua compainha. Não significa que eu quero algo com você, pelo contrário, eu continuo te odiando e vou te odiar pra sempre. E aquilo de ontem.. aquilo nunca aconteceu, assim como nada nunca aconteceu naquela boate. - O loiro terminou de explicar deixando-a sem ter o que falar.

A loira continuou olhando-o nos olhos e só percebeu que ele tinha se calado pelos minutos silenciosos ao seu redor.

– Olha, eu.. - Luna engoliu em seco e olhou de esguelha para a mão de Draco segurando seu braço de pele branca. - Eu também gostei da sua compainha. Mas isso não quer dizer que eu deixei de te odiar.

– Pelo contrário.. - Draco olhou-a mais intensamente. Soltou o braço da loira e mesmo assim ela continuou tão perto que podia sentir a respiração dele. - Esse ódio só cresce. - Draco levou a mão até o cabelo da loira e colocou uma madeixa cacheada para trás da orelha dela. Luna observou o ato atentamente, não impediu. - Quer me contar porque ficou tão assustada quando te levei pra debaixo d'água?

Luna respirou fundo quando ele mudou de assunto. Ainda podia sentir os dedos dele colocando seu cabelo para trás.

– Eu tinha 6 anos e estava na praia com meus pais. - Começou ela, vendo Draco assentir incentivando-a a continuar. - E minha mãe disse várias vezes: Luna, não vá para a água sem mim ou sem seu pai. E eu obedeci, até o momento em que ela saiu pra comprar picolé e meu pai conversava com uns colegas dele. Eu então fui pro mar e acabei indo muito fundo. Não dei pé e me afoguei.

– Nossa. - Draco falou surpreo e perplexo. - Como conseguiu sair viva de lá?

– Tinha algumas pessoas próximas, não tão perto. Mas eles conseguiram me tirar da água. Eu lembro disso até hoje, com todos os detalhes. Eu ainda gosto do mar, mas assim que me molho meu coração fica acelerado e meu corpo treme. Ainda tenho medo. - Explicou a loira quase absorta em pensamentos.

– Olha, desculpa, eu não.. - Começou Draco a tentar se desculpar mas Luna o interrompeu.

– Tá tudo bem, você não sabia. E não é um pânico, eu só ainda tenho medo. - Luna tranquilizou-o com o olhar. Um sorriso frouxo se formou nos lábios da loira e Draco se surpreendeu internamente.

– Eu não te deixaria lá no fundo, é sério. Diferente de você, eu não queria ver minha prima se afogando. - O loiro provocou divertidamente.

– Seu ingrato dos infernos, eu te tirei da piscina tá? E eu não sou sua prima! - Argumentou Luna na defensiva, logo voltando o tom autoritário na frase final.

– Ah qual é priminha. Gosto de te chamar assim. - Draco falou sedutoramente e Luna ergueu as sobrancelhas.

– É mesmo, priminho? - A loira imitou-o sensualmente. - Você gosta não é? - Luna se aproximou a medida com que seu corpo roçou no dele. Draco sorriu sugestivamente.

– Sinto falta de sexo. - Comentou Draco quase inaudivelmente, apenas para Luna ouvir.

– É, eu também. - A loira sorriu com malícia, olhando-o nos olhos. O sorriso predador dele era visível.

– Bem que, você sabe, apenas como amigos que se odeiam. - Sugeriu ele sorrindo e envolvendo-a pela cintura. Luna mordeu o lábio inferior quando teve seu corpo prensado no de Draco. - Você é gostosa.

– Você acha? - Indagou maliciosa e Draco assentiu. - Só que não vai rolar, priminho. - Sussurrou próxima ao ouvido dele e voltou a olhá-lo. - Eu não sou pro teu bico, babaca.

– Não é não? - Draco trouxe-a mais para si, os corpos quase se fundiram.

– Nem um pouco. - A voz de Luna soou baixa por conter um gemido quando sentiu ambas as intimidades se encostarem.

– Draco, Luna? - Narcisa tinha uma voz de sono e ia adentrando a casa. Draco e Luna se afastaram em questão de segundos e olharam inocentementes para Cissa, que pareceu nem ter notado a cena anterior.

– Bom dia mãe. - Draco cumprimentou-a. Olhou Luna por cima do ombro disfarçadamente e a loira evitava um sorriso debochado.

– Oi Cissa. - Luna também cumprimentou-a.

– Aproveitei o tempo ruim para tirar mais um cochilo, as nuvens já clarearam? - Narcisa esfregou os olhos e olhou os dois á sua frente, Luna com os braços cruzados, Draco com as mãos enfiadas nos bolsos.

– Não, acho que vai chover. - Respondeu Luna sem interesse sobre o clima.

– Com certeza vai. - A voz de Cissa soou desanimada. - Vocês devem estar no tédio não é?

– Se estamos. - Draco replicou com ironia. Luna umideceu os lábios com a língua tentando conter um novo sorriso debochado.

– Porque você não chama Ginny para vir pra cá? - Indagou a Luna, que imediatamente pareceu pensar na ideia. - E você o Harry? - Olhou Draco, que mexeu as sobrancelhas. - Já que vocês se odeiam, né, ter uma compainha amigável parece agradável.

– Boa ideia tia. - Luna passou pela considerada tia e lhe beijou a bochecha.

– Também acho. - Draco também rumou em direção ao quarto depois de beijar a outra bochecha da mãe. Narcisa estranhou, se virou, e encarou os dois seguindo o mesmo rumo.

– Vocês se odeiam, não é? - Indagou confusa e ambos assentiram imediatamente.

Cissa deu de ombros e se virou, indo até a porta e abrindo-a na esperança de ter um lindo sol lá fora esperando-a.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~~

Hey Ginny. - Quando a ligação foi aceita, Luna falou animada.

Oi né senhorita Luna.– Respondeu a outra voz fingindo irritação.

O que eu fiz dessa vez?– Luna imitou uma voz preocupada e inocente.

Nada, só está a dias sem me avisar da sua existência.– Retrucou a ruiva.

Desculpa, é que foi uma correria.– A loira tentou se redimir.

Correria pra quê?– Ginny agora parecia curiosa. Largou o vidro de esmalte vermelho sobre a mesinha de sala e prestou atenção na conversa.

É que eu tô em Angra.– Explicou Luna, logo contraíndo os ouvidos, sabendo que um grito de Ginny estaria por vir.

EM ANGRA?– A ruiva gritou com euforia. - Porque diabos você não me contou isso sua vadia?

Ei calma, quero ver meu advogado antes de responder ao inquérito.– Brincou Luna entre uma risada.

Engraçadinha.– Debochou Ginny. - Mas me conta, tá aí com quem?

Com tia Cissa e Lúcio.– Respondeu serenamente.

Só com eles?– Maliciou a ruivinha e Luna bufou.

Malfoy infeliz também está aqui.– Acrescentou Luna com um desgoto forçado, que Ginny percebeu, é claro.

Espera, isso que eu ouvi foi um "ainda bem que ele está aqui" ?– A ruivinha se animou com a conversa.

Olha, te explico quando chegar aqui.– Luna falou sem mais delongas.

Eu?– Ginny se desentendeu. - Como assim quando eu chegar aí?

Cissa disse pra eu te chamar, pra eu não ficar tão sozinha e no tédio aqui.– Explicou Luna imitando uma voz cansada. Ouviu a risada de Ginny da outra linha.

Mas é lógico que eu vou, nunca perderia essa chance.– Ginny se precipitou com entusiasmo. - É só me passar o endereço, tô sem facu esses dias mesmo!

~~

É sério Harry, você tem que vir pra cá agora de preferencia.– Draco quase suplicava ao telefone.

Isso tudo é desejo sexual por mim Draquinho?– Debochou o moreno com os cabelos desgrenhados e com um copo de vodka na mão do outro lado da linha.

Vai se fuder Potter, eu tô falando sério.– Retrucou o loiro com irritação, andava de um lado pro outro dentro do quarto.

Você nunca fala sério Mafloy.– Implicou Harry entre uma risada debochada.

É, mas agora eu tô falando.– Contrapôs Draco sem paciência. - Olha, você vem ou não?

Tem gatinha aí? Além da loirinha gostosa da sua prima, claro.– Apressou-e o moreno em dizer quando ouviu a voz do amigo logo ecoar pelo celular.

Acho que a Weasley vai vir.– Draco disse com displicência.

Opa.– Harry quase derramou a bebida alcóolica do copo quando se levantou de supetão do sofá, animado. - Aquela ruivinha?– Indagou com uma voz cheia de malícia.

É, ela.– Respondeu o loiro sem interesse naquele assunto. - É o seguinte, já te passei o endereço daqui, acho bom vir logo.

Tchau pra você também mané.– E ouvindo a ironia do moreno pelo telefone, Draco finalizou a ligação e jogou o celular sobre a cama.

Bagunçou os cabelos. Que merda era aquela que não conseguia mais pensar em outra coisa a não ser ela? Tinha que fazer algo, não podia ficar assim. Não devia ter dito aquelas coisas, olhado ela daquele jeito. Arrumaria aquela bagunça. Com Harry alí, sairíam para a diversão e com certeza nem lembraria mais daquele maldito beijo quando estivesse se agarrando com outra por aí.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Algum reviewzinho de bom grado?

Xoxo sweeties ♥