PET - 3ª Temporada - Combate nas Sombras escrita por Kevin


Capítulo 29
Capítulo 29 - Vidas Corrompidas


Notas iniciais do capítulo

E com vocês.... Revelações!



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Paredes tão grossas que as pessoas podiam gritar, mas não seriam escutadas. Talvez até fossem escutadas, mas a gritaria devido a vitória de Spartacus em cima de Sebastian e Ronald era muito mais alta e abafava qualquer coisa.

No entanto, Elisa estava descontrolada. Não fosse Lucas esforçando-se para manter a menina que a poucos era apenas sorriso e agora estava sedenta por vingança, longe de Cintia, algo ruim já teria acontecido.

Elisa havia atacado Cintia que conseguiu livrar-se da primeira investida e ia fugir da torre. Porém foi surpreendida pelo rápido giro de corpo de Elisa que conseguiu recuar e derrubá-la. A ruiva era muito mais inteligente do que parecia, ao invés de atacar a desprotegida menina, bloqueou o único ponto de fuga, a porta.

A Porta do aposento era pesada e demorava em ser movida por uma única pessoa. Elisa conseguiu, com muitas dificuldades, fechá-la trancando os três ali. Cintia levantou-se após alguns instantes, mas compreendeu que a porta seria fechada apenas quando ela já estava além da metade. Tentou impedir, mas foi a vez de Lucas, segurá-la e jogá-la contra a parede. Após o fechamento da porta, Elisa não poupou esforços para atacar a menina de pele clara e cabelos pretos, mas Lucas tentava contê-la para evitar algo ruim.

– Um prato de comida! -

Gritou Cintia sentindo-se encurralada. Lucas sacudiu a cabeça imaginando que estava ouvindo coisas, mas Elisa acalmou-se tocando no ombro do rapaz, indicando que aquilo não era ilusão.

– Um prato de comida! - Gritou Cintia novamente. - É isso que valeu minha vida! -

Cintia estava com o rosto vermelho de toda a movimentação tentando fugir do ataque e também do nervosismo que tomava conta dela.

– Eu tinha oito anos quando cheguei da aula e estava tudo revirado na minha casa. Minha mãe estava toda machucada e desmaiada no chão da sala e meu pai tinha um braço quebrado e muito mais ferido que minha mãe. - Cintia havia fechado os olhos. - Ele estava sentado, em uma cadeira, acho que única mobília não destruída. Ao lado estava uma mala com algumas roupas. Eu entrei já chorando, amedrontada. Meu pai simplesmente esticou a mala e me disse: “Rodoviária, agora!”. -

Elisa e Lucas se olharam. Mau nenhum iria fazer escutar qualquer abobrinha que a menina contasse. Fosse qual fosse à desculpa que ela fosse contar, não mudaria o que ela fez a eles. Colocaram suas costas na porta, guardando a única saída que ela tinha e observaram que ela parou bem distante da janela e da mesa.

– Eu sabia que meu pai era um malandro. Bebia e apostava de tudo. Já havia apanhado algumas vezes por ele estar bêbado, ou ficado sem comida por ter perdido todo o salário. Mas, naquele dia ele tinha ido longe. Ele apostou o que não tinha e vieram cobrar. Ele não tinha nada de valor, mas a pessoa quis o pagamento. Depois de revirar a casa e bater nos meus pais até não poder mais, ele viu uma foto da família e escolheu o que levaria. - Cintia lembrava-se do dia em que seu pai a deu como pagamento de suas dividas. - Chorei pedindo para não ir, mas ele repetiu que agora ele era propriedade de outra pessoa. Se eu não fosse mamãe iria morrer. -

Lucas levou a mão ao pescoço por alguns instantes. Ele lutava para não acreditar na história que estava escutando, mas era difícil ignorar o que estava escutando.

– Fiquei sentada no banco da rodoviária chorando por pelo menos uma hora. Até que apareceu uma pessoa. Sem camisa, músculos completamente traçados. Alguns roxos de pancadas pelo corpo. Careca e com um olhar cafajeste. Abaixou na minha frente e perguntou se eu era a Cintia. Eu me debulhei em lágrimas e isso serviu de confirmação. Ele perguntou se sabia por que estava ali e eu balancei a cabeça negativamente. - Cintia abriu os olhos meio marejados. - Afinal, o que meu pai havia feito para ter que dar sua filha como pagamento? A resposta? O careca disse, seu pai me negou um prato de comida há dois anos. -

Elisa levantou a sobrancelha. Ela conhecia aquela história. Cansou de escutar o Gaulês rindo junto com Ganicus sobre ter conseguido se vingar de todos os que o fizeram mal ou mesmo negaram ajuda. Ele falava muito de um senhor que negou um prato de comida quando ele estava faminto e estava a uma semana sem comer. Falou que após persegui-la nas mesas de apostas e rinhas, conseguiu rancar dele além de todo o dinheiro uma refeição que logo estaria pronta para ser saboreada.

Elisa nunca entendera muito sobre o que eles falavam. Imaginava que se tratava de um animal que estavam engordando para uma ocasião especial como o final da taça ou o aniversário de um deles. Mas, agora ela começava a desconfiar que talvez Cintia fosse a refeição.

– O careca era o Gaulês, caso não tenha entendido. - Ela deu uma risada sarcástica. - Morei 1 ano com os Gladiadores sem ter chances de fugir. Até me tratavam muito bem, em especial Spartacus que vivia dizendo para o Gaulês que só permitiria que eu fosse tocada quando completasse 15 anos. - Um sorriso tímido apareceu no rosto dela. - O Lugar era suportável apenas pelo Claudius e pelo Spartacus. Eles sabiam tratar uma criança, sabem tratar uma moça. Ganicus é meio louco e o Gaulês, totalmente louco. São dois animais. -

– Nunca teve a oportunidade de fugir? - Questionou Lucas.

– Acho que você apanhou bastante nas vezes que fugiu, certo? - Disse Cintia a Lucas com cara de deboche. - Mas, teve uma vez. Eles saíram todos para a Taça. Eu fiquei sedada, mas acordei antes de voltarem. Quando percebi que ainda não haviam voltado, me apressei. Consegui apenas ir dois quilômetros e topei com Ganicus. -

Cintia de repente virou de costas e começou a tirar a blusa. Suas costas mostravam diversas marcas de mordidas, algumas tão profundas que parecia que realmente foram arrancadas no dente.

– Ele saltou um de seus pokemons que ficaram a me atacar até eu desmaiar. - Cintia colocava de novo a blusa voltando-se para eles. - Uma experiência basta. Eu sei que fiquei com eles até os 10 anos, então comecei a ganhar corpo. Comecei a procurar uma forma de fugir sem ser morta e um dia, escutei-os falando que estavam com poucos membros na Liga das Sombras. - Ela sorriu. - Então eu me propus a ser uma captora de membros. Deixavam-me livre para viajar e eu enviaria potenciais competidores para a Liga das Sombras para os locais que eles indicassem. -

– Então você admite! - Disse Elisa.

– Sim! Eu fui vendida por causa de um prato de comida! - Gritou Ela. - Sua vida vale mais que a minha por acaso? Eu te dava uma escolha. Uma opção. Você apresentava meu cartão e eles sabiam que era uma pessoa que enviei. Participaria se quisesse, ou até pagar suas dividas. - Cintia se acalmou. - Uma pessoa por mês me garantia me manter livre. E foi assim que eu comecei a ser treinadora, ganhei um pouco da minha liberdade. -

– Sua liberdade custou a minha! - Gritou Elisa.

– Vou repetir a pergunta. Por que a sua vale mais que a minha? - Questionou Cintia. - De qualquer forma, lembra-se do dia em que te convidei? Você soube da morte de seus pais e ficou debaixo das cobertas por vários dias. Eu não vi seu rosto, nem sabia como você era. Um dia fui surpreendida por Spartacus que veio me dizer que eu havia conseguido. Que enviei uma garota que chamou a atenção do Gaulês e enquanto ela o agradasse eu estava “livre”. - Cintia parou alguns instantes. - Diga-me que nunca desejou que ele se interessasse por outra para que ele a deixasse em paz? Tenho certeza que desejou. -

Elisa mordeu os lábios. Era uma das coisas que ela desejava quase todas as noites.

– Mas, as coisas começaram a andar para trás. Era mais difícil achar pessoas para a Liga das Sombras com a Estilo de Poder funcionando. Comecei a me infiltrar em todos os eventos pokemons para conseguir manter minha cota de pessoas para me manter livre, mas não consegui. Três meses sem mandar ninguém eu estava na Copa Equipe e surtei ao ver os Gladiadores ali. Depois que eles perderam Gaulês me abordou e veio até mim dizendo que eu já tinha 15 anos e era de voltar para casa. -

Lucas lembrava-se do dia em que tentou defende-la e não conseguiu. Do saco, da confusão que ele não entendia.

– Eu tentei argumentar. Era o momento perfeito, tinha tantos policiais ali. Mas, depois que eles enganaram a policia tantas vezes, eles mataram policiais na minha frente. O que me restava? - Cintia apontou para Elisa. - Eu não dei sorte como você! Você conseguiu livrar-se deles com uma jogada que eu tentei usar, mas escolhi mal minha ficha e perdi. -

– Como assim? – Perguntou Lucas olhando para Elisa.

– Eu escolhi você para lutar por mim e você não conseguiu derrota-lo. - Suspirou Cintia. - Por isso abandonei-o. Eles iam nos caçar para sempre. Preferi voltar e parar com tudo aceitar o meu destino de garotinha do Gaulês!

– Você podia ter lutado mais. - Disse Elisa. - Ganhado mais tempo. -

– Eu tentei! Pedi para ele um presente impossível antes da primeira noite. Mas, acha que adiantou? Ele conseguiu em menos de duas horas. - Gritava Cintia. - Acha que eu não tentei de tudo? -

– O que ele conseguiu em menos de duas horas? - Questionou Lucas. – Aposto que não pediu uma coisa muito difícil pelo visto. -

– Eu estava com tanta raiva, tanto ódio que pedi a única coisa que eu não os vi fazendo. Arrancar a cabeça de alguém e comer. - Disse Cintia que começou a chorar. -

Lucas arregalou os olhos. Balançou a cabeça diversas vezes para ter certeza que havia escutado mesmo aquilo. Mas, Elisa estava tão perplexa que ele não tinha duvidas de que ela realmente falou o que ele achava que tinha falado.

– Você... - Elisa tentou se recompuser. - Você condenou alguém à morte? - Perplexa a moça deixou suas costas escorregarem pela porta, sentando-se no chão, completamente atordoada.

– Isso tudo foi culpa do meu pai. Ele teve o que merecia. - Disse Cintia chorando.

Elisa colocou a mão na boca horrorizada. Ela lembrava-se daquele dia o último em que esteve na casa daqueles quatro.

Pokemon Estilo de Treinador
3ª Temporada - Combate nas Sombras
Capítulo 29
Vidas Corrompidas

Elisa estava acuada. A pouco mais de 10 metros dela estava o corpo sem vida de uma pessoa que há poucos dias havia a ajudado e tentado preveni-la de que aquele era um caminho perigoso. Morreu por tentar ajudá-la.

– Quem te convidou? -

Spartacus parecia ser quem conduzia o interrogatório da menina. Após o assassinato do segurança Elisa só chorava em um estado de choque. Gritos por parte de Ganicus, que teve sua luta interrompida, era a coisa mais constante. Mas, nenhuma resposta vinha. Claudius preparou-se para torturá-la, mas Spartacus pediu a chance.

O homem parecia ser o mais calmo dentre os quatro e Elisa percebera aquilo. Até sua pergunta saiu como uma conversa normal. Elisa olhou para ele e seus olhos estavam fixos na menina. Elisa não teve como ver a diferença do olhar, enquanto os outros estavam no mínimo irritados, ele estava olhando-a com compaixão.

– Ela não cooperar por vontade própria. - Gritou Ganicus.

Spartacus apenas virou sua cabeça e olhou para ele. Ganicus fez uma careta jogando os braços para cima praguejando e desistindo de tudo aquilo. Tão logo conseguiu, com um olhar convencer o companheiro de punhos a deixá-lo cuidar daquilo, virou-se de volta para a menina.

– Seu nome é Elisa Cruz. - Disse Spartacus levantando-se e dando alguns passos ao redor da menina. - Não teve sucesso no mundo pokemon e recentemente perdeu os pais. - Ele sorriu. - Como pode ver, em pouco tempo descobrimos o essencial. Agora, se puder nos ajudar a resolver esse problema, talvez possamos evitar que mais alguém morra por não fazer a sua parte. -

Elisa respirou fundo tentando conter as lágrimas. Ela não queria morrer e desde que o segurança foi assassinado, ela não conseguia pensar em outra coisa a não ser logo se juntaria ao corpo no chão. Elisa fechou os olhos e disse gaguejando o nome da menina.

– Cintiaaa... -

Claudius estava achando interessante a forma de Spartacus trabalhar. Jurava que ele era o melhor para arrancar informações das pessoas, mas a habilidade de levar as pessoas na conversa era algo visível em Ganicus.

– Gostaria que se levantasse e sentasse-se nessa cadeira. - Spartacus deixou a cadeira em uma posição que ele pudesse sentar em outra, a uma distancia razoável de Elisa. Uma distancia que ela achasse boa a suficiente para sentir-se segura. - Quando sentar, diga-me como obteve o cartão prateado e o endereço. -

Elisa olhou a cadeira e realmente parecia ser um local seguro. Havia uma mesa protegendo-a dos quatro, já que a cadeira de Spartacus ficava do outro lado da mesa. Havia uma janela a pouco menos de cinco metros. Talvez pudesse se jogar ou ao menos gritar por socorro, mas o melhor era que a mesa bloquearia a visão do corpo.

Levantou-se de forma insegura. Seu corpo tremia. Ela olhou suas coisas espalhadas e até pensou em tentar juntar, mas parecia tão inútil e sem propósito se preocupar com qualquer material dela naquele momento.

Ela sentou-se e viu que havia surgido um jarro com água e um capo a sua frente. Ela piscou algumas vezes tentando identificar de onde havia saído. Logo percebeu Spartacus acabando de completar a coleção de objetos na mesa, deixando uma colher e um açucareiro. O homem sentou-se do outro lado da mesa, com a coluna ereta, mas de forma relaxada.

– Obrigada. -

De forma tímida Elisa entendeu que poderia pegar um pouco de água e até água com açúcar para acalmar-se. Preparou e bebeu rapidamente um pouco e sentiu que o estomago logo pediria por comida. Olhou para os quatro que estavam no ambiente. Ganicus, que ela identificava apenas como o loiro que conduzia o evento daquela noite, estava bem irritado e ela entendia que ele não havia gostado que da interrupção de sua luta. Claudius, que mais parecia um empresário, parecia bem curioso com os caminhos que as coisas levavam.

Mas, nada explicava as ações do Gaulês, o careca do último evento que não tirava os olhos dela. Ele brincava com uma calcinha, enquanto esperava o desfecho de tudo aquilo. O problema era que Elisa tinha quase certeza, aquela calcinha era uma das dela.

– Estou esperando senhorita Cruz. -

A voz de Spartacus pareceu bem tranquila. Elisa olhou para ele assustado. Além de todo o medo que já sentia de morrer, um medo a mais havia tomado conta de si, um medo provocado pelo olhar safado que vinha de Gaulês. Tinha certeza que não fosse Spartacus chamar sua atenção, talvez ela tivesse ficado naquela paralisia por vários dias.

– Eu estava em um Centro Pokemon. Cintia chegou e eu já estava em meu luto. - Ela deu uma pausa. - Ela disse algumas coisas e deixou o cartão falando que talvez isso me ajudasse. – Ela olhou para baixo fazendo as lagrimas voltarem novamente. - Eu não dormia a dias pensando nos meus pais. Eu não conseguia fazer outra coisa a não ser chorar. -

– Estamos percebendo. - Riu Ganicus, fazendo um comentário em meio aquilo.

– É... - Elisa pareceu não se incomodar com o comentário. - Se havia algo que pudesse diminuir minha dor... Valia a pena. Arrisquei tentar encontrar Cintia. Cheguei à recepção, perguntei por ela, mas não consegui nada. Quando estava desistindo, vi um rapaz mostrando um cartão igual ao que Cintia deixou para mim e então o ... - Elisa engasgou. Só de lembrar que a pessoa estava ali caída a poucos metros dela.

– Então você viu o evento, ao término assustou-se com tudo aquilo, e ele... - Spartacus apontou para o corpo que agora Elisa não podia ver graças à mesa. - Te ajudou a esconder-se e te deu esse papel, avisando que isso não era mundo para você. -

Elisa balançou cabeça confirmando. Era nítido para qualquer um o motivo de o segurança tê-la ajudado. Ela visivelmente não combinava com aquele ambiente e parecia ter caído de paraquedas.

– Acho que Cintia enganou-se. - Disse Spartacus levantando-se e virando-se para os três companheiros. - Como devem ter percebido, se ninguém tivesse aparecido no evento de Gaulês, o mesmo em que a Elisa pareceu, ela estaria em falta e teria de voltar para casa. Desesperou-se e mandou a primeira pessoa que conseguiu, sem se preocupar muito se realmente a pessoa iria vir ou se serviria para esse mundo. -

– Ela me serve! - Sorriu o Gaulês.

Spartacus revirou os olhos. A menina já havia visto demais e nada poderia mudar aquilo. Alguém já havia morrido por causa disso e não parecia necessário que ela também morresse afinal ela parecia ser bem fácil de controlar. Já estava totalmente assustada.

– Alguém quer saber mais alguma coisa? - Questionou Spartacus. - Acredito que a senhorita Cruz respondera com sinceridade e de boa vontade. -

Elisa rapidamente balançou a cabeça. Ela queria livrar-se logo daquilo tudo. Pelo que parecia Spartacus estava com a situação controlada e não haveria mais mortes.

Ganicus parecia ainda muito irritado, mas visivelmente qualquer problema que a menina pudesse oferecer estava contornado naquele momento.

– Vou atrás de Cintia avisá-la para não fazer esse tipo de trapalhada novamente. - Disse Claudius. - Acho que não teremos grandes problemas desde que ela pague o que deve. -

Elisa olhou confusa. Pagar o que devia? Aquilo era novidade. Ela não conseguia acompanhar e entender tudo o que o quarteto conversava, mesmo estando tão perto deles. Algumas coisas ela duvida que estivesse ouvindo e outras ela parecia não prestar atenção. Mas, Dívida era algo que ela não pode deixar de ouvir.

– O que estou devendo? - Questionou Elisa insegura.

–Bom... Você participou de dois eventos. - Disse Ganicus. - Sem pagar a entrada. Todos tem que pagar entrada, exceto aqueles que lutarem no dia. Quem luta paga uma inscrição que lhe dá acesso gratuito ao dia que lutar. - Ganicus levantou-se cansado da conversa. - Já reviramos sua bolsa, não tem dinheiro para pagar nem metade da primeira visita. Várias são as formas de ganhar dinheiro na Liga das Sombras, mas para ganhar vai ter que gastar. -

Ganicus saiu do aposento sem nada dizer.

– Mas... - Elisa parou alguns instantes. Viu Spartacus fazer um sinal para ela.

– Você interrompeu uma luta dele. Ele esta querendo lutar. Fique longe dele por hora. – Disse Spartacus. – Você vai ficar aqui até garantirmos que não irá tentar fugir e que honrara sua dividas. Aconselho a preparar-se para nas competições. –

Elisa fez que sim com a cabeça. Saiu de sua cadeira começando a catar as coisas que estava no chão. Ela pegou o primeiro objeto e olhou para Spartacus que fez apenas um aceno dizendo que ela entendeu que poderia recolher suas coisas.

– Acho melhor Spartacus ir atrás de Cintia ao invés de Claudius. - Disse o Gaulês ainda brincando com a calcinha. - Claudius é o organizador do próximo evento e pelo que podemos entender, ela está fora de Hoeen. -

Spartacus olhou para o Gaulês dando um sorriso cafajeste. Era claro para todos que Gaulês queria ficar com Elisa, mas sabia que Spartacus iria tentar persuadi-lo de alguma forma e no final, conseguiria algum tempo para a menina ficar longe da cama. No entanto, o argumento de Gaulês era genuíno.

– Realmente. - Claudius levantou-se percebendo que aquele salão se transformaria num bordel. - Tenho que começar a organizar meu evento no deserto. -

Spartacus ficou parado encarando Gaulês por alguns instantes. Elisa no chão ainda catava suas coisas sem perceber que o cenário estava mudando rapidamente.

– Enfim, você é problema dele. Aceite isso como algo melhor que sua morte. –

Elisa piscou escutando aquilo. Ela já havia catado quase tudo quando a voz de Spartacus se pronunciou já longe. Ela levantou o olhar e viu que havia ficado sozinha com Gaulês e o corpo do segurança. A ultima peça para sua mochila, tirando o cartão prateado que havia sido confiscado, era a calcinha na mão de Gaulês.

– Poderia... - Ela não conseguiu terminar de falar. Viu-o levantar-se retirando a calça, ficando completamente nu, e indo em direção a ela.

<><><><> Primeira tentativa de fuga <><><><><>

A cama estava completamente remoída. Os arregalados olhando para o teto pareciam totalmente sem vida. Cintia realmente ajudou-a a esquecer da morte dos pais, estar nas mãos de Gaulês era uma dor bem pior. A vontade de morrer era sempre constante, mas tirar a própria vida parecia um insulto à memória de seus pais.

Não que eles tivessem morrido por ela, mas depois de tanto chorar por causa da morte, desperdiçar a própria vida era estranho. Um barulho e os olhos encheram-se de vida. Gaulês, deitado ao seu lado, começava roncar. Era a chance que ela esperava.

Levantou-se rápido, ignorando qualquer barulho que fizesse no quarto. Não haveria chances do Gaulês acordar já que ela havia lhe dado um forte sonífero, escondido na bebida. Ela arquitetava aquele plano de fuga a semanas, o momento perfeito.

Ganicus estava em um evento bem distante. Spartacus havia ido caçar um membro fugitivo das Sombras. Claudius estava em um de seus assuntos secretos e havia dito que demoraria duas semanas para voltar. Toda a mansão era apenas dela e de Gaulês, já que os serviçais só ficavam ali se Spartacus ou Claudius estivessem, pois eram eles que os pagavam. Bastava vencer Gaulês e conseguir pelo menos dois dias de vantagem. Cruzaria os oceanos indo para regiões de distancia e lá tentaria explicar o que estava acontecendo para algum policial.

Vencer gaulês tornou-se o problema. Ele era o maior monstro que ela já havia conhecido e não a deixava esquecer-se disso. O sonífero pareceu ser o melhor caminho, deu dose o suficiente para que ele viesse a dormir por dias, se ele morresse seria ainda melhor, mas ela não tinha tantas esperanças de que ele morresse após vê-lo ficar acordado maltratando-a por horas após ingerir o sonífero. Já havia perdido as esperanças de poder fugir naquela noite quando ele tombou para o lado adormecendo. Esperou alguns minutos até vir os conhecidos e detestáveis roncos e então começou a fuga.

Sabia que não poderia levar muito. Tirando sua pokeagenda e seus pokemon, deixou todo o resto para trás. Levou apenas algumas notas de dinheiro que pegou no último evento.

Alcançou a cidade mais próxima ainda na madrugada e conseguiu uma carona até a cidade litorânea dentro de um caminhão de carga. Evidente que de forma clandestina, pois de alguma forma sabia que seria rastreada até o porto.

O porto estava bem deserto e havia um navio a minutos de zarpar. Correu até o navio que estava pronto para zarpar. Esfregou-se nas cordas e passou a mão por todo casco que conseguia. Depois olhou em volta e mergulhou, começando a nadar na direção de outro navio que estava sendo abastecido e zarparia apenas ao amanhecer.

Ela era inteligente. Sabia que seria rastreada de alguma forma. O navio que estava para zarpar seria o primeiro a ser perseguido, ainda mais se deixasse seu cheiro nele. Havia deixado tudo indicando a hora que saiu e seu paradeiro inicial, claro que tudo na tentativa de mandá-los para outro lugar. O navio em que tentava esconder-se iria para uma direção oposta e ela iria sair em alto mar, quando estivesse a uma distancia em que seu pokemon aquático aguentasse levá-la para uma pequena ilha onde pretendia conseguir uma carona real para fora daquele mundo.

– Eu jurava que você me amava. -

Elisa que acabando de esconder-se dentro do navio ficou paralisada ao escutar a voz de Gaulês. Ele estava parado na frente dela, atrás de várias caixas. Aquilo parecia impossível ela simplesmente caiu no chão, aterrorizada por alguns instantes.

– Eu sabia que havia comprado sonífero a dois jogos atrás. Achei que ia usar contra um oponente, ou para você mesma para tirar um pouco do meu prazer. Mas, foi uma surpresa vê-la deixando sua roupa e pokebolas no meu quarto. Entendi de imediato que ia tentar uma fuga, então após saber que batizou minha bebida, fingi beber. Fingi roncar e vim assistindo-a até aqui. - Ele sorria de forma safada. - Você tem futuro ga... –

Elisa forçou uma caixa para cima de Gaulês. Correu para o topo do navio gritando por ajuda. Eram palavras desconexas e chorosas tentando chamar a atenção de todos.

– Ei! - Alguns marinheiros agarram a menina.

– Ele está tentando me agarrar. Por favor, me ajudem! -

Os marinheiros iam se juntando para entender o que estava acontecendo e logo Gaulês aparecia sangrando devido ao impacto da caixa que caiu sobre ele.

A situação era no mínimo problemática para os marinheiros. Afastaram a menina e prepararam-se para conter o Gaulês, iriam prender os dois e entregá-los a policia, não iriam atrasar a viagem por causa de dois intrusos.

A menina sabia que aquilo não iria acabar bem, em especial quando viu Galês quebrar o braço do primeiro que tentou agarrá-lo. Dali em diante uma confusão iniciou-se. Socos e chutes eram dados para todos os lados. Mesmo os marinheiros parecendo mais fortes do que Gaulês eles não conseguiam conter o homem que logo estava cara a cara com a menina, sem ninguém próximo para protegê-la.

– Você gosta de bancar a difícil. - Sorriu ele. - Eu gosto disso. Mas, também gosto de exibicionismo. - Ele baixou as calças. - Terei que ser rápido, eles devem levar uns dez minutos para chegarem com as armas. -

<><><><> Dia da aposta entre Elisa e Gaulês <><><><>

– VAI! VAI! -

Eram gritos animados sendo escutados por toda a mansão dos gladiadores. Gaulês estava chegando de uma atividade externa e escutava os gritos já do lado de fora. Sorriu imaginando o tipo de situação que estaria gerando aqueles gritos.

No salão principal viu Ganicus, Spartacus, Claudius e Elisa sentados em frente a um telão assistindo uma batalha pokemon. Kevin contra Marjori na Copa Kanto.

– Vocês viraram um bando de viadinhos, só pode. - Gaulês gritou ao perceber o motivo de tanta agitação e bufou ao perceber que havia sido ignorado.

Andou até a tela e ficou alguns segundos tentando ganhar atenção de um dos quatro, mas não conseguiu. Pegou Elisa pelo braço para arrastá-la para o quarto, mas acabou sendo impedido por Ganicus.

– O que? - Gaulês a saltou por alguns instantes surpreso com a atitude de Ganicus. Ele esperava que Spartacus viesse a defendê-la, mas Ganicus, aquilo era novidade.

Elisa ficou parada alguns instantes ainda perto de Gaulês, já havia aprendido a não contrariá-lo. Ainda mais quando havia um conflito entre os Gladiadores, esperaria até eles decidirem o que iriam fazer.

– Cara! Você já viu esses dois lutando? Eles vão se matar em questão de segundos. - Diz Claudius. - Estamos apostando no que vai acontecer no final. -

– Perderam o juízo? - Gritou Gaulês. - São treinadores em uma liga. Não tem morte, não tem nada! Eles não valem nada, não são de nada! Olha esse pirralho loiro! Diga algo que ele faça que não fazemos, ou melhor... - Gaulês sorriu. - … que eu não faça. -

– Vencer de forma justa. - Disse Elisa que no mesmo instante levou um soco na face.

Elisa caiu no chão sentindo-se tonta. Não havia sido muito esperta, mas não perderia aquela oportunidade de mostrar que tudo aquilo que eles faziam estava errado e que toda a ombridade que eles tanto gostavam de mostrar estava longe da realidade.

O grupo olhou para o Gaulês . A menina respirou fundo e manteve-se no chão. Olhou para tela e ficou dali assistindo a luta enquanto ainda podia. Fingia que estava assistindo, mas estava curioso com o olhar reprovador que o Gaulês estava recebendo dos outros três. Não era raro opiniões divergirem e eles se estranharem ao ponto de sair no braço, mas era raro que Ganicus e Gaulês fossem os únicos a se encararem ferozes.

– Vamos acabar de assistir a luta. Todos escolhemos alguém para apostar e estamos. Claudius no David, Spartacus na Julia. Elisa está apostando no Kevin. - Disse Ganicus. - E eu estou apostando na Marjori. -

– Vocês perderam o juízo. - Gritou Gaulês. - Essa puta lá é lutadora! -

– Puta? - Gritou Ganicus olhando para Gaulês! - Eu adoraria que ela fosse. - Dando um sorriso cafajeste e baixando o tom.

Todos começaram a rir, até mesmo Elisa, de forma mais contida. Gaulês não conseguiu segurar umas risadas, não era novidade que Ganicus era fã de Marjori e dizia que faria uma mão para poder pegar aquela garota.

– Eu devo estar drogado. - Gaulês sacudiu a cabeça deixando o comentário de lado. - E olha que eu nem uso nada. -

A duas semanas estava fora caçando um infeliz que havia fugido. Voltou animado para encontrar-se com os companheiros e especialmente com Elisa, mas encontrou-os com ações nada normais. Apostar em batalhas oficiais era a coisa mais tediosa que poderia haver, pelo menos após apostar na Liga das Sombras. Aquilo não tinha o menor sentido.

– Só estamos passando o tempo cara. Atividades durante uma liga regional não rendem quase nada. É prejuízo! - Spartacus parecia bem tranquilo. - Que tal melhorarmos essa aposta. - Disse Spartacus. - Talvez assim você se interesse. -

–Bem... - Gaulês balançou a cabeça ponderando. - Se esse é o jeito. Mas, não quero apostar em nenhum desses fraudinhas. - Gaulês sentou-se calmamente onde Elisa estava anteriormente. -

– Escolha um que ainda esteja na disputa. - Disse Claudius estendendo o prospecto, mas o mesmo foi amassado e jogado longe após dar uma olhada. - Não tem ninguém parecido com nenhum de nós, quero alguém mais selvagem. -

– Aposte em você mesmo. - Disse Elisa.

Gaulês olhou para a menina que estava séria. A voz saiu como uma sugestão, sem deboche, ironia ou sarcasmo. Ela realmente estava sugerindo apostar em alguém que não estava na competição.

– Você está sugerindo o que? - Questionou Ganicus. - Que invadir a Liga para dar uma surra em todos eles? - Ganicus sorriu. - Eu topo. -

Claudius simplesmente revirou os olhos. Se invadissem a Copa Kanto teriam suas identidades reveladas e atrapalhariam os planos traçados pela Estilo de Poder, como bom Supervidor não poderia deixar isso acontecer.

– Não rola devido ao tempo para chegarmos lá. - Diz Claudius. - Terão que se contentar em assistir. - Diz Claudius. - Mas, se tiver mesmo vontade em lutar contra essas estrelas, pode ser arrumado. Existe uma tal Copa Equipe a caminho e Marjori e outros estarão lá. -

O grupo olhou para Claudius como se ele insultado a mãe deles. Jamais veriam aqueles três em uma competição oficial da liga pokemon. Abandonaram suas vidas sociais no mundo de regras há muito tempo e talvez a única coisa que mantinham o ainda com certo toque de contato com o mundo civilizado fosse Claudius.

– Vocês estão com medo? - Elisa viu o olhar deles. O deboche e a rejeição, mas também havia o desejo pelo desafio. Era desafiador irem ao mundo, espancarem alguém dentro de uma liga de verdade e saírem ilesos. -

Ganicus se enfureceu com a audácia, mas viu Gaulês virar-se para Elisa.

– Então acha que esses estrelinhas venceriam. O que você poderia me dar que já não tenho? - Ele riu descaradamente. - Isso aqui ainda parece o clube dos viadinhos. Todo mundo apostando em um dos mocinhos e querendo que eu aposte também nesse dia do sem nada para fazer. -

– Meus seis pokemons que você não ganha uma competição. - Diz Elisa parando e vendo que Kevin havia ganho, por um instante ela sorriu com o pensamento que havia tido. Levantu-se encarando-o. - Na verdade, vou facilitar. Meus seis pokemons que você não ganha dele em uma competição oficial. -

Spartacus ficou perplexo. Se havia algo que Elisa defendia e não permitia que o grupo chegasse perto eram seus pokemons. Para ela apostar todos eles havia algo que ela pretendia. Ninguém além de Spartacus perceberia aquele movimento, já que ele era o único que prestava atenção no potencial que a menina possuía.

– Acho que se não aceitarmos, agora vamos passar por medrosos e perderemos o respeito da ruivinha. - Spartacus riu. - Claudius, acha que Kevin participará dessa competição? -

Claudius deu de ombros. Não tinha como saber realmente se Kevin participaria da Copa Equipe. A aposta de Elisa era completamente fora de propósito e possibilidade. Mesmo que entrassem para a Copa Equipe eles não tinham como enfrentar Kevin oficialmente.

– Porra! - Gritou Gaulês. - Que merda viu nesse garoto para apostar nele? - Gaulês levantou-se e encarou ela. - Se por acaso eu perder para ele, o que você vai ganhar? -

– Ela jamais vai deixar a gente esquecer que perdeu prum merdinha desse. - Riu Ganicus.

– Minha liberdade. - Disse Elisa. - Aposto minha liberdade contra meus pokemons que em uma batalha justa e oficial, Kevin vence o Gaulês. -

O silêncio ficou por alguns instantes. Era muita coragem da menina apostar em um garoto imaturo que ela nem conhecia. Ela estava apavorada e desesperada para sair e jogar com a vaidade e orgulho deles parecia ser a única chance. Sabia que eles estavam muito acostumados a patifaria e dificilmente conseguiriam jogar nas regras. Se ocorresse deles conseguirem os pokemons fariam o que não devem.

Mas, escolher Kevin era algo que ela não saberia explicar. Ela simplesmente se animava ao ver o garoto lutando. Era algo diferente, era algo que dava esperança. Ele enfrentava a Estilo de Poder e sobrevivia, ele não era só um foco de esperança, não podia ser apenas um foco de esperança. Elisa torcia para não ser só um foco.

– Dou até duas chamas para ele. - Diz o Gaulês. - Melhor, até três chances dele me vencer. - Olhando para Claudius o gaulês sorriu. - Agora eu gostei do meu dia. A aposta tá feita, de um jeito de enfrentarmos o fraudinha de forma oficial. Se ele não entrar para a Copa Equipe, crie um torneio pela sua empresa e o convide! -

– Ele está com ciúmes. - Disse Spartacus. - É a primeira vez que ela fala de outro cara. -

Elisa fez uma aposta que deu certo. Uma aposta que ninguém acreditava que daria certo. Assim que Kevin venceu os gladiadores junto a Dance, Music e Marjori a menina começou a treinar e a se preparar para quitar sua divida. Ela tinha muitas dividas, mas era muito inteligente. Sabia como funcionava os eventos e o que dava mais dinheiro, era apenas uma questão de tempo

<><><><> Taça da Liga das Sombras - Tempos atuais <><><><>

Os três escutaram o coro. O nome de Gaulês era repetido diversas vezes, a chave dois já havia iniciado seu embate e parecia aproximar-se do fim. Os três moveram-se lentamente, curiosos para saber o que estava acontecendo. Eram apenas cinco minutos de luta e aquilo não deveria acontecer tão rápido, afinal John e Murilo eram excelentes competidores.

Mantendo uma distancia segura entre eles e sem deixar que Cintia ficasse em uma posição favorável em relação a eles esticaram as cabeças para ter uma visão pela janela. Murilo estava caído mais ao fundo, sem que nenhum ao seu lado e John Tech estava sendo surrado pelo próprio Gaulês que também não parecia ter libertado nenhum pokemon

O único pokemon na arena era um Charizard com partes robóticas que estava sem se mexer levando um tremendo choque. Ao que parecia os componentes eletrônicos de John estavam falhando. Os três não tinham como saber que assim que saiu alçou voo e tentou atacar a todos em velocidade. John havia sido muito ágil em libertar seu pokemon.

Charizard era um pokemon estranho de se olhar. Possuía garras de metal. Laminas nas pontas das asas e um machado próximo à ponta do rabo. Parecia estar com um visor junto aos olhos, mas ninguém tinha muita ideia do motivo ou utilidade.

Murilo e Gaulês evadiram do centro chocando-se contra a grade da jaula. Charizard que havia aplicado o Lança chamas tentou subir mais um pouco e acabou chocando uma de suas partes metálicas contra a grade, justamente a parte onde estava a bateria. Murilo foi eletrocutado na hora e ficou caído, consciente, ainda tentando se refazer, enquanto via o Gaulês observar Charizard cair debatendo-se devido aos curtos que estavam dando em suas partes robóticas após a bateria ter sido danificada pelo impacto dela com a grade.

Não demorou dois segundos para o Gaulês ir castigas, pessoalmente seu adversário. O que era uma batalha pokemon virou uma batalha de humanos. Inicialmente não parecia tão interessante e alguns até tentaram vaiar, mas ao ver que John Tech estava conseguindo segurar-se, perceberam que a luta entre Gaulês e John poderia ser muito interessante. As habilidades dos dois eram muito diferentes. John defendia-se bem e atacava pouco. Mas, não tentava fugir, enquanto o Gaulês parecia uma máquina de bater.

– Charizard! - John chamava pelo pokemon que continuava ainda debatendo-se. - Seu idiota eu vou morrer aqui! - Gritava John que tentava um soco e uma rasteira, mas levava um golpe no rosto com tanta força que ele se perguntava se o Gaulês era feito de aço. - Charizard! -

Os braços estavam erguidos protegendo a cabeça e parte do peito. Tentava encolher-se para diminuir os espaços para os golpes. Mas, parecia inútil. Começou a achar que estava escutando vozes. Havia muito barulho, mas tinha certeza que alguém estava falando algo estranho para ele. Mas, não fazia sentido por que alguém estaria lhe pedindo 20 milhões? Quem poderia estar tão perto para ele escutar e ainda assim poder lhe ajudar naquele momento? Na Jaula os únicos que poderiam fazer algo seriam os três competidores e tirando ele próprio e Gaulês, o outro era Murilo.

Murilo havia arrastado para um pouco mais perto. John arriscou uma olhada e via os lábios dele mexendo-se dizendo aquilo. 20 milhões para ajudá-lo. Aquilo parecia ser uma piada, afinal o que ele poderia fazer caído? Mas, a verdade era que assim que o Gaulês terminasse com ele, a batalha pokemon voltaria a acontecer. Murilo estava querendo um acordo. Ele libertaria um pokemon e com isso Gaulês, se fosse prudente, iria ter que parar com aquela luta corporal e voltar a batalhar com os pokemon, se quisesse sair vivo.

Murilo tem a fama de ser um trapaceiro do caramba e um cobrador mais impiedoso ainda. Se eu aceitar o acordo e não pagá-lo eu certamente terei muitos problemas. Estou tão perturbado com essa porcaria de curto que deu nas minhas criações que não vou conseguir me concentrar para aguentar mais tempo. Tenho que salvar minha vida. Vai ser um rombo no orçamento, mas acredito que seja melhor que morrer. Afinal, qual vale a minha vida? John parou de raciocinar ao levar um golpe nas partes baixas, Gaulês não tinha nenhuma honra na luta e isso estava ficando cada vez mais claro.

– Eu aceito! - Berrou John na direção dele de Murilo.

Murilo levantou-se rápido, jogando-se para longe deles e liberando um pokemon. Vaporeon surgiu em grande majestade brilhando e encarando Gaulês que não se importou com a presença do pokemon. Mas, apesar de parecer não se importar com o pokemon, os olhos estavam fixos em Murilo.

Ele está de pé com tanta facilidade e naturalidade. Além disso, aquilo no bolso dele é uma máquina de dar choques? Esse cara fingiu que foi um acidente provocado pelo contato da parte robótica de Charizard com a Jaula, mas na verdade ele entrou querendo eletrocutar a jaula para acabar com as partes robóticas do pokemon de John. Fingiu ter sido afetado para observar o que eu faria e poder escolher o pokemon que pudesse contra o meu, já que o de John ficaria incapacitado. Inteligente! Mas eu gosto é de porrada! O Gaulês tentou abaixar-se para dar uma cambalhota pelo chão e sacar sua pokebola para dar combate a Vaporeon e quem sabe voltar a surrar os dois que estavam na jaula com ele.

– Lamina de água! - Gritou Murilo ao vê-lo tentar a cambalhota.

Acidentes acontecem em todos os cantos. Murilo comandou o ataque para assustar, mas o efeito foi totalmente inesperado. A lamina foi rápida e com bastante poder. Acertou o Gaulês no peito, exatamente na hora em que ele levantava-se da cambalhota, já tendo lançado sua pokebola. O corpo foi lançado em direção ao charizard que se debatia. Um movimento com a calda machado e o corpo de Gaul~Es girava para um lado enquanto sua cabeça rolava até os pés de John.

Uma gritaria começou enquanto o pokemon do Gaulês olhava atordoado o treinador que havia sido decapitado. Ele não sabia se atacava Charizard e vingava seu treinador, ou defendia-se de Vaporeon. Machoque era um pokemon forte e sempre hábil em lutas, mas nunca havia visto uma morte como aquelas. Ele não sabia o que fazer.

Na torre os três estavam de olhos arregalados. Elisa deu alguns passos de costas, procurando onde se encostar. Lucas levou a mão ao pescoço massageando-o compulsivamente. Aquilo história de decapitação estava indo longe demais. No entanto, a reação mais forte era a de Cintia que caia sentada no chão, com a mão na barriga, tentando conter uma risada eufórica.

As risadas pareciam não ter fim, chegando a assustar Elisa e Lucas. Os dois se olharam e viam a menina rindo. Por alguns instantes perguntaram-se e eles haviam visto a mesma cena que ela.

– Ela está em choque. -

A voz assustou a dupla de jovens que observavam Cintia em meio as risadas. Olharam para a porta, temendo quem pudesse ter entrado, mas não identificaram ninguém. A porta ainda estava fechada. Eles escutaram algo cair do teto e olharam na direção o barulho, agachada, como se tivesse caído naquela posição estava uma mulher de cabelos verdes e roupa preta tática que levava o emblema da policia.

– Oficial Jane? - Lucas surpreendeu-se. - Estava escondida no telhado? -

Lucas olhou para cima e pode ver que o teto era realmente alto e não havia uma cobertura realmente. Era um emaranhado de colunas e telhas que realmente poderiam ocultar uma pessoa.

– A policia está aqui? - Elisa engoliu um seco olhando pela janela.

Se aquela oficial estava tão bem escondida, certamente haveria outros. A Liga das Sombras seria desmascarada naquela noite. Aquela era a última Taça. O problema era que ela e seus clientes seriam presos em questão de minutos. Talvez, em algumas horas.

– Fique calma Elisa. - Disse Lucas com um meio sorriso.

A menina viu Cintia ser algemada, ainda em seu estado de choque. Outro agente apareceu do teto, pronto para cuidar da menina.

– Ela passou muito tempo com seu “sequestrador”. Um advogado possivelmente vai conseguir coloca-la como vítima e talvez ela realmente seja. Mas, vai passar um tempo presa, ao menos em uma casa de recuperação para tratar dos traumas. - A Oficial olhou para Lucas. Mas, ela confessou que o usou. Não era a intenção trazer-lhe para cá, mas a confissão de que realmente trazia pessoas e que de alguma forma tentou te usar já te livra. -

Lucas parecia não saber se ficava aliviado ou não. Uma parte dele ainda sofria pela garota. Era duro saber que na verdade fora usado enquanto estava dando de si por um amor não correspondido.

– Fique tranquila. - A oficial falava com Elisa que parecia alarmada com tudo aquilo. - Fomos informados que você estava tentando desmantelar o grupo há alguns anos. Suas falas a pouco confirmaram a versão da história. Não será incriminada. –

Elisa deu um sorriso tímido. Não estava preocupada apenas com ela, mas seus clientes lá embaixo certamente não teriam a mesma sorte. A benevolência seria bem pequena para com eles. Tentou esconder essa preocupação rezando para que eles conseguissem fugir. Só então percebeu, aquilo era um emboscada e pelo visto Lucas havia armado-a.

– Como armou essa emboscada se ficou o tempo todo acamado por causa de Dex? - Questionou Elisa. - Era mentira? –

– Queria que fosse. - Lucas suspirou. - Eu... Estou tendo sequelas por causa daquilo. Memória, alucinações, lesões nas juntas... - Lucas parecia abatido. - Nivek terminou o trabalho que eu não consegui terminar. -

A oficial Jane ficou olhando pela abertura, com bastante cuidado. Parecia preocupada. Ela tinha agentes espalhados por todo o local e muitos outros pelas rotas de fuga que poderiam existir. Sabia que seria um confronto difícil em especial pelos organizadores que eram excelentes na luta, tanto com pokemons quanto pessoal. Mas, não esperava encontrar um adversário como o que estava observando.

– Escutem vocês dois. Irei algemá-los para a segurança de vocês. Por tudo o que disseram, vingança é um prato cheio para aqueles três. Precisaremos manter o disfarce de vocês. - Jane parecia séria. - Mas, antes me digam, quais são os pokemons de Spartacus? -

Lucas já esperava por aquilo. Sabia que teria que passar alguns dias como um criminoso, mas não esperava a pergunta sobre Spartacus. Olhou para Elisa, já que ele não sabia responder. Elisa ainda estava tentando se refazer das surpresas. Viu o olhar de Lucas e depois olhou para a policial.

– Desculpe. Sei os de Ganicus e o do Gladiador. Claudius era muito reservado quanto aos seus pokemons, acredito que para não levantar suspeitas em seus meios sociais. Agora Spartacus... - Ela ficou alguns instantes em silêncio vendo Murilo sendo anunciado o vencedor da segunda chave. - Conheço apenas um Arcanine e o Blastoise que ele usou na Copa Equipe. Sei que tem outros, mas nunca os vi treinando-os. Acredito que tenha um Ariados pelo que escutei, mas são boatos. -

– Entendo... - Jane parecia preocupada. - O Arcanine possui uma pelugem negra nas patas, certo? Se for o caso, receio que ele será o mais difícil de deter. -

– Isso mesmo. - Disse Elisa. - Já vi aquele Arcanine de patas escuras diversas vezes. Mas, acho que ao estar acuado e proporem um acordo, Spartacus aceitará. Ele sempre foi bem calmo e solicito comigo e com muitos dentro da Liga das Sombras. Apesar de visivelmente um selvagem como os outros quatro, ele parece ter princípios mais fortes que os outros. -

– Imagino que sim. - Suspirou Jane. - Mas, não se pode oferecer um acordo a uma pessoa dispensada do corpo policial por desonra. -


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