Destroyers escrita por Livia Dias


Capítulo 42
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal!!!

Quero agradecer a DramaQueen pelo comentário no capítulo anterior! Muito obrigada, garota ;)

Espero que gostem do capítulo! Surpresa no final para vocês u.u

Beijokas!



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Dylan

Quando pensei que a noite se arrastaria infinitamente, o dia finalmente amanheceu. Com ele, vieram as lembranças de outrora e as incertezas do futuro.

Os Destruidores vão continuar? Os Vingadores saberão como agir? A S.H.I.E.L.D permanecerá firme sem seu líder?

Deitado em minha cama, encarando o teto, percebo que as respostas não são tão simples de serem formuladas — eu mesmo nem sei o que fazer!

Zack e Stella sumiram e a percepção de que os Destruidores precisam de um líder é cada vez mais preocupante.

Eu não me indico para ocupar tal cargo e responsabilidade, mas tenho uma ideia de quem poderá fazê-lo.

Enquanto a chuva cai sem controle, trato de me arrumar rapidamente e descer para a cozinha.

— Sua geladeira não tem nada que preste — Clarissa comenta encostada no balcão enquanto devora uma maçã.

Reviro os olhos.

— Pensei que já tivesse ido embora — comento, pegando a garrafa com água mineral à porta da geladeira.

Clarissa dá de ombros.

— Simon ligou — Foge totalmente da questão anterior, desinteressada aparentemente. Franzo o cenho.

— O que ele queria? — Cruzo os braços, depositando a garrafa no balcão da pia.

— Está se sentindo importante e convocou a gente para uma reunião — Faz uma careta quase imperceptível para mim, e lembro-me de seu pulso quebrado.

É esquisito vê-la machucada. Às vezes pensava que ela fosse aquele típico vaso ruim que não quebra, sem nem ao menos sentir dor! Agora, percebo que a Wayne tem algum traço de humanidade, mesmo que este seja tão sutil (quase supérfluo).

— Como está seu pulso? — Pergunto, fingindo desinteresse.

Clarissa me encara com um misto de desconfiança e incredulidade.

— No lugar dele — ironiza, claramente tirando uma com a minha cara. Reviro os olhos, ouvindo a risada (tão rara) dela. — Tão bonzinho — desdenha, passando por mim. — Melhor se arrumar. O Walker não pareceu muito paciente ao telefone.

Arqueio as sobrancelhas. — Fury está morto e você consegue ficar de bom-humor — Pondero, e ela vira a cabeça em minha direção. — Está pensando em cair fora, não é?

Clarissa cruza os braços, encarando-me com uma tranquilidade anormal.

— Será que você não percebe? — Meneia a cabeça negativamente. — Eles não precisam de nós. Precisam manter o controle sobre nós. Depois que essa merda acabar, continuaremos sendo vigiados assim como fomos até agora. Esse grupo tá rachado, Allen.

Me dá as costas, deixando-me repleto de uma curiosidade incomum. Sei que a Wayne sabe mais do que aparenta saber, e certamente planeja fugir.

Mas antes de fazê-lo, vai coletar o máximo de informações que puder, e então eu estarei esperando para impedi-la de partir.

Porque se depender de mim, Clarissa vai ficar onde está e pronto.

(...)

Peguei meu carro deixado em frente à casa da Stella, lamentando pelo fino risco na lataria.

Que merda.

— Foi só um risquinho — Clarissa revirou os olhos, indignada com o passeio que fizemos em poucos segundos (graças a mim). — Você está fazendo tempestade em copo dágua.

Bufo.

— Duvido que diria isso se esse risquinho fosse na sua moto — Enfatizo, destravando as portas do carro.

A ruiva dá a volta no veículo, abrindo a porta do passageiro.

— Você tem razão quanto a isso — Encolhe os ombros.

Balanço a cabeça negativamente, mal contendo a risada.

O percurso até a casa da Sophia (onde foi marcado o encontro da cambada) foi em completo silêncio. Clarissa não estava disposta a fazer brincadeiras com a minha cara, e eu não quis encher a paciência dela.

A chuva continuava forte quando estacionei em frente à casa dos Thompson que ao contrário dos outros, ficava mais ao Sul de Nova York, próximo ao cemitério da cidade.

Agora entendo porque todos evitavam a Sophia. Mas mesmo com esse pequeno detalhe, não é justo excluí-la como as garotas do time de líderes de torcida faziam.

— Estou começando a odiar chuva. — Clarissa se irrita assim que deixamos o conforto do meu carro para enfrentar a tempestade gelada.

— Me diz o que você não odeia? — Pergunto retoricamente.

— Chocolate quente — Dá de ombros, obrigando-me a revirar os olhos.

Rapidamente chegamos à soleira da porta envelhecida, e Clarissa faz as honras ao pressionar a campainha.

Observo melhor a varanda que antecede a entrada. Um telhado de madeira protege a área da chuva enquanto uma cadeira de balanço e uma mesa acomodando uma bandeja com remédios e seringas se encontra mais ao fim do corredor, logo abaixo de uma das janelas.

Ouço os passos e vozes dentro da residência, e rapidamente somos atendidos por uma Sophia hesitante.

— Entrem — Ela abre espaço para que adentremos o local. Ao fechar a porta o mais silenciosamente possível, murmura com urgência. — Sigam para o porão nos fundos. Última porta do corredor. Tentem não fazer barulho. Minha avó está dormindo.

E saiu sem esperar por qualquer palavra nossa. Virou-se dando uma olhada na sala de estar, com suas poltronas aveludadas e uma televisão acomodada em uma estante de mármore.

Clarissa segue pelo único corredor à nossa frente que, que ao fim leva até a espaçosa cozinha da casa. Antes de chegarmos ao cômodo, a Wayne abre a última porta a direita e descemos as escadas de ferro. Assim que pisamos no último degrau, vejo o espaçoso porão com caixotes acumulados em um canto, e no centro, uma longa mesa de madeira cercada de várias cadeiras onde o restante dos Destruidores estão acomodados, em um silêncio parecido com o de um velório.

— Que bom que vieram — Simon ajeita os óculos erguendo os olhos de seu notebook. — Temos que agir logo.

Aurora e James lançam olhares para mim e para Clary do tipo o que vocês dois estão fazendo juntos?.

Não, pera. Eu citei a Wayne pelo apelido que a Stella e o James costumam usar para chamá-la? Mas que diabos estou fazendo?

— Agir? — Clarissa cruza os braços, arqueando uma das sobrancelhas. — Como?

Ashley mexe em seus cabelos distraidamente.

— Vocês ficaram fora ontem. E com certeza não sabem, mas... — Ela suspira. — Fomos demitidos.

Franzo o cenho, enquanto uma risada debochada escapa dos lábios da Wayne.

— Que ótimo! Quem foi o autor de tal proeza?

Aurora demonstra indignação.

— O idiota do conselheiro da S.H.I.E.L.D. Disse que não passamos de crianças e que nossos serviços não são mais necessários — Bufa, revirando os olhos. — O pior é que ele mandou recadinho por um dos agentes!

— Nossa, que triste — Ironiza Clarissa, e a repreendo com um olhar significativo. Ela simplesmente me ignora.

Encaro a cambada, enquanto puxo uma cadeira e me sento.

— O que vocês descobriram? — Questiono interessado.

Neste momento, Sophia desce as escadas, fechando a porta silenciosamente. Se aproxima de nós e senta-se em uma cadeira ao meu lado.

Simon prossegue cuidadosamente.

— A Ash e a Soph ouviram uma conversa dos Vingadores logo que o Barton e os irmãos Maximoff retornaram — Tira os óculos, aparentemente incomodado. — Já havíamos sido liberados de nossas tarefas como heróis, mas achamos ter o direito de saber o que está acontecendo.

Sophia limpa a garganta antes de continuar lentamente.

— A Feiticeira, o Mercúrio e o Gavião tinham ido até Las Vegas. Procuravam pelo Stanley, e aparentemente o encontraram. Só que... — Ela hesita por um momento. — Bom, havia uma nave sendo construída pelos vilões. A Caroline e o Jack comandavam a operação enquanto a Morgana Le Fey protegia a construção.

Clarissa semicerra os olhos, pensativa.

— Por que eles iriam querer uma nave?

— Aí que está — James finalmente se pronuncia tirando a atenção do seu baralho. — Conta para eles o que você fez, maninha.

Com uma pitada de orgulho, Ashley se põe a falar. — Eu estava testando uma nova técnica a algum tempo — Sorri forçadamente. — Consegui invadir a mente da Wanda sem que ela percebesse! — Bate palminhas, empolgada. Ao ver que não demonstramos reação, ela revira os olhos. — Eu consegui acessar as lembranças dela de Las Vegas e vi a tal nave. Captei a energia que ela passava, das mentes de quem estava lá dentro...

— E...? — Indago curioso.

Ashley encara Clarissa, um pouco menos alegrinha.

— Seus pais e seu irmão estão presos lá dentro junto de um monte de outros heróis.

Por um instante, Clarissa parece refletir seriamente. Talvez esteja decidindo entre sair daqui ou dar um tiro na testa da Turner por sua audaciosa escolha de palavras.

Fosse qual fosse seu raciocínio, ela parece ignorar as palavras da Ash com grande esforço.

Trato de me pronunciar antes que a Wayne resolva atacar.

— Você não conseguiu distinguir que heróis estavam lá? — Pergunto à Turner, que simplesmente balança a cabeça negativamente.

— Sabe, eu não posso fazer tudo — Ela cruza os braços, demonstrando certa indignação ao embicar os lábios. — Sou perfeita, mas não divina...

— Isso não importa agora — Digo categoricamente. Suspiro, sob os olhares deles. — Eles disseram mais alguma coisa importante?

A negativa foi geral. O desânimo me pega desprevenido, mostrando-me quão ruim as coisas vão ficar daqui para frente.

— Estive liberando o arquivo que a Stella deixou — Simon comenta como se falasse da previsão do tempo. Clarissa se inclina na mesa. — É um vídeo. Ela gravou alguns dias antes de ser capturada. — Digita algumas teclas e vira o notebook para podermos ver.

O rosto da Richard surge, e por um instante uma certa saudade nos golpeia repentinamente. Stella e Zack fazem muita falta.

Sei que é meio antiquado o que estou fazendo, mas... Eu precisava deixar claro o que andei aprontando nos últimos dias.

Oh-oh. A Stella andou aprontando? Ela sabe o significado de aprontar por acaso?

E talvez você fique com raiva, Clary. Mas eu fiz o que tinha de ser feito, como você vive dizendo.

A Wayne se retesa um pouco, aparentemente desconfiada. Stella suspira diante de nós, exibindo um tom mais aflito e urgente.

Fui eu quem avisei o Charlie deonde você estaria. Nós estivemos nos comunicando há muito tempo.

Clarissa se levanta as mãos alvas apoiadas na mesa enquanto erguia seu corpo. O semblante permaneceu oculto.

Ele sabe que você não matou o Alfred. Mas... Ele precisava chamar sua atenção. Disse que queria salvar os pais, e que daria um jeito de se infiltrar na prisão dos heróis para que você o ajudasse. Por favor, Clary! Ajude-o! Você não precisava continuar sozinha...

— Clarissa — Aurora faz menção de segui-la, porém James a detém.

— Deixe-a.

A Clarkson embica os lábios imperceptivelmente, sentando-se novamente.

Eu realmente sinto muito.

O vídeo termina com esse último lamento consequência de uma verdade pouco promissora.

Quando Clarissa parece mais perto de nós, algo a puxa de volta para sua própria escuridão, como uma eterna penitência.

Posso até mesmo vê-la agora, caminhando vagarosamente até a porta, esperando que um de nós (qualquer um!) a convença de que Stella não quebrou sua confiança, e sim agiu pelo seu bem, que nós devemos permanecer juntos mesmo sem sermos um bando de heróis legais.

Que aqui é o seu lugar, e que mesmo com suas loucuras sanguinárias, aceitamos ela do jeito que é.

Mas ninguém diz nada disso, pois sabem que será em vão. Em questão de dias estaremos mortos.

Deixe-a ir, uma voz diz em minha cabeça.

Suspiro mais uma vez, antes de me levantar e... Correr.

Com toda minha velocidade chego ao hall de entrada e saio da casa. Clarissa já passou do meu carro, decidida a enfrentar essa tempestade e a estrada lamacenta.

— Vai tentar me convencer?

Começo a caminhar ao seu lado, sem me importar com a maldita chuva.

— Não. Eu vou conseguir. — Paro à sua frente, impedindo seu trajeto. — A Stella não traiu sua confiança, e o Charlie é o seu irmão! Sei que você se considera invencível e tudo mais, só que ninguém consegue ficar sem os pais por muito tempo.

— Eu não tenho pais...

— Tem sim, porque que eu saiba você é bonita e demoníaca demais para ter vindo de uma trouxinha amarrada em uma cegonha — Finalmente, Clary me encara. — Você sabe que os Wayne estão em Las Vegas! Diferente de mim...

Paro de falar momentaneamente, medindo cuidadosamente minhas palavras. Clarissa meneia a cabeça negativamente. — Você sabe o que vou fazer. E eu não ligo para o que vai acontecer, porque ninguém se importa quando precisei! Ninguém esteve comigo fazendo festinhas de aniversário, ou me ajudando com o dever de casa! Ninguém esteve comigo quando comecei a andar, a falar e a ler! Ninguém me deu presentes de Natal ou me ajudou com a minha fantasia de Halloween, porque eu nunca participei dessa merda!

Encaro-a completamente atônito. Clarissa desvia o olhar, mantendo os punhos cerrados.

— Você não entenderia — Ironiza ela, cruzando os braços.

— Eu nunca conheci minha mãe — Digo repentinamente, e de certa forma me sinto um tolo. — Então, acho que te entendo sim.

O silêncio se interpõe entre nós. De repente, tudo parece evaporar ao nosso redor. A sensação da chuva gelada acaba quando em um rápido movimento estou diante dela.

Apenas agora...

Clarissa se retesa um pouco, completamente tensionada diante da minha proximidade. Meus dedos alcançam a pele alva de sua face,e quando ela me encara com seus olhos negros, sei o que quero fazer.

E sei que é um caminho sem volta.

Meus lábios se aproximam dos seus, necessitados e desejosos um do outro. Uma maneira sutil de escapar disso tudo, de cairmos na realidade de que somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.

E não sei porque estou fazendo isso, recordando as nossas claras demonstrações de ódio.

Parece loucura, mas é como se tudo aquilo fizesse parte da minha rotina. É como se a mínima sugestão de que Clarissa vá embora tenha o poder de desmoronar algo dentro de mim.

A primeira sensação que tenho quando finalmente quebro nossa distância, é que a Clary estava tão nervosa quanto eu (mesmo que nunca admita). Ela relaxa depois de um tempo, suas mãos alcançando minha nuca e conseguindo o efeito desejado; fazer com que eu a abrace ainda mais forte.

Nossos lábios seguem unificados em um beijo calmo e ao mesmo tempo sôfrego. Uma quentura acompanhada de um conforto inesperado me preenchem imediatamente.

Sinto a ruiva se distanciar, como se tivesse acabado de levar um choque. Sua expressão é de atordoamento e confusão, mas não permito que ela pense demais.

Minha mão chega à sua cintura e a arrasto para junto de mim. Seu corpo bate contra o meu peito e trato de calá-la com um segundo beijo, ainda melhor do que o anterior.

Percebo então o que eu tentava esconder (o que nós dois tentávamos esconder). Que desde aquela noite no prédio quando a Clary explodiu o galpão do Stanley e me algemou, queríamos ter conseguido aquele momento como estamos fazendo agora.

A segunda percepção que tenho, é que Lexy nunca me fez sentir algo tão intenso. E as palavras do meu pai finalmente começam a fazer sentido.

— Você queria isso tanto quanto eu — Ofego, fitando-a seriamente e... Deus, como os olhos dela são bonitos.

Um barulho nos tira do transe momentâneo. Olhamos para o céu, a tempo de vermos cerca de cinco caças da S.H.I.E.L.D cortarem o céu, sobrevoando a casa.

— Destruidores — Uma voz no alto-falante de uma das naves ecoa claramente sob o barulho das turbinas — Vocês estão presos!

Uma coisa a declarar: fudeu de vez.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado tanto de ler o capítulo quanto gostei de escrevê-lo :3 Dyssa finalmente em ação na fic!

Próximo cap. da Sophia com muitas tretas! Aguardem ;)

Até o próximo! Beijoos!



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