My Neko escrita por Beyond B Nat


Capítulo 21
Passado


Notas iniciais do capítulo

Não revisei o capítulo, então, qualquer erro, narrativa confusa ou conteúdo incompleto....

Sorry.



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Kuro

"Será que devo considerar isso? Será que devo confiar em algum humano mais uma vez? Aquela situação com aquele humano só deu merda, pra mim já basta! Não quero cometer um erro novamente, não quero fazer meu irmão sofrer mais, porém, não tenho escolha. Nas condições que estou, não posso recusar uma ajuda."

Na situação atual, não tenho mais nada a perder mesmo... Não sei se posso confiar nesses humanos, mas não tenho muitas opções.

– Tá, vou falar tudo. - falei

Me sentei na cama que havia lá e cruzei meus braços. É "ótimo" eu ter que fazer isso. Lá vou eu me abrindo pra esse bando de humanos...

– Tudo começou nos tempos do Japão Feudal. Uma criança havia encontrado a mim e ao meu irmão quando ainda éramos filhotes e nos ofereceu a um templo que havia no vilarejo que ele morava. Eramos nada além de gatos comuns, mesmo assim os humanos do templo nos aceitaram lá e nos acolheram, porém, a gente não fazia ideia que isso era apenas para nos transformar em youkais: bakenekos.

– Como um gato vira bakeneko? - perguntou Hideki.

– Eu li sobre isso quando pesquisei pra descobrir o que era o Aoni! Um jeito é o gato ficar anos num lugar fechado, outro é, porém mais difícil de dar certo, a morte. Afinal, bakeneko quer dizer "gato fantasma". Mas Aoni é um nekomata, aí nesse caso teria que--

– Posso continuar ou eu já disse o necessário? - que irritante!

– Desculpa.

– CONTINUANDO... Eles nos mantinham a maior parte do tempo trancados em um quarto, porém a gente não se sentia só...

Doeu um pouco lembrar disso, mas não vou me sensibilizar agora, não é?! Continue, porra!

– O garoto que nos achou, todos os dias era ele que nos trazia comida, mas não era apenas isso. Ele brincava conosco. Eram coisas meio bobas, mas era divertido para meros filhotes que nós éramos. Passou alguns anos, daí, num dia, de repente, ele parou de vir. Meu irmão ficou mal com essa ausência, nem eu nem ele entendíamos na época por que, por que ele parou de vir? Por que ele nos abandonou? Só apareciam por lá os humanos já adultos do templo, mas apenas pra dar comida e água pra gente e só.

"Eu até tentei me conformar, simplesmente aceitar que ele cansou da gente, mas meu irmão não conseguia aceitar. Todo dia ele esperava na porta daquele quarto esperando que aquele garoto aparecesse pra brincar com a gente. Acumulou-se uma mágoa. Ao mesmo tempo que ele tinha esperanças de que ele voltaria ele se sentia mal, pois o humano não voltava. Até que um dia decidi falar com ele. Eu não aguentava vê-lo assim.

Ele estava sentado a frente da porta como sempre, eu disse que o humano não iria voltar nesse dia, mas ele retrucou dizendo que ele iria voltar. 'Pode ter ficado doente ou algo assim. Os humanos podem ficar doentes como nós, não é?'. Parecia que disse isso apenas para tentar se convencer, mas não adiantava tanto, qualquer um podia ver a maneira como ele estava magoado.

De repente ele simplesmente perguntou por que o garoto nos abandonou. Tentei amanizar e dizer pra ele dormir que poderia ser que no dia seguinte o humano poderia voltar, mas ele respondeu friamente "Não. Os humanos são assim mesmo. Se apegam um pouco e depois jogam fora." Não o reconheci assim, parecia ser outra pessoa. Como se aquele não fosse meu irmão. Na verdade, era algo crescendo dentro dele e querendo sair. E eu não fazia a menor ideia do que era e o que viria depois. Até aquela noite.

Estávamos dormindo, de repente o vi sentindo dor. Não lembro os detalhes do que aconteceu, só lembro ele gritando, dizendo que estava "queimando", então de repente surgiu uma espécie de chama nas suas orelhas, patas e cauda, então a cauda dividiu-se em duas , ele ficou gigante e destruiu tudo. Aquilo não era o meu imão, havia tanto ódio. Era o poder dele que tomou conta e, como ele acabou surgindo por causa da raiva, acabou fazendo-o agir de maneira destrutiva. Fora isso, o poder de um nekomata é forte de mais. Ele simplesmente se transformou direto, aí foi impossível ele mesmo controlar.

Após a destruíção de parte da estrutura do templo, os humanos me acharam no meio dos destroços. Eles ficaram aliviados, mas os motivos eram egoístas. A primeira coisa que entendi sendo falado por um humano era algo como "ainda bem que aquele youkai não matou esse, podemos tentar fazer direito dessa vez." Eles não estavam nem aí, só queriam uma merda de um guardião pra porra daquele templo.

Eles fizerem um ritual e colocaram um selo, que é o anel de prata, em minha calda, para impedir que ela se dividisse, então eu poderia passar de gato pra bakeneko. Então depois, quando eu tivesse mais hadaptado, poderiam retirá-lo pra permitir que eu virasse um nekomata. Até que não se passaram muitas semanas, nesse tempo eu já podia entender claramente a linguagem dos humanos e mudar de forma.

Eles me explicaram a situação, que o templo precisava de algum guardião ou deus ou youkai, que nos confinaram naquele quarto justamente pra isso, que como o garoto estava "atrapalhando" nos dando muito contato externo ele foi proíbido de entrar lá e etc... Mesmo assim, eu tava pouco ligando pra essa lenga lenga. Eu já estava irritado e eu queria encontrar o meu irmão de volta, algo que eles não estavam nem aí em fazer. Então eles me disseram que, como ele virou de repente um nekomata poderia ser perigoso pra ele quanto para os ao seu redor, pois o poder é muito forte e ele não conseguia controlar, daí me disseram que um método de segurança seria fazer um "laço" entre ele e o templo, para criar um vínculo e reduzir um pouco a potência dos seus poderes. Eu já tinha um pouco desse "laço" por causa do anel, ele precisaria de algo similar.

Eu sabia que eles só queriam que eu o achasse e o levesse de volta pro ambição deles, por que ter um nekomata como guardião é muito melhor que ter um bakeneko, já que o poder é maior, mesmo assim eu fui, acreditei que amenizando as coisas, como eles prometeram, ele não perderia o controle nem feriria ou mataria ninguém acidentalmente.

O encontrei num vilarejo vizinho. Ele estava numa forma humana, mas o recinheci pelo cheiro e vice-versa. O disse o que os humanos do templo disseram, que o ritual o ajudaria a controlar os poderes e tudo ficaria bem. Ele aceitou e voltou comigo, mas... O que aconteceu no ritual só deu uma merda maior...

No meio do ritual, acabou dando tudo errado, o poder do meu irmão se descontrolou e dessa vez mais forte. Ele se transformou naquele monstro de novo e dessa vez a destruíção foi maior. Ele não só destruíu o templo como todo o vilarejo. A única coisa que havia era fogo pra todos os lados.

Depois que tudo se apagou, acabei conseguindo achá-lo, mas... Mas aí que começa a merda toda!

– O que houve?

– Ele não me reconheceu. Ele não se lembrava de mim! Não se lembrava de nada! Não se lembrava do que aconteceu! Daí começaram as crises, de novo e de novo, ele perdia o controle de novo, destruía e matava tudo de novo e de novo e sempre na porra desse ciclo! Eu não menti quando disse que todo "dono" que ele já teve morreu. Ao menos depois daquele dia ele não assumia "aquela forma", ao menos eles conseguiram fazer, mas o lado destrutivo com a perda de controle não se perdeu.

Já consegui fazer coisas pequenas, usar uma técnica que um dos antigos me ensinaram para controlar as crises dele, mas não há como evitar. Já tentei de tudo e perdi as esperanças, até que aquele pedaço de merda me prometeu... Bem, chego acho no tempo atual. Um humano me encontrou sabendo que eu era um bakeneko. Deixei alguma hora escapar sobre o meu irmão e ele afirmou que sabia as técnicas daquele templo antigo e poderia usar para que meu irmão tivesse o controle sobre o poder e também evitar as crises e a perda de memória. Um efeito colateral seria ele esquecer eventos do ciclo atual, das destruíções que ele causou, mas aquele homem prometeu que tinha como "selecionar as memórias" e assim evitar que meu irmão esquecesse de mim.

Eu fui idiota em acreditar... Rolou toda a "ópera" que vocês já sabem, ao menos Hideki deve ter contado, então, naquele último dia que vocês o viram, o levei para "aquela pessoa". Quando chegamos lá, de repente surgiu um gás. Meu irmão perdeu a conciência primeiro, eu logo em seguida. Quando acordei eu estava apenas caído no chão então aquele homem esfregou na minha cara como fui idiota em acreditar nele, que era até bom meu irmão ser um bakeneko, que aí ele não perderia tempo tentando evoluir um bakeneko como eu. Aí ele me descartou, já que eu não era mais útil.

– E por que você tava inconciente na casamba de lixo e, ouso dizer, passou uns bons dias desmaiado? - disse a mulher de cabelos brancos.

– Antes de me jogar fora, literalmente, ele pegou uma seringa e colocou algo em mim. Pra ser mais exato, era aquela substância usada para sacrificar animais. Só tenho sorte de estar vivo por que youkais têm uma resistência maior a certas substâncias, doenças e etc, mas não sou imune, os efeitos da droga quase acabaram comigo.

Sayo

Puxa, é coisa de mais para assimilar na cabeça... Aliás, pude até notar que Kuro estava se sentindo bem mal enquanto resumia essa longa história. Pelo jeito ele se importa com o Aoni do mesmo modo que me importo com Shussan.

– Então foi isso tudo que rolou... - Hideki falou - E pra quê você ficou me tratando como um pedaço da merda e não me falou nada ou então não foi direto na Sayo explicar a situação? Evitaria muita treta.

– Ha! Até parece que eu sou do tipo que chegaria todo coitadinho pedindo ajuda. Além disso, se eu chegasse "tranquilo", não divido receber um "não é problema meu" de vocês. Vocês humanos são todos iguais.

– Não julgue os humanos dessa maneira com tanta facilidade. Ninguém é igual.

– Uma coisa não entendi, o que exatamente o tal "homem" queria tanto com um nekomata?

– Como ele estava crente que com a droga conseguiria me matar, ele só soltou que o motivo era os poderes dele, um que tenho em mente creio que seja o de ressulcitar os mortos, mas não tenho 100% de certeza de pra quê ele queira usá-los.

– E onde está o cara? Talvez dê tempo pra fazermos algo.

– Eu duvido. Se ele pretendia algo ele não deve estar mais no nosso "local de encontro".

– Espere - a moça disse - você falou algo como "laço" com o templo, não é? E que a intenção dessa laço era para restringir alguns poderes para facilitar o controle das habilidades? Pelo o que sei dessas coisas, o laço só pode ser rompido no local e no ciclo lunar em que foi feito.

– O laço foi feito numa lua cheia... Que dia é hoje?!

– A lua estará mais cheia amanham a noite!

Então é isso! Teremos que ir ao templo!

– Kuro, se você disse onde fica o templo, ainda há tempo de salvar o Aoni!

– Eu ainda sei onde ficava o templo, mas raciocine, isso vai ser perigoso, se aquele filho da puta conseguir romper o laço ou o rompimento der merda, qualquer um que estiver por perto poderá morrer.

– Oh, gato preto, não adianta discutir com a minha irmã. Ela é cabeça dura e dará um jeito de ir lá você querendo ou não. Além de que é óbvio de que você quer ir pra lá.

– Hu, ok... E você, Hideki? Trégua ou acha melhor não ir com medo do meu irmãozinho quebrar sua cara?

– Tá me desafiando?

É... Pelo visto o clima pesado se foi. Aoni, por favor, aguente firme!


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