Shussan

– VOCÊ?!

Aquele Hideki filho da puta!

– Por favor, me deixe entrar, preciso dizer uma coisa pra Sayo...

– Ela não tem nada pra falar com você, cai fora! E eu falei pra ficar longe dela!

– É importante, por favor!

Fui fechar a porta na cara dele, mas ele bloqueou, então tentei empurrar tentando fechar enquanto ele empurrava tentando abrir.

– Caia fora, porra! Vá estragar a vida de outra pessoa!

– Por favor! Vou me sentir cada vez pior se eu não disser nada!

– Devia ter pensado em quão mal se sentiria antes de fazer o que fez! Devia ter pensado em como Sayo ficaria por sua causa, por causa da merda que você fez!

– Por isso quero acertar as coisas! Tudo que aconteceu não foi por acaso, tudo foi por causa de alguém que queria algo com Aoni!!

– Shussan...

Ouvi minha irmã falar meu nome, então acabei vacilando e caí enquanto Hideki abriu e quase caiu em cima de mim (se fizessse eu chutaria o saco dele!).

– Sayo, volte pro quarto, não se incomode com esse filho da pu...

– Eu que sou a irmã mais velha e quem manda aqui sou eu (Shussan: doeu na minha alma o_o'), então pare com esse tumulto. Hideki, o que você queria falar?

Não acredito que ela vai escutar ele. Só por que ele mencionou o gato? Sayo, não caia nessa...

Hideki

Inclinei o meu corpo e disse:

– Me desculpe, me desculpe mesmo! Se eu não tivesse sido tão idiota, se eu não tivesse colaborado com aquela pessoa, nada disso teria acontecido! Eu... Bem... A história é meio longa, mas te darei toda a razão do mundo se depois que contá-la você passar a me odiar.

– Do que você está falando?

– Se for pra piorar as coisa, caia o fora daqui.

– Shussan, não começa. Não adianta tentar aliviar nada, está tudo bem.

– Onee...

Agora é pessoal, Shussan tá mais irritado comigo do que a Sayo. Ele se afastou pra que eu pudesse entrar, então fechou a porta. Sentei em um dos sofás e eles também. Estou muito nervoso em contar tudo, com medo de ela interpretar mal, mas tenho que por tudo isso pra fora, ela precisa saber.

– Sobre o arranhão em seu rosto... Está tudo bem? - Sayo perguntou

– É, sim... Não dói nem nada disso, mas bem que mereci.

Shussan bufou. Acho que tenho que falar logo...

– Bom... Acho que é melhor começar com quando, bem, comecei a te seguir. É...

Escolhendo as palavras da melhor maneira possível, contei tudo:

Já fazia uns dias que me esbarrei com Sayo sem querer e por algum motivo, curiosidade, talez, comecei a perceguí-la. Depois de um tempo notei que cada dia mais eu ficava cada vez mais interessado e atraído por ela, porém, também me dava um certo medo de ser mais direto e tentar, talvez, fazer amizade. Me questionava como ela ficaria se ela soubesse que eu era seu stalker.

Uns dias depois de eu começar a seguí-la, acabei achando um gato preto que algo que primeiramente me chamou atenção era que minha alergia a gatos não tinha efeito com ele por perto. Ele tinha uma espécie de anel de prata na cauda, então junguei que ele teria dono então o atraí pra minha casa com comida. Eu não fazia ideia que ele agiu daquela maneira por que me achava útil por gostar da Sayo e não por que era apenas uma animal perdido com fome. Eu não fazia ideia de que ele era um Bakeneko...

– Bakeneko?!

– É... Dei a ele o nome de Kuro, mas só pra ele parar de ficar se referindo a mim com "humano" toda hora, enfim... Ele me contou que Aoni era um nekomata, também que por algum motivo queria que eu o ajudasse a afastar Aoni da Sayo.

– Mas por que? E por que você aceitou ajudar?

– Ele nunca me falou os motivos,apenas que queria que ele ficasse longe de você. E eu só ajudei por que... Ele me falou que todo "dono" que Aoni teve foi morto por ele.

– Isso é impossível. Isso é mentira!

– Só acreditei e aceite na hora por que realmente o que ele disse me deu medo de que realmente Aoni poderia te matar! Convenhamos, nem todo assassino é óbvio de que é mal. Mas, calma, ultimamente eu tenho até me questionado se ele falou a verdade ou não...

– Fazer algo do tipo só por que alguém acusou o gato de assassinato é burrice, ainda mais seguindo até o ponto que chegou. - Shussan falou

– Eu sei. Eu até queria parar, mas ele conseguia ser assustador. Eu até havia questionado, queria saber o que ele pretendia com aquilo tudo, mas em resposta disso ele me arranhou no ombro e digo que foi bem mais profundo do que o Aoni fez na miha cara. Aquele bakeneko é o capeta!

Sim, eu estava irritado com Kuro, isso tava na cara.

– Continuando... Algumas coisas que fiz foi ele quem me mandou fazer. Me aproximar da Sayo, chamá-la pra sair, aparecer no cinema, essas coisas.

– E o beijo?

– Hã?

– E o beijo que você me deu? Foi por que ele mandou também?

Sayo estava com uma expressão de irritação. Dessa vez acho que não tem como ela me perdoar, ainda por cima duvido que ela acredite que a beijei por conta própria.

– Era pra estarmos sozinhos e chamei uns amigos e disse pra você chamar também se quisesse, era pra sistuação estar tranquila, mas pra nós dois ficou um pouco desconfortável pois não podíamos fazer nada sem que os outros quisessem também... Nada disso foi planejado por Kuro, o beijo também não. Fiz aquilo no impluso do momento, eu realmente não estava conseguindo me segurar.

Fiquei em silêncio esperando ela dizer algo, mas ela ficou em silêncio. O que me resta é concluir o "resumo da ópera":

– Bem, em cima de tudo que aconteceu... Naquele dia, ele disse que seria a última vez que eu o veria e foi o que aconteceu. Acho que onde Kuro estiver, Aoni também está.

– E você sabe onde ele está?

– Não...

– Então essa colabiração foi meio inútil.

– Pensei na consideração disso...

– É só isso? - Sayo perguntou. Será que falo do celular?

– Mas ou menos. Eu realmente pensei em algo que poderia ajudar - peguei meu celular - Ele se comunicava comigo ás vezes com um celular antigo meu e não me devolveu, porém, aposto que ele se livrou do aparelho e, de qualquer modo, a essa altura o celular deve estar sem bateria.

– Você tentou ligar? - Sayo, mesmo depois do que eu disse ainda quer saber mais? Será que ela está tentando ser esperançosa?

– Não. Mas a minha hipótese é óbvia.

– Hum, mesmo assim, você já errou, né? - Até Shussan?

– Não se pode perder uma oportunidade assim. Mesmo que não tenho uma resposta, ao menos tem que tentar ligar, não é?

– Não quero te decepcionar mais do que está... Mas ok...

Disquei o número do celular e deixei no viva voz. Agora sim tou caminhando direto pra forca, não é? De repente, o celular começou a chamar.

– Tá chamando?! - Eu fiquei surpreso, era pora celular estar sem bateria!

Chamou mais um pouco, até que alguém atendeu:

– Alô?

Uma voz feminina? Sayo e Shussan também ficaram sem entender. Referi-me ao gato preto no mesculino, então deixei na cara de que ele é homem.

– Hum, é... Como conseguiu esse celular?

– É um amigo daquele cara de cabelo preto e anel de prata? - ela tá falando do Kuro?!

– Onde ele está? O que aconteceu?

– Ele está aqui no meu stúdio... Achei ele uns dias atrás dentro duma caçamba de lixo. Só acabei o encontrando por que ele tava batendo na tampa antes de desmaiar- Caçamba de lixo?! Sério?!

– Como ele está?

– Desacordado desde aquele dia. Pensei até em levá-lo prum hospital, mas eu mesma não confio em médico, então ele tá aqui.

– Por favor, me diga o endereço de onde ele está!

– Ok, não é muito difícil de achar, é só ir pra......

Ela falou o endereço e Sayo, que já tava mais perto de um bloco de anotação, anotou.

– Certo, obrigado. Ah! Caso ele acorde, não deixe ele sair daí, por favor.

– Ok, ok, certo. Até.

– Obrigado!

Depois de desligar o celular fiquei mudo, Sayo e Shussan também.

– Dessa vez, parece que aconteceu alguma coisa errada.