Sete Dias com Ele escrita por Anabbey


Capítulo 1
Primeiro Dia


Notas iniciais do capítulo

A fanfic ficou extremamente longa, e para melhor organização, eu a separei em sete capítulos (que serão postados todos juntos, é). Minha amiga secreta é a diva Poteto, e eu fiz esse dennor especialmente para ela. Poteto, eu te adoro muito, e você é a minha senpai e feliz natal (atrasado) e ano-novo!! Okei, espero que goste! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/455845/chapter/1

Era um dia normal, como outro qualquer em tantos que já haviam passado. Lukas acordou cedo, arrumou sua cama; os cobertores dobrados em um exato losango. Acomodou as almofadas na cabeceira da cama, no milímetro do usual. Ele acordou e tomou um banho. Preparou o café preto, algumas torradas. Ele mesmo não era de comer muito pela manhã, mas ainda tinha a questão de seu irmão mais novo. Voltou a subir as escadas da casa, adentrando o quarto do adolescente para acordá-lo.

“Emil, já são sete horas. Você vai acabar se atrasando.”

O islandês mexeu-se de leve, levantando lenta e demoradamente o tronco. Coçou os cabelos alvos, resmungando para que ele saísse do quarto. Lukas não tardou em girar nos calcanhares, pondo-se a andar novamente em direção à cozinha. Tomou o café –Agora já pronto– lendo o jornal daquela manhã. Nenhuma notícia interessante, para variar. Olhou no relógio de pulso: Exatas sete horas e vinte e cinco minutos. Um barulho se fez na escada, provavelmente Emil descendo apressadamente os degraus.

“O ônibus já passou?”

“Você tem cinco minutos.”

Ele reclamou um pouco, ajeitando o casaco e botando uma torrada na boca. Acenou-lhe, dizendo que provavelmente se atrasaria para o jantar, já que um amigo o tinha convidado para ir a casa dele. Quando recebera o consentimento do mais velho sobre a ideia, o islandês correu para a porta, batendo-a com certa força ao sair. Lukas ainda tinha tempo –talvez uma hora– mas gostava de sair cedo de casa.

Ajeitou as coisas, lavou a pouca louça e foi se arrumar para o trabalho. Quando tudo estava pronto, trancou a casa e entrou no carro, dando partida no veículo. As ruas de Oslo eram sempre calmas pelas manhãs, sendo desnecessário ultrapassar os trinta quilômetros por hora.

xxx

Ao chegar ao hospital, vestiu o jaleco e uniforme, apanhando a prancheta. Colocou os óculos no rosto, suspirando. Muitos diziam que o simples cheiro de uma ala hospitalar pode causar náuseas, calafrios. Mas não para Lukas. Esse cheiro não passava de algo familiar, até mesmo reconfortante. Gostava da profissão que exercia. Caminhava despreocupadamente pelos corredores do hospital, cumprimentando enfermeiras, pacientes e outros médicos – alguns deles, nem ao menos conhecia– checando a lista de pacientes que deveria visitar em seu cronograma de hoje. Rolara os olhos pelos nomes, parando em um em especial. Não se lembrava de ter visto esse antes... De fato é alguém novo. Bem, é uma pena.

Visitou paciente por paciente, examinando-os, botando conversa em dia, sabendo de todas as recentes visitas de cada um. Um ou outro sorriso era perceptível nos lábios finos do doutor, mas era raríssimo que isso acontecesse. Ele sempre observava como os quartos de todos eram sempre tão alegres e revestidos de cores, cartões, flores e presentes. Porém, nem sempre era o caso de haver a esperança da vida nos rostos daqueles enfermos acamados, que fingiam alegria. Lukas percebia isso apenas ao fitar cada um, e suspirava em lamento. Precisava fazer o que podia. Aquelas pessoas eram amadas.

xxx

Lukas fechou a porta do quarto de seu recente paciente, bagunçando os cabelos. Aquilo desgastava, mas fora a profissão que escolhera. Ajeitou os óculos, observando novamente a lista de nomes. Ainda faltava um paciente. Quarto 502. O norueguês respirou fundo, retomando a pose e iniciando sua caminhada calma pelos corredores, subindo dois andares acima do nível que estava. Quando finalmente chegou à porta, já sentiu algo de estranho vindo daquele cômodo. Engoliu em seco, tentando afastar aquela sensação desconfortável de si, batendo duas vezes antes de entrar.

A primeira coisa que Lukas fizera foi observar o quarto. As paredes eram de um cinza monótono, não havia flores, nem cartões, tampouco presentes. A janela estava parcialmente aberta, deixando raios solares adentrarem e iluminarem o cômodo. A brisa suave banhava os cabelos louros daquele que estava à cama, com o olhar perdido direcionado ao longe, no mar que podia ser visto daquela altura. Quando o paciente se dera conta da presença do médico, voltou o rosto a ele, sorrindo abertamente.

“Estava à sua espera, Doutor!”

Lukas não soube o que dizer pela primeira vez. Ficou estagnado, encarando o jovem à sua frente, o modo como o cabelo deste tornava-se dourado quando iluminado, o sorriso sincero, que não combinava com a situação que se encontrava. E ele parecia tão novo! O norueguês voltou o olhar para a prancheta, voltando a ler o nome do indivíduo. Respirou fundo, aproximando-se e sentando-se na cadeira que havia ao lado da cama.

“Senhor Køhler, sim?”

O outro confirmou com a cabeça, sem deixar de sorrir um minuto sequer. Lukas voltou sua atenção às folhas, verificando a pasta que continha o nome dele. Mathias Køhler, dinamarquês, vinte e cinco anos – apenas três anos mais novo do que ele próprio– tinha acabado de ser transferido de outro hospital, ainda na fase inicial do tratamento.

“Vejo aqui que o Senhor ainda está na fase inicial do tratamento. Diga-me, no recente hospital em que estava, chegou a passar por alguma dose de quimioterapia?”

“Não. Fiquei internado lá depois de uma crise, talvez uns cinco dias. Não cheguei a receber nenhum outro tipo de informação, apenas que... Estava doente.”

Lukas deixou seus pertences na cômoda próxima à janela, voltando para perto do dinamarquês. Checou seus olhos, seus batimentos cardíacos e sua garganta. Depois voltou a abrir a pasta amarronzada, folheando os exames. Seus olhos acabaram voltando à figura do enfermo, que novamente olhava para a janela, observando o mar azul ao final da linha do horizonte. Lukas sentiu um nó na garganta. Aquele quarto, tão vazio e mal-cuidado era... Era de causar pena.

“Onde estão seus familiares? Eles sabem que você está aqui?”

Mathias manteve o olhar longe, o único sinal de que prestara atenção à pergunta fora o cerrar do punho esquerdo. O cerúleo dos olhos perdeu o brilho aos poucos, e um sorriso forçado fez-se nos lábios rachados do dinamarquês.

“Eu não sei.”

O norueguês parou o que fazia, voltando a se sentar na cadeira ao lado da cama. Acompanhou o olhar do mais jovem, resolvendo abandonar aquele assunto. Tinha uma tomografia marcada para dali cinco minutos, porém, não queria abandonar aquele quarto. Por mais que fosse frio e gélido; amortecido, aquele sorriso que Mathias carregava no rosto conseguia encher o ambiente de vida. Exatamente como aqueles escassos raios de luz que adentravam pela janela, iluminando todos os cantos do quartinho cinza.

“Ei Doutor, eu ainda não sei o seu nome...”

Mathias falou de repente, chamando a atenção do mais velho. O silêncio fora enfim quebrado, dando oportunidade para o médico levantar-se e arrumar suas coisas.

“Chamo-me Lukas. Lukas Bondevik.”

O sorriso voltou a brincar nos lábios dinamarqueses, e ele sussurrou um ‘prazer em conhecê-lo’ para depois completar com a seguinte pergunta:

“Diga-me, quando você acha que eu poderei sair daqui, e ver o mar?”

Lukas olhou através da janela, na direção onde Mathias apontava. Aquela era a maior praia da cidade inteira, mas também a mais deserta. Deixou a mão na maçaneta, mas antes de ir-se, respondeu-o:

“Quando estiver melhor. Quando estiver, eu garanto em te levar para ver as ondas.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sete Dias com Ele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.