Clair and Dylan escrita por Érica


Capítulo 2
Flaws


Notas iniciais do capítulo

“All of your flaws and all of my flaws are laid out one by one. Look at the wonderful mess that we made… We pick ourselves undone.” ... ♫

"Todos os seus defeitos e todos os meus defeitos estão expostos um por um. Veja a maravilhosa bagunça que nós fizemos... Nós nos vemos arruinados."

*-* Fic inpirada na música 'Flaws' de Bastille (Aqui Ó a letra e tradução: http://www.vagalume.com.br/bastille/flaws-traducao.html )

Resolvi escrevê-la depois de um papo com a minha queridissima Annie sobre como não consigo não desgostar dos dois. Não é romântico, digo mais que é condizente com eles. Dan e Blair seguiram caminhos distintos, e aqui é igual.

Boa leitura! ;)



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“When all of your flaws and all of my flaws are laid out one by one a wonderful part of the mess that we made… We pick ourselves undone.”...

– Hum... Satisfeito Humphrey? Você finalmente conseguiu o que queria.

– O quê? Se é que posso perguntar. – Perguntou olhando para o reflexo dela no grande espelho.

– Não banque o inocente comigo! – Alertou num tom ameaçador fechando a porta atrás de si sem fazer barulho – Nós dois sabemos que casar com ela sempre foi o seu bilhete premiado para o nosso mundo... Maneira esperta, Humphrey, para alguém como você.

Blair caminhou a passos lentos até Daniel parando atrás logo dele. O salto alto a deixava quase da mesma altura que ele, mas em nada isso o intimidou. Daniel lhe lançou um olhar enviesado através do espelho onde tentava miseravelmente dar um nó em sua gravata. Era o dia do seu casamento e aquela era a Blair de sempre, não a de sempre, era uma Bass agora. Ela o fora por cinco longos anos. Mas ainda era a rainha adolescente do colégio presa dentro do corpo de uma linda e maldosa mulher. Sempre em cima do seu pedestal, o olhando como a um intruso que ousava entrar no seu mundo de luxo e opulência. O mundo que ela não considerava para ele. Mesmo depois de anos, ela ainda o julgava um operário, e nem o tempo foi capaz de dissuadi-la do contrario. Independente das suas conquistas, ele ainda era o ‘lonely boy’ tentando a todo custo ser aceito. Ser aceito por ela.

Não que ele se importasse com isso, com as barreiras impostas pelo seu nascimento, ele pensou, mentalmente. Serena estava em algum dos espaçosos quartos da casa dos ‘Bass’ aprontando-se para ser finalmente sua esposa. Ele não permitiria que Blair lhe tirasse a calma nessa ocasião tão importante. Ela podia dizer o que quisesse, bem ou mal, ele tinha chegado o mais longe do que qualquer outra pessoa, principalmente ela, sonhou que ele chegaria.

– O mesmo discurso de sempre Waldorf? Você está ficando repetitiva. O Upper East Side já me aceitou, lembra? Eu sou um escritor renomado, convidado das festas mais seletas, rico... – Desdenhou com um sorriso pretensioso esquecendo a gravata por algum tempo. Duelar com ela era um prazer, ainda que momentâneo. Tudo o mais ficava num segundo plano, lamentava-se, quando Blair se dignava a falar com ele, ainda que para insultá-lo – Sem falar que sou o protagonista do caso de amor mais encantador que Nova York já viu. Casar com a Serena é só a cereja em cima do bolo que eu mesmo fiz.

– Você tem seus méritos, realmente, mas um operário sempre será um operário. – Blair deu um sorriso diabólico como tantos outros com os quais ela o agraciou. O semblante entediado com o qual o fitava a deixava, tentadoramente, inocente e maliciosa – Não fui eu quem criou as regras, Humphrey, mas eu as sigo a risca. A S. está louca por pensar em ligar a vida a você, essa é a verdade. Não importa o quão famosos sejam seus livros ou quantos cifrões tenha sua conta bancária: você sempre será o garoto pobre do Brooklyn.

Daniel não pertencia a seu circulo social e pessoal, não tinha nenhum direito de estar nele, ponderou Blair encarando seu reflexo com escárnio.

– O garoto pobre por quem um dia você se apaixonou. – Murmurou Dan fitando intensamente a imagem dos dois no espelho. Eles pareciam um casal, um lindo e destoante casal, mas eles não o eram. Ela escolheu Chuck e ele ficou com Serena.

“All of your flaws and all of my flaws. They lie there hand in hand. Ones we've inherited, ones that we learned. They pass from man to man.” ...

Blair abriu a boca para falar alguma coisa, mas não achou palavras para rebater a afirmação de Dan. Tomada por alguma espécie de paralisia, apenas foi capaz de mirar o espelho e eles, ela e Daniel Humphrey, a pessoa mais detestável do mundo e que tinha a petulância de falar que um dia ela se apaixonou por ele. Mas não era mentira, era? Por mais vergonhoso que fosse esse pequeno detalhe pregresso da sua vida, ela um dia acreditou estar apaixonada por ele, o garoto pobre, como ela mesmo colocou. Alguém tão distante do seu mundo e que se aproximou tanto do seu coração, mas não o bastante para permanecer nele.

– Por favor, não falemos do passado. Eu sei, me recrimino até hoje por esse mau passo. Algumas pessoas recorrem ao álcool, outras as drogas, a comida ou todas essas opções juntas, mas eu tinha que ser diferente. Tive que me envolver com você.

– Eu te fiz feliz, por um tempo. – Cansado de olhar para um objeto, Daniel virou-se ficando frente a frente com ela. Blair prendeu a respiração e quis muito afastar-se dele, porém não achou uma boa ideia. Já Daniel, a fitava sem reservas. Ele não queria dizer aquelas coisas, já fazia tanto tempo... – Quando você não tinha ninguém com quem contar, nenhum lugar para fugir, ficar comigo te salvou.

– Ora, não se dê tanto valor. Eu podia muito bem ter enfrentado aquele momento obscuro da minha vida sozinha. Antidepressivos e Martinis teriam me evitado essa mancha na minha história. Você foi somente um passa tempo, Humphrey. – Angustiada por um pouco de espaço, ela caminhou pelo quarto fingindo reparar na decoração. Dan novamente deu-lhe as costas, magoado.

Afinal, o que ele esperava? Ela ainda era a mesma, a mesma garota mimada com mania de grandeza que pisou no seu coração e o jogou numa lata de lixo. Blair Waldorf era inatingível para ele, por mais que Dan fantasiasse um dia tê-la para si, ela pertencia, corpo e coração, a Charles Bass.

– Você tem razão... – Concordou voltando para a tarefa de dar um nó na gravata.

– Tenho? – Questionou Blair abruptamente parando no centro do quarto.

– Você nasceu para Charles Bass ou Nate, qualquer um que tenha nascido na riqueza e não tenha saído do Brooklyn seria merecedor de você. Ou mesmo Louis, se ele não fosse um canalha de sangue azul.

– Que bom que se dá conta de que ‘você e eu’...

– Um dia, fomos mais que isso. Mais do que ‘você e eu’... Fomos nós.

– Pare, eu já disse! – Blair marchou ate ele o puxou pelos ombros, um pouco descontrolada, o obrigando a encará-la. O que estava acontecendo com ela?

– Por quê? É passado, lembra? Foi passa tempo... – Daniel riu com amargura. Quantas vezes ele repetiu para si mesmo aquela mesma desculpa. Quantas vezes? – Você é casada, tem um filho dele... E eu vou casar com a Serena em poucos minutos. Seguimos os nossos caminhos, Blair.

Blair... Não Waldorf como ele a chamava há anos, apenas Blair.

“There's a hole in my soul I can't fill it I can't fill it there's a hole in my soul… Can you fill it? Can you fill it?”...

– Claro... Isso ficou bem claro quando você transou com a S. naquele bar.

– Enquanto você ia atrás do Chuck para dizer-lhe que o amava.

– Você... Eu o amo. Amo meu marido.

– Nós dois temos certeza que sim. Não por acaso eu publiquei o seu diário. Eu quis forçá-la a escolher, e você fez exatamente o que eu sabia que faria... Você o escolheu. – Falou com pesar desviando o olhar. Por que ele fazia aquilo consigo mesmo? – E tem Henry.

– Eu tenho Henry... Mas não sei se ele existiria se eu também tivesse o meu outro bebê – Confessou Blair por algum motivo. Dan voltou a olhá-la buscando respostas no belo rosto – Lembra-se de quando eu te falei que tinha medo do Chuck não amar meu bebê, porque não era dele?

– Sim. Eu disse que ele amaria.

– Não... Ele não teria amado. Ele nunca teria me perdoado por ter posto outro alguém entre nós.

– Ele seria um imbecil se agisse dessa forma. – Falou com ênfase. Dan teria amado o filho dela, porque ele seria uma parte dela. Ele não disse.

– Eu também penso assim... Naquela época você me passou tanta confiança que eu apenas quis acreditar que seria real. Eu, ele e o meu bebê. Às vezes eu penso... Droga, nem sei por que eu to falando isso para você.

– Tudo bem, B. Pode me contar o que quiser, seremos por alguns minutos ‘não amigos’.

Ela sorriu contrariada pela lembrança proposital da forma que denominavam a ‘não relação’ deles. Daniel também sorriu hipnotizado pelo sorriso cínico dela.

– Eu vejo a relação dele com o nosso filho e me sinto... Aliviada. Após tudo, o Bart e toda a guerra de pai e filho, eu cheguei a temer que o Chuck não soubesse como ser pai do meu pequeno Henry. Mas isso não aconteceu... O Henry é diferente do que eu esperava.

– Diferente em que sentido?

– Ele... Bem, ele não parece com o Chuck. Fisicamente sim, mas ele é doce e sensível... Muito afetuoso com todas as pessoas.

“Ele me lembra você...” Blair guardou esse pensamento para si.

– Assim como a mãe, quando se permiti ser assim, e não uma megera ditadora da moda de Nova York.

– Cala a boca, Dan! – Falou rindo, socando-lhe de leve o peito.

Daniel Humphrey era a única pessoa nesse mundo que a fazia se sentir relaxada. A sua rotina exaustiva de grande empresária, os eventos, seu marido pareciam a prender num estado permanente de autoritarismo e determinação. Raramente ela relaxava, com exceção das horas que passava com o filho, Blair não saberia dizer quando foi a ultima vez que riu espontaneamente.

– Fico feliz que tenha tudo o que sempre desejou, Blair.

– Eu tenho meu próprio império, sou casada com Chuck Bass, tenho um filho lindo... Eu me tornei a mulher que eu sempre sonhei ser. Eu venci, afinal.

– A felicito por isso.

– Bom, espero que você e Sserena tenham a mesma sorte, apesar de ter certeza que isso não acontecerá. Você é muito pouco para a S., Humphrey. – Ela o olhou cinicamente enquanto o via perder o bom humor – Com licença, eu vou receber meus convidados.

“You have always worn your flaws upon your sleeve And I have always buried them deep beneath the ground Dig them up; let's finish what we've started… Dig them up, so nothing's left unturned.” …

Blair deixou o quarto em seguida. Daniel ficou olhando para onde ela tinha saído, as palavras presas em sua garganta. Ela nunca seria sua, nunca, dizia sua consciência. Blair Waldorf era a sua alma gêmea, mas Daniel Humphrey não era a alma gêmea de Blair Waldorf. Só exitia um lugar onde eles poderiam ficar juntos, e esse lugar era em seus livros. Nos enredos criados para preencher o vazio que a ausência dela fazia na sua vida. E ainda por entre as páginas, não seria eles, seriam Clair e Dylan, vivendo o amor que ele não pode viver com Blair. Escrever Best Sellers era tão mais simples do que enfrentar a realidade. Ele casaria com Serena, mas era outra que tinha o seu coração.

Ela viu o exato momento em que S. desceu as escadas, esplêndida em seu vestido de noiva branco e dourado, alusão perfeita a como ela era conhecida. Houve um dia em que Blair teria se ressentido da beleza da amiga e do talento em cativar o gênero masculino, mas não hoje. Era o dia de Serena, o dia que ela casaria com Daniel. O dia que Blair acreditou que nunca chegaria. Sentada ao lado do marido, um sorriso discreto no rosto, quem a visse não poderia dizer o que se passava em sua mente. Blair estava ferida, porque ela o perdia definitivamente. Porém, já era tarde demais. Ela havia feito a sua escolha e não se arrependia disso. Só existia um lugar onde Blair Waldorf e Daniel Humphrey ficariam juntos... Esse lugar era o seu coração. Lá ela os manteria a salvo das mentiras e traições, como um sonho que nunca poderia ser vivido. Ele era a pessoa certa e ela era a pessoa errada.

Um dia Blair beijou alguém que não deveria e nunca mais conseguiu apagá-lo completamente de si.

“All of your flaws and all of my flaws are laid out one by one. Look at the wonderful mess that we made… We pick ourselves undone.” ...


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Notas finais do capítulo

Dan e Blair! Espero que tenham gostado. E não esqueçam de comentar, elogiar ou só dizer que ficou uma porcaria. Beijos! *-*



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