Dream escrita por Eileen Vongola


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, desculpem se houver algum erro, rç. Espero que gostem e boa leitura!



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Aquele era um dia particularmente lindo, na visão de Nico.

Não pelo fato de estar no topo da colina do Acampamento Meio-Sangue, tendo uma vista privilegiada. E também não era porque a grama estava incrivelmente verde e bem cuidada, e pelo cheiro de morangos que invadiam o ar. Muito menos pelo pôr-do-sol que se formava no horizonte, dando uma tonalidade laranja muito bonita à água do mar, ou pela brisa fresca que bagunçava seus cabelos.

Não, não era por nada daquilo.

Era porque Percy estava bem ali ao seu lado, deitado na grama. Os braços apoiados atrás da cabeça, e os olhos fixos no céu.

Ah, aqueles olhos.

Nico perdia-se quando olhava para eles. E havia uma coisa que notara sobre os olhos de Percy. A tonalidade variava de acordo com o humor do filho de Poseidon.

Quando Percy estava feliz, eram tão verdes quanto a grama em que estava deitado. Nos momentos de tensão ou raiva, eram como o oceano na tormenta.

E às vezes, quando estava tranquilo e despreocupado, seus olhos possuíam aquele tom de mar quando está calmo, num dia de verão. Como naquele momento.

Nico sentia vontade de mergulhar neles.

De repente, Percy deu uma risada baixa que despertou Nico. Virou-se para encará-lo.

— O que foi? — Perguntou, ainda sorrindo. — Está me encarando já faz um tempo.

— Ah...nada. — Respondeu e virou o rosto, para que Percy não visse o leve rubor que se formava em suas bochechas. — Só estava pensando em um milhão de coisas.

Percy agora estava sentado. Aproximou-se bem perto de Nico, seus ombros quase se tocavam.

— Um milhão? — Ele riu. — É muita coisa para se pensar. Acho que não conseguiria.

— É, já ouvi falar por aí que você tem algas na cabeça.

Percy fechou a cara e fez bico, Nico não pode conter o riso.

— Mas no que exatamente você estava pensando? — Percy encarou-o, interessado em puxar conversa.

Nico suspirou. Era certo falar sobre aquele assunto? Temia que aquilo pudesse mudar a amizade entre eles. Mas também temia não ter outra oportunidade.

— Sobre tudo isso. — Nico falou fitando o horizonte. — É mesmo certo eu ficar aqui?

— Nico. — Percy depositou sua mão em cima da do garoto ao seu lado. — Aqui é seu lar. É mais do que certo você ficar aqui.

Nico arrepiou-se com o contato. E ficou nervoso por aqueles olhos estarem encarando-o tão fixamente, e também pela proximidade entre os dois. Percy notou o desconforto de Nico, tirando sua mão de cima da dele, e afastando-se alguns poucos centímetros, corado.

— Percy, tem algo que já vem me incomodando há algum tempo. — Era agora. A hora havia chegado. Seu coração dava cambalhotas, e um frio na barriga começava a surgir. — Eu tenho pensado muito sobre isso, muito mesmo. — Suspirou, temendo que seus últimos vestígios de coragem se esgotassem. —Há muito tempo eu não durmo direito e parece que isso nunca tem um fim.

— Estou ficando preocupado. — Percy franziu o cenho.

"Espere só até você saber o que é" pensou.

— Eu não quero que você se assuste Percy, e nem quero que se afaste de mim. — Nico encarou-o.

— Eu nunca me afastaria de você.

— E também não quero atrapalhar sua vida. — Sorriu amargo. — Sei dos seus sentimentos pela Annabeth e...

— Que sentimentos, Nico? — Percy arqueou as sobrancelhas, depois suspirou. — Terminamos há muito tempo. Somos apenas amigos agora, acredite. — Tinha uma expressão interrogativa. — Mas o que isso tem a ver?

As mãos de Nico tremiam.

— É algo que eu não consigo evitar. — Fechou os olhos para não ter de encarar Percy. — Isso aconteceu há anos, logo no primeiro momento em que nos conhecemos. Quando eu ainda era um garoto idiota que jogava mitomagia.

— Nico. — Percy disse. — Vá direto ao ponto.

O filho de Hades suspirou.

— Eu gosto de você, Percy. — Continuava de olhos fechados. —Sempre gostei. — Encolheu-se, apoiando o rosto entre os joelhos, envolvendo suas próprias pernas com os braços. Queria sumir dali. Queria abrir um buraco na terra e se enfiar nele até o fim dos tempos.

A princípio, um silêncio pairou sobre eles. Só ouvia-se o canto dos pássaros ao redor, e o barulho do vento que trazia consigo aquele familiar cheiro de morango. Poucos raios de sol ainda continuavam iluminando Long Island, enquanto uma ou duas estrelas começavam a surgir no céu.

Aquele silêncio começava a incomodar Nico. Queria sair dali correndo, ao mesmo tempo que também esperava uma resposta de Percy. Mas ainda assim, não conseguia erguer os olhos.

— Nico. — Percy pôs-se a falar. — Olhe para mim.

Nico ergueu o rosto, mas não o olhou diretamente. Sentia vergonha, e não queria encarar a expressão de rejeição que provavelmente estaria estampada no rosto do amigo.

— Nico. — Percy segurou com delicadeza o queixo do rapaz, fazendo-o encará-lo.

Percy suspirou. Estava prestes a falar algo, quando Nico interrompeu.

— Olha, está tudo bem. — Afastou a mão de Percy. — Eu entendo, sei que você provavelmente vai me odiar daqui para frente e, ...

— Quem disse que eu vou odiar você? Eu nunca seria capaz disso. — Percy riu, e segurou a mão do garoto. — Você provavelmente não sabe o motivo de eu e Annabeth termos terminado.

O coração de Nico batia tão rápido, que seria quase capaz de saltar para fora de seu peito a qualquer momento. Prendeu a respiração, e tentava ao máximo controlar a tremedeira nas mãos e pernas.

— Eu também gosto de você, Nico. — Percy começava a corar. Nico achou aquilo adorável.

E quando menos esperava, lá estavam eles. Aqueles olhos encaravam-no de maneira tão intensa que ele sentiu um calafrio. Percy aproximou-se cada vez mais de seu rosto, até estar suficientemente próximo para beijá-lo. Então, seus lábios estavam selados.

Não foi nenhum beijo de tirar o fôlego, mas calmo e paciente. Percy parecia experiente naqueles assuntos, ao contrário de Nico.

Seu rosto parecia estar pegando fogo. Percy riu.

—Você fica uma graça quando está corado. — Nico corou ainda mais.

— Idiota.

Riu de novo e abraçou Nico, deitando na grama. Nico aconchegava-se nos braços de Percy, que envolviam-no naquele momento. O céu agora estava escuro, e lotado de estrelas. Percy possuía aquele perfume único, aquele cheiro de maresia. Nico poderia passar a vida encarando aqueles olhos e aspirando aquele perfume, sem problema algum.

— Então...desde quando? — Nico perguntou, embora ainda estivesse envergonhado e estranhando toda aquela situação repentina.

— Que eu gosto de você? — Percy indagou, Nico assentiu com a cabeça. — Já faz um tempo, para falar a verdade. — Parecia pensativo. — Nunca disse nada pois achei que você fugiria, ou algo assim. — E sorriu.

Nico ficou em silêncio. Observava o céu noturno, sem grandes expectativas para o dia seguinte. Percy estava ali, e era só o que importava.

Havia sido tão fácil, quase como se estivesse em seu mundo de sonhos. Nico bocejou. Estava com tanto sono, o que era estranho, pois quase sempre passava as noites em claro. Sentiu Percy beijando o topo de sua cabeça, e sussurrando algo como "Eu gosto mesmo de você". Talvez fosse por aquela atmosfera tranquila, e pelo fato de estar nos braços de Percy, que transmitiam-lhe aquela sensação de conforto e segurança.

Segundos depois, Nico caiu no sono, sentindo aquele perfume de mar e tendo como última visão o céu lotado de estrelas.

***

Quando abriu os olhos, só o que enxergava era a escuridão de seu quarto no palácio de Hades. Então, havia sido mesmo um sonho.

Lutou para engolir o nó que se formava em sua garganta. Odiava chorar, mesmo que não houvesse ninguém ali para ver. Refugiava-se para o mundo inferior, pois sempre que passava seu tempo ali, algo bloqueava sua mente que impedia-o de ter sonhos. Era estranho pensar que pudesse sonhar com tais coisas agora. E não era a primeira vez que acontecia.

Talvez fosse a deusa Afrodite pregando-lhe peças.

Esticou o braço até o criado mudo ao lado da cama. Havia ali uma caixa com remédios para dormir. Pegou três ou quatro, e engoliu-os de uma vez só.

Nico não estava preparado para sair dali. Não estava preparado para voltar ao Acampamento. Não estava preparado para encarar Percy. E pior ainda, não estava preparado para assumir o que sentia.

Fechou os olhos, apenas esperando que os malditos remédios fizessem efeito.

Poderia não estar preparado para muitas coisas, mas pelo menos ali, em seu mundo de sonhos, ele era mais feliz.


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Notas finais do capítulo

Fim, uheuhue *se protegendo com um escudo*.
Obrigada a quem leu (se é que alguém leu -q). Espero que tenham gostado e deixem um humilde comentário para uma humilde autora :D hehe.

Beijos e até mais!