Just Friends escrita por Laia


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

Heeey
Obrigada pelos comentarios gente, os pedidos que recebi vou fazer o máximo pra encaixar na historia!
Louise Marie(Fabiana) acho que você vai gostar de saber que já escrevi muuuita coisa com aquela sua sugestão, obrigada *-*
Então não vou falar muito porque meu braço ta doendo ¬¬
Capitulo um pouquinho maior pra vocês



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Estaria mentindo se dissesse que não me importava com o que o Edu falava.

“-Sem compromisso lembra?”.

É claro que eu me lembrava! Nós dividíamos o apartamento há mais ou menos seis meses, e acho que devido a convivência de 24 horas praticamente, havíamos criado uma boa amizade, mesmo com pouco tempo. Quer dizer, é isso que éramos certo? Amigos?

Eu já não sabia mais o que pensar sobre ele. Digo, desde que eu propus aquilo, quase nada mudou.

“Quase nada Manuela, você é idiota por acaso?”.

Eu já havia percebido que o Edu não tinha muito amigos, amigos mesmo. Então ele não saia muito... E eu não saia por falta de companhia mesmo. Então os dois passavam a manha na faculdade e depois ficávamos em casa, vez ou outra saiamos pra comer alguma coisa. Nesse tempo assistimos muuuitos filmes... Não me pergunte sobre nenhum deles, não prestamos atenção em nenhum minuto.

Era tudo muito bom, divertido. A gente dava alguns beijos, uma marquinha ali e outra aqui, nada preocupante... Depois era como se nada tivesse acontecido. Nenhum momento de constrangimento sabe? As vezes soltávamos alguma piadinha, mas o outro sempre respondia a altura.

Só tinha um problema: toda a ferocidade do inicio foi sumindo, sendo trocada por algo mais tranquilo, sem pressa... Não que isso fosse ruim, de forma alguma. Mas ai deu a impressão de ir alem do físico.

–Ta tudo bem?

Levei um susto com a pergunta dele, cortando o silencio que estava no carro.

–Claro.

–Parece meio distraída...

–Só to pensando na minha família.

Dei um sorriso e ele respondeu com outro. Deuses, o aeroporto não chegava nunca?

Ele tirou minha mala do porta-malas e colocou do meu lado.

–Obrigada por me trazer.

–Eu que agradeço.

Por que ele tinha que falar esse tipo de coisa? Era só uma carona!

Olhei as horas no relógio enorme que tinha na entrada do aeroporto, faltava vinte minutos para o embarque. Tudo que tinha pra resolver antes do voo sobre o voo já estava resolvido, era só ir embora.

–Não precisa esperar não ta? Eu vou direto pra sala de embarque.

–Mas...

Lhe dei um abraço, cessando seus protestos.

–Obrigada.

Sai quase correndo, sem dar tempo de nada para ele.

***

Cheguei em casa e preparei uma bolsa de água quente, para tentar relaxar um pouco os músculos do braço.

Obviamente eu me enrolei todo. A Manu teria feito isso direito.

Parei pra pensar no quão estúpido eu tinha sido. Completamente desnecessário.

Mas tarde demais pra pensar nisso, ela já devia estar no avião e eu já tinha falado merda.

Coloquei uma musica pra tocar baixinho e dormi.

***

Fui recebida pelo abraço mais demorado do mundo.

–Sam, eu não consigo respirar.

Ele riu e me largou. Minhas costelas agora doíam com o aperto que ele deu.

–Boas noticias: prepararam uma festinha pra você e pra Mel, lá na casa da vovó. Mas é surpresa, então finge que não sabe.

–Por que me contou então seu imbecil?

–Porque você vai trocar de roupa, ta horrível! E a quanto tempo não dorme? Uma semana? Vou ter uma seria conversa com esse tal Eduardo...

–Cala a boca.

Saímos meio abraçados até o carro, e eu fui falando o caminho inteiro. Passamos rápido em casa e eu vesti o primeiro vestido que vi dentro da mala. Peguei um casaquinho que eu tinha deixado dentro do quarta roupas e fomos para a casa da minha avó.

Fingi minha melhor cara de surpresa e sorri a noite inteira. O sorriso não foi forçado. Descobri que uma das minhas primas se casaria no fim do ano, e prometi que voltaria para a festa. Todos me perguntavam como estava sendo morar longe. Era meio difícil contar sem mencionar o Edu.

–E como é sua colega?

Meu cérebro congelou na hora. Minha mãe me encarava esperando a resposta. Ela na verdade era ele, como tentar explicar isso?

–A Suzy é... Incrível.

Eu não sabia nada sobre a verdadeira Suzy, mas o jeito era falar dele como se fosse ela.

–Ela faz arquitetura e desenha muito bem. E sempre me ajuda com os trabalhos da faculdade...

Faculdade! Isso, comecei a contar sobre todas as aulas e tudo que eu havia aprendido.

Por sorte, a Mel chegou bem na hora que eu já não sabia mais o que falar, e o foco mudou de mim, para ela.

Recebi minha Irma também. Ela não havia mudado nada. Os cabelos ainda longos, a maquiagem feita sem esforço, o sorriso impecável no rosto. Essa era a Melissa.

Todos conversavam animados quando um cara sentou do meu lado. Eu não sabia quem ele era e muito menos o que fazia por ali. Até, é claro, minha mãe vir toda feliz “me explicar”.

–John querido, quer comer alguma coisa?

John? JOHN?

Jogaram macumba em mim! Só pode ser!

Ele não era o John, de jeito nenhum!

–Manu, não seja mal educada. Largue esse celular, não viu quem chegou?

Maaaae...

–Oi John.

–Manu?

Comecei a sacudir a perna, impaciente.

–Eu mesma.

Pude ouvir o Sam rir alto no sofá do outro lado, lhe lancei um olhar mortal, que de nada adiantou.

Argh, me poupe.

Levantei e sai com ele nos meus calcanhares. A casa da minha avó não era longe da minha casa, e eu adorava ir pra lá pela vista que era possível ter. Bem, ninguém gostava daquela vista.

“-Só você gosta de ficar vendo essa coisa feia!”.

Realmente, não era bonito. Minha avó morava no alto de uma rua, que me dava a vista do restante da cidade. Lindo né? Não quando boa parte da vista é composta por um amontoado de ruas desorganizadas. Aquilo era uma espécie de morro, eu sei lá como explicar...

Mas o que me atraia lá, era realmente não ter beleza nenhuma! Eu sempre fui de me encantar pelo pouco, e o nada que se via de lá, era uma das maiores maravilhas pra mim.

–Duas coisas que não entendo: por que me odeia tanto e por que gosta desse lugar.

Sentei na grama e continuei mexendo no celular.

–Qual é Manu.

Ele arrancou o aparelho das minhas mãos, colocando em baixo da perna.

–Eu só finjo gostar de você na frente da minha mãe pra agradar ela, e você sabe disso! Então da um tempo...

Sabe promessa besta de família, de casar primo fulano com prima cicrana? Então, a sortuda da família era eu. O problema é quando todo mundo percebeu o quanto eu odiava a ideia, surgiu a velha historia de que “ódio pode virar amor”. Não nesse caso. Eu odiava participar daquilo, e o John adorava, transformando minha vida em um inferno em toda oportunidade que tinha.

O John era normal, nada de extraordinário. Porem, duas covinhas marcavam o seu rosto, o que encantava qualquer uma que conversasse com ele por dois minutos. Menos eu, é claro.

Nós não nos víamos há uns cinco anos, desde o casamento da minha tia... Não foi muito agradável.

“-O que custa Manu, só uma dança!

Minha mãe sempre amou o John, e se dependesse dela, nós casaríamos e seriamos felizes para sempre. Então, lá estava ela, me forçando a dançar com ele.

–Eu não sei dançar mãe...

–Eu te coloquei na aula de dança pra não saber dançar? Deixa de desculpas e vai.

Ele sorria triunfante, estendendo a mão para mim. Ajeitei o vestido, bufei de raiva e peguei sua mão.

Sorri para minha mãe e sai com ele.

–Nem pense que...

–Está linda Manuela.

Revirei os olhos. Ele pegou na minha cintura e começamos a dançar. Nenhum falou nada durante toda a musica.

A musica acabou e logo tratei de me largar dele, só que... Ele tentou me beijar. Me poupe! Eu tinha 13 anos, não sabia nem o que era beijar na boca! – tava vendo como sou santinha?

Enfim, consegui me desviar, mas cai no chão, derrubando uma convidada qualquer do casamento. Resultado final: todos me olhando como se eu fosse louca, meu vestido sujo pela bebida da tal convidada e ela com metade do corpo de fora.

Pra não cair, me segurei na primeira coisa que minha mão pegou: o vestido da moça. Na tentativa de não cair, ela se firmou em pé – o que não adiantou – e eu já no chão, só percebi o tecido colorido na minha mão.

Prejuizo do meu vestido alugado e um novo pra tal mulher. Alem da bronca que recebi e a vergonha que passei, é claro!

E ele? Saiu como se nada tivesse acontecido.”

Isso é um bom motivo? Não? Então lamento... Ta, admito, guardei raivinha de infância.

–Não guarda mais raiva do casamento né?

–O que você acha?

Olhei mal humorada.

–Acho que sim. Quantas vezes vou ter que me desculpar?

–Não importa, eu não ligo! Dá pra devolver meu celular?

–Me fala por que gosta desse lugar primeiro.

–Quem disse que eu gosto?

–Vem aqui desde pequena, te conheço garota... Pode me odiar, mas tem que admitir que te conheço bem.

Olhei tudo, procurando alguma explicação.

–Ta vendo aquela velhinho sentado na calçada? – apontei para o final da rua – ele sempre está, mais ou menos nesse horário. Ta vendo aquela mulher colocando a roupa no varal? Quando passei um mês de férias morando aqui, percebi que ela lavava as roupas a cada cinco dias mais ou menos. Ela tem três filhos. E ta vendo aquelas crianças brincando na esquina? A mãe de um deles é um prostituta, mas finge que é recepcionista em um hotel. Ta vendo aquela casa rosa ali? O casal quase se divorciou por causa da tinta que a mulher comprou...

–Ainda não entendo.

–Não percebe? Não é algo que eu vá bater o olho e falar “é lindo”. Eu tenho que analisar, reparar nos detalhes. E é isso que deixa tudo bonito. A mãe prostituta finge ser recepcionista por vergonha, mas sabe que com o grau de escolaridade dela, não vai conseguir algo que ela ganhe dinheiro e possa fazer seu horário, e ela precisa do dinheiro. O velhinho sentado na cadeira está todo dia sorrindo, observando o sol se por... O casal brigou até ver o resultado final da casa, depois ele pediu ela em casamento oficialmente. A moça estendendo roupa está sempre cantando alguma coisa na janela... E eu poder sentar e acompanhar cada movimento desse em um lugar como esse... Pra mim é uma honra.

–Voce é pirada sabia?

Me virei e dessa vez olhei diretamente nos seus olhos, tinha um brilho diferente de cinco minutos atrás.

–Ta me olhando assim por que?

–Eu to admirado em como você consegue ver tudo isso.

–No inicio eu não via. Mas depois comecei a reparar no sorriso, no grito, no orgulho de cada pessoa. Elas não se importam de morar aqui. E toda essa falta de beleza é o motivo deles não quererem sair daqui tão cedo.

–Meu deus, você é incrível.

Dessa vez ele foi mais rápido. Uma das suas mãos pegou meu pescoço e a outra empurrou meus ombros para trás. Seus lábios eram... Normais.

Mas o que mais me surpreendeu não foi o beijo ou como aconteceu, e sim que eu retribui.


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Notas finais do capítulo

Eeeita, e ai? Edu conheceu a Anne, Manu beijou o John...
O que acham? Digam digam digam, adoro saber a opinião dos outros u.u
Então, acho que é isso... Se meu braço parar de latejar eu volto pra postar mais um pouco
Até :*