Just Friends escrita por Laia


Capítulo 14
Capitulo 14


Notas iniciais do capítulo

Então, oi pra vocês :)
To muuito feliz com as reviews que recebi, serio, vocês são lindo demais *-*
Desculpa por não ter postado antes, antes de ontem o site entrou em manutenção bem na hora que eu ia postar e depois não tive tempo pra postar.
Mas to aqui pra postar mais um capitulo pra vocês, e pra compensar vou postar um capitulo um pouco maior... Sem mais enrolação, espero que gostem



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Se eu surtei? Acho que sim.

Eu nunca disse que era normal, então...

Mas é o seguinte, foi um bom acordo, principalmente porque moramos juntos então não pode ficar uma coisa estranha. E não sou dessas de ser acordada com beijinho, por favor né...

Se der vontade, a gente se pega. Simples. Já ouviram falar em amizade colorida? Então, é disso que eu to falando.

E sabe que estava tudo dando bem certo desde já? Fomos para cozinha e jantamos o que tinha sobrado do almoço. Nenhum comentário, nenhuma ação entranha... Nada. Foi como se nada disso tivesse acontecido. Conversamos normalmente, rimos lembrando da Laura bêbada no banco de trás do carro, ele me zuou pelo conjuntinho de tigre que peguei por engano da lavanderia... Me contou sobre seus projetos e me pediu desculpa novamente pelo susto que me deu naquela noite, e me explicou o que tinha acontecido.

Parece que a Suzy tinha ligado, e eles discutiram por conta de um ex dela, que pelo que ele me contou, era um completo imbecil. Até mesmo sem conhecer o cara, já senti nojo.

–Por que ela ta com ele? Pelo que me contou, ela é super legal e muito inteligente.

–Não entendo o que ela vê nele...

–Posso pedir uma coisa?

Ele me olhou meio desconfiado.

–Fala.

–Não me da outro susto desse ok? Se tiver daquele jeito de novo, me avisa pode ser?

Ele fez que sim com a cabeça. Eu sabia que era pedir demais, mas ele precisava ver que aquilo tinha me afetado de varias formas.

Peguei a louça e lavei, enquanto o Edu voltou pra seu computador.

Nunca tínhamos muita louça, eu fazia meu horário de estudo, e até agora não tinha tido dificuldade de verdade em nenhuma matéria. É, eu podia me acostumar com essa vida.

Fui pra faculdade mais tarde no dia seguinte. Havia recebido um email avisando que não teria a primeira aula.

Eu só tinha que apresentar um trabalho, que eu já tinha feito há um bom tempo e pronto. A partir de quarta-feira, seria semana acadêmica e como eu ainda estava no primeiro semestre, eu não tinha que participar. O professor já tinha avisado “quero apresentações rápidas, sem palavras complicadas. Quero me explique o que é a doença, de uma forma que quando tiverem que explicar ao paciente, ele entenda”.

O trabalho era sobre doenças cardiovasculares, e eu acabei ficando com Aterosclerose.

Olhei para o pessoal do meu grupo, depois para o professor. Respirei fundo.

“Sem gaguejar Manu”.

–Bem, a Aterosclerose é a presença de substancias na parede das artérias, podendo causar Acidentes Vasculares Cerebrais e Doenças nas Artérias Coronárias – respira – O tratamento consiste em retirar as placas de gordura que estão presas e curar a lesão do local – respira fundo – e pode ser feito através de cirurgia, cateterismo, angioplastia ou através de medicamentos, incluindo reeducação alimentar, entre outras mudanças no estilo de vida – se acalma, ta acabando – Outro tratamento que também se pode indicar é a fisioterapia, pois através dos exercícios feitos com acompanhamento, haverá uma diminuição das placas nos vasos sanguíneos, diminuindo o risco de doenças cardíacas.

Eu me calei, e todos continuaram olhando pra mim. Era só isso que eu tinha pra falar? Vasculhei todos os meus pensamentos, sim, era só isso. Dei um passo para trás e era a vez do Rodrigo.

Não consegui ouvir mais nenhuma palavra do que disseram. Esse trabalho valia metade da minha nota, e eu precisava de uma boa pontuação. Assim que minha mãe soube que eu teria que me mudar, disse “Se você não acompanhar o rendimento da faculdade lá, volta pra casa imediatamente entendeu?”. Muita coisa dependia dessa nota.

Sai ainda de perna bamba da sala.

–Você ta bem?

–Oi Rodrigo, to sim e você?

–Eu não tava quase desmaiando enquanto falava. O que foi Manu?

–É só que... Preciso muito dessa nota. Muito mesmo.

Ele sorriu gentil pra mim. Rodrigo era um cara legal. Tinha o cabelo castanho claro e os olhos verdes, era muito bonito – até mesmo mais bonito que o Edu, tenho que admitir.

–Quer comer alguma coisa? Conversar...

Por que não?

–To faminta.

Ele passou o braço pelo meu pescoço e fomos comer.

No meio da conversa ele ficou calado.

–O que foi?

–Me desculpa por aquele dia na festa, sei que forcei a barra...

–Não, ta tudo bem, relaxa.

Silencio.

–E aquele cara?

–Rodrigo, falando naquele cara... Por que pediu pra Laura ir lá me atrapalhar?

–Eu não sei – sua voz mal saia, e de repente, ele começou a falar mais alto – Quer saber? Eu sei sim o motivo. Eu gosto de você Manuela, gosto de verdade.

Quase engasguei. Ta, não sou tão burra ao ponto de não ter desconfiado, mas quando você escuta, é muito pior. A desconfiança vira certeza.

–Rodrigo...

–Não, me escuta. Você pode não acreditar, mas eu gosto de você Manuela. Gosto de como não sabe prender o cabelo, de como não se importa com a sujeira do tênis e de como passa o batom. Gosto da sua bolsa no ombro e do seu riso fácil. Gosto desde a primeira semana de aula. Você é bonita, engraçada e super aplicada nas aulas. Eu não canto, não danço, sou péssimo com as palavras, super bobo as vezes e desengonçado. Mas eu também sempre quis fazer medicina, e sei que posso me aplicar muito quando eu quero algo. E quero que me dê uma chance, e não vou desistir. Por favor Manuela...

Única coisa que passava pela minha cabeça era: FUDEU!

Podem me odiar, mas tenho que admitir: não sei dizer não. Sei me resolver muito bem com caras idiotas e bla bla bla, mas caras como o Rodrigo... É como um filhotinho, não dá pra pensar em fazer mal. Preciso de uma amiga pra me por juízo urgentemente!

Porque por mais que minha cabeça grite “Não!”, minha boca diz:

–Sim.

Ele levantou a cabeça com o susto da minha resposta.

–É o que? Ta brincando? Por que não tem graça e eu tenho problema cardíaco então...

Tive que rir.

“Manuela sua idiota, isso não vai dar certo! Você vai magoar o garoto! Ontem você se agarrou com o Eduardo! O EDUARDO!”

Eu sei, eu sei... Mas, nunca vou conhecer alguém que valha a pena se não tentar nunca com ninguém não é?

“Cala a boca Manu! Você sabe muito bem como isso vai terminar... E como vai ser? Vai sair com o Rodrigo, e já que não gosta dele e não o vê como nada mais do que amigo, não vai o deixar tocar um dedo em você. Vai chegar em casa, olhar para o Edu sem camisa e se atracar com ele!”

Mas é claro que não!

“Você sabe que vai ser assim, e isso é errado”.

Não sou dessas ok?

“Vai mesmo falar isso pra mim? Sabe muito bem que sou seu lado racional, estou sempre certo”.

Não mesmo, só estou pensando no sentimento do garoto, ele pode fazer bem pra mim... Sem falar que eu posso gostar dele mais tarde.

“Você não é tão otimista, então para de tentar arrumar desculpa. E sentimento? Você mesma já disse: Sentimentos são filhos da mãe. Você não pode segui-los. E fazer bem? Ah, mas é claro que ele vai fazer, mas nós duas sabemos que no final vai magoar o garoto e vai se sentir culpada por não retribuir o maldito do sentimento”.

Ora, cale a boca, não sabe do que fala.

“Cale voce”.

Então eu calei os dois.

Mente estupida.

Coração estupido.

Manuela estupida.

***

Cheguei mais tarde em casa e encontrei a Manu deitada no chão, olhando pro nada e cantando alguma coisa. Sentei do seu lado, ela não se moveu, consegui entender o trecho que ela repetia seguidas vezes.

Once upon a time, I was falling in love

But now, I'm only falling apart

There's nothing I can do

A total eclipse of the heart

Once upon a time, there was light in my life

But now, there's only love in the dark

Nothing I can say

A total eclipse of the heart

–Ta cantando Total Eclipse of the Heart? Levou um pé na bunda?

Ela me olhou fazendo biquinho, dessa vez, parecia chateada.

–Não – se levantou de uma vez me dando um susto, sentando com as pernas cruzadas – mas vou acabar dando um em alguém. E não quero fazer isso...

–Então não faça.

Não era obvia a solução?

–Você é menino, não vai entender... Não posso não fazer, mas também não posso fazer. Vou magoar ele.

–Pelo amor, me explica o que aconteceu?

Ela suspirou e começou a contar enquanto desenfaixava minha mão – até que a cicatrização estava sendo rápida, devia ser a pomada. Não, eu não entendi o motivo dela não poder dar um fora nele. E não sabia o porque raios ela tinha aceitado sair com ele. O cara era ridículo.

–Por que aceitou Manuela?

–Porque sou uma burra! Quer dizer, não consigo dizer não com medo de magoar, acabo aceitando... Vou ficar fugindo dele, me sentindo super mal e um dia não vou poder fugir, ele vai me beijar e me pedir em namoro, vou aceitar do mesmo jeito que aceitei hoje, mesmo não sentindo nada, e eu vou terminar muito mais rápido do que poderia ter começado. Ta vendo Eduardo, por isso eu odeio os sentimentos! Por isso! - emendava uma palavra na outra sem parar para respirar.

Ela tampou o rosto com as mãos, ofegante. Nenhuma palavra fazia sentido.

Por favor, que ela não esteja chorando.

–O que eu faço?

A voz abafada pelas mãos não escondiam o tom de voz. Ela estava realmente chateada. Pelo Rodrigo. Sim, Rodrigo! RODRIGO!

Calma Eduardo, lembra como foi com a Rachel? Fica calmo.

–O que você faria se fosse a situação inversa... Digo, se fosse você e uma menina?

–Eu não cairia nessa, primeiramente...

–Edu!

–Ta bom. Eu... Serio, seria sincero com ela o mais rápido possível. Se for pra magoar, magoe antes dele se envolver pra valer com voce. E antes dele te beijar, é claro.

Ela me olhou tipo “o que?”.

Pensa rápido, arranja uma desculpa.

–É claro Manu, se ele gosta mesmo de você, um beijo vai... Ah, você sabe.

–Vai...? - apoiou os braços na minha perna, inclinando o corpo para frente.

Não acredito nisso...

–Não ta mesmo fazendo isso ta?

Ela fez carinha de boba.

–Isso o que?

–Manuela, você não presta!

–Eu nunca disse que prestava.

***

Me xinguem, me chamem de tarada ou de doida. Só não... Sei lá, depois dos beijos lá no quarto dele, não dá pra passar muito tempo olhando aqueles olhos e aquela boca sem me dar uma puta vontade de pular no seu pescoço.

Meu deus, e o Rodrigo? Vou ligar e cancelar tudo... Pedir desculpas, falar que tudo não passou de um engano. Ele vai me odiar, mas ok...

Depois de algumas marcas que eu teria que inventar uma desculpa – será que alergia a perfume era uma boa? – fui tomar um banho e enviei uma mensagem pro Rodrigo.

“Ta ocupado? Precisamos conversar”.

Fui direta, ele tem que ter percebido que a conversa não era boa... Ele não demorou a responder:

“Passo na sua casa em 15 minutos”.

Minha casa? Com o Edu por perto? Naaaaaaaaao.

“Não! Me espera na sorveteria aqui perto, sabe onde é?”.

“Sei, já estou chegando”.

Nada de batom, nada de perfume. Nada que pudesse fazer ele querer algo. Casaco largo roubado do guarda-roupa do Edu – foi por uma boa causa – calça jeans e uma sapatilha – sem tênis já que ele disse que gostava.

Ele não demorou pra chegar, e me desviei até mesmo do seu beijo na bochecha.

–Então – ele parecia bem desconfortável – queria conversar?

–Sim – sem travar Manu – Acha mesmo que isso pode dar certo?

–Isso o que?

–Essa chance que você me pediu. Eu não sou esse tipo de garota que você ta pensando que eu sou. E você é simplesmente incrível... Não posso fazer isso. Me desculpa... Se quiser me odiar, tem todo o direito.

Ele sorriu.

–Te odiar? Eu não te odeio... Eu me odeio por te fazer esse pedido, exigindo que aceitasse praticamente – ele tentava disfarçar, mas mesmo assim parecia chateado – Sei que você não é a garota perfeita, mas eu não ligo. Ta tudo bem, mas isso não quer dizer que eu vou desistir. Podemos pelo menos ser amigos até eu pensar em algo melhor do que um discurso meia boca?

Deuses, ele é incrível!

–Obrigada - estava aliviada, mas não totalmente.

–Amigos?

Ele estendeu a mão, e eu retribui o gesto.

Voltei para casa aos pulos de alegria. Eu não dei pra trás, como jurei que iria fazer.

–Quem deixou pegar minha blusa?

–Era isso ou algo que mostrasse a pele.

Ele fez careta.

–Pegue sempre que quiser.

Só uma coisa pra dizer: ele tinha um cheiro bom.


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Notas finais do capítulo

Manu arrasando corações? Só que não...
Então? O que acharam?
Até mais, e obrigada pelos peixes :)
Momento Guia do Mochileiro das Galaxias u.u