Dear Suicide escrita por Arista


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Essa one é algo que eu queria fazer a um tempo, porque sabemos que hoje em dia o bullying é algo muito sério. Há tantas pessoas se suicidando por causa de idiotas que se acham melhor em tudo, são mais pessoas do que soldados que morrem na guerra. Tem noção do que é isso?
Então, pra tratar de um assunto sério trago essa one pra vocês. Espero que gostem.



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Dear Suicide.

Querida Suicida,

Eu gostaria de começar essa carta de um jeito diferente, porém eu sei que esse “suicida” lhe cai tão bem que decidi diferenciar das outras cartas de amor. É, isso é uma carta de amor, que coisa idiota de se fazer, não é mesmo? Eu sendo aquele cara todo marrento e você sendo uma garota estranha. Bem, eu queria lhe fazer essa declaração pessoalmente, mas percebo que agora é impossível.

Seu nome é Lucy, Lucy Heartfilia. Lembro da primeira vez que te vi, você havia acabado de se mudar pra Califórnia junto de seus pais, eu era seu vizinho e da janela do meu quarto eu podia te ver. Naquela época seus olhos achocolatados tinham um brilho especial e um sorriso encantador. No dia seguinte te encontrei sentada no canto da mesma sala de aula que eu estava, sozinha e sem ninguém, porém parecia que você não se importava com isso. Também foi naquele dia em que tudo começou, algumas das garotas da sala começaram a implicar com você.

Eu te observava em silêncio, queria lhe proteger mais era covarde demais pra tomar uma atitude. Você parecia não se importar com isso, mantinha um pequeno sorriso nos lábios mesmo que elas estivessem te ofendendo, porém pude ver que o brilho do seus olhos haviam sumido. Tão tristes e sozinhos. Depois daquele dia passei a te observar sempre, mesmo que todas as vezes em que alguém te xingava eu apenas ficava parado olhando. Queria ter feito algo enquanto ainda era tempo.

Poucos meses depois souberam que seus pais morreram, acidente de carro, você estava junto deles porém sobreviveu. Um grande alivio preencheu meu coração ao saber que estava bem. Os comentários sobre sua família não paravam, aquelas garotas que sempre te zoavam aproveitaram a chance pra te xingarem mais uma vez.

- Você deveria ter morrido com eles. – era o que algumas diziam. E mais uma vez e me mantive calado, enquanto via você sorrir de lado e seus olhos encherem de lágrimas. Estava tão frágil naquele momento, e eu queria lhe abraçar, proteger, mostrar o amor a você. Porém mais uma vez fui covarde.

Você faltou dias, semanas, meses. Passava a maior parte do tempo trancada dentro de casa, com medo da sociedade do lado de fora, só quando seu irmão mais velho veio morar com você que um pouco da sua luz reacendeu. Voltou a vir pra escola, tentando manter uma pose madura e séria. Quando surgiu depois de tempos sem aparecer no colégio estava diferente, usava roupas escuras, de preferencia preta, as pontas de seus cabelos estavam azuis. Você não era mais a Lucy que eu conhecia.

- Por que mudou? – eu lhe perguntei, quando te encontrei na parte de trás da escola, sozinha observando o céu.

- Porque eu já estava cansada de ser fraca. – respondeu.

Talvez você quisesse se encaixar, mas nem sempre da certo mudar. Eles ainda te julgavam, e eu ainda era covarde. Te chamavam de vadia, e outros nomes que não gosto de lembrar. Eu queria que você soubesse que eles estavam erados, você era perfeita. Foi então que notei algumas marcas em seus pulsos, você se cortava toda noite graças a eles. Lembro de ter visto você chorando pela janela de seu quarto, seus coxas tinham marcas de laminas e o sangue escorria. Sabe como era triste ver aquilo?

Como eu queria ter estado ao seu lado. Como eu queria ter te protegido.

Pouco antes de finalmente nos formamos a notícia chegou, você havia sido encontrada morta em seu quarto e ao seu lado estava uma caixa de remédios. Você se suicidou e eu não pude fazer nada pra te trazer de volta. As pessoas que te julgavam, algumas se arrependeram, outras fingiram sentir sua falta e aquilo tudo me irritava. Foi então que eu explodi.

- Como vocês podem ser tão falsos?! – gritei para eles, era irritando ouvir eles dizendo textos e textos de como você eram importante, sendo que todos eles eram os culpados de sua ida. – Por culpa de vocês ela se foi! Então, pelo amor de deus, parem de fingir que se importam, porque eu sei que não se importam.

Nesse dia fui parar na diretoria por ter batido em alguns garotos e xingado as garotas. Não me arrependo de ter te defendido pela primeira vez, mesmo que você não estivesse lá para sorrir pra mim.

Eu poderia acabar essa carta com algo clichê como um “eu te amo”, o que é verdade. Poderia termina-la com um “adeus”, porém ambos sabemos que isso não é um adeus e sim um “até logo”. Poderia termina-la dizendo que não irei te esquecer, pois você sempre estará em meus pensamentos. Mas eu terminarei essa carta com minhas lamentações, por ter sido um inútil enquanto você estava viva.

Queria que estivesse aqui. Queria que eu tivesse te protegido, depois você se apaixonaria por mim e nos casaríamos. Queria ter filhos com você. Queria ter envelhecido ao seu lado. Queria você...

Me desculpe por ser um covarde e eu espero de coração que me perdoe.

Alguém que te amou,

Natsu.

Assim que terminou a carta, caminhou até a parte especial do colégio. O diretor decidiu que sempre que algum de seus alunos morresse ele colocaria uma foto em homenagem a pessoa, no meio delas estava a foto da loira. Seus rosto sem nenhum sorriso, seus olhos opacos e sem vida. O rosado sorriu, colocando a carta encostada da foto da loira. Talvez estivesse louco mas podia jurar que a viu sorrir. Caminhou até o banheiro masculino, fechando a porta logo em seguida, não queria que ninguém lhe atrapalha-se. Ligou a torneira, molhando o rosto de frente ao espelho. Colocou a mão no bolso pegando um frasco de remédio. Respirou fundo, tomando coragem.

Abriu o frasco e sem pensar duas vezes colocou vários comprimidos na boca. Sentou-se no chão apenas esperando seu fim. Logo estaria com sua amada, sorriu ao ver a linda imagem de uma loira sorrindo para ele. Sua visão ficou escura e seus sentidos parados, agora ele estava com ela. Juntos de mão dadas e felizes.

Não demorou muito para que o corpo do rosado fosse encontrado e rapidamente a notícia de sua morte se espalhou. Seus pais ficaram desolados, sua irmãzinha chorava desesperada porque havia perdido seu herói. Aqueles que o rosado havia enfrentado lembraram-se das palavras dele, dessas vez eles haviam se arrependido. Sua foto foi colocada ao lado da foto da loira e a carta que escreveu foi pendurada no meio deles, para que todos pudessem ver.

Agora eles estavam felizes juntos. Ela era dele e ele era dela. Dessa vez ele a protegeria com sua vida e dessa vez ela não o abandonaria.

Diga não ao bullying.Não julgue ninguém por ser diferente, não faça alguém se sentir horrível. Ela pode se matar ou algo pior. Não destrua uma vida.

Eu olho para meu reflexo no espelho
Por que estou fazendo isso comigo mesma?
Perdendo minha cabeça por um pequeno erro.


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Notas finais do capítulo

#ChorandoAqui
Eu: Meu deus que triste! T-T ~ limpa os olhos com um paninho ~
Gostaram?