Y o u escrita por Hekmatyar


Capítulo 1
You


Notas iniciais do capítulo

Por obséquio, escutem a música nas notas finais, sim?

Boa leitura à todos!



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Y O U
Fanfictionpor ~Delectra




As pontas úmidas dos cabelos mal presos durante o banho caíam sobre os ombros dela graciosos, perfeitamente mais escurecidos do que o restante dos fios pela água que absorvera. A pele alva e embranquecida do corpo contrastava com as bochechas enrubescidas pelos elogios que recebera do irmão mais velho,no caso, eu.

Os olhos, ah, os olhos dela, chegavam a me fazer delirar às vezes. Gostaria de saber os sentimentos que se passavam por aqueles pedacinhos de céu em sua orbitas, sempre mirando o mundo silenciosa por sob os espessoscilhos.

Gostaria de congelar cada sutil gesto dela, para sempre. Os finos e delicados dedos quase esqueléticos enlaçando a caneca fumegante de leite, logo a amável careta de dor pela língua queimada e a caneca éafastada rapidamente pelas mãos já preocupadas em resfriar a boca com abanos. Rio-me brevemente dela pelo seu descuido.

_Sopre antes para morna-la.

_S-sim. Não se preocupe.

Como ela consegue ser tão graciosa em tudo o que faz? Talvez seja só como eu a vejo, de forma obcecada. Minha doce irmãzinha, me perdoe pelos desejos intensos que nascem em mim, eu a amo. Não consigo evitar, juro.

Estáno auge de seus vinte e três anos, cursando faculdade de moda e namorando umvagabundo qualquer o qual desprezo infinitamente por ser ele a possui-la. Ah, e claro, estásendo admiradapor mim secretamente. Minha amável Sophie.

Éuma tremenda pena não poder possui-la, não poder ama-la abertamente, pergunto-me como ela reagiria se abrisse o jogo para ela...

Não, isso não pode acontecer, definitivamente não. Sei como ela é, ficaria assustada, daífugiria para longe de mim, tomaria nojo da minha cara e me isentaria para sempre de sua presença. Não, ela não pode saber. As coisas estão bem assim, estou satisfeito em poder estar com ela todos os dias.

Mal sabe ela que quando me abraça inocentemente todos os dias, desperta um calor intenso dentro de mim, um calor que me consome lentamentepor não poder tê-la por completo. Oh, cruel destino, por que nos fizera irmãos? Não mereço isso, meu amor por ela e tão puro, mal posso esconde-lo dentro de mim.

Mas ela não precisa de mim, ela não me quer, sou só um parente para todas as horas, écomo ela me vê. Um bom irmão, afetuoso, atento, sempre ao seu dispor e inclinado a realizar todos os seus desejos por mais visque sejam.

Mamãe sempre disse que eu a mimava demais, mas como não mimar algo tão meigo como aquela menininha que nasceu em uma madrugada chuvosa de 1990, os cabelos ralos, castanhos escuros caídos sobre a testa branquinha a qual não me cansava de desferir carinhosos beijos. Eu tinha apenas dez anos quando o maior presente da minha vida nasceu. Hoje, tenho trinta e três, e ela aindagoza-me por eu não pensar em arrumar uma família, pena que ela não sabe que a razão éela.

As tardes de inverno, quando éramos crianças, eram os melhores momentos na minha opinião. Eu tinha quinze anos e ela cinco, papai e mamãe saíam para trabalhar e pediam-me para que cuidasse de Sophie."Comtodo o prazer do mundo!"Eu pensava.

E então, sentava-me no chão fronte àlareira crepitante em nossa sala de estar e ela se deitava na minha perna, lembro-me de sua infantil voz sonolenta balbuciando as palavras que eu adorava.

"_Irmãozão, eu te amo, você pode ler uma historia pra mim, por favorzinho?"

"_Claro meu amor, o que você quiser."

Ela adormecia em meu colo enquanto eu acariciava seus longos cabelos esparramados pelo chão e inventava uma historia que fazia sua face sorridente petrificar-sedurante o sono com a felicidade estampada no rosto. Admirava-apor horas a fio sem sequer mudar de posição, até minha perna ficar dormente com o peso de sua cabeça e eu ainda não me importar com a dor.Ela era tudo o que me importava.

Sempre recusei os convites dos meus amigos com a maior satisfação do mundo em dizer que não poderia ir por ter que cuidar da minha irmãzinha, eles, me olhavam estranhamente e me gozavam por estar sempre ao dispor da pequena e pouco me importar com minha própria diversão."Ela éminha diversão, ela étudo para mim."

_Ei, Dan - tirou-me ela dos meus devaneios infantis, apontando solenemente para minha caneca de leite já frio - não vai beber? Se soubesse que não gostava de leite com biscoitos mais nem haveria lhe servido.

_Não, eu gosto sim, só estou meio distraído hoje.


_Posso saber com o quê? -"Comvocê, é claro."

_Nada demais, só umas coisas do trabalho.

_Hm. Você esta distante, tem certeza? Estáse sentindo bem? - levou a mão àminha face, medindo minha temperatura, seu cheiro já se encontrava em minhas narinas, quase delirava com seu mais sutil toque.

_S-sim, estou bem, não se preocupe.

_Entendo. Então, vou reaquecer o seu leite, sim?

_Não!- em um impulso lhe segurei o pulso antes que se fosse com minha caneca, ela me fitou surpresa - Fique.

_Ah... ok.

E novamente o silencio se instalava entre nos, sem nenhum assunto a ser debatido, pela primeira vez na vida aquilo me era incomodo. E então, ao repente, ela levantou-se e antes que pudesse impedi-la de novo ela instalou um sorriso brincalhão na face e levantou-me pelo pulso.

_Ei,irmãozão, que tal fazermos como nos velhos tempos?

_Como? - mirei-lhe desentendido.

_Sim, nos velhos tempos, conte-me uma historia em frente a lareira, que tal?

Sorri largamente ao compreender seu pedido, ela não poderia ter proposto atividade melhor, após uma breve risada de descontração por minha parte lhe abracei protetoramente.

_Mas éclaro, minha pequena Sophie.

Ela separou-se risonha e guiou-me pelo pulso atéa lareira já em chamas e sentou-se no chão, aguardando que eu o fizesse também e ela se deitasse em meu colo, assim fizemos.

_E então, sobre o que quer ouvir minha pequena?

_Hmm, sobre um casal apaixonado, um drama, pode ser?

_Sim, pode ser.

_Ah, quero um final bem feliz, ok?

_ O que quiser, meu doce.

E então criei e contei-lhe uma historia sobre um casal apaixonado, a moça não sabia sobre o amor que o rapaz nutria por ela, e então, ele sofria muito por tê-la por perto e não poder ama-la abertamente. Ela perguntou-me, em determinado momento, o por quêdele não se declarar para ela, e expliquei o quão difícil era para ele, pois tinha medo de assusta-la e então perde-la para sempre.

No final, ela abriu o mais belo sorriso que já vi iluminar sua face quando eles descobriram se amar, e ele prometeu ama-la e protege-la para sempre.

"Exatamente o que eu gostaria de fazer-lhe, meu amor."




***




"Oh, meu querido Dan, o que você faria se soubesse que sempre te amei, mais do que como um irmão? Largaria Ralph ao seu primeiro sinal de corresponder meus sentimentos. O meuirmãozãosempre foi meu herói, meu admirado, e sempre será.

Meu amor, tu sempre estarás acima de qualquer outro em minha vida, épena que não posso lhe dizer o que sinto abertamente, meu querido.

Eu te amo."


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Notas finais do capítulo

Trilha sonora: The Pretty Reckless - You
http://www.youtube.com/watch?v=eUMwFaXTM3s



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