Assim, que virei às costas pra ele, suspirei, indo em direção a fera chamada Uchiha Sasuke.

Caminhei lentamente, como se nem estivesse preocupada com o que aconteceria a seguir.

Murmúrios e cochichos me acompanharam, mas eu me mantive quieta, mesmo que a minha vontade fosse dar um tiro naquele povo idiota e sem noção.

Coloquei delicadamente (lê-se: taquei com tudo) o meu notebook na mesa e me sentei.

E o mudo do Uchiha conseguiu ser mais mudo ainda.

Tamborilava com minhas unhas enormes na mesa de madeira nobre, mas nem assim ele olhava pra mim. Não que eu me importasse.

Passou a primeira aula e logo começou a aula de Geografia com o professor Asuma. Ele era um cara bem estranho, mas dava uma aula bem legal.

E o Uchiha continuava calado. Kuso, vou ter um ataque aqui de ele não abrir a maldita boca pra falar alguma coisa.

Como se não bastasse, já que desgraça pouca é bobagem, a voz da ruiva vadia da Karin alcançou meus ouvidos.

- A Haruno não perde tempo mesmo né? – comentou ela em voz propositadamente alta, para uma garota da mesa do lado, Tayuya. – Ontem estava dando em cima do meu Sasuke-kun, e hoje já está com o Gaara.

Me virei pra ela com uma expressão assassina no rosto, queria matar aquela vaca de peruca.

- Como é que é Karin? – aproveitei que o Asuma não estava na sala pra encrencar com ela. – Repete o que falou de mim pra ver. Não vai mas reconhecer essa sua cara feia no espelho.

Ou a minha voz estava mesmo amedrontadora ou minha expressão assassina a fez recuar. Notei uma feição de medo no rosto dela, mas logo ela se virou, resmungando algo como ‘você me paga’.

Voltei meu olhar pra frente, tentando ignorar os olhares amedrontados que recebia. Sim, eu fiquei mesmo parecendo uma marginal, mas nem ligo, adoro colocar medo nas pessoas.

Fiz em menos de 10 minutos os 8 exercícios de Geografia que o Asuma havia passado e reparei que Sasuke não estava tendo a mesma sorte. Sorri maleficamente já que ele teria que me pedir ajuda.

Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu notebook fez um barulho baixinho e vi que havia recebido um email. Curiosa, abri o mesmo, lendo uma mensagem simples:

“Sakura,

Tem o fim de semana livre? Está passando um ótimo filme e queria saber se não gostaria de ir comigo. Espero que tenha permissão pra sair no final de semana. Apreciaria muito sua companhia.

                            Gaara.”

Tudo bem, eu hiperventilei naquele momento. Sim, o cara gato e enigmático tinha me chamado pra sair *-*

Sasuke deve ter percebido algo estranho, tanto que pro meu notebook, e, ao ler a mensagem, fez uma cara enormemente feia.

Eu fiquei tão deslumbrada com o email de Gaara, que, depois de responder com uma resposta positiva, fiquei fitando o monitor um tempão.

- Srta. Haruno, já que terminou seus exercícios excelentemente, peço que ajude o Sr. Uchiha, já que o mesmo parece estar tendo problemas com os dele. – pediu educadamente o professor enquanto olhava meu dever que estava aberto no monitor.

Assenti positivamente e me virei para Sasuke, me perdendo em seus olhos ônix. Ele me fitou curioso e uns momentos depois me deu um sorriso malicioso e convencido, que me fez fechar a cara totalmente.

- Então, não consegue fazer o que? – perguntei fria e grossa, assim como ele era comigo. Notei uma mudança rápida na expressão dele, talvez surpresa, mas foi muito rápido para que pudesse assimilar.

Ele apontou uma questão digitada no notebook e eu desatei a explicar pra ele, numa voz baixa e desprovida de emoção.

Assim que tocou o bendito sinal, juntei minhas coisas rapidamente, já que na quarta feira não tínhamos aula depois do intervalo.

Corri para o quarto, não antes de cutucar cada uma das meninas pedindo uma reunião urgente no quarto.

Me joguei na cama, de uniforme mesmo, super feliz. 10 minutos depois, as meninas foram entrando uma por uma no quarto, e assim que todas entraram desataram a perguntar tudo.

- Eii, parem com a feira ok? – falei tentando colocar ordem ali. – É algo muito importante mesmo.

- Fala logo criatura, to curiosa! – berrou Ino se empoleirando na minha cama.

Quando as meninas estavam todas acomodadas, suspirei umas duas vezes, fazendo suspense. Quando até a calma Hinata estava quase me matando, decidi falar logo.

- Gaara me chamou pra sair! – gritei de uma vez.

Quem estivesse passando por ali pensaria que estava havendo um ataque terrorista ou que estávamos vendo Resident Evil 4 no escuro total. Ok, péssima analogia, mas abafa. O que interessa é que gritamos muito.

- Jura? – perguntou-me Tenten mais calma. – Gaara nunca saía com ninguém, sei disso porque a Temari que é irmã dele é uma amiga minha.

Confirmei com um aceno de cabeça e recomeçamos a gritar.

Já era tarde quando fomos dormir, afinal, não era todo dia que Sabaku no Gaara chamava alguém pra sair.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Os dias da semana se passaram muito rápido, e eu e o Uchiha não nos falamos, só o estritamente necessário e referente à aula.

Era uma sexta-feira à tarde, e eu estava com Sasuke na biblioteca. Não que eu quisesse, não pense merda.

Estávamos fazendo o trabalho da Kurenai e eu queria dormir, afinal, já era bem tarde. Tá não era tanto, mas eu não tinha dormido muito T-T

(Sasuke POV)

Aquela garota estava me deixando maluco. Não parecia estar ali completamente, só de corpo.

Provavelmente a alma estava pensando no Gaara. Maldito! Não que eu me importe que ele a chame pra sair, mas... Ah! Esquece!

Ela apoiou a cabeça na mesa fazendo a franja rósea, que normalmente cobre os olhos esmeraldas, tampar quase toda a face. Ela ficava linda daquele jeito, parecia um anjo.

Um anjo que estaria à mercê do meu companheiro de quarto em um cinema escuro e totalmente romântico.

Ah! Kuso! Só esse simples pensamento já me deixava louco. O que estava acontecendo comigo? Porque não posso imaginá-la sendo tocada por outro...?

Esquece! Só sei que vou estar nesse encontro se qualquer jeito, mas pra isso teria que encontrar uma companhia (lê-se: vítima x.x) pra que eu pudesse estar no cinema. (N/A: quero ser sua vítima Sasu-kun *-* /ignorem -q)

E pra minha sorte, ou talvez meu azar, a pessoa perfeita entrou ali naquele momento. Talvez não perfeita, mas irritaria meu anjo de cabelos róseos. Kuso! Porque eu tenho que ficar elogiando essa praga rockeira e rosada?

Ai Kami-sama! Eu não me entendo, mas deixa isso pra mais tarde. A ruiva idiota da Karin se aproximou de mim, exalando aquele perfume doce e enjoativo, nojentamente enjoativo.

Tentei disfarçar uma careta quando ela pulou no meu pescoço, fazendo a mesa tremer, e consequentemente acordar Sakura que estava adormecida.

Ela levantou a cabeça meio zonza, os cabelos compridos espalhados pela face marcada com na bochecha com caneta.

Tentei não rir, me virando para Karin que abriu um sorriso enorme. Ela não era feia, tinha que admitir, mas me irritava o modo como chamava meu nome.

- Karin, tem planos pro fim de semana? – perguntei friamente a ela, mas parece que ela não se importou, já que o sorriso se alargou como se estivesse ganhando o melhor presente de sua vida. Sim, eu não sou nem um pouquinho narcisista u.ú.

(Sakura POV)

Ele estava chamando a vaca ruiva pra sair? Nani? O.o? como pode isso? O mundo estava mesmo de cabeça pra baixo.

Poderia até achar que era um pesadelo se aquele troço idiota não tivesse berrado no meu ouvido com aquela voz estridente.

- Claro que sim Sasuke-kun! – relinchou aquela cavala enquanto se empoleirava no pescoço dele. Virei o rosto pra não ver aquela cena e felizmente quando voltei a olhá-los ela já tinha desgrudado.

- Ok. Amanhã me espera no portão 19:00, o lugar onde vamos é surpresa. – falou ele, em um tom claro de dispensa.

Aquele ser imbecil que alguns chamam carinhosamente de Karin, mas que por mim poderia ser chamado de ser alienígena saltitante de perfume barato saiu saltitando alegremente da biblioteca.

Não sabia por que aquilo me afetou tanto, mas eu nem ligava, sairia com o Gaara e era tudo que importava ^.^/

- Se não se importa Uchiha, tenho um encontro amanhã, e não quero parecer aquele troço ruivo, por isso tenho que dormir direito. Ja ne! – falei bruscamente, pegando minhas coisas e saindo dali o máximo que podia.

Não parei até chegar ao quarto, onde literalmente me joguei na cama e adormeci.