Sacrificium escrita por Lady Salvatore
Notas iniciais do capítulo
Oi galerinha! :)
Bem, essa é minha primeira fic sobre o universo de Harry Potter. Na verdade nunca me imaginei escrevendo algo sobre isso, mas não pude resistir a uma estranha vontade que me assolou ontem...
Enfim, espero que esteja ao menos aceitável.
Sangue ruim... Aquelas duas palavras vinham o assombrando há dias, desde que haviam escapulido em meio a uma discussão.
Draco não sabia explicar exatamente o porquê, mas Ronald Weasley parecia ter o dom de lhe tirar do sério apenas por respirar no mesmo ambiente que ele. E “ela” parecia estar sempre ao lado dele, pronta para defendê-lo.
E mais uma vez, o garoto Malfoy se via sentado em sua cama, num dos dormitórios da Sonserina, acordado em plena madrugada após ver Hermione Granger com os olhos rasos d’água e caída de joelhos à sua frente, em mais um dos vários pesadelos que insistiam em atormentá-lo.
O xingamento que proferira ecoou por sua mente por longos minutos, fazendo-o sentir uma estranha necessidade de gritar ou quebrar alguma coisa, apenas para extravasar um pouco daquela frustração sufocante.
Infelizmente, nem Vincent nem Gregory poderiam ajudá-lo naquele momento. “Criaturas desprovidas de cérebro, como eram Crabbe e Goyle, não poderiam entender de sentimentos conflitantes, certo?”, pensou ele, apanhando o casaco que largara sobre o criado-mudo e dirigindo-se para a sala comunal em seguida, tentando não acordar ninguém enquanto isso. Afinal, não queria ninguém olhando-o com desconfiança e perguntando o que fazia acordado àquela hora.
Se, por um lado, se sentia razoavelmente orgulhoso por estar honrando seus antepassados, agindo como o sangue puro que era, um legítimo sonserino, o último da linhagem dos Malfoy; por outro, sentia-se um completo idiota, um imbecil de primeira categoria, preconceituoso, arrogante e infeliz por se ver obrigado a afastar e magoar a pessoa que ele mais gostaria de ter perto de si.
Um dos fardos de ser quem era, filho de Lúcio e Narcisa Malfoy, era agir como se o resto do mundo - mágico ou trouxa – fosse escória, peões em um jogo de xadrez que poderiam ser sacrificados pelo bem maior, a segurança do Rei.
Por muitos anos, Draco realmente pensara assim. Mas após seu primeiro ano em Hogwarts, sua visão sobre as coisas começara a mudar. E naquele momento, sentado em frente à lareira, ele se questionava se aquilo fora bom ou ruim para si...
A coragem, inteligência e perseverança daquela garota o fizeram pensar muito durante as últimas férias. Hermione o fizera enxergar que o sangue e a linhagem não eram capazes de definir a grandeza de um bruxo. Seus atos frente às dificuldades, por outro lado, eram parâmetros muito mais confiáveis.
Infelizmente para ele, seria obrigado a se portar de maneira elitista, da maneira que fora criado, até ter coragem suficiente para assumir quem de fato queria ser.
**********
As semanas, assim como os meses, se arrastaram para Draco. Mas diferente do ano anterior, Hogwarts parecia estar sob ataque de um inimigo poderoso e invisível, que era capaz de petrificar quem ousasse cruzar seu caminho. A escola já não parecia segura para ninguém, principalmente para aqueles que eram nascidos trouxas pelo que haviam visto até então.
Seu pai até chegara a lhe explicar que a tal “câmara secreta”, sobre a qual todos cochichavam pelos corredores, já fora aberta uma vez há muito tempo atrás, e na época, uma estudante havia morrido. E ele sabia que se arrependimento matasse, ele já não estaria mais respirando desde o momento em que dissera a Crabbe e Goyle que não se importaria se a sangue ruim a ser morta dessa vez fosse a grifinória sabe-tudo. Mal sabiam eles que, se fosse dado a Draco o poder de escolher, ele trocaria de lugar com Hermione sem pensar duas vezes...
Com a apreensão e o medo florescendo tal qual ervas daninhas dentro dos muros do castelo, ele, mais do que qualquer outro, precisava manter a pose de destemido frente aos demais, um sonserino de sangue frio que era capaz de se divertir num momento como aquele.
O que mais lhe incomodava era ver o desprezo no olhar de Hermione a cada vez que ele abria a boca para falar qualquer coisa sobre aquele assunto. Ela não tinha como saber, logicamente, mas cada palavra dura que ele proferira o machucava mais do que a ela.
Naquela noite em especial, após mais um ataque, o que ele mais queria era correr até Hermione, segurá-la de frente para si e confessar que estivera mentindo e interpretando desde que retornara das férias.
Em seu devaneio, assim que esclarecesse tudo, a garota teria grandeza o bastante para perdoá-lo e sorrir, abrigando-o num abraço apertado e acalentador. Então poderiam colocar todas as suas diferenças de lado e Draco enfim poderia confessar que fora ela que o fizera enxergar as coisas de outra maneira.
Para tristeza do garoto, seus devaneios não deixariam de ser o que eram. Vê-los se tornarem realidade parecia impossível sob as atuais circunstancias.
O toque de recolher imposto pelos professores soaria a qualquer instante, e ele sabia que estaria encrencado se fosse pego fora da cama depois do horário. Mas algo lhe dizia para não deixar Hermione desprotegida, e se fosse preciso ficar em detenção com Filch por umas duas semanas, ele pagaria o preço.
Ela, como em muitas outras ocasiões, ainda estava rodeada por livros e mais livros na biblioteca, pesquisando sabe-se lá o quê! Draco, por sua vez, mantinha-se oculto atrás de uma das estantes, observando a garota atentamente e sem fazer barulho.
Ao vê-la fechando os livros, o garoto se recompôs rapidamente e seguiu para fora da biblioteca, ocultando-se em um pequeno corredor escuro para que a menina não notasse sua presença.
Poucos minutos depois, Draco pode vê-la se aproximando de onde ele estava, carregada de vários livros que aparentavam ser três vezes mais velhos do que o próprio Dumbledore! O garoto precisou conter os risos após aquele pensamento, ou acabaria entregando sua localização.
No instante seguinte, um som – que mais parecia o farfalhar de folhas secas no chão – chamou sua atenção. Aparentemente, ele fora o único a notá-lo, pois Hermione não parecia tão alerta quanto ele.
Sem pensar direito no que fazia, Draco deixou seu esconderijo e pulou para o corredor melhor iluminado, assustando a garota ao ponto de fazê-la derrubar tudo no chão.
- O que está fazendo aqui, garoto? – ela indaga após se recuperar um pouco. – O que está aprontando dessa vez? – e ali estava o tom acusatório que ele conhecia tão bem, o tom que o fazia desejar ser qualquer outra pessoa que não ele mesmo.
- Você não ouviu, não é Granger?
- Ouvi o quê? – Hermione questiona desconfiada. – Escute aqui Draco, seja lá o que...
- Shiu! – o garoto sussurra, tapando a boca dela com uma das mãos. – Acho que não estamos sozinhos aqui – continua ele, ouvindo aquele som estranho outra vez. Agora a garota também parecia mais apreensiva, com certeza ouvira aquele ruído também.
- O que vamos fazer?
- Preciso que confie em mim – ele responde, segurando-a agora pelos ombros para que olhasse bem em seus olhos. – Consegue fazer isso?
Quando Hermione finalmente acenou afirmativamente, Draco tomou a mão dela na sua, fazendo-a andar atrás de si com cautela.
Já haviam virado em dois ou três corredores quando o som estranho ficou mais alto, fazendo a garota segurar a mão dele com força. No instante seguinte, o garoto apenas a aninhou em seus braços na tentativa de protegê-la, seu olhar encontrando dois globos muito amarelos antes de tudo à sua volta ser engolido pela escuridão.
********
Ao abrir os olhos, Draco se deparou com um cenário familiar. Ao que parecia, estava deitado em sua cama, completamente encharcado de suor após mais um pesadelo. O garoto nem ao menos se esforçou para conter o suspiro de alívio ao perceber que tudo aquilo não havia sido real, que ele e Hermione estavam a salvo em suas respectivas camas, seguros - mesmo que apenas momentaneamente.
Seus colegas de quarto dormiam tranquilamente, alguns deles até mesmo roncando alto. Por um momento, o garoto se questionou como o resto da casa da Sonserina não despertava com todo aquele ruído...
Totalmente desperto, o loiro deixou sua cama e se encaminhou mais uma vez para a sala comunal. Ali, à luz trêmula das chamas, Draco já conseguia se sentir um pouco melhor, pois sabia que se fosse mesmo necessário, estaria disposto a qualquer sacrifício para manter aquela linda sabe-tudo a salvo. Sabia que a partir daquele instante, estava um passo mais perto de se tornar a pessoa que queria desesperadamente ser.
Munido daquela certeza, o garoto aconchegou-se da melhor maneira que pode em um dos sofás mais próximos da lareira, deixando a mente vagar em mais um de seus devaneios... Quem sabe, em algum tempo, eles pudessem deixar de ser apenas devaneios, não?
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