Ouço uma melodia, de alguma forma, parece que a conheço, mas não me lembro de já ter a escutado, a voz que está murmurando a música, Por que meu coração bate mais rápido ao ouvi-la?

Essa melodia e essa voz, me fazem lembrar de uma memória, escavada no fundo de minha mente:

– Que música é essa? Você estava murmurando essa mesma música quando estávamos trabalhando mais cedo.

Essa é a minha voz, eu fiz essa pergunta... uma menina de cabelos brancos e olhos amarelados responde:

– Qual era mesmo?

Outra voz, feminina também, responde:

– É aquela... A última música que a Iwasawa-san cantou.

"My song", tenho certeza que esse é o nome da música. Depois dessa breve lembrança, me viro para ver quem estava murmurando, estava encostada na parede, tinha acabado de pegar o celular, ela tinha cabelos brancos, estava usando um chapéu, então não deu para ver os olhos, mas... Eu sabia quem era ela... Eu sabia.

Ela se desencosta da parede e dá uma passo na direção oposta a que eu estava indo.Quando percebo, meu corpo já está correndo atrás dela, meus braços esticados, minha mãe perto de seu ombro, eu encosto minha mão em seu ombro e ela se vira, um pouco assustada.

Seus olhos são amarelados, ela é igualzinha a menina de minha memória.

– K- Kanade?

Ela pareceu ter se assustado ainda mais com a pronuncia de seu nome, mas após alguns instantes, ela responde:

– Yu... Yuzuru.

Outra lembrança, dessa vez um pouco mais clara:

– Por favor, Yuzuru, diga mais uma vez o que você disse antes.

– Não... Eu não posso! Você vai... Você vai desaparecer!

– Yuzuru. Por favor!

– Eu não posso fazer isso!

– Yuzuru! Deixe-me acreditar no que você sempre acreditou! Que viver é maravilhoso. Yuzuru...

– Kanade... - nós nos abraçamos- Eu te amo. Vamos ficar juntos para sempre.

– Obrigada, Yuzuru... - eu estava chorando, não consegui lembrar o que ela disse após isso.

– Por favor, não desapareça! Kanade! - eu estava chorando,histericamente.

Consegui lembrar de sua última frase:

– Por essa vida que você me deu... Realmente, muito obrigada.

Depois, só me lembro dela desaparecendoe eu tateando o ar, chorando, caindo de joelhos, procurando por ela e gritando seu nome.

Meus olhos estão marejados, olho diretamente em seus olhos e percebo uma lagrima em seu olho, a abraço e sussuro em seu ouvido:

– Eu te amo, Kanade.

Sinto meu ombro um pouco úmido por causa das lágrimas dela:

– Eu te amo, Yuzuru.