Green Eyes escrita por Kriss Black


Capítulo 3
Estou, onde queria estar...


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais um capitulo quentinho. Espero que gostem!
Bjim



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Duas semanas depois...

Eduardo ficou por duas semanas dando oportunidade ao destino, na vã esperança de que algo mágico acontecesse e puf um reencontro entre ele e Julia aconteceria, mas nada aconteceu. E nesse período ele teve todas as provas de que o inesperado havia acontecido, já não conseguia estudar, estava disperso no estagio, todas as vezes que via uma garota com cabelos curtos e castanhos na rua tinha vontade de ir até ela e ver se era Julia e o mais incrível era que a população de garotas com cabelos curtos e castanhos haviam aumentado significativamente aqueles dias... Era frustrante aquela situação, pois ele havia detectado seu problema, mas não tinha reunido a coragem suficiente pra saná-lo e isso era tão típico dele. Sentia tanta falta dela que era doloroso, queria ao menos vê-la por breves momentos, mas sabia que se fosse ao cursinho ou andasse a esmo pela rua da casa da avó dela não conseguiria se controlar e ia estragar tudo, então resolveu deixar a cargo do destino, mas parecia que ele não queria colaborar.

– Chega! – gritou olhando-se no espelho do banheiro. – Vou sair e tentar tirar essa garota da cabeça.

Ligou pra diversos amigos e como havia previsto todos estavam estudando para prova que teriam na segunda, algo que ele próprio deveria estar fazendo se não fosse o fato de não conseguir tirar aquela marrenta da mente. Pegou as chaves da moto e resolveu ir ao cinema iria assistir a um filme bem sangrento e violento, quem sabe ele não conseguiria afugentar aquele novo sentimento. Assim que chegou ao shopping no centro de Belém e viu o tanto de gente que estava ali teve vontade de dar meia volta, mas o que iria fazer em casa? Pelo menos ali ele ficaria rodeado de gente dando a falsa impressão de que não estava só. Andava rumo às salas de cinema quando viu a alguns metros de distancia uma garota de cabelos castanhos em companhia de duas outras pessoas, na hora riu do grau de loucura que ele havia chegado, mas ao ver a garota colocar os cabelos atrás da orelha e balançar de leve a cabeça como se lembrasse que não deveria fazer algo, seu coração disparou e as mãos suaram, quase correu naquela direção. O destino estava brincando com ele só podia ser isso, justo quando estava a ponto de enlouquecer ele o trouxe diretamente pra onde ela estava, quando chegou perto o suficiente para ter a absoluta certa de que era ela, seu coração batia freneticamente no peito como se ele fosse um adolescente, respirou fundo pra se controlar e eliminou o espaço que os separavam.

– Oi marrenta. – cumprimentou Eduardo ficando de frente pra ela.

Viu com certo contentamento que ela se assustara com o aparecimento inesperado dele e logo em seguida ficou com aquela expressão que beirava a raiva, mas a deixava ainda mais linda.

– Ah oi. – falou simplesmente.

Eduardo viu as outras duas pessoas olharem pra eles sem entender a tensão evidente que estava ali e apressou-se em se apresentar.

– Olá, sou Eduardo, um conhecido de Julia. – falou entendendo a mão ao garoto que ele reconheceu ser o mesmo que foi procurar por Julia aquele dia no pátio e já não gostou muito dele. E ao pegar a mão da outra garota a beijou como um verdadeiro cavalheiro e sorriu quando percebeu que a garota havia ficado vermelha.

– Sou Mariah ou Mah e esse mudo aqui é o Joaquim, somos amigos da Ju! – falou. Olhando mais uma vez aos dois completou. – Sabe Ju, já estava mesmo indo embora! Não estou me sentindo bem e o Kim vai me dar uma carona. – Mah tinha um riso contido na voz.

– Vou? – perguntou Kim.

– Claro que sim! – afirmou.

– Vou com vocês. – disse Julia se levantando.

– Não, fique ai conversando com o Eduardo e você estava louca pra ir ao cine, tenho certeza que ele poderá te acompanhar! Não é mesmo? – indagou Mah.

– Vim ao cinema também, podemos fazer companhia um ao outro! – afirmou Eduardo em estado de êxtase.

– Então problema resolvido, vamos Kim! – Mah saiu rapidamente puxando um Kim contrariado e deixando uma Julia sem ação pra trás.

Julia não acreditava no que tinha acabado de acontecer e iria matar Mah assim que a visse outra vez, ela tinha dito a amiga no dia anterior que estavam acontecendo coisas estranhas com ela e que tudo tinha começado depois de conhecera Eduardo, contou da noite que ele havia aparecido na casa de sua avó e como ele tinha desaparecido do mapa depois daquela noite. Julia não entendia o porquê de ficar tão aborrecida com o fato de ele sumir e Mah havia ficado maravilhada com aquela história e disse já saber o que estava acontecendo, mas não diria, pois a amiga iria ter que descobrir sozinha e no momento que Eduardo havia aparecido ali parecia que tudo aquilo havia retornado, depois de primeira semana sem vê-lo pensou que tudo iria passar, mas não, no momento que Julia viu aqueles olhos verdes o mundo pareceu começar a rodar em outro eixo e ela voltou mais uma vez aquele estado de tensão que sentia quando ele estava por perto.

– Bem, agora só sobramos nós dois. – falou Eduardo sentando em frente a ela. – Que filme vamos assistir?

– Nenhum, estou indo embora também. – disse Julia levantando-se, mas ele a segurou pelo pulso e Julia precisou se segurar pra não suspirar ao sentir o toque dele. – O que é? – ser ignorante era sua melhor defesa.

– Para com isso vai. – pediu. – Vamos começar de novo? Vamos esquecer o incidente lamentável com o cigarro e a outra noite. – ele deslizou a seu aperto até a mão dela e a segurou com carinho. - Vamos apenas ser duas pessoas se conhecendo. – Julia olhou pra ele por alguns segundos ignorando o formigamento que ele produzia em sua pele, ela suspirou e voltou à cadeira. – Eduardo, prazer. – estendeu a mão pegando a de Julia mais uma vez e a beijando.

– Julia. – disse revirando os olhos.

– Pronto, agora parecemos pessoas civilizadas. – sorriu. – Julia, gostaria de assistir um filme comigo? Diga que sim, por favor, preciso espairecer a cabeça. – pediu fazendo cara de cachorro pidão.

– Você sempre faz essa cara quando quer alguma coisa? – perguntou Julia sorrindo.

– Só pras pessoas que valem a pena.

Julia olhou pra ele e tentou fazer seu cérebro pensar rápido, mas as decisões racionais pareciam ter saído pra passear e ela optou pela curiosidade de descobrir de uma vez por todas o que aquele cara tinha de tão especial pra deixá-la dessa maneira.

– Tudo bem, vamos ver um filme. – murmurou.

– Senhorita. – disse Eduardo indo pra trás da cadeira dela e ajudando-a a se levantar. – Sou uma pessoa bem educada e não mais fumante devo acrescentar!

– Muito bem, ganhaste mais uns anos de vida Doutor!

Eduardo sorriu e começou a caminhar ao lado dela e ele teve que usar todo seu auto controle pra não ficar olhando o tempo todo pras pernas expostas de Julia, que trajava uma saia Jens curta, uma blusa vermelha frouxa e um All Star vermelho de cano alto com uma espécie de brasão desenhado a mão, ela estava tão linda que era difícil ele parar de olhá-la.

– Alôoo. – Julia estalava os dedos em frente ao rosto dele. – Terra chamando.

– Sim, desculpa, me distrai! – sorriu Eduardo. – Você está muito linda e é desconcertante! Que desenho é esse no seu tênis?

– Ahhh obrigada. É o brasão de Hogwarts e o da Grifinória. – ele a olhou confuso. –São do Harry. – revirou os olhos quando ele sorriu com deboche. – Cala a boca! E posso escolher o filme?

– Claro, desde que não seja Harry Pott... – começou a dizer, mas quando olhou pra ela percebeu que era exatamente esse que ela queria. – Ah fala sério?!

– Por favor... – pediu batendo as mãos agitada igual uma criança de cinco anos. – Ou eu assisto esse e você outro, sem problemas.

– Affs, tudo bem! – O que não fazemos quando o assunto é mulheres? Pensou resignado.

– Eba! – exclamou pulando no pescoço dele e o abraçando, mas na hora pareceu perceber o exagero e o soltou rapidamente. – Desculpa, me empolgo quando o assunto é o Harry.

– Percebi, mas tudo bem. Adoro quando garotas bonitas pulam em cima de mim! – sorriu dando de ombros.

– Metido. Mas a euforia foi desnecessária o filme saiu de cartaz! – reclamou Julia olhando outra vez ao painel de filmes, Eduardo agradeceu internamente, mas adorou o breve contato que o corpo deles tiveram.

– Que pena, eu realmente ia assistir. – debochou.

Julia olhou feio pra ele que rapidamente fechou a boca com um zíper imaginário e ela sorriu, com toda certeza as coisas estavam menos tensas entre eles. Eduardo foi olhar o painel também pra ver suas opções e não gostou muito dos filmes em cartaz, mas só o fato de estar ao lado dela já era o suficiente, Que cara patético estou ficando, essa garota deve ser uma bruxa só pode! Sorriu com o pensamento, pois imaginou que aquilo seria um elogio para ela, diante do fascínio que ela tinha por bruxos. Julia ficava se balançando na ponta dos pés enquanto lia umas sinopses e tentava ignorar o fato dele estar olhando fixamente seu rosto, ignorar era a melhor maneira dela não ceder ao impulso de abraçá-lo outra vez e era tão estranha essa necessidade que sentia de ficar perto dele, querer tocar, ouvir a voz, as dezenas de pessoas que estavam ao redor pareciam não existir e agora ela estava começando a entender o que a amiga queria que ela descobrisse sozinha e não estava gostando muito dessa ideia, Julia bufou de frustração.

– Não gostou das opções também? – perguntou.

– Não muito, acho que vou pra casa mesmo! – falou Julia dando de ombros.

– Não, vamos fazer outra coisa. – apressou-se em dizer. – Podemos ir a algum lugar... Já foi na estação das docas depois que ela foi reinaugurada? – Eduardo não ia perder aquela oportunidade tão fácil. – Vamos lá, sei que precisa espairecer também! Queria tirar aquela má impressão que teve minha, me deixe te levar pra dar uma volta.

– Você é insistente heim. – Julia olhou ao redor por duas vezes pra não cair na tentação de olhar nos olhos dele e ceder ao pedido, mas sua mente gritava pra ela aceitar o convite e o tom de voz dele fazia seu coração pular no peito. – Tudo bem, ainda não fui lá e á essa hora não deve estar tão quente.

– Boa garota, nossa você é difícil de ceder. – comentou Eduardo dando o braço pra ela segurar enquanto andavam ela hesitou por uns instantes, mas aceitou a cordialidade e começaram a caminhas em meio as pessoas. – Agora só mais uma coisa, tens algo contra motos?

– Não, desde que elas estejam a uma distancia segura de mim. – falou dando de ombros.

– Hum... Então temos um problema. Estou de moto hoje! – ela parou de andar, mas ele a puxou. – Qual é? Você parece ser uma garota corajosa e sou um ótimo motorista.

Julia ficou em silencio todo o caminho até o estacionamento, pois tentava achar uma justificativa que não a deixasse como uma criança medrosa e já estava entrando em pânico porque estavam chegando e nada. Respira Julia! Era um medo sem fundamento sabia disso, mas moto era um veiculo tão inseguro que a deixava em pânico só de se imaginar em cima de uma. O medo aumentou ainda mais quando eles pararam em frente a uma moto prata gigante e completamente diferente do que ela estava acostumada a ver nas ruas de Belém, o assento era de dois níveis, pneus de tamanhos diferentes que não pareciam nada simétricos e seguros... Ela era linda devia admitir, mas porque tão grade? Eduardo sorriu da reação dela.

– Essa aqui é Sophie, minha paixão. – apresentou dando um tapinha no assento. – Ela era do meu tio, mas ele casou e me deu de presente quando passei no vestibular! Uma legitima Harley Davidson Deuce 2003, linda não é?

– E assustadora. – murmurou.

– Você confia em mim? – perguntou colocando o capacete na cabeça dela. Sorte que ele sempre andava com um par de capacetes e tentava não rir da cara de pânico que ela fazia.

– É pra responder a verdade? – perguntou Julia.

Eduardo sorriu enquanto fechava a trava de segurança de baixo do queixo dela e a olhou sério.

– Vou refazer meu argumento: Você pode confiar em mim! – e ali ao olhar a sinceridade inserida nos olhos dele, Julia percebeu que poderia mesmo. – Será uma viagem rápida e prometo não ir com velocidade alta.

– Ok, acho que já está na hora de fazer algo fora da minha rotina. – disse Julia com um sorriso amarelo.

Eduardo afagou a mão dela e foi colocar o seu capacete, ele subiu na moto e a puxou pra ajudá-la a sentar, o assento do passageiro era mais auto que deixava Julia quase na mesma altura que a dele, mas ela ainda não sabia como iria manter o equilíbrio, Não tem sinto de segurança? Ai meu Deus.

– Você apoia os pés aqui. – indicou os pedais. – E pode se segurar em mim. – ele puxou os braços dela os colocando ao seu redor percebendo que ela tremia ligeiramente afagou sua mão na tentativa de acalmá-la. – Respire fundo e curta o vento no rosto, essa moto é uma maquina incrível e você nunca vai esquecer essa experiência, eu garanto!

Julia fechou os olhos quando ouviu o som do motor apertando os braços ao redor dele e quando sentiu que começaram a andar o apertou ainda mais, ela estava completamente ciente de que estava abraçada a Eduardo e mais ciente ainda dos músculos que segurava, nunca imaginou que estudante de medicina tivessem tempo de malhar, mas ela também nunca imaginou que estudantes de medicina tivessem vida, então essa tese estava bem furada principalmente depois que conheceu o cara que ela estava abraçando. Ele tinha um cheiro tão gostoso que Julia precisava se lembrar que não poderia ficar cheirando ele e agradeceu o fato de estar de capacete ou com toda certeza estaria com o rosto colodo na camisa dele e aproveitando aquele aroma. Em um determinado momento ela abriu os olhos e decidiu que não era uma boa ideia ver os carros passando por eles, preferiu ficar de olhos fechados e curtir o vendo que batia no rosto, o clima estava fresquinho pois havia chovido mais cedo e deixando à cidade menos quente, tentou relaxar o aperto em torno dele, mas sentiu se desequilibrar e voltou a apertá-lo pode sentir que ele riu. Eles começaram a diminuir a velocidade e Julia achou seguro abrir os olhos se viu diante de uma grande estrutura de vidro espelhado, eram os novos armazéns do antigo porto de Belém que desde 2000 havia virado a Estação das Docas e abrigava restaurantes, lojas e uma orla. Era climatizadas e cheias de coisas pra turistas verem, claro que os moradores também vinham, mas essa repaginada nas docas foi devido sua transformação em ponto turístico de Belém.

– Ainda viva? – perguntou Eduardo quando desceram da moto.

– Acho que sim. – disse Julia com as pernas ainda bambas.

– Falei que podia confiar em mim, mas da próxima vez tente relaxar um pouco mais ou você pode magoar Sophie, ela é uma menina bem sensível. – brincou guardando os capacetes.

– Você sabe que é super estranho dar nomes a automóveis, né?

– Eu faço muitas coisas super estranhas e se eu fosse te contar todas agora, ficaríamos aqui por dias. – brincou. – Vamos.

Assim que eles entraram nas Docas Eduardo viu com divertimento como Julia olhava tudo com curiosidade, os olhos ágeis dela variam o espaço com precisão e ele mesmo lembrou-se de ter agido dessa mesma maneira quando veio ali pela primeira vez era incrível o modo como eles haviam restaurado tudo e deixado com um ar moderno, era um espaço lindo, amplo recheado de pequenas lojas que iam desde joias artesanais até restaurantes famosos da cidade. Andavam sem pressa conversavam sem parar, era quase como se fossem conhecidos de longa data e Julia se viu gostando cada vez mais da companhia dele, Eduardo era divertido e inteligente, conseguia conversar sobre tudo e a cada novo assunto ele parecia ter opinião formada tentando convencê-la de que ele era o certo ou que tentava vencê-la pelo cansaço, mas ela já havia percebido a estratégia dele e não se deixava vencer facilmente, muitas vezes eles caiam na gargalhada por uma discussão boba. Quando se encaminharam ao lado de fora do grande galpão perceberam que já estava quase escuro e Julia se assustou com a hora, mas ao ver aquela imagem a sua frente esqueceu-se de tudo no mesmo segundo que lembrou, era uma paisagem linda da Baia de Guajará, que banhava Belém, na cor cobre devido ao pôr do sol no horizonte e somado ao céu azul acinzentado era a coisa mais linda que ela havia visto, andou até a beirada do píer e ficou ali sentindo o vento e admirando aquele belo espetáculo da natureza, Julia sentia-se bem como a muito não se sentia...

Eduardo estava em total delírio desde o momento que sentiu os braços dela ao seu redor, não sabia as proporções daquele novo sentimento até tê-la assim tão próximo dele, parecia que ele havia vivido todo esse tempo pra viver aquele momento, sim ele sabia que essa definição era tremendamente clichê e brega, mas era a mais pura verdade. Julia fazia ele se sentir inseguro quase infantil de um modo que nunca havia sentido antes e estar com ela era maravilhoso, pois ela sabia conversar e não era mais uma mulher bonita, ela era inteligente e sensível, conseguiu conversar com ela sobre assuntos que jamais pensou em dividir com alguém e ela agia com tanta naturalidade que precisou se lembrar de como fechar a boca ou se policiar pra não ficar com cara de bobo, ele estava fascinado pela garota de cabelos castanhos e lindas sardas no nariz... Ele ficou observando-a ir à beira do píer e admirar a vista da Baia, já ele não conseguia ver nada a não ser Julia que sorria com os olhos fechados, o vento bagunçava seus cabelos e Eduardo só conseguia ver quão linda ela ficava quando relaxava.

– Devias fazer isso mais vezes. – disse quando chegou ao lado dela.

– Fazer o que? Vir aqui? – perguntou ainda de olhos fechados.

– Vir aqui também, mas me refiro a sorrir desse jeito. – Julia o olhou e com o movimento seus cabelos cobriram seu rosto, Eduardo sorriu e os colocou atrás da orelha, deixando sua mão repousar na bochecha dela. – Nem parece à mesma garota que conheci á semanas, parece livre e feliz.

Julia não teve resposta de imediato, pois estava tentando achar as palavras, mas o fato dele estar acariciando seu rosto não ajudava em nada seu cérebro a funcionar, ela não o conhecia direito, mas percebeu que algo nele estava diferente, o modo como ele a olhava era de veneração e carinho... Agora mesmo ele fazia isso, aqueles olhos verdes estavam incrivelmente cálidos e gentis que a deixou desconcertada.

– Eu sorrio. – disse depois de um tempo. – Mas às vezes esqueço que coisas lindas como essas existem. Fico tanto tempo estudando que me esqueci de como é sair e ficar só sentindo a brisa do rosto. – confessou. – E para de me olhar assim!

– Assim como? – perguntou Eduardo se reencostando na barra de proteção.

– Assim, como se estivesse vendo minha alma. – falou virando o rosto. – Não gosto de ser analisada.

– Desculpa, mas estas tão linda que é impossível não te admirar. – falou Eduardo se aproximando dela.

– Ok, Dom Juan. – disse Julia virando-se pra ele outra vez. – Essas coisas não funcionam comigo, se quiser podemos ser amigos e só! – completou. – Não tenho tempo pra nada mais.

– Muita pretensão sua achar que quero mais que amizade. – riu Eduardo.

– E não está? – inquiriu. – Pensa que não percebi como olhou pra minhas coxas enquanto tomávamos o café? Ou então pensa que não vejo como tenta manter os olhos longes do meu decote? – Julia cutucou o peito dele. – Se tem uma coisa de que me orgulho é da minha imunidade com relação aos homens! Já tive a minha quota de mulheres sofrendo ao meu redor e não pretendo entrar pra essa estimativa.

– Quanta amargura! Quem disse que irá sofrer? – riu. – Não vou mentir quanto ao decote ou as coxas que com todo respeito são lindos... Mas está errada quanto a minha pretensão.

– Então não estas com outras intenções? – perguntou Julia e sentiu uma pontada de decepção. – Melhor ainda podemos ser grandes amigos, uma vez que nem és tão chato quanto imaginei!

– Cada coisa á seu tempo. – disse Eduardo voltando a olhar a baia. Era claro que ele queria outro tipo de relação com ela, mas durante essa tarde percebeu que Julia era especial e deveria ir com calma, as coisas iram acontecer a seu tempo e só o fato de ter a amizade dela já seria maravilhoso e não desperdiçaria uma garota como ela sendo apressado, ele seria paciente.

Julia não entendia o porquê de ter ficado tão decepcionada com a resposta dele, afinal ela não queria se envolver com ninguém esse era seu plano desde sempre, vestibular primeiro, não queria nada atrapalhando sua atenção, mas ouvi-lo negar fez seu coração bater devagar e dolorido. Voltou a olhar o horizonte e tentou não pensar mais nisso, não queria admitir o que estava mudando dentro dela, ainda não, precisava ter mais provas ou acabaria fazendo uma besteira, fechou os olhos e deixou a mente vagar na velocidade do vento que balançava seus cabelos, sentiu quando ele se aproximou mais dela pode sentir o calor que o corpo dele emanava e se segurou pra não encostar suas peles e permaneceu ali de olhos fechados apenas aproveitando a energia que vinha dele.

– Já está ficando tarde, melhor eu ir pra casa! – comentou Julia quando o sol sumiu no horizonte. – Muito obrigada pelo passeio, adorei de verdade. – disse sorrindo pra ele.

– Eu te levo em casa.

– Não precisa, posso pegar um ônibus e chego rapidinho. – apressou-se em argumentar.

– Claro que não, te deixo em casa e ponto. – Eduardo tirou outra vez o cabelo do rosto dela. – Ou ainda está com medo de andar de moto?

– Não é isso, mas se minha mãe me vir chegando em casa num “veiculo inseguro por sua essência” – falou colocando aspas imaginarias na frase. – Ela vai ter um treco, prefiro não arriscar.

– Tudo bem, deixo você na esquina e problema resolvido. – concluiu.

– Como és insistente, por Deus! – riu Julia.

– Não sou insistente, você que é cabeça dura demais, mas tudo bem não tenho o habito de desistir fácil das coisas. - comentou enquanto andavam para o estacionamento.

Julia deu seu endereço a ele e a viagem foi bem menos traumática que a primeira, dessa vez ela conseguiu abrir mais os olhos e ver a cidade toda se iluminar quando a noite caiu por completo, Belém era uma cidade linda e o centro era ainda mais, todas aquelas casas antigas, ruas arborizadas deixavam um ar colonial no meio da modernidade... Ela sentia-se mais leve depois dessa tarde, conversar com alguém que ela não precisava fingir seu estado de espírito era bom, claro que ela adorava seus amigos, mas ali com Eduardo ela podia ser completamente sincera não precisava esconder seus sentimentos por medo de não ser compreendida ou julgada, talvez pelo fato dela não criar grandes expectativas em relação a ele ou ela só estava cansada de colocar a mascara habitual de pessoa compreensiva que nunca precisava de ajuda e nunca havia percebido como esconder seus sentimentos era tão desgastante, ele a deixava segura e diante aqueles olhos tão atentos ela sabia que poderia dizer qualquer coisa que ele compreenderia, era como se conhecessem á séculos e aquela tarde fosse um reencontro. Coisa mais piegas de se pensar... Riu Julia de si mesma. Assim que chegaram a esquina da casa dela ele a ajudou a descer e ficou segurando sua mão por mais tempo que o necessário.

– Pronto, está entregue. – sorriu Eduardo quando ela puxou a mão da dele. – Obrigado pela companhia.

– Eu que agradeço, estava precisando mesmo sair e só conversar. – disse Julia com sinceridade.

– O que acha de sairmos outro dia? Pode ser amanhã. – sugeriu.

– Vamos deixar pra uma próxima, preciso estudar pra compensar essa tarde.

– E a marrenta voltou. – reclamou Eduardo voltando a colocar o capacete.

– Disse não pra sairmos amanhã, mas isso não quer dizer que não podemos ir outro dia! – ela sorriu pra ele e começou a andar na direção de sua casa.

– Poderia ao menos dar seu telefone? – lembrou-se Eduardo.

– Você sabe onde me encontrar agora. – ela sorriu pra ele e começou a andar na direção de sua casa.


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Notas finais do capítulo

E ai mereço um review?
Adorei escrever esse capitulo, tecnicamente amei escrever a estória toda, saio om tanta facilidade e de uma simplicidade que me comove sempre que volto a lê-la, espero de coração que ela também esteja comovendo vocês.
Se puderem divulguem com seus amigos e tragam mais sorrisos ao rosto dessa autora que vos fala!
bjinhos



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