Anteriormente...
Os dois falaram juntos e sorriram, ela se sentou, tomou um gole daquela bebida fumegante e encarou aqueles lindos olhos azuis, os mais bonitos que já vira. Como ela ficava boba nessas situações... Mas ela desviou o olhar, lembrou do foco da conversae resolveu começar.
– Castle, precisamos conversar...

– Eu também acho.
– Vamos esquecer o que aconteceu ontem. – Ela desviou o olha, não queria o encarar.
Ele a fitou sem entender absolutamente nada, ela havia o beijado e agora pedira pra esquecer?
– O que? Por que?
– Porque sim Castle, foi um impulso, apenas um beijo.
– Pra mim não foi só um beijo, você sabe.
– Castle, eu não sei, você acha que sei, mas na verdade eu estou completamente perdida! – Ela passou as mãos no rosto, um sinal claro de nervosismo.
– O que tá dizendo Kate?
– O que eu estou dizendo é que não quero me arriscar, não quero arriscar minha profissão, minha carreira e principalmente os meus sentimentos... Ontem eu me expus demais, e me deixei levar por uma vontade, por um desejo sem pensar nas consequências, mas quando eu cheguei em casa eu percebi o que tinha acontecido, eu apenas cedi. Castle, entenda, não estou dizendo que a culpa é sua, eu quis te beijar e tô lutando contra mim mesma pra não levantar dessa cadeira e fazer tudo de novo, você é incrível. - Ela o olhou, ele estava prestando atenção em suas palavras.
– Eu definitivamente não faço o tipo de suas ex-esposas ou as mulheres com quem você sai, eu sou diferente, não me entrego fácil e quando se trata de sentimento é mais difícil ainda.
– Beckett, foram 4 anos por um beijo. Acha mesmo que eu te acho fácil? E é exatamente isso que me encanta em você, o fato de não ser como as outras, se quisesse as outras eu estaria lá com elas e não aqui com você.
– Castle, “encantar”... Encantamento passa na primeira semana, encantamento serve pra termos um caso, sexo casual, no mínimo.
– Não é uma má ideia... – Ele tentou descontrair mas tudo estava muito tensão.
– Olha aí, você nem consegue levar a sério uma conversa, por que não age como adulto? Sinceramente eu acho que você tem medo de responsabilidades, compromisso...
– E você? Você arranjou todas essas desculpas, tem medo do que? Eu posso responder! Você tem medo de se entregar, de verdade, de coração, com sentimento, tem medo de ser só “sexo casual” e te fazer mais feliz do que um casamento, você tem medo de ser feliz! Você criou uma barreira, com que intuito? Quem a derruba leva o seu coração? Você sabe que essa barreira só pode ser quebrada por você mesma. Kate, por favor, eu nunca te vi ter medo de nada, armas apontadas pra você, maníacos, serial killers... e você agora vai ter medo da própria felicidade?
Ela engoliu a seco, nossa, que banho de água fria! As lágrimas se formaram em seus olhos e uma teimosa insistiu em cair, ela a limpou rápido e o encarou tentando digerir aquelas palavras.
– Olha, eu não quero ter um relacionamento ficcional, preciso de algo real pra minha vida. Quero me casar, ter uma família, comprar uma casa no campo e ir passar as férias lá, eu quero uma vida normal, sem holofotes, sem luxos, eu quero uma vida real, Rick.
Nesse momento ela já não dominava mais as lágrimas, parecia tão frágil, uma boneca de porcelana.
– E por que comigo não pode ser real? O que eu sinto não conta?
– E o que você sente por mim, Castle?
Ele a olhou, pegou sua mão e a olhou nos olhos.
– Eu te adoro, gosto da sua companhia, você me atrai, não só fisicamente, o seu jeito mexe comigo, te admiro... Eu quero estar com você!
– Admiração, atração, desejo, vontade de estar com alguém... – Ela olhou pra cima com intuito de segurar as lágrimas, tirou sua mão da dele, tomou coragem e enfim falou. – Não é o suficiente, eu quero mais. Seja feliz Rick, finja que nada aconteceu. Acabamos por aqui.
Ela o olhou nos olhos, estava ferida. Castle não disse uma única palavra, ficou sentado enquanto ela ia em direção ao elevador, quando a porta se abriu, ele levantou, ficou parado com a esperança de que ela mudasse de ideia e voltasse. Mas isso não aconteceu, ela não voltou dizendo o quanto ela queria ser feliz ao seu lado, que queria uma formar uma família... Ela simplesmente se foi.
Castle congelou, não sabia o que fazer se ia atrás dela ou a deixava partir. Ele optou por respeitar o tempo de Kate. Ele sentou na cadeira dela, percebeu que esquecera sua jaqueta, ele pegou a peça de roupa e cheirou. Cerejas... Ele fechou os olhos e pode sentir a presença dela ainda alí. Abriu os olhos e viu tudo que estava encima da mesa dela, era um pouquinho de Beckett ali; ele abriu a gaveta, se deparou com um boneco de gravetos e lembrou-se da história que Kate havia lhe contado, conseguiu sorrir. Colocou novamente a mão na gaveta e tirou um exemplar de um dos seus livros, não era um lançamento, ele abriu e na primeira página viu que tinha uma dedicatória, percebeu que tinha um papel muito bem dobrado na gaveta, estava bem no fundo só poderia ser visto se o livro fosse retirado. Ele ficou curioso pra saber o que era mas se sentiu culpado por estar invadindo o espaço de Beckett, mas ele não aguentou e pegou o papel, o abriu lentamente e se deparou com uma frase e a caligrafia de Kate:
“Don't give up on me baby!”
Castle sentiu seus olhos umedecerem, a ficha caiu e ele notou que deixou sua felicidade escapar, a mulher da sua vida, o sorriso que o fazia levantar cedo todos os dias e encarar uma rotina que nem era a dele. Então ele pegou uma caneta e embaixo da frase de Kate ele escreveu:
“Never.”
Ele dobrou o papel exatamente como estava antes, mas desta vez ele colocou dentro do livro, na primeira página. Castle arrumou tudo como antes, pegou a jaqueta de Kate, se levantou e foi pra casa.

Apartamento de Beckett
Kate abriu a porta já em lágrimas, agora se sentia livre pra colocar tudo pra fora. Foi logo se livrando das roupas, notou que esquecera sua jaqueta mas nem se importou, foi para o banheiro, ligou o chuveiro e deixo a água tomar conta dela, a água se juntava com as lágrimas que não paravam de cair, esse era o momento dela, o momento que ela estava só com seus pensamentos, ela podia se frágil, fraca, ela não se importava em demonstrar bravura nesse momento, definitivamente ela não precisava ser a destemida Detetive Kate Beckeet, isso as vezes pesava demais, nesse instante ela só queria ser Kate. O seu maior desejo era que a água que escorria pelo seu corpo levasse também as lembranças desse dia terrível. A voz de Castle insistia em ficar na sua cabeça, tudo que ele havia lhe dito, muitas coisas machucaram, machucaram por ser a maioria delas, verdade. Ficou embaixo daquele chuveiro por horas até que tomou coragem pra voltar a encarar a realidade, vestiu uma roupa e secou as lágrimas, precisa de um café bem forte e de uma amiga pra desabafar, ela pegou seu telefone e ligou pra Lanie, já era tarde, mas ela sabia que sua amiga não se importaria em ajuda-la.
Ela se sentou no chão com uma xícara de café e esperou Lanie atender sua ligação.
– Hi, girl
– Hi, Lanie. – A voz de Beckett era frágil, quase sussurrava.
– Não me diga que temos um caso.
– Não temos, mas eu preciso de você. – Lanie ouviu a voz da detetive falhar e percebeu que ela precisava de sua companhia. – Pode vir até aqui?
– Chego em uma hora, fique tranquila.
– Ok. Obrigada, de verdade.
to be continued...