His Girl Monday escrita por LuRocks


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei (bem menos que os três meses habituais).

Boa leitura!



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Jane e Lisbon já haviam invadido a sala há alguns bons minutos, devorado algumas rosquinhas, mas sem nenhum sinal de ninguém interessado em roubar a fita que não existia. Essa situação começou a incomodá-la, já que não estava gostando da ideia de ficar sozinha, não com Jane na verdade, mas com os seus últimos pensamentos.

– Acha que vai demorar? – Ela perguntou angustiada, tentando desviar suas próprias atenções.

– Paciência é uma virtude. – Foi a resposta dele, que tornou a olhar para a janela e a brincar com a moeda por entre os dedos.

Ela poderia ser mais paciente, é claro, se não estivesse agachada no chão, com as roupas molhadas e sentindo um vento frio entrar pela janela. Os seus lábios já não traziam mais a cor vermelha habitual, e mesmo em meio à penumbra azulada da sala, Jane podia ver que Lisbon estava mais pálida do que o normal.

Ele, como o cavalheiro que de fato era, acenou para que Lisbon se sentasse ao seu lado, recebendo uma recusa tímida por parte da esposa.

– Não seja infantil, venha aqui – Jane insistiu, a puxando pelo braço apenas o suficiente para encorajá-la a se levantar de onde estava. No final das contas, Libson acabou cedendo, embora com leve receio.

Então ele passou o braço por detrás de seu ombro, puxando-a para um abraço acolhedor. Ela pensou em resistir a princípio, mas deixou-se levar pela temperatura do corpo dele, que era levemente mais aquecido do que o seu. Ficaram alguns segundos ali, naquele momento de desconforto que precede um contato íntimo. Então Lisbon fechou os seus olhos relaxadamente e encostou o rosto no peito de Jane, aproveitando seu calor e sentindo o cheiro do perfume importado na camisa úmida.

– Eu estive pensando... – Jane começou – Você não precisa morar comigo se não quiser. Eu vou arrumar outra maneira.

– Da última vez que escutei isso, acabei trancada no seu quarto. – Ela ironizou.

– Mas falo sério agora, você tem razão. Foi o nosso trato. - Ele concluiu aborrecido, como se relutasse em admitir algo que parecia óbvio.

– Tudo bem, não tem problema. - E então ela fez uma pausa e suspirou, com receio de se arrepender do que diria a seguir - Eu posso fazer isso, sabe... Ir morar com você.

Jane ficou surpreso. É verdade que surpreendê-lo não era tarefa fácil, mas ver Lisbon tão disposta a ajudar, mesmo depois de causar tantos problemas a ela, definitivamente era algo que nem ele, nem ninguém, esperava.

– Curioso... Por que mudou de ideia? – Perguntou, confuso.

Lisbon deu de ombros.

– Sabe, ainda não concordo, mas acho que consigo compreender sua ótica agora... De fazer errado, pelos motivos certos.

Jane então a olhou com ternura, se sentia muito agradecido e um pouco envergonhado, pra falar a verdade. Ele percebeu o quão idiota havia sido até então. A verdade é que Lisbon não ficaria o tempo inteiro na defensiva se ele não tivesse atacado seguidas vezes. Ela nunca teria causado tantos problemas se ele tivesse agido com mais sinceridade desde a primeira vez que se falaram.

– Obrigado. – E a única coisa que restou a ele foi agradecer. Mas não agradeceu somente a ajuda. Esse singelo obrigado agradecia também à pessoa que ela era, e toda sorte que ele tinha de ter alguém como Lisbon de parceira nessa empreitada. – Você não faz ideia do quanto isso é importante para mim. – Completou com sinceridade.

Então ela apenas balançou a cabeça de uma maneira tímida, sem adicionar nenhuma palavra sequer. Aquele gesto denunciando toda a ignorância sobre as consequências daquela atitude. Ela não fazia mesmo ideia do que aquilo significaria para Jane. Não poderia, afinal, nem ele tinha certeza.

E o silêncio tomou conta da sala, até ser rompido por um comentário aparentemente entediado e aleatório, feito por Jane, quando tocou os dedos na pele de Lisbon.

– Suas mãos estão frias – Ele comentou e, quase como um impulso, começou a acariciar gentilmente o dorso da mão dela, segurando-a com firmeza, logo depois.

Ela se assustou, mas não puxou suas mãos, como faria há dois dias. Então Jane continuou brincando com os seus dedos, contornando as linhas da palma da mão com delicadeza. Lisbon observava atentamente e percebia que a sensação do indicador de Jane passeando pela palma de sua mão era desproporcionalmente agradável.

– Sua linha da vida é tortuosa. – Ele falou baixinho, como se confessasse um segredo realmente sério.

– Todas são, não é mesmo? A minha definitivamente não poderia ser exceção.- Lisbon debochou, frisando o "definitivamente" e arrancando um sorriso ardiloso no canto do lábio de Jane.

– Sim, tem razão. É só um truque, você sabe...

– Sei sim. Você nem acredita nessas coisas... Tipo ler mentes, não é?

Então Jane apenas acenou concordando, sem soltar as mãos finas e delicadas de Lisbon.

– Sabe... Eu costumava ganhar um dinheiro razoável com isso. Mentindo para as pessoas. Fingia que os palpites eram sussurrados pelos mortos - Ele confessou.

– Um cigano trambiqueiro. Por que não estou surpresa?

– Não! – E ele sorriu com a reação dela – Não exatamente. Era só um passatempo. Minha mãe uma vez me fez devolver muito dinheiro que eu havia ganhando no estacionamento de trailer enganando as pessoas. – Ele fez uma pequena pausa e recebeu um aceno curioso, para que continuasse. – A gente viajava demais. Cruzamos metade da Austrália no trailer velho do meu pai.

Eu não poderia estudar em um colégio formal e tinha muito tempo livre. Tempo o suficiente para gastar observando as pessoas. Em algum dado momento ajudava meu pai a vender algumas coisas também. Não é exatamente a infância dos sonhos, mas sair cortando o país, convencendo gente a comprar coisas que não precisavam, me ensinou muito mais sobre o mundo do que a escola jamais poderia.

– Caixeiro viajante.

– E posteriormente vendedor de apólice de seguros, e depois de ações, e assim sucessivamente... Desapontada?

– Um pouco. – Ela soltou sua pior careta desdenhosa - Achei que teria mais ação, envolvendo X-mens e previsão da loteria.

Esse comentário fez Jane sorrir. Se tinha algo que ele gostava em Lisbon, além da personalidade impetuosa, era o seu senso de humor.

– Acho que essa sua hipótese ainda é mais comum do que enriquecer trabalhando, se quer saber.

– Não posso discordar. – ela também sorriu – Sendo assim, deixe que eu me orgulhe do meu marido, que enriqueceu sem a ajuda de superpoderes.

E então Jane olhou diretamente para Lisbon e percebeu que ela lhe chamou de marido, sem adicionar nenhuma expressão pejorativa posteriormente, ou pelo menos quase nenhuma. Ele quis saber se aquilo significaria alguma coisa, ou talvez desejou que significasse... Não soube dizer ao certo. No entanto, ele continuava ali, abraçado com Lisbon, olhando para aqueles lindos olhos verdes que sorriam divertidamente para ele. E por um instante - apenas por um instante tão fugaz e imperceptível - o tempo pareceu estacionar, fazendo com que ele se esquecesse até mesmo de quem realmente era, e apenas desejasse olhar para aquele sorriso um pouco mais...

Mas Lisbon não percebeu absolutamente nada, apenas apoiou a cabeça sobre o ombro de Jane mais uma vez. E a verdade é que ela até poderia adormecer ali, no aconchego de seu abraço. Aquele abraço que era quente, acolhedor e cheirava a canela. Aquele abraço que parecia durar mais do que o necessário. Aquele abraço que fazia com que ela jurasse sentir Jane recostar o o rosto em seus cabelos. Aquele abraço que poderia significar tantas e tantas outras coisas, mas que ela jamais teria a certeza, já que segundos depois um clique na porta veio para despertar sua atenção.


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Notas finais do capítulo

É isso daí. Enfim...

Tava aqui pensando, tenho outra ideia de fic para The Mentalist e talvez escreva depois dessa... Vai depender do meu humor ( e se ainda existir gente que gosta de ler esse tipo de coisa, claro).

Então beijo procês, se possível deixa um comentário aí pra me fazer feliz. :)



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