Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 60
Sem perdão.




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Eu não sei no que você está pensando mas com certeza não tem nada a ver com o que eu penso. Pfft. Seus pensamentos são tão obsolentes... São pensamentos impróprios para pessoa como eu. São pensamentos chulos. Impuros. Tão banais e repulvisos. Pense numa pequena memória, uma que não seja essa porque essa é ridícula. Holly só conseguiu pensar nessa mesma.

E era um desaforo consigo mesmo - havia prometido que nunca mais pensaria em seu passado tão meh enquanto estivesse em trabalho. Seu trabalho era ser um vigia e agir quando A Coisa acontecesse. A Coisa estava acontecendo e ela não acontecia muito frequentemente. Era a primeira vez que estava acontecendo e não podia falhar.

Falhar era bem difícil para ser sincero, ter sucesso era bem fácil no seu trabalho. Apenas dava instruções que esteve revendo pelos últimos duzentos anos. Esperou todo esse tempo por esse momento, um momento que para qualquer pessoa seria bem simples, só que em sua cabeça era a hora de brilhar. Brilhar para quem? Ninguém o assistia a não ser pelos grandes vigias do universo e um deles era Don Ramon. Os Grandes Vigias do Universo? Por que isso está no plural? Ramon não é único. Os Confins do Universo pode ser e é sim um lugar sagrado, mas nunca foi dito que era necessário que o observador necessita de um lugar exterior ao conjunto dos universos para observá-lo. Há homens disfarçados, há outros que logo se mostram como tiranos e ainda há outros que caminham por trás dos panos. Desses trataremos apenas aqueles que participarão diretamente da história e temos alguns destaques que serão mais tarde vinculados assim que o momento de citá-los chegue.

Holly trabalhava pra esses caras e essas instruções foram muito bem dadas, eram instruções bem específicas que após analisá-las anos e anos percebeu que era o tipo de instrução que os tais vigias, ou melhor, os Senhores do Universo, não dariam para qualquer um. Havia claramente uma finalidade por trás de tudo aquilo tudo e também de que tudo já fora devidamente calculado pelos Senhores. Devidamente talvez não. Até porque foi enviado mais de duzentos anos de antecedência. Bem, de qualquer forma depois disso conseguiria a sua liberdade. Vamos citar os Senhores do Universo? Vamos.

Os Senhores do Universo são Deuses. Deuses de um futuro. Deuses que têm DNA de humano extremamente evoluído e que podem controlar o universo pelo simples toque de mágica. Dominaram a Matemática para que dominassem a física e depois a química depois a biologia e depois a engenharia genética. Mutaram seu gene da forma que melhor os agradasse e tornaram-se monstros á solta. Monstros que não sujavam a mão. Monstros que olhavam para os outros universoe e brincavam de damas com eles. Nesse momento sua interferência era muito mais importante do que um jogo de damas, Holly estava ali para algo extremamente sério. Algo que já foi calculado pelos Senhores do Universo por mais de 1000 mil anos atrás - o que é um cálculo difícil por conta do momento temporal dos universos serem variáveis, mas algo em torno disso.

Tudo começou quando Alaúde fez merda. Lembram-se dele? O cara que fez uma festa foda demais no mundo dos deuses, não deuses humanos nesse caso, e simplesmente ferrou com tudo criando um problema no espaço-tempo. Esse probleminha permitiu que a máquina do tempo incrivelmente mal feita de Mario funcionasse a seu favor mesmo que sendo um pouco aleatória demais. No universo ideal onde não há intereferências de forças externas que se induzam pela travessia espaço-temporal - que não foi o caso de Mario porque ele simplesmente passou por um buraco já feito e ele não fez um buraco -, Mario conseguiu seu plano e teve a humanidade em seus poderes.

Para entender o processo descrito a seguir é necessário que seja conhecida as outras singularidades desse universo ideal em função dos outros pela diferença de que esse não pode - não pode mesmo - sofrer interferências externas. Não houve Guerra do Fim do Mundo. Mormada Sparrow não era um milionário e Jack Sparrow não se tornou presidente. Não havia Xupa Cabrinha, pelo menos não como um Imperador Solar, não havia hitmans, pelo menos não como cópias dos Imperadores Solares. Mas também não havia paz. O processo histórico sempre é vivido como um grande processo de violência e esse não era diferença. Homens matavam-se como em qualquer outro universo com suas armas em prol de seus direitos ou do que achavam ser seus direitos. Em prol de seus ideais e dos ideais, muitas vezes furados, dos seus líderes, muitas vezes charlatões. Não era porque era um universo ideal que apenas a paz existia. E independetemente da versão do universo ou da linha do tempo, a violência sempre era a marca da humanidade. Havia apenas dois universos em que isso não acontecia: um que só havia a humanidade, o universo de Shepard, e o universo em que não existia raça humana alguma.

Vamos pegar o momento em que Mario codificou a máquina do tempo para poder viajar pela primeira vez. A configuração que o alienígena havia-o passado era errada, mas um erro humano num momento como aquele é extremamente comum e é por isso que estamos aqui. Mario teve que codificar cinco números e com certeza pelo menos um ele errou. Digamos que ele tenha errado o último número e no lugar de 2 ele tenha colocado ) porque ficam bem próximos na interface da máquina do tempo. Bem, nesse momento tudo se tornou um grande paradoxo:

Primeiramente, o alienígena deu uma codificação errada. Depois Mario acabou errando na digitação e para compensar a máquina também estava quebrada. O universo associou aquela sequência de falhas com a maior falha naquele universo inteiro: o buraco que Alaúde criou. Mario então chegou a esse universo. Esse Mario dessa linha do tempo. O nosso Mario não tem nada a ver com esse Mario. Mesmo que já foram o mesmo uma vez, tornaram-se pessoas completamente diferentes ao decorrer de suas jornadas. Mario criou um espírito vingativo gigantesco e foi manipulando, assim como o nosso conhecido Mario, lentamente a história de cada império do universo. Esse Mario desenvolveu com o pouquíssima que tinha e com o conhecimento de outros sábios da antiguidade uma engenharia lógica para a máquina do tempo e conseguiu atualizar a sua para uma versão talvez definitiva e a mais próspera das versões de máquina do tempo conhecida também pelos cronómistas como M-Zero. Soube tirar vantagem dessa máquina do tempo e conseguiu calcular todos os fatores temporais corretos para saber quando aparecer e onde para enfim concluir o seu espírito vingativo: matar o seu pai.

Fez isso com suas próprias mãos e ascendeu ao poder. Mario teve um filha, Lins, uma menina com o gene dos divinos, o primeiro Homem-Deus. Mario era o dono daquele universo. O tempo passou e novos homens-deuses apareceram. Até que enfim todos eles se tornaram deuses. Não haviam mais homens e nem o meio termo. Todos tinham conhecimento tecnológico o suficiente sobre o universo e sabiam como controlá-lo sem a necessidade de grandes engenharias tecnológicas. Eram todos líderes do saber ao nascer. Tudo estava no gene. Dominaram as infinitas galáxias de seus planetas. Descobriram: existem outros universos e partiram para eles. Mas, antes de tudo, claro que não podiam sair fazendo besteiras. Eram seres divinos e inteligentes, mas eram divinos exatamente pela inteligência. Era sua grande dádiva e por isso fizeram algumas coisinhas antes disso.

Esses deuses descobriram que existiam outros deuses, os mais antigos, e os aniquilaram sem dó e nem piedade. Descobriram o lugar: O nulo das galáxias. O templo fora de qualquer matéria que tinha como localidade o mais profundo dos pontos do universo. Era um lugar minúsculo como um simples elétron e colossal como o Monte Everest. O nulo das galáxias era a casa dos antigos deuses que pouco interferiam nos universos em total, mas esses deuses tinham intenções diferentes: iriam interferir em todos os universos. Diferentemente de Ramon, nenhum deles tinha essa habilidade nos olhos de poder observar tudo ao mesmo tempo sem que precisasse mudar o foco de seus olhos. Observar era o de menos, seu computador, o Gama Mecatron, fazia um relatório sobre a infinita variedade de acontecimento na infinita variedade dos universos. O relatório sempre apontava fatores infinitos que deviam ser desconsiderados, o que realmente consideravam eram as consequências infinitas - só que um poucos mais limitadas.

A cada girada do quadrado novos universos são simbolizados sendo assim uma ramificação de outros. Não observavam esses universos. Inicialmente estavam ali apenas para observação: se havia uma ciência que ainda não haviam dominado, mesmo tendo o maior gênio de todos em seu lado, era a cronomia. A cronomia se mostrou a ciência mais complexa por colocar a matemática em conceitos físicos e ocasionais devido à complexidade dos acontecimentos em função de fatores primos não ordenados de ordem prima e alterações sempre singulares, apesar de seus ideais plurais. Usavam de Gama Mecatron como o observador, já que toda a ciência é baseada na observação e depois na experimentação. A partir da observação conseguiram perceber que a tendência era aquela: fatores infinitos -> consequências um pouco mais limitadas que se tornam mais tarde fatores mais limitados -> consequências mais limitadas ainda que se tornam mais tardes fatores ainda mais limitados -> consequências limitadíssimas que se tornam fatores limitadíssimos. E o fim chega a todos. Decidiram pegar um daqueles universos mais recentes e ver se essa lei aplicava a eles também. Aplicava-se. Decidiram pegar outro. Também. Decidiram mais um, só pra terem realmente certeza: essa lei não se aplicou - precisavam descobrir o motivo.

Esse é o universo que de maioria tratamos nessa história. Esse é o universo que Xupa e Ramon chamavam como Terra sobrevivente. Era o único universo em que a raça humana ainda prosperava e existia.

– Você também consegue sentir essa aura, Anciã? - Ramon conhecia a Anciã desse universo e ao perceber a semelhança da aura dessa mulher com a Anciã que conhecia julgou que era claramente a Anciã. A que conhecia não era cega e também já não mais estava entre eles. Já havia partido, e também supôs que ela tivesse a mesma habilidade que a conhecida - de enxergar as auras em todos os universos. Chutou certo, mas essa Anciã não era tão poderosa assim.

– Consigo observar, daqui desse local que desconheço, várias auras poderossísimas. Mas vocês estavam falando de Noroi, não estavam? Então a pessoinha que vocês estão procurando provavelmente é uma dessas que consigo ver nessa grande escuridão. Uma aura poderosa, mas eu não acho que seria problema para nenhum de vocês. Juntos ainda mais. Vocês podem muito bem derrotar esse carinha - disse a Anciã.

– Eu quero que você faça o favor de observar todas essas pessoas. Nós vamos precisar disso pelo bem do único planeta Terra restante - disse Ramon.

– Mas sabem que pouquíssimo posso fazer se uma dessas pessoinhas decidirem se movimentar e, não sei, atacar a Terra? Avisá-los também será um problema se eu prosseguir aqui, não tenho habilidades como me movimentar muito rápida ou, não sei, ter um super gritinho. Não vou conseguir comunicar vocêszinhos. Na verdade nem sei onde estou, mas qualquer situaçãozinha melhor do que eu estava é melhor, então por mim tudo tranquilinho.

– Eu não sairei daqui. Acompanhar-te-ei até o fim dessa observação e então pegaria uma carona. Se quiser me acompanhar...

Enquanto Ramon cantava a Anciã como um pedreiro adoidado; Xupa, Picone e Frota voltavam montados na testa de ShangriLa para o planeta Terra onde o dragão os deixou no solo. Chegaram de volta à Fantasy.

As pétalas de cerejeira caíam ao chão e para compensar o clichê também existia um samurai que aproveitava o momento de lucidez da primaveira para ajeitar a sua espada. Era uma espada poderosa. Era uma espada que usava há tempos. Herdara de seu mestre que na verdade nunca fui um espadachim de verdade, era um simples guarda de uma grande rua que cruzava um país inteiro. Um país inteiro e um país bocó - assim como muitos países que existem por aí , mas ainda assim era um país cruzado por uma grande estrada. E o guarda dessa estrada, o único, fora o falecido mestre do samurai. Seu nome, Ian, era baseado no nome de um grande herói Albuquerqueano que lutara em prol do fim dos feudos na região durante as épocas anteriores à descoberta da eletrecidade e fez o máximo para centralizar a hoje conhecida nação. Mas em momento algum foi comentado que Ian era albuquerqueano, mas seu pai sim era. Seu pai, um homem morto num acidente enquanto Ian ainda era criança. E não fora um acidente qualquer, foi um acidente que abalou toda Economist. Pois é, Ian era de Economist. Um samurai numa terra de banqueiros? Mas... Por que não? Sua mãe teve que se mudar porque estava sem nenhum dinheiro para manter-se em Economist, e preferira viver com uma prima pobre em Albuquerque, onde teria um teto para dormir, do que dormir pelos becos sombrios e excluídos de Economist. Seu pai fora um rico banqueiro, disse uma vez sua mãe, mas o destino acabou destruindo a família e todo o luxo que um dia já tiveram. Ian não lembrava esse luxo - ainda era pequeno quando viajou no colo da sua mãe, provavelmente uns quatro anos - só lembrava-se dessa vida árdua, mas não poderia dizer que era sofrida. Tornou-se ainda um jovem um exímio espadachim porque foi treinado por um homem que, bem, julgou alguns anos depois que esse homem provavelmente fazia algumas coisas bem carnais com sua mãe quando visitava-a e se escondia por horas no quarto dela. Ele dizia que estava cuidando de negócios. Era um fiscal, mas isso já foi dito, né?

Herdou a espada do fiscal, mas isso já foi dito, né? E o fiscal também já havia falecido, tal como sua mãe. Ian teve que procurar alguma alternativa. Os negócios, o pequeno comércio, de sua mãe já estava falido. Usou sua habilidade magnífica com as espadas para tornar-se um homem fora-da-lei, se é que um dia já houve lei onde hoje residia. Era um pequeno país, um país tão pequeno que nem estado tinha. Enquanto não há estado nesses países neoliberais da atualidade, não havia estado porque praticamente não havia país. Era uma região pequena que acumulava um grande deserto ao seu redor, esse que dividia as duas grandes potências - Fantasy e Economist.

Ian era apelidado de Rurono. Mas, se o leitor se lembra bem, Ian já havia aparecido antes, mas em um momento completamente mais complicado e tulmutuoso. Em um momento em que várias pessoas apareceram no mesmo tempo e que o foco das atenções, Xupa Cabrinha, sumiu para ter uma conversa com um superherói. O que levou ao narrador voltar a narrar as desventuras desse solitário samurai? O destino? Talvez um pouco do destino, mas um pouco mais porque Rurono precisava ser explicado assim como muitos personagens desaparecidos precisam também de explicação.

Acontece que naquele dia fatídico em que inclusive Molly e Frota se reencontraram, ainda existia fortemente o mito de que Xupa Cabrinha havia derrotado Sparrow. E forças ocultas, ou melhor, alguém muito importante, pediu par que Rurono o derrotasse. Na verdade não foi Rurono que foi contratado diretamente. Acontece que Ian trabalhava para alguém: uma mulher, muito bonita por sinal e que vivia na maior elegância da moda do sudeste oriental. Uma mulher chamada Victoria, que, se não me engano, também já foi comentada. Os dois, Victorias e Ian, falharam nessa missão por razões que não me recordo, mas a falha deles não é importante. Não eram a figura principal naquele momento e apenas estavam no momento retratando a perseguição por Xupa Cabrinha. Inclusive foram derrotados por Frota eu acho.

Mas hoje era um dia... Não era um dia importante. Não. Era um dia completamente comum. As cerejeiras estavam caindo, mas era algo completamente comum naquela região naquela época do ano. Não é como se caísse todo dia as pétalas de cerejeira, até porque para que outras pétalas caiam, é necessário que essas outras nasçam antes de morrer - esse é o ciclo da vida, afinal, nascer viver e morrer - e por isso que não era todo dia que as pétalas estavam caindo. E elas caíam levemente, uma por uma, mas no local que Rurono meditava havia muitas cerejeiras. Logo, várias caíam por vez.

Não é como se era um costume seu meditar, mas decidiu adotar essa ação para melhorar o seu eu interior. Sim, havia ouvido isso de umas velhas nas tendas comerciais mais perto e decidiu tentar isso. Estava dando certo nos últimos dias e se sentia inclusive muito mais vivo. Sentia sua respiração, sentia como havia acordado, se havia acordado respirando ou expirando, sentia as batidas, mesmo quando leves, de seu coração. Sentia tudo, até mesmo a natureza ao seu redor. A pequena vibração que o toque da flor de cerejeira ao chão proporcionava, para ele era como um grande tremor. Diferentemente de Robin, Ian apenas precisou de algum tempo para tornar-se um monge apto. Robin, bons tempos em que Robin ainda é citado, mas não acho que ele deva demorar a reaparecer, afinal já está se curando da batalha confusa que teve contra o adversário da WXYZ Works.

Pequenas vibrações se tornavam abalos sísmicos, mas eram abalos que ainda assim lhe agradavam. Eram abalos que diziam para Ian: Nós, a natureza, estamos aqui, aprecie-nos, não nos destrua. Talvez se cada homem meditasse pelo menos uma vez por semana a natureza seria muito mais preservada e, talvez, até mesmo isso, nossa sociedade estaria muito melhor. Não querendo desmerecer a sociedade de classe, mas... Bem, esses são os pensamentos de Ian. Sua mente estava vazia, é claro, mas era o seu subconsciente que pensava isso, bem baixinho. Tão baixinho que nem o próprio samurai conseguia ouvir. O inconsciente estava lá parado tentando acabar com os planos de Ian para com a meditação e também para o restante do dia, mas Ian aprendera a controlar o inconsciente e ele agora não era mais livre para perturbar Ian.

Um momento. Dois momentos. Três momentos. Mais um momento.


E todos os momentos acordaram quando Ian sentiu um abalo sísmico tão forte que provavelmente se nao abrisse os olhos teria um ataque no coração. Sentiu uma grande força, uma grande explosão, alguma coisa, vindo diretamente do centro da cidade. O que estava acontecendo? Nada acontecia nesse país minúsculo, mas dessa vez algo estava fora do comum. Nada que não seja rotineiro para uma narrativa tratar de um personagem completamente aleátorio à narrativa principal apenas para enrolar um pouco, mas também porque acontecerá uma grande quebra do cotidiano desse personagem e essa quebra até que pode ser importante. Até que pode. Eu acho essa quebra em particular até um pouco divertida, mas não sou eu o leitor então inclusive continuarei escrevendo e voltarei a esquecer da primeira pessoa porque apenas babacas escrevem livros na primeira pessoa e eu não estou escrevendo um livro mesmo então eu posso voltar a falar eu.

Um problema. Vamos diretamente para a cidade porque não há motivo para narrar a trajetória de Ian até a cidade uma vez que o caminho é apenas cerejeiras cerejeiras e ele saiu correndo para a cidade e. Estava um belo caos. Um grande corte no chão, como se alguém realmente tivesse cortado aquilo com uma gigantesca espada. Os edifícios feitos de argila estavam todos quebrados e dois haviam desabado. Pessoas corriam, mas naquela altura do campeonato ninguém mais estava por ali. Muita destruição já havia sido construída, e o fator daquela destruição era simplesmente exógeno. O abalo sísmico gigantesco que Ian havia sentido não era algo vindo do centro do planeta, nada com movimento tectônico das placas, era alguma coisa. O sol? Um planeta? Não, isso era demais. A destruição era vasta e continuava se multiplicando em um ritmo desenfreado, mas nada comparado com um corpo celeste. Podemos comparar o caos presente com uma guerrilha revolucionária tentando derrubar o estado. Mas estamos em um país tão pequeno que tudo isso é impossível. Não existe estado. Não existe nada que você possa imaginar de tão grande, apenas um comércio bocó, uma estrada que liga o país em linha reta e algumas pessoas bem camponesas. Sim, bem camponesas, gostavam de plantar em casa, vender metade do que colhiam e o restante comiam lentamente. Isso talvez seja de pouca importância no dado momento, qualquer fazenda por ali estava já se destruindo ou em breve chegaria a sua hora. A destruição, causada por alguma coisa, não parava de prosseguir.

Mas que destruição era essa afinal? Todo o parágrafo anterior foi baseado a partir dos pensamentos de Ian, enquanto corria pelas árvores de cerejeira em sua melhor velocidade. Não vamos falar de velocidade sobrenatural, algo além de humano, porque Ian não era um Imperador Solar e não sabia nem da existência dessas energias. Talvez apenas tenha noção da existência de energias, mas não conseguia manipular nenhuma delas - era uma pessoa normal a não ser pela sua excelência com a espada. Excelência com a espada que foi derrotada pela luva Okami Kenon. Ou seja, suas habilidades eram limitadas para a atual força dos possíveis adversários que esse enredo possa levar ao confronto com Ian. Poderia morrer a qualquer momento, era um personagem qualquer mesmo. Não estava sentindo a presença - sim, ele pode fazer isso, todo assassino pode então por que também não ele? - de ninguém pela região. Almas penadas fugiam e apenas sentia aquela pessoa.

Por mais que os raios de energias solares maximizados pelo sol furioso do meio-dia destruíssem tudo, não eram nada comparados àquele humano. Vamos falar dos princípios do que é um humano. Se você usar o senso comum, ele era sim um humano. Se você usar os princípios chatos de DNA e de cromossomos, ele também era um humano. Mas aquele poder destrutivo dizia: esse homem não é um humano. Estava longe disso. Era uma máquina mortífera.

Seu olhar era o de um assassino que sem misericórdia destruiria todo o mundo. Pensando mais longe ainda, poderia até matar a si mesmo por não ter mais o que matar além de si mesmo. Seus olhos exprimiam uma filosofia de vida incrivelmente sádica e cruel, onde enfiava no peito a faca de qualquer um. Não sabia de onde vira esse assassino doente e não teve tempo para pensar a respeito. O samurai foi rapidamente surpreendido por um ataque frontal e sem-vergonha do adversário. Com sua velocidade humana ainda sim conseguiu pegar a sua espada e deter o afrontamento.

– A maestria desse homem com certeza não é a velocidade. Foi lento demais nesse ataque, mas... O que ele fez com a cidade... Então ele deve ser forte... Então...

Antes que pudesse prosseguir o seu raciocínio, sentiu sua espada quebrar e rapidamente jogou-se à esquerda. Bateu com a cara no chão e virou seu rosto para ver onde estava o adversário. No momento só via o sol, que batia no seu rosto e lhe dava tontura.

– Eu sou piedoso - disse a morte em pessoa. - Não há porque matar um homem que conseguiu sobreviver a um de meus golpes assim. Pegue uma arma, ou apenas levante-se. Mas um homem como você tem que morrer com honra

Ian ouviu as palavras do homem. Não, ele não piedoso. Era uma carnificina ambulante. O homem tinha o espírito do mal em sua aura, isso era algo notável. Ian não o conhecia mas a aura era tão agressiva que o homem nem tinha o menor cuidado de esconder os seus maiores segredos, tudo sobre ele estava em sua própria alma. É claro que o samurai estava com medo, evitou ao máximo o contato direto entre seus olhos enquanto tentava se recuperar. Suas mãos estavam doloridas, por quê? Quando olhou para sua mão, um pouco antes de se levantar, ainda de joelhos ao chão com a outra mão ajudando a se apoiar no chão, viu um intenso vermelho. Era um vermelho vivo, como se toda sua matéria orgânica estivesse louca para pular para fora da sua mão. Era um calor extremo, nunca havia sentido tudo isso mesmo vivendo numa região tão quente. Nem mesmo nas épocas em que treinou no verão árduo no deserto sentiu tamanho calor. Mas como isso havia acontecido? Não foi no choque com o chão, então... Foi durante aquele instante que pareceu durar um ano? Aquele instante em que a espada do samurai conseguiu deter a arma do poderoso vilão, foi nesse momento que de alguma forma o vilão conseguiu queimar as mãos de Ian.

As mãos do samurai estavam sensíveis. Dificilmente conseguiria empunhar novamente sua katana. Na verdade também não havia katana. Sem suas mãos e sem sua arma, um samurai nada pode fazer. Ainda tinha o seu chapéu e foi a última coisa que decidiu usar. Antes de erguer-se tacou-o contra o seu adversário que nem sequer desviou. Ian viu o chapéu simplesmente de alguma forma ser absorvido pelo corpo do inimigo. Mas o que era aquilo? Foi então que meio desconcentrado e perplexo pela situação, acabou se distraindo e então sentiu a ira de mil sóis no olhar do outro. Evitou por todo esse tempo encará-lo, mas quando isso aconteceu simplesmente trezentas estrelas explodiam na íris do adversário. Seus olhos eram completamente comuns, olhos de uma pessoa qualquer, entretanto o que aqueles olhos representavam era a pura devastação.

A temperatura aumentou gigantescamente para Ian, pelo simples fato de estarem se encarando. O homem encarava Ian com um olhar de reprovação. Eu esperava mais, ouviu a aura dele dizer. A pressão sobre o corpo do samurai cada vez aumentava, parecia que a gravidade estava tentando enterrá-lo naquele mesmo lugar. A cada momento ela aumentava, seu corpo começou a ficar tremendamente vermelho e suava como um porco depois de ser fatiado. Chegou um instante quando nem mais havia gotas de suor, simplesmente evaporava. Sentia que seus músculos estavam para estourar. Não sabia o que estava acontecendo, seus olhos estavam ardendo e sentia as piores sensações possíveis. Era a ira de um Sol. Era um Imperador Solar.

Você me decepcionou. Você poderia muito bem ter feito melhor, eu sei. Eu conheço um grande potencial quando eu olho para um. Mas veio com esse movimento pífio. Tacando o seu chápeu em mim, esse chápeu de samurais paspalhos. Por favor, faça apenas uma coisa agora, levante-se. Eu realmente não quero te matar agora mesmo, se você conseguir se levantar nesse exato momento eu posso poupar a sua vida.

Ian não estava mais entendendo. Sua sanidade era algo distante, mesmo para o exímio monge que havia se tornado nos últimos dias. Foi talvez a falta de sanidade em sua mente que fez com que seus neurônios funcionassem como nunca antes funcionaram. Viu em sua mente o fogo e sentiu cada pedaço de seu corpo, cada pequeno organismo e tecido se dilatar. Sentiu depois que talvez nem mais fosse ele mesmo, porque sentia-se muito mais deformado. Depois não sentiu mais nada e pensou estar morto, mas quando abriu seus olhos novamente não era mais o homem que havia tacado tacado o chapéu. Não havia uma espada, é verdade, mas sua mente acreditava que ainda tinha uma. Então seu olhar assassino e destruidor, fruto de sua mente já insana, empunhou o nada para ir em frente ao adversário.

Nesse mesmo segundo o maléfico entendeu muito bem a situação. Queria rir, mas não estava a fim de estragar aquele momento. Fechou os olhos por um segundo e quando abriu seu adversário já estava a um milímetro de distância. Sim, em um milímetro. E com uma velocidade que ainda não havia mostrado até agora, o homem empunhou sua espada e decidiu de uma vez por todas acabar com aquele babaca. Sim, agora era um babaca. Qualquer um que não conseguisse se levantar na situação que Rurono se encontrava antes era um babaca. E Rurono era um babaca porque havia se tornado um maluco.

Estava para cortá-lo. Em uma velocidade descomunal nunca antes vista por Rurono e que talvez fosse a última coisa que ele fosse realmente ver antes de ser assassinado foi a maestria do golpe do adversário maléfico. Entretanto os planos do homem mau não funcionaram. Antes que percebesse estava paralisado. Paralisado por alguma coisa. Paralisado por um olhar. Procurou esse olhar e não o encontrou em Ian. Esse olhar estava distante, esse olhar estava em um raio incrivelmente distante. Não era um olhar que ele estava acostumado a receber. Sempre recebeu aquele olhar de medo. Era um ser muito poderoso, mas aquele homem o olhava como se fosse um lixo.

– É realmente um lixo - disse, examinando a situação da "batalha" entre Ian e esse ser malévolo. Estava sentado no deserto, aparentemente procurando alguma coisa que havia deixado cair na areia.

O homem maléfico sentiu-se mais do que ameaçado, o homem maléfico se sentiu subestimado. Sentia uma força incrível naquele homem, mas para ele isso não devia significar que o homem devia subestimá-lo. Babaca, ninguém nunca me subestimou ainda, disse a sua aura.

– E é por isso que todos os outros foram derrotados. - Pareceu encontrar o que estava procurando na areia. Era uma pequena pedra que brilhava azul. Colocou ela no bolso e virou para sair andando.

O homem achou um absurdo que alguém virasse as costas para ele mesmo. Nunca sentiu-se tão menosprezado quanto nesse momento. Sempre se sentiu um gigante, mas dessa vez as coisas haviam trocado de lugar. As palavras e a aura magnífica e esbelta daquele homem no meio do deserto estava trocando carícias com sua aura maléfica e gigantesca e a sua aura estava recuando para o embate. Isso significava que até mesmo a aura do homem tinha problemas contra esse outro misterioso homem no deserto. Isso era um absurdo, sua fúria fez com que sua aura voltasse a se expandir e então ignorou completamente o ataque fútil de Ian que deixou há um bom tempo de ser o foco dos parágrafos.

O ataque de Ian ainda estava a cerca de alguns micrometros para acertar o destruidor.

Ou seja, tudo isso havia acontecido durante alguns poucos femtosegundos, todo esse diálogo e enfrentamento entre auras.

Percebendo a expansão da aura do inimigo em potencial e o surgimento de um verdadeiro espírito assassino na presença daquele que mais brincava do que batalha contra Ian, o homem do deserto - loiro, com uma camisa social suja de areia e um uma calça jeans completamente suja nas proximidades dos pés - virou-se alerta com o movimento do maléfico. Um grande borrão de energia amarela estava se aproximando e para isso o homem abriu sua mão e dela expandiu-se um grande escudo de energia escura. O borrão de energia amarela, que claramente tinha alguma consciência do que estava acontecendo porque não era uma simples rajada gigantesca de energia amarela e sim o corpo do homem maléfico convertido em uma grande quantidade de energia, desviou em diversas rajadas menores de energia amarela e cada uma delas acertou o corpo do homem que não viu opções para se desviar. Atrás do homem surgiu a figura do seu adversário que com sua espada cortou o homem ao meio.

Não houve tempo sequer para que o maléfico dissesse: Ninguém mandou me subestimar, otário, porque o homem já estava morto. Mas não estava morto, porque algo similar a esse mesmo homem apareceu atrás do espadachim cruel. O homem estava completamente despreocupado com a situação. Bah, eu avisei que você era um lixo, disse a sua aura. E, antes que o maléfico pudesse se surpreender e perguntar a si mesmo o que é que ele havia matado se não foi esse homem que está na verdade vivo, o escudo de energia escura, ainda presente só que com nenhuma função no atual contexto que essa batalha estava, explodiu. Uma grande explosão de energia escura.

O usuário de energia amarela viu duas opções. Uma delas era idiota e completamente sem sentido, tornar-se-ia energia amarela novamente e neutralizaria toda aquela energia escura. Mas essa opção faria com que ele perdesse algumas partes de seu corpo, assim como aconteceu com aquele outro Molly quando batalhou contra um homem com uma armadura de energia escura alguns capítulos atrás. Essa era uma opção burra e de primeira excluiu-a das verdadeiras possibilidades. Pensou muito nos femtosegundos que se passaram e viu a cada pensamento as partículas escuras cada vez mais se aproximando. Ia tentar uma manobra evasiva. Transformar-se-ia novamente em energia amarela, mas se dividiria em partícula por partícula e tentaria esquivar da explosão de energia escura. Pensou em ir atrás do seu adversário para então surpreendê-lo assim como fez antes naquela ocasião em que matou alguma coisa que não era aquele homem, mas parecia muito bem ser ele. Olhou para o seu adversário, que estava para trás, virou rapidamente o seu pescoço um pouco e viu que esse já havia preparado uma cápsula de energia escura para qualquer movimento maléfico seu com segundas intenções. Então simplesmente esquivaria subatomicamente e jutaria novamente as suas partículas em um local mais distante. Olhou para os outros dois lados. Assustou-se.

O seu adversário não era um simples jogador sujo e usuário de energia escura. Era um homem com um pensamento além do comum, era um homem misterioso, sim, e também um homem que já via a jogada muito mais a frente. Muitos outros "escudos" de energia escura estavam agrupados já ao redor do homem, em possíveis locais em que ele tentasse escapar. Não havia jeito, o tempo estava pensando e os seus neurônios diziam para simplesmente se espalhar logo em fótons e depois veria como fugir das seguidas explosões. Não queria fazer isso, mas a explosão de um segundo escudo à sua direita fez com que dissesse: É, não tem outro jeito. E dividiu-se em partículas.

– Eu já preparei tudo. Já planejei esse combate muito antes de você nascer, vivo apenas para derrotar babacas como você. Até mesmo quando te subestimei eu já esperava essa reação espotânea e cheia de fúria que foi a sua, eu te estudei por mais de mil anos. E agora tudo acabou.

O homem misterioso pegou a pedra azulada que havia encontrado há pouco no deserto e tacou-o no meio das explosões. Era uma pequena pedra. Era um cristal Vril materializado. O cristal Vril criou uma explosão maior ainda, só que de energia Vril obviamente.

Tudo isso estava acontecendo em femtosegundos. Desde que o homem maléfico havia se movimentado em um borrão de energia amarela para atacar o homem misterioso no deserto até agora. Ou seja, um observador qualquer estaria acompanhando na verdade um banho de luzes escuras e amarelas. Não havia um observador comum nesse caso, apenas Ian quase inconsciente ao chão da cidade. Seus olhos estavam cansados. A ausência do inimigo fez com que seu espírito assassino abaixasse e não que tivesse voltado à sanidade, mas seu cérebro, mesmo insano, percebera que agir como um louco naquele momento era completamente inerente. Caiu ao chão, estava fadigado.

Ainda assim o loiro devasso observou o homem maléfico se materializar em quatro metros de distância logo após a explosão pairar. Não tinha um braço e metade de seu rosto estava deformado. Sua coluna estava completamente curva e seu braço que restara estava com uma grande mancha escura.

– Provavelmente acabaram as suas chances de você me derrotar.

– Provavelmente acabou a sua energia escura.

– Isso não vem ao caso, veja sua situação. Você falhou, Xupa Cabrinha.

– Eu falhei? Óbvio que não, nunca tive uma missão. Ninguém manda em mim, apenas eu mesmo. Estou aqui para destruir.

– O que você está para destruir. Na verdade... A sua presença nesse universo é um absurdo. Até mais, boa noite. - Deu as costas. - Nossa batalha, quer dizer, eu te massacrei.

– Seu mal educado, diga-me ao menos o seu nome.

Sorriu e, ainda de costas, disse:

– É Holly. Holly, só isso. Bem, vou pro próximo, até mais.


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