Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 32
Ilusões do esquecimento.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453382/chapter/32

Esqueça Wilson e foque-se na parte real da história principal, a história paralela não tem grande importância no momento. Os fatos mal se desencadearam e Robin ainda tinha de contar pros colegas leitores e pro seu recém-amigo aprendiz de monge como chegara a tal lugar, coisa que nem mesmo o autor – que nada mais é que um narrador – sabe de como daquele avião Robin acabou numa escola para monges.

Tudo começou com a chegada de Robin ao local do cassino onde devia proteger os tais dos nerds. Não era grande trabalho, o lugar parecia bem tranquilo. Aterrissaram no aeroporto completamente cinza e foram com um ônibus bastante luxuoso alugado por Homdízio, que estava em sua limosine logo atrás do ônibus aproveitando as sardinhas, especiarias da região. Robin não se preocupava com o lugar até porque pelo que ouvira falar é que o lugar era bastante calmo fora de quatro paredes. Mas dentro do concreto: assassinatos, trapaças e tudo o necessário para que fosse possível ganhar o dinheiro em jogo. Era um grande dinheiro. Os grandes empresários e políticos apareciam lá de vez em quando.

Robin nunca tinha visto em todos os recentes 20 anos de vida um lugar tão cinza quanto aquele. Na verdade caso comparássemos com a outra dimensão em que passara quase que completamente – logo parcialmente – desacordado, Robin já havia visto sim, mas querer discutir a existência ou não daquele local era muito difícil. Robin podia jurar pela sua querida e falecida família que nunca conhecia e que queria que se danasse que tudo aquilo fora um sonho, que apanhara tão forte que delirou. Fazia mais sentido do que os recentes acontecimentos.

– Empolgado para ganhar um dinheiro? – perguntou Hama.

– Você sabe que os guardas não vão ganhar quase nada, quem vai ganhar de verdade é você e o gordo.

– Não fale assim, você pode até ganhar uma pequena porcentagem, mas no final o 100% será bastante grande. Se fizer a regrinha de três perceberá que mesmo 3% de 50 milhões é bastante dinheiro. – Você não sabe o quanto o jovem Yup esforçou-se para que não usasse de termos matemáticos difíceis demais para que Robin entendesse a questão.


– O que você diz não tem coesão – respondeu Robin, que não sabia o que era coesão e muito menos coesão. Entendia que 3% de qualquer coisa era um valor abaixo de mil e isso não o agradava muito.

Mas não era pelo dinheiro que Robin andava por aquelas bandas, queria desvincular-se a Homdízio assim que terminasse esse trabalho. Procuraria Dom Ramon para que treinasse e enfim derrotar Molly – esse era o objetivo principal. Não acreditava que iria derrotar Molly assim com tão pouco tempo de treinamento, mas tinha que colocar suas tolas esperanças em algo. Era realidade que caso conseguisse o devido treinamento e liberasse toda a energia que é capaz de canalizar, Robin derrotaria Molly nos dias de hoje. Molly já não era mais um dos grandes Imperadores Solares e isso já foi deixado bem claro no capítulo anterior.

O Trampa-Cassino não parecia tão grande, pelo jeito que ouvira falar do local Robin pensava num local maior que o Barra Shopping. Talvez tudo estivesse nos planos de Homdízio; um cassino novo normalmente vem cheio da grana, e ainda um cassino novo que ninguém conhece. Não haveria concorrência. Todos os milhões iriam passariam pela mão dos matemáticos para a conta bancária do gordo, que redistribuiria para os malandros e para os seguranças babacas.

A inauguração não ocorreria a esse horário. Chegaram ao local bem cedo, ainda eram nove da manhã e só havia aquele ônibus na estrada, as pessoas talvez vivessem apenas dentro dos cassinos assim como Midas-boy onde Robin já trabalhara.

Todos desceram vagarosamente e Robin sentiu os novos ares. Não estava em casa, sinceramente, muito distante de casa. O ar que inalava era bastante artificial, não encontrava a presença de árvores. Apesar de não haver tanto mato assim em Fantasy ainda havia uma ou outra árvore que sustentava a fotossíntese do local, o contrário da ilha dos jogos.

Homdizio desceu de sua limusine cor de vinho enquanto limpava os dentes com alguns palitos. Não era um homem muito nobre em respeito de esconder seus costumes. Se quisesse arrotar, não se retiraria ou colocaria a mão na frente da boca para fazer o ato chulo – apenas arrotaria. O grande empresário havia saído do buraco há anos atrás quando fora adotado pelo grande Carlos Gomes, o rei do gado daquela época. Carlos Gomes gostava de órfãos e sua mulher era estéril, viu como opção adotar algum moleque com 15 anos, por aí, para que esse moleque pudesse ser seu herdeiro. Carlos estava morrendo na época, por isso toda a preocupação com quem iria herdar toda sua fortuna, cabeças de gado e contas bancárias em Economist. Pela difícil vida no orfanato há aproximadamente 15 anos, Homdízio mantinha seus costumes de pobre e não se preocupava com o quê que as pessoas pensassem.

– Como vocês podem ver, não está aberto. Como eu não esperava por essa, vamos mudar o trajeto e iremos diretamente ao hotel. Nós não, vocês no caso. Tenho alguns assuntos a serem tratados pela região – e com o pedaço de frango em seu carro.

Robin aceitou aquilo. Não tinha pressa de trabalhar, estava com pressa para conseguir informações. Julgava que o período dado pelo caolho foi injusto, óbvio que Robin não conseguiria ultrapassar a força de Molly em tão pouco tempo – uma força construída em anos de guerra e treinamentos realmente avançados. Mas confiava que esse tal Don Ramone poderia realmente transformar Robin em um grande guerreiro, mas sinceramente o objetivo de toda essa busca era simplesmente não ser completamente neutralizado pelas habilidades de Molly novamente. Tinha um orgulho a defender e defenderia o quanto fosse possível.

Ainda sentia seu braço esquerdo com sérios problemas, talvez não conseguisse socar que nem socava antigamente nunca mais. Um problema no nervo não seria consertado sem o devido descanso e Robin não sentia o corpo descansado desde quando começara a ser pressionado por si mesmo e por Xupa Cabrinha para que honrasse o seu poder – que era até então desconhecido por Robin. Esse poder que era de certa forma semelhante ao de Molly. A energia amarela precisava ser descoberta por Robin. Esse era um dos segredos para derrotar Molly, não que ele soubesse sobre essa energia e muito menos o narrador que só assiste a história de longe.
– Mais tempo pra descansar – disse Hama para Rupert, logo atrás de Robin que era o homem que liderava a pequena multidão.

Robin discordou com a cabeça, não que Hector tivesse notado. Hector estava muito ocupado amarrando seus cadarços.

O homem de terno branco estava sentado em seu “escritório” com os pés sobre a mesa enquanto fumava um pouco de algum cigarro barato. Olhava para janela e conseguia ver rua abaixo que as coisas já haviam se normalizado. As pessoas já podiam circular calmamente e não havia policiais em cada esquina. Foram dias difíceis. Já havia passado uma semana e o moreno não havia feito nada em relação aos seus problemas.

Xupa Cabrinha, diferentemente de seus subordinados, não se preocupava com a batalha contra Molly. Xupa não pensava que podia mais resolver aquilo a partir da violência. A violência que uma vez pensou em usar já havia sido utilizada. Segundo a mídia, Xupa Cabrinha havia assassinado o presidente Sparrow há alguns dias atrás com suas próprias mãos. O problema era que Xupa Cabrinha não havia feito isso. Se o tivesse feito, já teria tomado o poder e simplesmente mudado o país da forma que quisera. Esse tempo que tinha Xupa decidiu parar para perguntar a si mesmo o que estava acontecendo.

Um Imperador Solar simplesmente havia saído do meio do mar descongelado e todo mundo não deu a mínima foda para ele. Dois dias depois, Xupa Cabrinha procura alguns capangas para criar uma espécie de máfia, bastante falha, para matar o presidente e então sem fazer porcaria simplesmente é acusado de assassinar o presidente. Xupa Cabrinha fica sabendo que seu antigo colega de guerra, de quem nem lembra – uma vez que havia perdido COMPLETAMENTE as memórias –, tinha o dever de matá-lo. E então Xupa Cabrinha é direcionado para outra dimensão onde fala com um estranho que quer que Xupa se torne o presidente…

Xupa perguntava-se onde que a história havia começado, ou melhor, onde ela havia acabado... Quando que Xupa esqueceu-se de tudo. Por quê?
“As coisas acontecem assim, meu amigo cabrita. Você sabe que o destino simplesmente liga as pessoas de uma forma que ninguém consegue explicar.”

Xupa Cabrinha tinha que concordar com Krom Hellrock. Mas não disse nada, pois estava sozinho, apenas concordou com o gesto de sua cabeça e continuou a tragar profundamente seu cigarro. Aproveitava bastante seu cigarro e tragou-o com força antes de voltar seu debate com Krom Hellrock. O homem de terno branco não conseguia lembrar quando tudo isso começou em sua mente, era uma idiota não era? Querer derrotar todo um governo com alguns paspalhos idiotas que encontrara na rua, e agora esses mesmos idiotas que o defenderia contra um Imperador Solar – só que esse sabia usar seus poderes.

Não tinha muitas lembranças de seu tempo passado, de como usara seu poder para honrar sua pátria militarmente mas estava escrito em vários livros de história que Xupa Cabrinha havia sido um herói poderoso da Batalha do Fim do Mundo apesar do mesmo não conseguir conformar, não tinha nenhuma pista em sua mente de como usar essa energia para sua autodefesa. Teria que confiar nos seus paspalhos.

Mas Xupa já tinha o pressentimento de que essa tal batalha não aconteceria. Alguma coisa muito maior estava acontecendo nesse universo nesse mesmo momento envolvendo essas pessoas importantes como o presidente ou quem assumira o lugar de Sparrow após Xupa tê-lo supostamente assassinado, Molly... Esse tipo de pessoa. Xupa não sabia como, mas conseguia sentir que Molly estava muito preocupado com coisas mais importantes. Sabia que Molly não levava essa batalha muito a sério, pois, pelo que lembrava-se de seu companheiro, ele não conseguiria levar uma acusação tão aleatória assim a sério. Apenas estava cumprindo ordens o tal de Molly, talvez.

“Molly é um bom homem, você sabe disse.”

– É Krom, mas não sei se posso confiar mais nele. O tempo passa e as pessoas mudam.

“Eu não acho que Molly é o tipo de pessoa que muda. Parece o mesmo para mim.”

– Talvez é o que você acha. Mas você sabe... Estou muito inseguro com esse mundo desde que voltou. Mudou algumas coisas, mas essas coisas são essenciais para o meu conceito do mundo. A tecnologia parece que simplesmente estourou e eu sou um grande caipira.

“Você vai se acostumar, Xupa Cabrinha. Você sempre foi um jovem muito compacto.”

– Ha, você lembra de quando entrei no exército. Não foi nada divertido.

“Sim, eu lembro. Molly também deve lembrar, ele estava conosco, aliás. Você deve confiar nele, é uma grande pessoa.”

Xupa ajeitou-se na cadeira, ficando em uma posição um pouco mais confortável e podendo tragar o seu cigarro com muito mais estilo agora.

– Se você diz Krom... Quem sou eu para debater...

Xupa não estava muito entretido com esse assunto. Então decidiu pedir para Krom mudar de assunto e assim fez, agora conversavam um pouco mais sobre esportes e acho que essa conversa não altera muito o andar da história, então creio que seja desnecessário demonstrá-la.

Xupa estava sozinho na sala, isso é um fato. Não havia Krom, Xupa conversava sozinho, em sua própria mente, apesar de usar sua boca para conversar e usar seus ouvidos para ouvir. Mas o Imperador Solar sabia que a imagem de Krom não estava ali consigo. Apenas escutava Krom porque podia, era sua única companhia em algumas horas e Krom não tinha mais com quem conversar, segundo o mesmo.

Sempre foram grandes amigos e não foi a perda que um teve do outro – primeiramente Xupa Cabrinha sendo enviado na missão em Pinball Wizard e não retornando, e logo após Krom se sacrificando para pôr um fim na guerra – que os separaram. Krom estava em outro mundo há décadas, mas nem mesmo assim Xupa Cabrinha o pensava como um morto. Continuavam conversando, mesmo que em mundo separados.

Houve um dia, enquanto congelado naquele iceberg, que Xupa finalmente voltou a sentir-se vivo. Voltou a sentir sua pele, a cheirar o cheiro ao redor, ao ver a vista do oceano enquanto boiava naquilo. Por uns bons anos Xupa Cabrinha era apenas um vegetal congelado boiando no gelo pelos oceanos. A partir de certo dia, então, Xupa passou a sentir-se como gente novamente. E a primeira pessoa que veio conversar com ele foi o seu velho amigo Hellrock. Não em forma física, claro. Ninguém poderia localizar Xupa Cabrinha naquele momento principalmente Krom. Porque, além de estar no meio do nada, Krom estava simplesmente morto, mesmo que Xupa não soubesse disso naquela época.

– Krom.

“Diga amigo.”

– Por que você acha que comecei isso?

“Isso o que?”

– Isso. Você sabe. Por que acha que fui idiota de querer combater o governo e então eu acabo matando o presidente de um dia pro outro?

“Você sabe que você não o matou.”

– Sim, mas por que... Isso não parece coincidência?

“Eu não sou um bom detetive, mas parece que sim.”

– Você acha que isso pode estar relacionado? Você acha que alguém sabia que eu estava prestes a encarar o regime e então simplesmente colocou a culpa em mim por ter como prova minhas atividades contra Sparrow?

“Eu não sei se alguém teria informação, isso parece conspirador demais.”

– Krom, meu amigo, eu não sei mais de nada. As coisas estão estranhas demais.

“Não vi nada de estranho por enquanto.”

– Sim, mas se realmente alguém tivesse essa informação... Realmente teria um motivo por trás de terem me culpado. E quem realmente matou Sparrow? Por quê?

“Talvez algumas pessoas tivessem problemas com ele, tal como você.”

– É.

“Mas não somos detetives, e acho que quem deve saber a verdade – quem realmente matou Sparrow – sabe disso.”

– Eu não acho isso. O povo não sabe disso.

“O povo não sabe de muita coisa.”

Xupa retirou seus sapatos formais para que pudesse sentir mais confortável ainda apenas de meias. Colocou-se numa posição mais preguiçosa em sua cadeira para então jogar esse cigarro pela janela, que estava logo ao lado. Não queria fumar outro cigarro até porque não era um viciado, apesar de ter a enorme vontade de fumar mais algum deles. Controlou-se e decidiu oferecer a Krom.

– Vai um cigarro?

“Você sabe que não estou aqui para isso.”

– Como assim? Não quer fumar com o velho amigo?

“Eu não apareço para você para você para que batemos tanto papo furado quanto estamos conversando hoje. Temos coisas realmente sérias a tratar.”

– Eu acho que sim, o que me diz?

“Você ainda não está na posição física certa para que escute minhas palavras”

– É verdade.

Xupa Cabrinha então despiu-se. Não há descrição para tamanho ato infame, imagine da maneira que quiser. E então voltou a sentar-se na sua cadeira e a conversar.

“Toda decisão que tomamos deve ser pura, deve estar com seu corpo bem conectado a esse mundo.”

Essa era um coisa que Xupa Cabrinha não entendia. Mas tudo bem, tem coisas que realmente Xupa não entendia. Até porque pelo se entende após esses parágrafos é que Xupa estava realmente maluco.

– Então o que me diz?

“Você não vai derrotar Molly, ele não virá.”

– Eu sabia.

“Mas outros virão e com isso mais batalhas... Mas não será você que lidará com elas.”

– Isso é mal, não confio nos meus homens.

“E, depois que tudo isso passar... Xupa Cabrinha... Você irá se tornar o nosso presidente.”

– Pela violência?

“Não, pela eleição.”

– Pare de falar bobagens. Isso é muito improvável – disse o homem pelado que conversava com uma figura em sua mente de um amigo morto que está lhe dizendo o futuro e acha isso não só como algo muito provável, mas como realidade.

“Mas eu não o vejo assumindo o poder.”

– Mas eu ganhei a eleição?

“Sim.”

– Então algo está errado.

“Muitas coisas estão erradas no que vejo.”

– E o que você vê?

A figura de Krom na mente de Xupa Cabrinha hesitou no dizer o que seja que fosse dizer. Olhou profundamente nos olhos do homem de terno branco.

“Eu vejo coisas muito além dessa vez. Coisas que não consigo compactar na realidade de hoje.”

– E o que você vê? – fez pela segunda vez a mesma pergunta.

“Eu vejo um homem do futuro e a missão de matar um pai.”

– E qual a relação disso com a realidade? – perguntou o homem que via uma ilusão e acreditava nela como uma verdadeira realidade. – Essas palavras são um tanto aleatórias para mim Krom.

“A realidade está nos olhos de quem vê” disse sabiamente Krom.

– Vê mais alguma coisa? – eram bastante importantes para Xupa Cabrinha as visões de Krom.

“Sua morte.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Facção. Dos. Perdedores" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.