Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 22
As condições.




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Não havia mais motivo algum para Ikovan continuar em Economist até porque Molly não estava lá. Haviam o enganado, e enganado fora demasiada e ridiculamente, como se fosse um cachorro desesperado pelo fígado de boi e seu dono fingia constantemente tacá-lo para vê-lo checar todas as direções possíveis.

Agora que não havia mais o que fazer naquele país infame, procuraria aquele que o enganara e lhe daria uma dúzia de socos na nuca e dois no estômago. Tamanho ódio era conseqüente de um fato muito interessante: perdera tempo, e muito tempo, procurando pelo caolho no país bancário.

Porém também não sabia onde estava o enganador e concluiu que deveria procurá-lo. “Qualquer coisa, basta procurar-me em Barbarians... Meu pai tem um bar perto da Jones Morgan”, fora o que dissera o enganador após enganar Ikovan com a mensagem enganosa. E, como preferia não ser novamente enganado, apenas deixou aquilo de lado e retornou para casa com o intuito de tomar seu matinal remédio respiratório. Já não era mais de manhã para tomar o remédio, e isso o preocupava principalmente porque não queria ter uma parada respiratória.

Agora não havia mais dose alguma na embalagem e isso o preocupava, não queria ter outro ataque respiratório. Foi à farmácia, mas essa parte é ligeiramente dispensável. Mais tarde continuara com a procura pelo homem caolho e essa é a parte mais importante.

Já com a situação de Falcão, seria bom mostrá-la com maior relevância, pois o encontro de tal com alguns jovens e um senhor de idade grande importância terá para o enredo.

A fome, de tão grande, era facilmente ignorável, e Falcão agora conseguia andar normalmente pelas ruas em seu velho costume de zigue e zague. Aquela metralhadora ao invés de seu braço de vez em quando o perturbava. Até agora os policiais ainda não haviam dado as caras, o que era estranho já que esperava encontrar uma dezena de homens de terno até a sua casa.

Já havia andado um quarto do total da maratona e até agora apenas avistara duas pombas procurando minhocas em meio ao asfalto. Já era meio tarde para as pombas estarem procurando sua refeição, haviam acordado muito tarde por ficarem praticamente a noite inteira brincando de escoteiro.

Havia avistado dessa vez duas figuras jovens e outra careca.

Um deles tinha um cabelo crespo e consideravelmente desmoralizado pelo fato de suas feridas e por ter a face típica de alguém que, por mais que tentara, não conseguira passar pelo vestibular. Uma ferida muito desmoralizante era seu pescoço, que vestido estava com uma daquelas coleiras típicas de alguém que quebrara em dias anteriores o pescoço. Era um conhecido de Falcão, na verdade era um homem que a pouco haviam se encontrado em um hospital.

Uma mulher aparentemente feminina, na flor da idade, com pouco mais de vinte anos era iluminada por sua beleza e por seu carisma dos típicos desgraçados que nunca morrem em filmes de ação. Loira, e com uma cara emburrada ao avistar o jovem de prótese, por já conhecê-lo. Também conhecia Falcão, mas não eram amigos e muito menos [i]Best friends forever[/i], conheciam-se a pouco tempo e eram apenas conhecidos.

O terceiro, o senhor de idade, era cômico. A falta de até pelo menos um fio de cabelo triste era, e o tapa-olho que utilizava no olho esquerdo era imponente. Já sua face era cômica, tão cômica que deixava de ser cômica e era apenas um tiozão qualquer. Era mais velho que aparentava.

Uma curiosidade era que Falcão não conhecia esse último, mas a presença dos dois conhecidos já era uma grande ameaça.

Sejamos francos, a relação entre Falcão e a dupla de tiras Ino e Rick não era das melhores.

– Ora, ora, conseguiu fazer algo de bom com o braço que lhe retirei – disse Ino.

Quando se trata de vagabundos tiranos e farrapos que costumam desafiar a justiça sendo irresponsáveis e criminosos, Ino deixava de ser uma mulher e passava a ser um homem perigoso e com um olhar de pura ira.

– Ah, então esse é o cara amador – disse Molly.

Rick pouco disse, pois caso dissesse algo provavelmente sua moral estaria em risco. Não queria perder mais ainda sua moral, praquele amadorzinho de bosta. O soco que tal o acertara já estava de bom gosto, a moral já havia ido ralo abaixo graças a Falcão.

– Desgraçado – simplesmente o ofendeu, com toda sua ira.

Os conhecidos, por mais que sejam conhecidos, não conseguiam chamar a total atenção do jovem. Havia algo, algo grande e potente, que fazia com que todas as outras coisas fossem dispensáveis e ofuscadas pelo algo grande e potente. A aura de Molly era sensacionalmente ameaçadora, vulgar, e imponente. O suor era conseqüência por ser apenas um amador e não estar acostumado a estar tão próximo assim de tamanho poder.

Abominável, eletrizante.

Era tão imponente que Falcão mal podia se mover. Na verdade apenas os outros dois eram necessários para darem facilmente uma surra no piloto, e agora, com aquele homem, as coisas ficavam mais difíceis ainda.

– Deve saber que não está autorizada a presença de pessoas na rua – disse o caolho.

– E o que... Vocês... Fazem... Nela?

– Somos oficiais, pessoas em níveis muito mais altos que você – respondera Rick com um tom vulgar e nada amistoso.

– Calado – disse aquele com cargo mais alto.

Rick, então, mesmo não indo muito com a cara do caolho – assim como não ia com a cara do piloto – era obrigado a obedecer às ordens do comandante.

– Certo Comandante... E o que faremos com o elemento? – Indagou o saco de pancadas.

O título de Comandante já dizia tudo para Falcão. Era um homem poderoso, moralmente e militarmente falando. Na verdade, lembrava vagamente daquele rosto de alguns livros de História. Porém tinha certeza que não era alguém importante, pois se fosse, não o haveria esquecido.

– Ele é um dos integrantes da facção de Xupa Cabrinha, certo? – Indagou Molly. – Informação é sempre importante, coloque-o no saco, 06.

– Não sou - encorajou-se ao máximo para conseguir dizer – de facção nenhuma.

– Não se faça de bobo, eu e a minha querida companheira estamos de prova disso – revelou Rick.

A expressão “companheira” deu a Ino certa incerteza sobre os reais pensamentos de seu parceiro de trabalho, rendendo um olhar estranho e cheio de duvidas.

Por mais que essa não fosse realmente sua intenção, Rick apenas a chamara assim por serem amigos e por ser, normalmente, simpático com seus amigos. Não eram amigos íntimos... Apenas bons amigos de trabalho. Porém, o olhar de incerteza da jovem fez com que o saco de pancadas repensasse um pouco sobre o conceito que sua parceira tinha sobre o próprio.

– Então vocês estão recrutando membros, né? – Indagou Molly.

– É... É.

– E ao que parece nem um por cento deles realmente valem a pena – julgou a jovem loira.

– Bem, se julgarmos o fato de que estava te convidando, Rick, para entrar na facção sem mais nem menos, sem nenhum teste... Quer dizer que de fato estão desesperados por membros. Não que eu esteja lhe dizendo indiretamente que estão tão desesperados para procurarem alguém tão fraco como você, Rick – na verdade, queria sim –, até porque mal sabem de sua total fraqueza. Bem, continuando. Ou devem ter poucos membros ou devem ter vários só que de pouca utilidade... Xupa Cabrinha é um homem de grande influência, por isso acho a segunda hipótese a mais possível. Quantos são?

– Não são muitos... – disse Falcão.

Era a verdade, e por mais que Molly quisesse julgar o contrário com seu olhar de lado e pouco convencido com a resposta de Falcão. Com esse mesmo olhar, conseguia ver a inquietação do jovem ao suar frio, estava claramente com medo do caolho. Também percebera que lentamente o jovem tentava pôr-se em posição de batalha, inclusive com certa hesitação. Pois qualquer movimento brusco, ou se o caolho percebesse a intenção do piloto... Ia tudo pro ralo.

Percebendo a fraqueza psicológica do jovem, Molly então decidiu usá-la para seu bem. Percebera que Falcão apenas dizia a verdade, mentir numa situação como aquela não era possível para um homem tão fraco mentalmente quanto o jovem em questão.

Ergueu o dedo, como se estivesse prestes a explicar algo. Moveu-o para a esquerda e novamente para a direita.

Havia até então dois felizes hidrantes que ali conversavam entre si, um na direita e outro na esquerda. Eram vermelhos, porém pouco tímidos, eram alegres e tanto amistosos quanto as rochas vermelhas amistosas da residência amistosa nas proximidades com um “ferimento” pouco amistoso.

Os dois hidrantes tiveram a infelicidade de derreterem lentamente, e ao invés de água, apenas saia vapor. Ambos os hidrantes, tiveram um trágico e digno de uma novela das oito. Era de fato uma coincidência, já que Molly apontara exatamente para a direção dos pobres hidrantes.

Não havia coincidência alguma, era o propósito de Molly apontando para tais fazê-los, com um pouco de calor concentrado, derreterem. Apenas concentrou uma pequena onda de calor na ponta de seu dedo e atirou. Pra que fez aquilo? Talvez por que fosse um matador de hidrantes neurótico e louco pela morte, ou talvez achasse que a morte fosse à salvação eterna.

Apenas fizera aquilo para aumentar o medo que Falcão tinha por si. Iria utilizar toda aquela fraqueza em seu favor.

Suou mais suado e mais frio, seu medo estava mais amedrontado e mais... Mais... Bem, a cada minuto estava mais impotente, no entanto creio que há palavras além de “gradualmente impotente” que poderiam defini-lo. Falcão caiu numa armadilha normalmente assim como se um elefante caísse de um elefante ou um cometa caísse na Terra e destruísse mais de metade da população deixando como presente de despedidas radiação em um raio de 567082872 km².

– Está com medo, certo? – Indagou Molly.

Falcão sabia que essa era a intenção do caolho ao destruir os hidrantes. Era um poder mortal e imensurável. Porém nem mesmo sabendo do objetivo de Molly ao tornar-se um assassino de hidrantes poderia impedi-lo de obter sucesso, pois sua capacidade mental não ajudava muito. Não respondeu, aliás, pensara em pôr-se em postura de batalha novamente, mas não ao lembrar-se do dedo indicador de Molly atirando chamas amarelas tão vastas quanto à luz. E, mesmo assim, ainda havia a presença de Ino e de Rick, seus, infelizmente, conhecidos.

Sim, ser fraco é um grande problema que a solução não pode ser encontrada tão velozmente quanto em uma equação biquadrada. O melhor poderia fazer seria treinar, e isso seria demorado e não era uma opção qualificada para o momento.

– Bom menino... Tenho um acordo a lhe propor – disse, como se tivesse dominado a situação.

– Que tipo de acordo? – Indagou Falcão, impotente e com os olhos molhados do suor que passava por sua testa lentamente.

– Um acordo muito interessante por sua parte. Olha, está vendo essas duas pessoas atrás de mim? Minha discípula e... – hesitou por um segundo para arrumar em seu dicionário cerebral algumas palavras não-ofensivas para definir Rick – seu aliado de trabalho são inferiores a mim no quesito tanto de poder quanto de cargo. Ou seja, o que eu mandá-los fazerem, eles são obrigados... Por causa do meu cargo público.

– S-sim – concordou Falcão, sabia que nenhum dos outros dias tinha poder o suficiente para ofuscar aquela aura.

– Então, se eu mandá-los abrirem espaço e deixarem você passar, eles o farão – sorriu caoticamente.

A fealdade do sorriso completo era incrível e impossível de se descrever com palavras não-ofensivas e justas. Provavelmente sua mãe não gostaria de ver-te lendo tais palavras e eu, como um bom autor, não tenho a menor vontade de perder – mais – um leitor.

O olhar de Ino tornou-se grande e obsoleto, como se ela estivesse visto um fantasma e, – por mais que não acreditasse em seres desse tipo – estava sendo obrigada a aceitar a existência de tal fantasma, mas não conseguia. Não acreditava no que seu mestre havia terminado de dizer.

– Vai me deixar passar? – Era como se o sol voltasse a brilhar para Falcão.

– O que está dizendo... Mestre? Vai deixar esse inimigo passar reto? – Indagou Ino, desesperada.

– Eu não disse isso. Você está fazendo deduções muito precipitadas, minha querida discípula, e, aliás, o que faríamos com ele, já que sabe que não tenho intenções de destruir a facção antes da reaparição de Xupa? – Indagou Molly, colocando algumas contradições na mente da jovem loira.

– Mas... Mas... Ele está na rua.

– Andar na rua é um direito que todo cidadão tem – disse o caolho ignorando o protocolo dos parlamentares de deixar as ruas vazias.

A ordem de deixar as ruas solitárias, sem presença humana qualquer, além dos homens de farda negra, não era apenas para evitar os engraçadinhos como também tinha intuito de mostrar para o mundo que a população estava triste com a morte do presidente Sparrow – o que não era o caso, mas era isso que os parlamentares queriam mostrar para o mundo.

– Não hoje, velhote. Pelo menos não hoje – disse Rick, erguendo-se ao máximo possível de coragem para dizer tais palavras.

Não só “velhote” como também o fato daquele jovem enxerido estar atrapalhando o reencontro com sua jovem discípula perturbava Molly que mesmo sem o principal o intuito de socá-lo, ele já estava enchendo o saco. O olhar era ameaçador.

– Ok, pode continuar – disse Rick, que não queria mais apanhar de um velho e perder mais moral.

– Eu tenho um acordo muito interessante para você, que, caso aceitá-lo, deixar-lhe-ei passar com todo o prazer. Você deseja aceitá-la, ou não, meu querido e jovem... Frangão?

– Falcão – apresentou-se o jovem que não se lembrava de ter se apresentado anteriormente, corrigindo o caolho. O verbete Frango era familiar como apelido, porém preferia dispensá-lo.

– Olha... Eu não estou com vontade alguma de lutar contra um frango ou contra um falcão principalmente porque estou me recuperando de um grave problema estomacal. Não que eu não queira lutar com você ou que você é fraco demais, no entanto não estou com saco nem estômago para isso. Então, pode passar, mas tem de haver uma troca equivalente. Quero fazer um acordo contigo, meu jovem, e é um acordo benéfico para ti e para mim, igualmente.

– Então o diga – pressa.

– Primeiramente, quero saber caso você aceita ou não, daí o direi o acordo.

Era um jogo mental.

– Ou você aceita e eu lhe deixo passar... Ou vai ter que se ver com meus queridos subalternos – disse o caolho.

Não eram fracos, e sem duvida apenas um deles já seria o suficiente para ganhar por completo o jovem Falcão – apenas um amador que ainda tinha muito a aprender. Não tinha intenções de perder o outro braço para a mesma desgraçada de antes. Também não sabia se o acordo proposto supostamente benéfico para ambos, também fosse benéfico para a facção a qual participava. Talvez não fosse tão benéfico assim e de fato algo que comprometeria a vida de seus companheiros de “trabalho”. Mas era fraco, e queria sobreviver assim como qualquer outro ser humano fraco.

– C... Certo, eu aceito – hesitara um pouco, no entanto não havia outra opção.

Molly sorriu belamente com seu triangulo isósceles de hipotenusa quatro. Segurava o sorriso para que não fosse notado por sua discípula que aparentava estar com sérios problemas sociais com o mestre.

– Daqui a duas semanas, quando tenho certeza que nosso pote de ouro terá reaparecido e as seqüelas de meu problema desaparecidas... Nós nos enfrentaremos. Eu e meus subalternos e Xupa contra os seus amiguinhos. Diga a ele quando retornar que o melhor a fazer é procurar melhores membros, pois com apenas o que tem, não é capaz nem de arranhar-nos. Dá-los-ei duas semanas. Treine o bastante, e retire esse braço-metraca para o seu bem. Isso é inútil.

“Duas semanas”


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