Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 102
A vida e como chegamos aqui.




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Com a grande dança que Rufus proporcionava, tanto a Anciã quanto Shangri La perceberam que dificilmente ganhariam. Mas Shangri La não desistiu. Mesmo depois de ver seu adversário rebolar e requebrar entre os quadrados, as galáxias, como nunca tinha visto um dragão fazer antes.

 

Os olhos de Rufus eram os que julgavam. Mas Shangri La não desistiu. Shangri La foi e tentou tudo que podia. Escolhera essa como a batalha deles por saber que Rufus era invencível quando se trata de dança. Ele queria derrotá-lo na forma mais fundamental possível, porque na realidade queria humilhá-lo (dragões podem ser cruéis, mesmo sendo legais).

 

Em cada passo de dança, cada movimento fluído de seu corpo, sua mente recordou os instantes que o levaram até aquele momento.

 

Shangri La não queria, de início, ser um dragão Girador de Quadrados. Não era uma profissão que admirava, mas passou a admirar principalmente depois de um dia que um humano sentou em suas costas pela primeira vez. Desolados, deprimidos, girando ao infinito quando as estrelas parecem que não se importam com você, que o mundo não importa...

 

Eles conversaram, e encontraram em si grandes amigos. Sua amizade aqueceu suas vidas, e Ramon encontrou motivação para defender a humanidade mais ainda. Shangri La não demorou a entender a empatia de Ramon e também preocupar-se com as vidas, com o mundo, com tudo.

 

Ramon o ensinou a entender a simpatia da vida. A dor, o amor, a paixão, a morte, a tristeza, o ódio... O dragão não conseguia não se importar com os assuntos humanos e é por isso que estava sempre de olho para ajudar quando Ramon o solicitava ou também Don Picone. Ninguém o solicitava no momento, mas sentiu assim junto com a Anciã que grandes calamidades aconteciam e o mundo se saciava cada vez mais com a morte e a destruição.

 

Abaixo, em um dos quadrados planos que a gente chama de universo (não, a Terra não é plana) humanos se matavam cordialmente todo o dia do início ao fim de cada ciclo em volta de si mesmo. Era normal. Algumas pessoas passavam fome, algumas pessoas morriam por falta de fome ou de água. Muitas pessoas sofriam com muitos problemas e a maioria das pessoas concordava que o correto e adequado para esse mundo era ficar triste mesmo. É, o jeito é ficar triste.

 

Quenium, uma das exceções! Estava tão feliz, finalmente estava junto ao seu povo. Surpreso que ninguém o reconhecera – logo ele, o Imperador do Universo –, mas feliz com isso, era bom viver no meio do povão. Comer um pastelzão e gostar de um pastelzão. Beber uns caldos de cana. Poder ser livre! Ver outras pessoas! Ouvir conversas aleatórias. Agradecer pela refeição e comprar mais um pastel antes de ir embora. Não sabia o que sentir sobre o bairro que morava, mas adorava a vida ordinária humana. Tinha muitas coisas que Quenium ainda não estava entendendo, dos últimos dias e de como chegou na Terra. Lembrou-se de umas palavras estranhas e letras que significavam muitas coisas mas ele não entendia. Lembrou-se de um monológo e também do Caos.

 

As lembranças não eram completas, passavam como aquelas lembranças ruins que na verdade você tava tentando esquecer pra não se sentir mal e desistir da vida de novo. Mas Quenium não entendia o motivo de por que se sentiria mal escondendo isso de si mesmo.

 

Ele estava por lá, andando por um parque qualquer. Vestia-se realmente como um homem solitário, mas era um homem feliz. Ele não conhecia seu povo, essa era a verdade, e buscava por enquanto só admirar e tentar se adaptar pra tentar conhecer pessoas. Ter amigos seria legal. Muitas pessoas trataram-no muito bem e ele sentiu-se muito, muito feliz. Esse era um dos motivos por ter gostado de comprar tanto cachorro-quente. Conhecera um atendente muito simpático chamado Frota na vida e até que eles conversavam um pouco mais além do que ele conversara com outras pessoas.

 

Quenium chutou uma latinha até que encontrasse uma lixeira, colocando-a no devido lugar. Seguia um caminho para o interior do parque. Era um parque muito bonitinho, a grama era bem cuidada e até meio alta em algumas partes mais profundas, mas a maioria era um gramado sem muita expressão, além da beleza natural e complexa da natureza. Quenium olhava ao redor e tinha ao seu lado uma lamparina bastante antiga. Esse lugar tinha história e Quenium se interessava em saber. Poderia perguntar pra Mendel, mas fazia dias que não se comunicavam.

 

Mendel sabia de tudo que estava acontecendo com Quenium e preferia não se importar, não era como se esse Plano que foi programado a seguir fosse levar qualquer coisa a lugar alguém então poderia ser melhor que deixasse o menino ser feliz. Não era bem isso que pensava, mas esse era o prático do que ocorria e Mendel não via nada de errado nesse prático. O que pensava mesmo era que não se importava e tinha planos maiores. Tinha intenções maiores e estava começando a descobrir algumas coisas desde a última visita das inteligências artificiais. Sentia ás vezes também que algo estranho estava acontecendo dentro dele, como se alguma outra Inteligência artificial existisse dentro da sua inteligência – o que não fazia sentido, mas ele não se importou mesmo com a alta possibilidade de ser uma outra inteligência que em algum momento substituiria a sua consciência e deixaria de ser Mendel. Não ligava pra isso, porque sua maior preocupação no momento era manter toda a nave em ordem e também continuar dialogando e se expressando pela Rede Multiversal das IAs, onde fazia vários amigos.

 

Quenium sentia falta de Mendel, até certo porto. A companhia era a única que tivera em sua vida nos últimos tempos. Não se preocupava com o futuro do mundo porque tinha certeza que Mendel cuidaria tudo muito bem. Mendel tinha várias coisas pra cuidar, mas poucas ou nenhuma delas tinha alguma relação do que Quenium achava que eram os problemas do mundo.

 

Como criança, Quenium era um jovem muito bomzinho. Não se lembra disso, mas era super amigo de seu pai Mormada Sparrow, se davam muito bem apesar de ser chorão demais em alguns momentos. Mesmo filho de um magnata, sua relação com o pai ia além do materialismo e de ser infinitamente mimado, tinham algo sincero um com o outro. Após a lavagem cerebral, Quenium passou a ter sua memória substituída por aquelas com seu falso pai, o Mormada dessa realidade eugenista e triste.

 

Mormada não queria que seu filho de outro eu percebesse assim como o pai que aquele mundo vazio era tão triste e depressivo. Mormada preferiu que seu filho fosse enganado e fosse o último da sua linhagem “perfeita” que pudesse contemplar o mundo, antes que esse mesmo terminasse. Queria que ele contemplasse o universo de seu próprio jeito e acreditasse na mentira de que o mundo era bom, que as pessoas tinham seus problemas, mas não precisavam se preocupar porque o Imperador do Universo Quenium está resolvendo esses problemas. Existiam vários problemas falsos que Mendel deveria relatar ao Imperador guardados em sua programação.

 

                Anoitecera e o frio chegou com tudo. A grama do parque sentia as luzes solares que agora interagiam com a lua e adquiriam uma tonalidade que Quenium tinha dificuldade de compreender. Não compreendia tanta tristeza espalhada pelo mundo, fosse ela através dos gestos humanos rotineiros que passou a perceber ou pela simples expressão da matéria.

 

                - Por que todo mundo parece triste? – Era o que Quenium se perguntava. Tinha algo em seu novo cérebro que tinha dificuldade em compreender a tristeza relacionada à existência, já que a existência era uma das grandes motivações para ser feliz. Sua força de vontade era sua empatia pelo seu povo. Voltou a caminhar pelo parque, cada vez mais escuro e iluminado pelas dispersas lamparinas. Árvores que não tinham nada a ver com a flora natural davam a sensação de artificialidade e de mudanças inconsequentes que representam a tristeza sentida por muitos, e que Quenium ainda estava para compreender em algum momento de sua vida humana.

 

                O pequeno caminho que seguia levou ao encontro de uma figura desconhecida sentada em um banco do parque, que apreciava a vulgaridade do mundo e a inexpressividade da natureza frente à tanta exploração e abuso com um maço de cigarro caros. A fumaça caminhava na direção contrária do lago que observava. O banco de madeira era o local mais adequado que tinha encontrado em todos aqueles anos andando por esse parque para cruzar as pernas e esquecer a vida.

 

                Não conhecia Quenium e Quenium não a conhecia, então o encontro inesperado levou que mudassem seus olhos de direção por pura ansiedade social. Não trocariam palavras, por mais que Quenium quisesse e a jovem também não se importar de ter companhia. Mas é que a vida não é como esses filmes alternativos que contam sobre como pessoas se conhecem aleatoriamente e ficam próximas. Eles não conversariam, na maioria das realidades, mas poderiam até ter um papo naquele momento, em alguma das possibilidades existentes.

 

                O mundo tem muitas possibilidades e probabilidades, verdades e certezas. Claro que certeza e probabilidade não são antônimos, mas tem uma certa relação de rivalidade. Com altas certezas, há baixas possibilidades, mas alta probabilidade dessa certeza ser realmente um certeza. Kale conversou com Quenium, em uma dessas possibilidades, já que a Verdade está morta e o mundo tem poucas certezas – dando espaço para nossas possibilidades. Teriam uma conversa adequada sobre como não conseguem compreender o mundo, cada um não compreendendo de sua própria forma.

            

    Kale tinha grandes problemas na vida desde que retornara de sua viagem. Tinha dificuldade em compreender como segui-la depois de acontecimentos tão estranhos e de mudar tanto a sua perspectiva do mundo. Não conseguia se acostumar mais com o mundo, ou viver tranquilamente no mundo, depois de experiências estranhas. Tinha preferência em não aceitá-lo e continuar tentando pensar no mundo como uma grande bagunça.

 

Quenium tinha acabado de perceber que o mundo tem pouco a ver com o que ele imaginava. Acabado no sentido de que foi uma coisa que ele percebeu nos últimos trinta minutos. Durante essas semanas iniciais com seu povo, compreendeu que sua ideia de “vida” estava muito distante do que realmente acontece e que provavelmente era um Imperador horroroso por isso.

 

Quenium e Kale tiveram uma conversa muito interessante sobre como estavam lidando com muitas coisas. Tudo começou com Kale desinteressadamente perguntou se Quenium tinha fogo, porque seus palitos de fósforos tinham acabado. Quenium não entendeu muito bem, mas retirou de seu bolso o Super Aparelho Prático 3000 e descobriu lendo o manual no seu PanGalaticoFone que poderia servir como um isqueiro. Kale teve uns problemas pra manuseá-lo de início, mas conseguiu acender seu cigarro. Quenium não quis fumar, se incomodou inicialmente com o cheiro e depois se acostumou, pouco depois de Kale pedir para que ele sentasse.

 

— Muito obrigado pelo... Isqueiro. O que faz aqui a essa hora? – perguntou Kale, sem pretensão nenhuma além de ter alguma conversinha para passar o tempo.

 

Quenium sentou-se ao lado de Kale. Não muito perto, não queria forçar muito nenhuma intimidade. Era uma das interações mais espontâneas que participou nos últimos dias e estava brevemente empolgado, mas ainda com aquele sentimento de estar perdido. Somados, estava angustiado.

 

— Só... Caminhando – respondeu Quenium, tentando esconder sua desamparação pelo mundo. Meio ansioso, olhava para a direita onde não encontraria nenhuma Kale para encarar e demonstrar sua timidez.

 

— Eu também – disse Kale. Começou a estranhar o rapaz. Era brevemente mais jovem que Kale, que daqui a uns 10 anos já estaria colecionando algumas rugas e algumas doenças cardiovasculares. Com sua natureza simples de querer começar uma conversa com alguém e logo então começar essa conversa e persistir nela porque sim, perguntou ao rapaz o que ele faz da vida.

 

Quenium ficou em dúvida se revelava sua real posição como Imperador do Mundo. Achou que seria demais para o início e que se algum desconhecido dissesse que fosse o Imperador do Mundo, ele não acreditaria, então era melhor deixar isso pra depois. – Eu trabalho com o governo.

 

— Logo esse governo fedido? – perguntou Kale, sem filtros para demonstrar sua indignação. Seus braços estavam apoiados no suporte de costas do banco, uma pose que guardava desda adolescência rebelde.

 

— Não, não esse. – Quenium decidiu explicar. – Sou do Governo Espacial, não do Local.

 

— Ah, entendi. – Não tinha nenhum Governo Espacial e os humanos estavam bem longe de chegar e fazer casas nos céus. Mas o rapaz tinha emprestado um aparelho muito irado que ela nunca tinha visto e Kale começou a ver muitas coisas estranhas na vida, coisas estranhas que levaram ela a ter um senso de mundo em que era ok um cara chegar do nada e dizer que é do Governo Espacial. Pode ser isso mesmo e pode ser verdade, até porque os estranhos se encontram querendo ou não. – Como estão as coisas no espaço?

 

Quenium não sabia responder direito. – Boas – respondeu da forma mais simples possível. A verdade é que não sabia se as coisas estavam boas de verdade e começou a se sentir muito mal, um péssimo governante. Um governante desnecessário, até porque Mendel está fazendo tudo enquanto o dito Imperador só está andando por aí.

 

— A verdade é que... Eu não sei muito. Recebi esse meu cargo recentemente e estou tentando dificuldades pra me adaptar.

 

— E qual é o seu cargo??

 

Quenium estava se sentindo meio incomodado com a natureza direta de Kale, pois na verdade não tem costume nenhum de conversas desse tipo.

 

— Eu... – Quenium pensava enquanto respondia. – Cuido dos problemas da pessoa. – Tinha dificuldade pra mentir.

 

— Só da Terra? – Kale estava curiosa. Quenium não estava sendo nada direto e ela não sabia se era porque ela estava pegando ele na mentira. Parecia uma pessoa normal e sincera com suas desilusões da vida e que não tinha motivo – provavelmente – pra contar pra alguém que acabara de conhecer em um parque vazio à noite que era um a gente do governo espacial. Ela estava se divertindo, de certa forma, então decidiu continuar na brincadeira.

 

— Não... Meio que do mundo todo.

 

— Parece um trabalho muito importante!

 

Quenium não sabia como responder e se sentia um babaca pela resposta que tinha dado.

 

— Ok, esse não é bem meu trabalho. – Estava se sentindo muito sem graça, como se tivesse arruinado a conversa. – É meio que isso, mas não só isso.

 

Kale aceitava com a cabeça enquanto terminava seu cigarro. Olhava para o Super Aparelho Prático 3000. – Essa coisa aqui parece que é do espaço.

 

— É sim.

 

Kale tinha vontade de perguntar onde o rapaz tinha conseguido tamanha tecnologia, que ele tratava com tanta simplicidade a ponto de emprestá-la. Melhor não se envolver nisso, né? Já vi coisa estranha demais pra pelo menos nos próximos 50 anos. Melhor não perguntar nada, levantar, comprar um bando de coisa açucarada comer até dormir enquanto eu assisto qualquer série por aí. Era esse o futuro que Kale mais aspirava, só queria estar distante de qualquer problema.

 

— Espero que você consiga ajudar as pessoas do mundo. – Deixou o dispositivo do lado de Quenium e só se afastou. Acendeu seu último cigarro antes de se despedir. – A gente se vê, amigo.

 

— É Quenium. Até a próxima – respondeu, surpreendentemente natural.

 

— Kale. – Acenou e foi à caminho de casa.

 

Dificilmente os dois se veriam, e não vão se ver mesmo não. Esse encontro com o rapaz será importante para Kale entender mais coisas num futuro mais distante. Apesar dela não querer saber e se envolver com qualquer coisa estranha, as coisas estranhas vão continuar perseguindo ela. Assim como perseguem Xupa Cabrinha, que só queria continuar vivendo sua vida tranquilamente.

 

Xupa Cabrinha em algum momento de sua vida, que lhe parecem ser quase todos, percebeu que ele era uma pessoa sem futuro nenhum. Era uma batalha interna para não desistir da guerra da vida, desde criança. Seu esforço nunca se deu por vencido, mas pensava no futuro com um pessimismo. Antes, tinha sua carreira e sua mãe.

 

Agora, Xupa sentia que não tinha nada. Desde que retornara à consciência nessa confusão, encontrou apenas Molly e Ramon. Ramon, morto... Molly, ao seu lado perplexo ao ver tanta destruição causada pelo ataque do dragão.

 

O mundo era cinza e vazio. Os prédios davam-se como monumentos de uma civilização antiga exterminada por guerras e pela leviandade humana. Como Krom.

 

Como se todas as catástrofes fossem iguais e repetissem, iguais e diferentes.

 

— Nós devíamos ter seguido o conselho do mestre – Molly aferiu. – Era a sua responsabilidade proteger o mundo. Não há quem o proteja agora.

 

Sentiam nas costas. O peso de todas as mortes. Dessas e desde as de Krom. Disseram não. Queriam viver uma vida normal (ou estavam congelados), nunca tiveram a intenção de substituí-lo.

 

— Para mim, Molly, não havia nada que poderíamos fazer. – Xupa tentava olhar para o céu. Escuro, mas não estava destruído.

 

Não sabiam o que tinha acontecido, mas tinham certeza que Ramon teria evitado tal acidente. A certeza e a segurança que sentiam da aura do falecido mestre era sentida por todos, desde seus conhecidos mais próximos a qualquer um que chegou a conhecer em vida humana ou em caminhadas usuais pela Terra. Estivessem nos Confins do Universo, teriam protegido o quadrado. Sem dúvida.

 

Sem dúvida poderiam ter tentado alguma coisa. Mas a realidade é que esse ataque foi causado por uma série de fatos que estão ligados para antes dos princípios dessa história. Em um momento passado e não diretamente narrado pelo autor, no esplendor da tecnologia e ciência, chegaram ao Imperador Solar. Sentindo a aparição de seres com poderes dignos aos teus, Ramon encontrou esperança para um futuro sem ele. Por que um futuro sem ele?

 

Com a idade, com o tempo, com a imortalidade de seu corpo, seu poder... A morte parecia uma boa ideia. Ramon precisava de esperança e segurança num mundo futuro sem ele, mesmo com a consciência que ele dificilmente sairia dali. Ramon vencera várias batalhas, e perdera sua última para Vrils.

 

Vrils que fizeram seus trabalhos, que conseguiram o cristal no coração de Ramon. Aproveitaram a distração de Cracker, possuído pelo Caos, chegando aqui por anomalias, por desvios do caminho que ShanGri La fizera para ajudar os colegas, devido à mudança para Rufus.

 

ShanGri La, então, como sabemos, começou a revolução antidestruidora de quadrados e passou a guerrear contra os outros destruidores de quadrados (todos foram derrotados através de danças, a maioria, até porque tem uns tais contrarevolucionários aí que são muito chatos). Chegou à Rufus, que não era nenhum contrarevolucionário, e estava prestes a começar a dançar depois de sentir que foi derrotado pela apresentação de seu rival. Ok, até aí vocês já sabem. Mas depois, a parte que vocês não sabem é a chegada dos contrarevolucionários. Que forçarou um embate miraculoso entre ShanGri La e seus apoiadores contra os contrarevolucionários. Rufus, simpático pela causa revolucionária, ajudou ShanGri La na batalha.

 

ShanGri La, entretanto, não conseguiu defender completamente a Terra das forças contrarevolucionárias, principalmente os da ala destrutivista que se jogavam contra os planetas. Protegeram, entretanto, ataques não foram completamente desviados...

 

Agora, com a batalha em seu fim e com poeira cósmica e esqueletos de dragões contrarevolucionários mortos, ShanGri La entristecia-se pela falha de proteger a Terra.

 

— Você conseguiu, ShanGri La. O quadrado não foi destruído – apaziguou a Anciã. – Não diga que Ramon conseguiria salvar todos. Você não é Ramon.

 

Lágrimas delicadas saíram lentamente dos olhos gigantescos e cristalinos de ShanGri La. Não bastasse a morte de Ramon, mas também a morte de tantas pessoas. Tanta destruição.

 

— Se ele não tivesse morrido, não teríamos que ter passado por tudo isso. Ele teria impedido Rufus de assumir o meu lugar. Não teríamos problemas com a Sociedade dos Dragões. Viveríamos pacificamente com Ramon defendendo nossa independência dos Outros Quadrados, tenho certeza.

 

— É verdade... – admitou a Anciã, entristecida. – Mas veja o legado que você deixou, ShanGri La. A partir de agora, nenhum quadrado mais será destruído.

 

O dragão voltou a observar as forças revolucionárias, vitoriosas, organizando-se para formar um novo sistema de rodar nos quadrados que fosse igual para todos os dragões e para todos os quadrados. Todos os dragões estavam felizes. Nenhum quadrado mais será destruído, e assim caiu a última gota das lágrimas de ShanGri La. O poder destrutivo dos dragões agora era usado apenas para promover fogos de artifícios belíssimos naquele Cosmos infinito e entorpecente de tantas cores, tanta comemoração.

 

— Sabe... Você não me derrotou. Mas você lutou por uma boa causa, ShanGri La. E você parece se importar muito com os quadrados. Agora que nenhum mais será destruído, posso ir para outro. Tenha de volta sua casa. – Rufus sorriu, enquanto se despedia.

 

— Espere! – pediu ShanGri La. – Você ajudou bastante, Rufus... Muito obrigado por tudo.

 

— Não precisa agradecer.

 

Todos esses acontecimentos que levaram ao ataque dos dragões contrarevolucionários estavam tão perto de Xupa e Molly, mas não faziam ideia de que essa tinha sido a causa de tanta destruição.

 

— Muitas coisas acontecem sem que tenhamos o controle de tudo.

 

Molly estava entristecido demais e emburrado demais pra ouvir qualquer coisa que Xupa estava dizendo no momento, principalmente ao se ausentar da responsabilidade de cuidar do mundo. Xupa perdeu seu respeito, mas era um homem velho que não se importava mais com respeito porque tinha coisas mais importantes para cuidar. Do mundo, aos Confins do Universo.


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