Baby, it's cold outside! escrita por Madu Oms


Capítulo 1
Capítulo único - Baby, it's cold outside!


Notas iniciais do capítulo

Savosh, fiz por causa da Lah, sou linda, me amem.



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Acordei de sobressalto, ouvindo uma cantoria no lado de fora da casa.

Não tive forças para abrir a janela e ver o coro que, todo ano, batia de porta em porta cantando canções de Natal e esperando ganhar algum dinheiro com isso – raramente conseguiam, meus pais nunca davam nada, a não ser um “feliz natal pra vocês também”. Esperei pacientemente que fossem embora, e finalmente levantei da cama.

Apesar de todas as janelas estarem fechadas, minha casa continuava gelada. Eu não fazia ideia de quantos graus estava lá fora, mas provavelmente era algo perto de -5ºC.

E, se a previsão do tempo da televisão estivesse certa, nevaria.

Não gosto de neve.

Nada pessoal, eu só não gosto. É que uma vez, eu estava fazendo guerra de neve com o meu pai e minha irmã, quando tropecei e caí de cara num monte de gelo sujo, nada macio, e pouco parecido com os flocos brancos que nós vemos na televisão. Tive que interromper a brincadeira para voltar pra casa, tomar banho (lavar o cabelo!), trocar de roupa e, de quebra, ainda torci o pé e fiquei dois meses sem poder colocá-lo no chão. O que foi bem chato, porque significou que eu não podia tomar banho sozinha. Ou fazer qualquer outra coisa sozinha. Enfim.

Depois disso, nunca mais fiz guerra de neve na minha vida, e evito sair de casa se ela ameaçar cair.

Fiz minha higiene pessoal, troquei de roupa e desci para o primeiro piso da casa. Por algum motivo desconhecido, meus pais não estavam lá. Talvez tivessem saído para comprar comida ou qualquer coisa assim. Não me importei muito – se fosse algo sério, eles teriam me acordado para avisar.

Dei uma olhada nas salas e depois na cozinha. Valentine também não estava em casa.

O que significava que eu estava sozinha. Sem meus familiares. Abandonada. Na manhã de Natal.

Nossa, se eu fosse religiosa provavelmente teria entrado em depressão.

Peguei qualquer coisa para comer, e fui tomar banho. Depois arrumei meu quarto, lavei parte da louça da noite anterior, li e assisti televisão. Quando deu meio dia eu comecei a ficar preocupada e liguei para minha mãe.

Oi, filha – ouvi a voz de Martha no outro lado do telefone. Pelos barulhos no fundo, ela estava em um shopping. Ou restaurante. E não me levou. – Estão se divertindo?

— Eu e a televisão? Muito. – revirei os olhos. – Se você estiver se referindo ao papai ou à Valentine, então saiba que eles dois saíram.

Ouvi-a murmurar um “ué...” para alguém que estava do seu lado. Ela e essa pessoa tiveram uma pequena conversa, e apesar de minha mãe ter afastado o celular, eu pude perceber que a dona da voz com quem ela falava era uma menina.

Valentine?

— Mãe, o que está acontecendo? – perguntei.

Filha, por acaso o...

A campainha tocou, e minha mãe provavelmente ouviu, porque parou de falar.

— Estamos esperando visita?

— Você está – pelo seu tom de voz, ela estava sorrindo. – Divirta-se, ok? E juízo.

E desligou. Na minha cara.

A campainha soou mais uma vez e eu, sem ter outra opção, fui atender.

— Reservei você para o almoço – ele disse, com um sorriso que ia de orelha a orelha. – Espero que não seja um problema.

Josh segurava uma sacola na mão esquerda, e flores na mão direita. E não era um simples buquê de qualquer tipo de flor, e sim um buquê de gardênias.

— Como você sabia? – perguntei, estupefata.

— Sabia o quê? – Josh franziu o cenho.

— Gardênias – apontei para as flores. – São as minhas favoritas.

Ele sorriu ainda mais, mas não me respondeu.

— Vai me deixar parado aqui na porta? Está frio, Sav.

Sacudi a cabeça para sair do meu estado de choque e dei um passo para trás, deixando espaço suficiente para o escolhido de Aquantis passar. Ele tinha cheiro de canela.

Fechei a porta e fui buscar um recipiente para as flores. Algo me dizia que ele não sabia que gardênias eram minhas flores preferidas, que isso não passava de uma coincidência. Porém, outra parte de mim queria acreditar que ele me dera elas por algum motivo. Motivo que, aparentemente, Josh não estava pronto para discutir.

Voltei para a sala e depositei o buquê no vaso. Elas estavam quase tão brancas quanto a neve que caía lá fora – e pela primeira vez, aliás, não me incomodava nem um pouquinho.

Josh sentou-se no sofá, e eu me coloquei ao seu lado. Durante alguns instantes, não dissemos nada. Várias perguntas surgiram na minha cabeça, mas eu não tive coragem de fazer nenhuma.

— Eu te trouxe um presente – ele falou, por fim, quebrando o silêncio, e me entregou a sacola.

Abri a caixinha que estava lá dentro. Nela, havia um colar com um pingente em formato de coração. Era do tipo que você pode abrir e guardar fotos dentro.

— É lindo, Josh... – murmurei, colocando a corrente em meu pescoço. – Mas eu não te comprei nada.

— Você nem sabia que eu estava vindo – ele riu.

— Mas minha mãe sabia – comentei casualmente.

Ele concordou.

— E por que ela podia saber, e eu não? – perguntei.

Josh deu de ombros.

— Se você soubesse, então não seria uma surpresa, né?

Não, não seria.

Mas isso ainda não me fazia gostar de surpresas. Principalmente as que envolvem me surpreender.

Mais alguns instantes silenciosos depois, eu soltei:

— Como vão as coisas em Nostrae?

O Electi sorriu.

— Será que podemos deixar o trabalho de fora, pela primeira vez?

Eu ri levemente, e ele me acompanhou.

— Acho que outras pessoas podem cuidar do universo. Pelo menos hoje – declarei.

Josh assentiu.

— E o que nós vamos fazer? – indaguei.

— Ah, eu estava pensando em coisas divertidas, tipo jogar damas, batalha naval, assistir Here Comes Honey Boo Boo¹... – ele falou, parecendo pensativo. Assim que viu minha expressão, começou a rir. – Calma, Savanna, era só brincadeira.

— Ainda bem. Só o que me faltava era ter que passar o Natal assistindo Honey Boo Boo com o meu–

Parei de falar quando percebi que estava prestes a dizer a palavra namorado.

O que Josh era para mim, exatamente? Quer dizer, ele não tinha me pedido em namoro, então nós não estávamos juntos. E eu também sentia que nós não éramos só amigos – talvez porque passamos por coisas demais juntos, o que exigia uma relação mais “íntima”.

O que exatamente nós tínhamos?

De repente, senti que ficava mal humorada.

— Meu buquê de gardênias brancas muito lindas e cheirosas – completei.

Ele afastou uma mecha do meu cabelo que caía no olho – Josh, não o buquê –, e colocou atrás da minha orelha. O simples toque de sua pele na minha, fez com que eu me arrepiasse. Mesmo quando tirou a mão, eu ainda podia sentir o lugar formigando.

— Eu tenho outros planos...

Demorei um tempo para perceber o que ele quis dizer, e Josh já estava perto demais para que eu me afastasse.

Ah, quem eu quero enganar.

Nem se ele tivesse dito “eu vou te beijar” em alto e bom som eu teria me afastado.

Então parei de pensar e me entreguei ao momento.

Senti uma de suas mãos subir para o meu rosto, e a outra descer até minhas costas, puxando-me para ele. Seu toque me fez arrepiar, novamente. Eu não fazia a menor ideia do efeito que ele exercia sobre mim.

Enrolei meus braços atrás do seu pescoço e sorri. Provavelmente por causa da neve, seu cabelo estava meio úmido e gelado. Lembrei que não tinha visto carro algum parado na frente de casa – e, mais tarde, me dei conta de que Josh “tinha” quinze anos. Ele ainda não podia dirigir.

Então, só sobravam duas opções: ou ele se transportou até a minha casa, ou foi caminhando de encontro a mim.

Josh havia se sujeitado àquele frio e neve malditos por minha causa. E isso apagava qualquer resquício de irritação que eu tinha por causa do inverno.

Mesmo quando nos separamos, eu ainda podia sentir seus lábios nos meus.

E, meu único desejo, era poder continuar sentindo isso para o resto da minha vida.


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Notas finais do capítulo

¹ Honey Boo Boo é um programa muito chato dos Estados Unidos. Quer dizer, eu acho muito chato, mas tem gente que gosta... Sei lá, tem louco pra tudo nesse mundo.

Ficou curtinha e bobinha, que nem todas as minhas one-shots de Natal ♥

Gardênias ♥
Leiam isso: http://www.significados.com.br/gardenia/ e tirem suas próprias conclusões sobre o Josh tê-las dado para a Savanna.

Sim, quinze anos. Se passou um ano desde o ponto em que nós estamos em A Escolhida. Em que ponto nós estamos, mesmo? Esqueci.

... Ah, pera, não se passou um ano desde A Escolhida. Fiquei confusa. Eu deveria estabelecer datas mais "concretas" para as minhas fanfics.



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