A Realeza de Ouran escrita por Machene


Capítulo 12
Uma Vez Meu Eternamente Meu


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Agradeço a todos que acompanharam a fanfic até este penúltimo capítulo. Sim, já estamos na reta final, por isso quero saber de vocês leitores como gostariam que fosse o encerramento da fic. Como vocês verão nas notas finais, tem um link que dá direto para um álbum de fotos online que eu preparei com as imagens de uma determinada cena do mangá de Ouran. Eu preparei 5 álbuns diferentes, cada qual com uma cena que serve de base para o capítulo da fanfic. O link do primeiro vale pra esse, os outros serão publicados no último capítulo, mas uma cena em comum que obviamente não tem no mangá é do casamento dos outros anfitriões, além do Tamaki. Então eu pergunto: querem que eu conte como foi o casamento deles? Respondam nos comentários, ok?! Até lá a fic vai ficar em espera. Divirtam-se!



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Cap. 12

Uma Vez Meu Eternamente Meu

Os pássaros não cantam, as nuvens cobrem parcialmente a luz do entardecer e o vento forçando cada folha das árvores a farfalhar faz o silêncio mais tenebroso na residência dos Aoki. As reconhecidas a pouco como anfitriãs da Academia Ouran estão em clima tenso, da mesma forma que seus outrora noivos, e isso porque todos os seus familiares estão juntos na sala do duplex para uma reunião de última hora. De fato estava marcada uma viajem para as moças e suas famílias nesta tarde, mas ela foi secretamente cancelada.

– Então... – Suzu se atreve a começar o previsível diálogo desgastante e cruza os braços – O que eles fazem aqui? Pensei que tivéssemos deixado claro o “até nunca mais”.

– Suzu, por favor... – seu pai suspira em um pedido cansado de calma – Escute o que o senhor Ootori tem a dizer. Ele pediu que todos comparecessem a essa reunião, dizendo ser urgente.

– Mas nem que o Papa estivesse vindo aqui pra casa! – Aika se rebela – Não somos obrigadas a ouvir mais nada depois de tudo que já passamos! Seria muita humilhação!

– Vocês têm razão. – o senhor Yoshio se pronuncia, de pé ao lado dos filhos mais velhos e do sofá onde a filha única está sentada – Eu cometi um grave erro que dificilmente pode ser perdoado, mas eu vim pedir a vocês não seu perdão e sim uma chance de reparar essa confusão.

– Vai fazer o quê, nos oferecer dinheiro? – George olha repreensivamente para sua primogênita, mas Linh permanece altiva e se dá por satisfeita vendo a mãe quieta.

– Eu sei que dei todos os motivos do mundo para ficarem revoltados comigo, então...

– Ah não, revolta é o de menos! – a Sakurai ri – O sentimento que melhor podemos descrever agora é o de pena. É surpreendente pensar que Kyoya e Fuyumi-san sejam seus filhos. – ela olha de relance para a dupla dos irmãos mais velhos e balança a cabeça em negação.

– Suzu-san, por favor... – Fuyumi pede com os olhos suplicantes – Escute o que nosso pai e os outros têm a dizer. – a garota a encara por um tempo e suspira, virando-se as amigas apenas para confirmar se os escutariam ou não, e vendo que nenhuma nega ela concorda.

– Bem... – a senhora Suou anda um passo a frente – Na verdade quem convocou esta reunião fui eu. Da última vez vocês saíram tão apressadas da sala que não me deram tempo de explicar a situação.

– Que nós éramos vítimas de um acordo matrimonial? – a gêmea mais velha ergue a sobrancelha.

– Essa era a ideia por fora, mas como vocês mesmas disseram o erro com meu filho me fez perceber as coisas ruins que estava fazendo. O noivado de Tamaki com a jovem Haruhi me fez pensar e...

– NOIVADO? – os anfitriões e as moças repetem ao mesmo tempo, fazendo o loiro rir sem jeito.

– Pois é. – ele coça a cabeça e a moça cora – Eu pedi a mão da Haruhi durante a festa daquele dia.

– E não contaram nada pra gente? Que cruel! – o quarteto gêmeo reclama.

– Pensando bem, isso explica por que eles não foram vistos antes da apresentação musical das gêmeas e de Linh. – Maiko olha sorrindo maliciosamente para o casal – Eles fugiram no meio da festa.

– Vocês estão noivos? Por que não me disse nada Haruhi? – Ranka choraminga enquanto a sua filha revira os olhos, e vendo a falta de efeito nela o okama encara furiosamente o assustado genro.

– Agora ele morre! – as duplas dinâmicas riem de novo.

– Parece que desde a festa de Natal vocês estão em uma sintonia muito maior. – Akinori comenta.

– Isso é porque eles foram feitos um para o outro Aki, meu bem. – Aramina ri, passando a sombrinha de um lado para o outro da mão e entrelaçando seu braço com o dele.

– Enfim, eu posso continuar? – todos se calam para Shizue prosseguir – Muito bem... Eu dizia que a minha sugestão para os seus noivados tinha apenas a intenção de aliviar a preocupação dos seus pais sobre seu futuro, mas de forma alguma vocês seriam obrigados a isso. Por essa mesma razão eu sugeri coloca-las na Academia Ouran com o conhecimento do meu filho, que alertou o reitor e os estudantes da sua chegada e fez todos os preparativos necessários para recebê-las sem Tamaki e os outros saberem de nada.

– Assim seria mais fácil se enturmarem. – Yuzuru termina a explicação da mãe.

– Mais ou menos, porque no fim das contas o Kyoya-senpai e a Suzu nee-san fizeram investigações e descobrimos algumas coisas uns sobre os outros. – Hikaru relembra e Aika ri da careta dos dois.

– O caso é que a situação tomou um caminho totalmente contrário ao proposto e saiu do controle. – a avó de Tamaki continua – Antes que todos saíssem do país, queríamos nos desculpar pela confusão.

– Lamentamos por tudo. – os familiares dos rapazes se curvam, causando surpresa aos outros.

– Está tudo bem, não é nada que uma boa conversa não resolva! Certo querido? – Kaori sorri e ao seu lado Satori concorda, antes de Hiroíto se curvar para os pais.

– Uma boa conversa com um psicólogo a senhora quer dizer, né mãe? – Edissa lhe dá uma cotovelada que o silencia, embora ainda resmungue de dor.

– O importante é que ninguém se prejudicou muito com a história. – suspira o pai de Maiko, Mitsui.

– Contudo, não podemos afirmar que nosso relacionamento voltará a ser mesmo depois disso. – a sua esposa complementa – Procurar culpados é o de menos, porém o fato é que com toda essa bagunça Maiko e as garotas poderiam facilmente ter ficado com a reputação manchada! Nós concordamos com essa coletiva de casamentos sem saber dos detalhes, mas conhecendo agora a sua natureza posso dizer que foi por muito pouco o estrago que seria feito! Não estou falando de dinheiro ou status e sim de dignidade!

– Nana tem razão. – Mika inesperadamente concorda – Eu pensei saber o que era melhor para Linh e nunca pedi a sua opinião sobre nada. Falhei também com meus amigos antigos, prejudicando a relação das meninas, e combinei essas cerimônias com Ootori-san sem lhes consultar antes. Também lamento demais. – ela se curva e novamente todos se entreolham surpresos.

– Levante a cabeça Mika. – Haruhiro pede e a mulher se ergue – A verdade é que todos nós erramos, e para reparar essa confusão a única solução é deixando nossos filhos escolherem.

– Escolher exatamente o quê papai? – Suzu pergunta desconfiada.

– O que vocês querem fazer? Ainda preferem viajar conosco? – a mãe lhe pergunta, sorrindo como se já soubesse a resposta – Acredito que Akinori e os outros já tenham contado das passagens sem data fixa.

– Já sim madame Chiharu, mas nós ainda não contamos que já nos entendemos.

– Kyoya! – a companheira o repreende sem sucesso, pois ele logo segura sua mão e aproxima do peito.

– Nós decidimos que desta vez vamos nos casar com certeza! – as mães são as primeiras a exclamar e rir com felicidade, algumas passando silenciosos sermões nos maridos para compartilhar da alegria.

– Não pensem que estão perdendo suas filhas e sim ganhando genros! – Kaori afaga a mão do marido.

– É justamente isso que me preocupa. – os filhos riem da careta de Satori.

– Então isso quer dizer que somos da mesma família agora, não está certo?! – Maiko pergunta e todos confirmam – Ótimo, mas ainda falta uma coisa a ser feita, heim Suzu?! – a mais velha suspira e concorda.

– Ok Mai-san, você manda! – a pequena ri, juntando as mãos atrás das costas, enquanto ela se vira – Senhor Ootori, e também a todos os outros, nós os desculpamos pelo incidente. Contato que nada parecido se repita, podemos conviver em harmonia como uma família de fato.

– Eu dou a minha palavra. – o pai de Kyoya sorri, pela primeira vez, e Suzu retribui o gesto.

– Então é hora de comemorar! – Tamaki anuncia – Pra onde vamos desta vez?

– Que tal se nós passarmos o dia no Jardim Tropical Aqua? – Kyoya sugere.

– O parque aquático da família Ootori? – Haruhi pensa – Se não tiver problema, seria bom.

– Vamos todos amanhã então, mas hoje eu sei de um lugar onde podemos comemorar nesta noite.

...

Oito da noite. Todas as famílias dos anfitriões e anfitriãs temporárias de Ouran estão juntas, em um lindo recanto da cidade... Uma Café ao ar livre. Mesmo sobre o protesto de alguns familiares dos rapazes, que queriam gastar mais no passeio, o grupo agora se reúne em torno da enorme mesa preparada com os caprichos do chefe e celebra sua união. Linh e Suzu estão juntas no bar, apenas bebendo coquetéis e observando a bagunça provocada pelas brincadeiras do pai de Maiko e os pais do quarteto de gêmeos.

– Que bela ideia você teve Suzu! Árvores de cerejeira e serviço ao ar livre. Aqui me sinto muito mais a vontade do que ficaria num maldito restaurante rico! – as duas riem – Acho que no fim tudo deu certo.

– Você conversou com a sua mãe depois daquela bagunça no outro dia, não é?! O que aconteceu?

– Ela chorou. – a mestiça pausa e suspira vendo o choque da amiga.

– Mas... Madame Mika nunca chora! Ela chorou mesmo? Não estou acreditando.

– Ela chorou sim, chorou na frente do Sora, de mim e do papai. Todos os empregados viram também.

– Mas o que houve? Ela se desculpou por tudo...? – Linh puxa o ar novamente, balançando o mínimo guarda-chuva amarelo sobre o copo com líquido verde.

– No começo, assim que voltamos pra casa, ela ficou de cabeça baixa e ouviu as reclamações do papai. Normalmente ele esperaria que Sora e eu nos retirássemos pros dois discutirem, mas dessa vez não. – fala relembrando a cena – E o pai nunca levantava demais a voz, só a mamãe fazia isso. Nesse dia tudo estava ao contrário: ele gritava e ela só ficava quieta, escutando. Parecia uma cena bizarra entre pai e filha!

– E olha que ele nunca brigou com você ou o Sora desse jeito!

– Pois é... Mas depois que ela começou a chorar ele se calou. Acho que o papai nunca mais tinha visto a mamãe chorar também. O choro dela começou silencioso, depois seus ombros balançaram e antes que nós percebêssemos ela soluçava! Eu me senti mal por isso, mas só consegui assistir tudo calada. A mãe fez um longo pedido de desculpas e abraçou Sora e eu ao mesmo tempo. Aquilo foi meio chocante, mas sem dúvida a maior surpresa da noite foi o pai ter abraçado ela! – Suzu abre a boca, incrédula – Eu sei, fiz essa mesma cara que você está fazendo agora. – Linh ri de leve – No final ficamos os quatro chorando no meio da sala, e acho que vi os empregados limpando lágrimas também. Pelo menos a Charlotte eu sei que chorou junto.

– Minha nossa... Bom, pelo menos isso quer dizer que o relacionamento de vocês vai melhorar. Como o senhor George reagiu depois de tudo? Ele conversou melhor com madame Mika a sós?

– Eles foram para o jardim conversar um pouco sim, mas é lógico que ninguém ficou ouvindo, então não sei dizer o que aconteceu. Só sei que quando tudo acabou os dois estavam rindo como há anos não via.

– Oh, então você acha que eles poderiam voltar a... – elas olham sugestivamente para o casal na mesa.

– Talvez, quem sabe. Sora gostaria muito disso, eu tenho certeza.

– E você minha amiga? – Linh sorri pensativa e encara a família.

– É... Eu também. – suspira, saindo do banco perto do balcão – Bom, se você me der licença agora vou para perto do meu belo noivo. Quero ver se consigo convencê-lo a jogar paintball comigo e com o quarteto dinâmico! – as duas riem enquanto ela se afasta.

– Estou surpresa em perceber que você está voltando a ser como era, uma danadinha que incentivava sempre as brincadeiras mais loucas da Aika e da Aiko.

– E eu fico feliz com isso. – a mestiça aponta para Kyoya se aproximando dela e corre até Mori, de pé ao lado das duplas gêmeas no lago das carpas – Oi gente!

– Oi! – todos a cumprimentam, e com empurrões intencionais as irmãs chamam os noivos pra longe.

– Oh, esses quatro ainda vão longe! – ela ri, voltando-se ao rapaz escorado na parede da entrada.

– Você está bem? – ele sorri, parando de balançar a taça com licor de chocolate.

– Estou, acho que sim. – Linh volta a olhar para a família do outro lado da pizzaria – Pensar que eu provavelmente nunca mais vou precisar me preocupar com a segurança do meu irmão, por causa daquelas exigências loucas da nossa mãe, me deixa aliviada.

– Você é uma ótima irmã. – a moça suspira e se escora ao lado dele.

– Eu só queria defender o Sora. Tinha tanto medo que ele passasse o mesmo que eu passei... – ela solta o fôlego – A mamãe não enxergava nada e papai não podia me defender, então eu estava por minha conta. Senti tanto medo! – Mori circula o corpo esguio dela com seu braço direito, trazendo-a para mais perto.

– Calma. Eu vou cuidar de você. – a garota sente vergonha de olhar para cima.

– Quer dizer agora? – o jovem aperta mais o abraço, colando o rosto dela em seu peito.

– Agora e para sempre. – Linh fecha os olhos, pensando que mesmo ele sempre falando pouco as suas palavras tem significados profundos, e suspira satisfeita quando o sente apoiar o queixo sobre sua cabeça.

Enquanto isso, perto da mesa de self-service, Aika e Hikaru conversam animados sobre alguma coisa. Não muito longe, Aiko e Kaoru olham animados para os dois.

– Veja Kao-chan, não é ótimo? Nossos irmãos estão se entendendo muito bem!

– Pois é. Eu achei que o Hikaru fosse estranhar a Aika-chan pelo resto da vida! – ambos riem – Você gosta muito da sua irmã, não é Aiko-chan?

– Sim, muito! – o seu sorriso diminui – Sabe Kao-chan, Aika e eu sempre fomos próximas. Como nós gostamos das mesmas coisas, nunca demos muitos problemas aos nossos pais. Era fácil escolher as coisas pra gente, desde os presentes até a escola, mas quando éramos crianças nos irritávamos com frequência se as pessoas nos confundiam. E nem era por não conseguirem saber nos diferenciar, porque até hoje pouco ligamos pra isso contanto que as pessoas que amamos saibam quem é quem. O caso do primário era porque muitos meninos se irritavam por sermos tão idênticas, tanto por fora quanto por dentro, e antes que desse para perceber começaram a implicar com a gente por isso.

– Deve ter sido muito ruim. O que costumavam fazer?

– Às vezes vinham falar comigo dizendo coisas ruins a meu respeito, pensando que eu era a Aika. Eu não me importava tanto, mas se falassem mal dela pra mim acabava me irritando e batia em quem fosse. – Kaoru inesperadamente começa a gargalhar, fazendo-a rir também.

– Então você era uma valentona? Engraçado, porque quando a gente se conheceu eu jurava que Aika-chan era a mais durona de vocês duas. – a moça balança a cabeça.

– Ah não! A Aika era muito medrosa na infância, só depois de alguns anos ficou mais ousada. O caso é que graças ao nosso histórico de encrencas nenhum garoto tinha coragem de chegar perto da gente. Com o tempo ficamos mais destemidas, e atraentes também. – ri – Mas demoramos a nos aproximar das outras pessoas. Também nunca ficamos confortáveis participando de jogos ou eventos de qualquer tipo por causa da quantidade de homens que nos observam. Sabemos que eles só ligam pra nossa aparência.

– É... Admito que, no ginásio, Hikaru e eu éramos muito antissociais. Mesmo que gostássemos de vir para o colégio, não achávamos que existiria alguém capaz de nos reconhecer ou atrair nosso interesse. Pelo visto nos enganamos. – Aiko sorri, envergonhada, e se aproxima perigosamente do rosto dele.

– Você sabia Kao-chan que o beijo é uma demonstração de afeto entre as pessoas?

– Ah é? – o rapaz pisca extremamente corado, entendendo rapidamente a deixa da noiva.

– Sim, e existem vários tipos de beijo. Este aqui é o beijo de esquimó. – ela esfrega seus narizes e ri ao ver o garoto duas vezes mais rubro quando se afasta, andando sensualmente para trás com suas mãos nas costas – Se quiser eu posso te ensinar outros. O que acha?

Sem esperar resposta, a moça se vira e anda com a certeza de que será seguida, como de fato acontece quando Kaoru recupera os sentidos e corre ao seu encontro com um sorriso bobo. Deixados para trás, Aika e Hikaru continuam conversando até a jovem sorrir maliciosamente. Mesmo sem ter visto a atuação da irmã, elas tinham armado o plano de sedução dos tipos de beijo desde a comemoração de Ano Novo.

– Ei Hikaru... – ele para de falar e a encara – Você realmente está bem com o nosso casamento?

– O quê?! Por... Por que está me perguntando isso agora?

– Não precisa ficar nervoso. Eu só quero saber se você agora concorda com isso.

– Bom... – o adolescente coça a bochecha, virando o rosto – Na verdade eu...

– Diga olhando nos meus olhos! – ela puxa sua orelha esquerda – Você quer casar comigo?

– Mas eu já não respondi isso hoje de tarde? Por que quer escutar de novo? – a garota suspira.

– Quando você gosta de uma música quer ouvi-la várias vezes, e mesmo depois de decorar a letra não enjoa. É o mesmo com sua declaração. – ambos enrubescem e Aika cruza os braços – Eu não me importo se você quiser sorrir e me falar que eu sou tudo pra você. Eu não vou enjoar, então pode falar todas as vezes que você pensar em mim. Assim eu fico mais feliz. – a moça abaixa a cabeça com um bico e ele acaba rindo.

– É estranho você me pedir isso depois de me provocar tanto!

– Não ria seu idiota! – Hikaru pede calma com uma mão, e enquanto controla sua risada ela empina o nariz e incha a bochecha esquerda, virando o rosto emburrado para o outro lado.

– Desculpe, desculpe! – ele pede juntando as mãos e perde sua linha de raciocínio momentaneamente enquanto olha-a – Você fica fofa assim, sabia? – Aika cora violentamente, surpresa com esse súbito elogio, mas logo volta a sorrir maliciosamente e pende a cabeça para o lado.

– Sabe, enquanto você resistia a mim eu ficava cada vez mais tentada a te abraçar e beijar. Acho que quem caiu na armadilha da provocação fui eu, afinal. – é a vez dele se envergonhar de novo – Ei, sabia que existem muitos tipos de beijo? E cada um tem o seu significado.

– Ah é? – o rapaz responde tão bobamente como seu irmão outrora.

– É sim. Eu vou te explicar. – ela se aproxima o suficiente para encurrala-lo na parede, entre a mesa repleta de comida e o vaso com uma pequena jabuticabeira – Um beijo muito popular é nos olhos, chamado de “beijo borboleta”, que significa ternura, carinho, dedicação, amor. Geralmente é aquele beijo que os pais dão nos filhos à noite, quando já estão na cama e pedem um beijo de boa noite.O beijo na testa demonstra afeto e, beijar dessa forma pode ser uma reverência à mulher. É como o beijo nas mãos de antigamente que, mesmo respeitoso, consegue transmitir uma intenção mais calorosa com a duração do beijo.

– Muito interessante. – ele sorri, tentando não aparentar nervosismo.

– O beijo no nariz é bem conhecido como o beijo dos esquimós e consiste em esfregar os narizes um no outro, simultaneamente. Serve pra demonstrar um carinho mutuo. Esse beijo também pode ser dado entre amigos para demonstrar o afeto que existe entre eles. Já experimentou?

– Eu não ia ser louco de fazer uma coisa dessas com os senpais, nem mesmo com o meu senhor!

– Estava falando da Haruhi, tolinho. – Hikaru abre a boca levemente e deixa a franja cobrir seu rosto, balançando a cabeça em seguida para negar – É mesmo? – Aika procura disfarçar sua alegria.

– Por que eu faria uma coisa dessas com a Haruhi? Ela é a amada do nosso senhor desde sempre.

– Não insulte minha inteligência Hika-chan. – ele recua, pego na mentira – Eu sei muito bem sabido que você gostava dela antes mesmo do Tamaki-senpai suspeitar do seu amor!

– Mas isso já ficou no passado, ok?! Não precisamos mais falar disso!

– Está certo. – ela dá de ombros – Bom, voltando ao assunto, quer saber quais os tipos de beijos dados por amantes? – o jovem não responde – Então eu digo. Beijo no ombro significa que o parceiro está sempre pensando no outro, lembrando, e com o desejo de estar continuamente por perto. Então vem o beijo na orelha, uma das diversas variações de demonstração de carinho. Essa pode ser uma das formas de beijar dos namorados, de casais apaixonados, porque o beijo é o termômetro de uma relação.

– Não entendi. O que isso tem a ver? – a garota sobe a mão para a orelha dele, massageando-a.

– O beijo na orelha significa desejo. Normalmente os beijos nas orelhas e no pescoço são preliminares de uma entrega maior, é a maneira de demonstrar que o parceiro está sendo receptivo ao amor. – Hikaru sente os pelos do corpo se eriçarem, mas tenta controlar – Já o beijo no queixo significa anseio pela mulher amada, pelo companheiro. A necessidade de estar junto e compartilhar todos os seus momentos. – Aika vai se aproximando perigosamente, variando o olhar pelo rosto dele enquanto o rapaz engole em seco, então de repente se afasta com dois passos e junta suas mãos atrás das costas – Entendeu tudinho?

– Ah... Acho que sim... – o Hitachiin tem dificuldade de compreender esse súbito sorriso inocente no rosto da companheira, embora seu olhar ainda pareça com o de uma caracal pronta para dar o bote – “E a presa sou eu” – ele pensa – “Mas talvez eu possa domesticá-la”.

– E então Hikaru, qual beijo você gostaria de experimentar primeiro?

– Qual? Ah... Não sei. O que você prefere? – a bela Aoki contrai o semblante, pega de surpresa.

– Como assim “o que eu prefiro”? Está mesmo pedindo a minha opinião?

– Estou. Qual o problema? É o seu primeiro beijo, então eu acho justo você escolher. – ela ri.

– Não é meu primeiro beijo, eu já beijei outros caras! – Hikaru ergue uma sobrancelha, pronto pra rir – Não me olhe dessa forma! E nem adianta fazer pose de experiente porque eu tenho certeza que o inocente da conversa aqui é você! Passou tanto tempo fingindo um relacionamento bissexual com seu irmão que as garotas malucas daquela escola devem ter parado de se confessar pra você desde o ginásio.

– Não fique se achando senhorita Aoki. O meu beijo com certeza te deixaria com as pernas bambas!

– Duvido muito! Você é convencido demais se acha que o seu beijo é melhor do que o meu!

– Quer apostar? – os dois se entreolham com caretas desafiadoras.

– AIKA! – o grito os faz se virarem e ambos entram em choque ao verem a mãe da moça constrangida diante dos olhares de todos no Café sobre eles.

– Ai meu Deus! Desculpa! – ela se curva, seguida pelo noivo.

– Já que vocês estão sem fazer nada, vão procurar seus irmãos e ajudem Kyoya e Tamaki a servir os clientes. O senhor Atari está com poucos garçons.

– Mas mãe!... – sem conseguir rebater, a moça se junta ao grupo ofertado por sugestão do rei e coloca o uniforme preto e branco, assim como os outros, para ajudar.

– Um jeito bem interessante de fechar a noite. – Suzu comenta do bar, rindo junto aos outros amigos.

...

Depois de uma divertida tarde de domingo no parque aquático dos Ootori, o Jardim Tropical Aqua, a manhã do dia seguinte surge nublada, com o cheiro da chuva que veio e não tardará a voltar. Linh acorda com a preguiça das férias e decide chamar todas as amigas para uma festa-do-pijama. Quando vem a noite, o frio está cobrindo toda a mansão dos Kikuchi. Aproveitando que Sora saiu com os pais, ela pede a Charlotte para dispensar os empregados e atende as moças pessoalmente quando chegam.

Haruhi é empurrada para dentro pelas gêmeas, que a vestiram com uma camisola de renda amarela debaixo do casaco longo. Aika e Aiko escolheram camisolas com bojo para os seios, das suas respectivas cores favoritas. Linh e Maiko optaram por pijamas, sendo o da pequena loirinha estampado com esquilos.

– Você está linda Haruhi-senpai, especialmente agora que seu cabelo está crescendo.

– Obrigada Linh. De alguma forma eu tive coragem de vir assim com apenas um casaco por cima. – ela olha aborrecida para Aika e Aiko, que apenas assoviam fingindo não saber de nada.

– Ah, que gracinhas! – Suzu e as outras se abaixam para pegar nas mãos os pequenos gatinhos que correm em sua direção – Chantilly já teve seus filhotes?!

– Sim. – a anfitriã sorri, segurando a gata no colo – Tem um gatinho pra cada uma de vocês.

– Com certeza eu vou ficar com um! Posso cuidar deste aqui Linh? É tão fofo!

– Claro Mai. Ainda não tive tempo de batizar os gatinhos, então vocês podem escolher os nomes.

– Ah, você é tão fofo! Ele tem cor de mel. Quem sabe... Já sei, Melito!

– “Melito”? – as outras repetem com estranheza enquanto a loirinha junta seu rosto com o do gato.

– Vem do latim. Significa doce como mel, é perfeito!

– Ok. Então eu vou ficar com este aqui! Ele parece com a mãe, então vou chamar de Floquinho.

– “Floquinho”? Sua criatividade já foi maior Aiko. – a irmã ri.

– Não seja malvada! E você vai escolher qual dos gatinhos?

– Este aqui! Ele é mais marronzinho. Vem cá Linh-chan, de quantos gatos a Chantilly engravidou?

– Ora Aika, só porque ela foi descuidada não quer dizer que seja vadia!

– Pode até ser que ela tenha embuchado de um gatão bonito e ele... – Maiko tapa as orelhas do gatinho – Sofreu um acidente horrível. Nunca se sabe!

– Sei... Mudando de assunto. Eu vou chamar meu gatinho de Chocolate!

– “Chocolate”? E você estava insultando a minha criatividade?

– Não pensei em nada melhor. Só estou com preguiça. – Aiko faz um bico.

– E você Haruhi-senpai? Não vai querer adotar um gatinho?

– Ah, eu sinto muito Linh, mas não posso levar um gato para o apartamento.

– Eu entendo. Não tem problema então, eu posso ficar com um dos filhotes. Depois que a minha mãe descobriu que eu tinha adotado a Chantilly, não fez um estardalhaço como pensei que faria. Mesmo que eu e Sora tenhamos começado a morar com o papai depois do divórcio, ela nos visitava com regularidade e seu desgosto com animais era grande, mas parece que a confusão com os casamentos a transformou. Sora pode gostar de tomar conta do pequenino. – elas riem – Mas antes de dizer que ele pode escolher um nome, você precisa decidir com qual deles quer ficar Suzu.

– Eu sei. – a mais velha ri ao sentir o único filhote preto tentando arranhar a sua perna em busca de atenção e o segura nas mãos – Este aqui parece ter gostado de mim.

– Ele é muito fofo e peludinho! – Haruhi sorri – Como você vai chama-lo Suzu?

– Vejamos... – ela pensa um pouco e então sorri – Já sei! Seu nome será Noel.

– Que nome esquisito. – as gêmeas comentam, mas Suzu dá de ombros.

Quando as seis estão reunidas no quarto da mestiça, sentadas em puffs de cores diferentes, começam uma série de jogos. Mais tarde descem para a cozinha, onde vão fazer a sua própria comida e Aika elabora uma receita nova. Não dá certo e o fogão quase pega fogo. Depois duma bronca de Aiko, relembrando-a dos seus fracassos culinários, o grupo se reúne ao redor da mesa na sala de jantar e depois de comer voltam ao quarto para dormir. Já acomodadas nos futons, Haruhi resolve contar uma grande notícia.

– BOSTON? – todas repetem surpresas, deixando-a envergonhada.

– Sim. Tamaki e eu fomos falar com papai esta manhã. – a heroína remexe os dedos nervosamente.

– Ah é mesmo, vocês deixaram escapar que estão noivos desde o nosso aniversário. – Aika relembra.

– Na verdade a avó do Tamaki-senpai quem disse. – Aiko corrige.

– Nós não estamos noivos de fato. É que Tamaki se empolgou e disse que queria casar comigo depois da nossa formatura. Hoje ele falou que aquele pedido de casamento na festa era só temporário, porque não aguentou esperar, mas logo ia preparar alguma coisa muito mais bonita para pedir minha mão outra vez. – as moças exclamam com ternura – Nós planejamos morar juntos em Boston por algum tempo antes da cerimônia. Eu concordei de qualquer forma. – ela confessa rubra.

– Que coisa boa Haruhi. – a Sakurai afaga seu braço – Fico muito feliz por você.

– Percebi que agora está chamando Tamaki-senpai mais intimamente, não é?! – a Kikuchi provoca.

– Tenho certeza de que Tamaki-senpai é uma ótima escolha! – a senhorita Ono afirma.

– Nós queremos saber de tudo! – as irmãs Aoki declaram – Conta como foi!

– Bem... Convencer meu pai não foi nada fácil, especialmente quando dissemos que queríamos morar juntos. Primeiro Tamaki e eu saímos num encontro, na verdade o nosso primeiro encontro como casal.

– É verdade, vocês ainda não tinham tido chance de fazer isso. – Maiko relembra – E como foi?

– No começo Tamaki exagerou, com uma recepção de empregados na entrada do parque-de-diversões – as moças suspiram -, mas logo ficamos a vontade. Quando fomos ao Aquário, um garotinho que estava correndo caiu e começou a chorar, então ele fez uma mágica para aparecerem várias flores.

– Que fofo! – as gêmeas e a loirinha se remexem extasiadas.

– Engraçado, quando liguei para o Kyoya nesta manhã eu tenho a impressão que ele disse estar junto dos garotos em um parque-de-diversões. Por acaso eles não estavam espiando o encontro de vocês?

– Sim, eles estavam lá. Apareceram disfarçados, depois que nos encontramos com o Clube Zuka.

– Aquele maldito trio de malucas da Santa Lobelia? Que diabos!

– Olha a língua Linh! – Mai franze o cenho – Clube Zuka... Elas competiam muito com vocês, né?!

– Sim, são as três doidas que queriam nos fazer usar aquelas maquiagens extravagantes!

– Você está sendo até gentil Aika. – a irmã treme – E as roupas eram um atentado à moda!

– Confesso que elas exageravam sim. Eu já mencionei da vez em que me levaram para a escola delas?

– Sim, e eu quase chorei quando escutei isso. – a mestiça suspira – Enfim, prossiga.

– Bom, aconteceu que nós precisamos fugir e corremos por um parque, onde várias pombas voaram em cima dos outros. Mori-senpai conseguiu domesticar todas elas com um assovio.

– Tenho uma novidade Linh-chan, seu futuro marido é um domador de animais.

– Pare Aika! – todas riem – Eu gosto disso nele. Continue Haruhi-senpai, o que houve depois?

– Tamaki me levou para visitar o túmulo da mamãe. Ele conversou com ela e disse que me amava.

– Ai gente, eu vou chorar! – Aiko abana os olhos e as outras riem, dividindo lenços da caixa sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama – É muita emoção! E então Haruhi?

– No final do dia, antes do sol se por, ele me levou até em casa dizendo que queria falar com meu pai. – desta vez as amigas exclamam com pesar, prevendo a próxima cena, e a Fujioka suspira – Papai estava esperando com os pais de Tamaki e quase o enforcou quando começamos a falar.

– Pobre Tamaki-senpai. – as gêmeas se entreolham e balançam as cabeças.

– Mas deu tudo certo, felizmente. Vamos desenvolver nossos estudos enquanto morarmos em Boston.

– Boston é um lugar muito interessante. Vocês vão gostar de lá.

– Tem algum lugar que você não conheça Mai-chan? – a heroína ri enquanto a garota pensa.

– Acho que ainda não visitei a Califórnia, mas estou ansiosa para ver como é! – todas riem.

– Muito bem, está na hora de dormir! – Linh anuncia – Mas antes vamos todas sentar em círculo, dar as mãos e fazer uma oração de boa sorte para a Haruhi-senpai. – comovida, a moça se junta às outras e fecha os olhos – Que Boston seja uma nova aventura emocionante e cheia de luz para Haruhi-senpai e Tamaki-senpai. O casamento deles, se Deus quiser... – Aika e Aiko soltam uma risadinha.

– E ele quer! – elas cortam e todas fazem uma pausa para rir.

– Será repleto de amor e felicidade. – a mestiça continua – Para a nossa alegria também, ele renderá a melhor parreira de frutos doces e fortes erguida sobre os pilares de uma grande família feliz!

– Espera aí, do que está falando Linh? – Haruhi e todas as outras abrem os olhos.

– A tradução disso é: tomara que Tamaki-senpai e você tenham muitos filhos fofos para brincarmos com eles! – as gêmeas dizem e as demais riem do constrangimento da jovem.

– O que quer dizer que vocês vão estar sempre aparecendo de surpresa na nossa casa?!

– Mas é claro! – Suzu concorda – Nós somos uma grande família feliz. Incomum e estranha, até pode ser, mas papai sempre disse que nas garrafas com rótulos mais estranhos estão os melhores vinhos.

– Um verdadeiro poeta. – a Fujioka comenta e todas riem de novo – Eu confesso que gostaria de tê-las por perto. Gostei muito de vocês desde o primeiro momento. – as moças se abraçam.

– Nós também gostamos de você Haru-chan! Seremos melhores amigas para sempre!

– Obrigada Mai-chan. – ela responde com lágrimas prontas para cair – Sempre quis ter amigas como vocês e fico feliz por ter realizado esse sonho. Ainda nem acredito que vou me casar com Tamaki!

– Boas coisas acontecem para boas pessoas Haruhi, e você merece a sua felicidade, com certeza.

– Suzu nee-san tem razão. – Aika pisca – É justo que você aproveite sua boa sorte, então se lembre de abusar muito do carinho do seu futuro marido babão! E fique de olho nele também. Nós temos que cuidar do que é nosso para sempre ter em mãos.

– Oh sim! – Aiko concorda – Uma vez meu eternamente meu. É o nosso lema.

– Isso é exploração! Não seria muito cruel? – Haruhi ergue uma sobrancelha e todas se entreolham.

– NÃO! – as seis gargalham até ouvirem um sermão de Charlotte na porta, então vão dormir afinal.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Notas:

1. Na pizzara, parte do pedido de Aika para Hikaru dizer se realmente a ama é um trecho da música "Pode Falar" da Manu Gavassi.

2. Para quem quiser ver o trecho do encontro de Haruhi e Tamaki no parque-de-diversões, é só acessar esse link e encontrará as imagens em inglês do mangá - https://www.flickr.com/photos/110840157@N08/sets/72157642929833273/



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