Por quê? escrita por MLCarneiro


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esta fanfic foi feita por causa do Amigo Secreto da Liga dos Betas, como um presente para a Anne L :D
Foi um pequeno desafio escrever algo no ponto de vista de alguém que eu nunca tinha escrito antes, num ship que nunca tinha lido nada também, mas foi muito bom escrever :)
Espero que tenha ficado bom e que gostem, em especial que a Anne L goste, pois o presente é dela. :D

** Fic agora betada pela Shadow Girl :D



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Algumas pessoas riram quando me viram entrar no recinto, esbaforido, vestindo estes trajes que dificilmente poderiam ser classificados como ‘de gala’. Para piorar suava sem parar, fazendo meu cabelo, já deveras oleoso como sempre, colar em minha testa. Algumas meninas mais próximas me viraram a cara, como de costume, e seus parceiros riam de meu estado. Pouco me importava. Percebi quando Thomas Blasil depositou, a contragosto, um galeão na mão de Johnatan Mcbride, que tinha um sorriso de desdém vitorioso no rosto enquanto me encarava. Sabia o porquê daquilo, ouvira os dois fazendo a aposta na última reunião do Clube do Slugue. “Nunca que aquele Snivellus Snape vai conseguir levar alguma menina para a festa de fim de ano!” Mesmo assim, não me preocupei em trazer par algum. Teria sido muito bom tirar aquele sorrisinho da cara de Mcbride, mas não ia me dar ao trabalho de convidar uma garota qualquer. Se não fosse pelo que eu tinha ouvido na noite anterior, nem mesmo teria vindo a esta festa idiota do professor. A única garota que eu gostaria de ter trazido era também a única razão de eu estar ali, e ela não havia me dirigido a palavra nenhuma vez nos últimos três semestres.

E eu sabia que era por minha culpa.

Tentando sumir e tirar a atenção de cima de mim, esgueirei-me para um canto da sala enquanto prestava atenção no ambiente. Um aroma de incenso se misturava ao das guloseimas servidas pelos garçons, deixando a atmosfera com um cheiro doce bastante desagradável, pelo menos em minha opinião. A sala de Slughorn havia sido redecorada com diversos enfeites, faixas, bolas brilhantes e todos aqueles cacarecos de natal. Ao menos as cores eram decentes, tudo em verde e prata. As bancadas e outros móveis que costumavam ficar no meio da sala tinham sido afastados para os cantos, junto com uma infinidade de instrumentos usados nas aulas. Estremeci quando vi um aluno da Corvinal, que não me lembrava de ter visto antes nas reuniões do clube, usar uma balança de ouro de precisão como lixeira. Era um idiota, não deveria estar no Clube do Slugue mesmo. Todos os alunos preferidos do professor já deveriam estar ali, assim como os convidados que podiam trazer. Mas eu ainda não conseguia encontrar o único rosto que estava buscando.

Um garçom parou à minha frente, estendendo uma bandeja de prata com bebidas, então me servi com uma taça de vinho. Talvez ajudasse com o que vinha pela frente. Tomei um pequeno gole enquanto começava a contornar a sala, buscando o sinal que procurava. Alguns casais dançavam, em suas roupas de gala, a música animada que tocava, enquanto outros grupinhos conversavam e riam, provavelmente sobre assuntos fúteis. Nada disso me interessava, só precisava encontrá-la.

Daquele dia não poderia passar, ela tinha que aceitar ao menos uma conversa comigo. O que mais temia era que aqueles rumores que ouvira na noite passada viessem a ser verdadeiros. Não podiam ser, ela não podia fazer isso comigo. Só de pensar na possibilidade, um amargor subia de meu estômago para minha boca e um jato de adrenalina fazia meu coração bater de forma estranha. Dizia a mim mesmo para manter a calma, mas sabia que seria impossível. Já estava chegando ao fim da parede externa da sala e começava a cogitar se ela não teria vindo.

Então a encontrei.

Primeiro vi os cabelos ruivos, pois ela estava de costas, mas já tinha certeza de que era ela, nunca confundiria aquele vermelho de seus cabelos. Andei mais um pouco, tentando rodeá-la, e pude ver seu perfil. Ela sorria enquanto conversava com uma quintanista da Lufa-Lufa. Que falta me fazia aquele sorriso!

Além da outra menina, Lily Evans parecia estar desacompanhada. Essa constatação fez meu coração acelerar automaticamente, fazendo mais um jato de adrenalina percorrer minha espinha. Talvez, e torcia com todas minhas forças para isso, os rumores não passavam de rumores, e ela não estaria saindo com ELE. Por alguns instantes senti-me tolo por acreditar que Lily teria caído na lábia daquele meliante e uma grande quantidade de peso sumiu de minhas costas.

Só por alguns instantes.

Todo aquele peso pareceu cair com o triplo da força quando avistei, a alguns metros, aquele monte de tufos arrogantes de cabelo despenteados. James Potter vinha na direção de Lily com alguma coisa nas mãos, algum doce, não sei. Só sei que naquele momento tudo o que eu pensava era que ele tinha que passar reto sem nem olhar para ela. Mas isso não aconteceu. Quanto mais ele se aproximava, mais eu sentia o chão sumir abaixo de mim, mais sentia alguma coisa estranha apertando meu peito. Não podia ser, ele não ia fazer isso, ELA não podia fazer isso. Mas fez.

Aquele maldito chegou ao lado de Lily e lhe entregou um pedaço de alguma coisa, fazendo graça e colocando direto em sua boca. Meu corpo inteiro tremia enquanto eu não fazia ideia do que estava acontecendo dentro de mim. Depois de entregar o doce, trazendo mais um daqueles sorrisos dela, ele a abraçou, enlaçando sua cintura. Não suportei mais olhar.

Fiz tanta força com meu punho que a taça que segurava se esmigalhou em minha mão, fazendo um grande barulho e derrubando vinho por todas minhas vestes. Mesmo com os cacos furando a palma de minha mão, não conseguia parar de fazer força. Imaginava a cabeça daquele imbecil sendo estraçalhada como aquele copo fora, e apertava cada vez mais. Era tudo o que eu queria naquele momento, descontar aquela raiva, aquele aperto no peito, acabar com aquela angústia que me corroía. E esmagar a cabeça de Potter parecia o caminho mais certo para que isso acontecesse.

Saí rapidamente de onde estava, antes que os dois me vissem, ignorando as pessoas que murmuravam e apontavam ao meu redor e sem reparar que meu próprio sangue se juntava ao vinho, manchando a manga de minha camisa e pingando no chão. Não queria acreditar no que vira, não podia ser verdade. Não ele, poderia ser qualquer um, menos ele.

Passei rapidamente pela porta, ignorando qualquer um que tentava falar qualquer coisa. Só precisava sumir dali, sumir de todo o castelo, se possível. O nó dentro de meu peito parecia ter subido e dominava toda minha garganta agora, temia que em breve não pudesse mais respirar. Andei sem rumo por vários corredores, não queria voltar para o salão comunal da Sonserina. Subi várias escadas e acabei despencando no fim de um corredor, ao lado de mais uma escada, me apoiando numa parede entre uma escrivaninha e uma armadura.

Tentei recuperar meu fôlego, mas não era possível. O ar parecia muito mais pesado do que o normal e meus pulmões tinham com certeza perdido a foça que outrora tiveram. Era a única explicação.

Por quê? Por que ele? Por que justo ele?

É claro que a queria para mim. E como queria. Entretanto, se não poderia tê-la, ela podia ao menos ter escolhido qualquer outro garoto do castelo! Mas Potter? Potter??? Aquele maldito arrogante de merda? Será que ela se esqueceu de tudo que aquele garoto já tinha feito? Será que ela mentia quando dizia que também não suportava aquele garoto? Milhares de perguntas passavam por minha cabeça, se atropelando e me deixando cada vez mais sem ar. Mas o que realmente me corroía por dentro era uma dúvida que martelava incessantemente minha cabeça: Será que, no fundo, era tudo minha culpa? Tudo culpa daquele momento e daquela palavra maldita?

Não, não, não, não... Aquilo não podia estar acontecendo. Não era justo! Tudo bem, eu cometi meus erros, eu continuei no caminho que ela não queria, mas nunca quis seu mal! Sempre me importei e a quis bem. Por que ela tinha que me ignorar dessa forma? Por que não me perdoar enquanto esquecia as transgressões daquele fanfarrão? Por que aceitá-lo e não a mim?

Nunca tinha sentido tamanha angústia, nunca. As paredes do castelo pareciam me esmagar, e eu me encolhia ao máximo atrás daquela escrivaninha. Não sairia dali por nada. Nada valia a pena. Nada parecia mais sensato do que simplesmente desaparecer. Faria qualquer coisa que me ajudasse a tirar aquele peso de dentro de mim, qualquer coisa para que eu pudesse respirar em paz novamente. Mas este realmente era para ser o pior dos meus dias.

Na outra ponta do corredor, ouvi vozes se aproximando rapidamente e cuidei de me esconder mais ainda onde estava. O que menos queria naquele momento era que alguém me encontrasse naquele estado. As vozes se aproximaram, rindo, felizes, provavelmente mais um casal idiota do castelo. Depois pararam, a uns três metros de eu estava, e pude ouvir apenas o som de seus corpos se amassando. Só me faltava essa! Ainda ia ter que assistir uma apresentação particular de amor bruxo. Malditos! Por que simplesmente não podiam me deixar sozinho em minha angústia?

Lentamente, tentei espiar pelo canto da escrivaninha, vendo se teria chances de sair daquele lugar sem chamar muita atenção. Estiquei o pescoço, mas não consegui vê-los, voltei. Droga! Talvez eles saíssem rápido dali. Mas não saíram. Minha vontade era estuporá-los para que aprendessem a não se engraçar na frente de outras pessoas. Céus, será que não iam parar nunca? Tentei mais uma fez esticar o pescoço, sem sucesso. Perdi a paciência. Fingiria que acabei de aparecer ali.

Levantei-me, arrumando as vestes, pronto para passar por eles. Parecia ser um casal da minha idade, mas demorei muito tempo para reconhecer suas identidades. O garoto estava de costas, beijando a garota, prensada contra a parede. Estavam num canto escuro, por isso não conseguia identificar suas feições. Eles acabaram nem percebendo que eu estava ali, podia muito bem seguir meu caminho sem ser notado, mas por alguma razão a curiosidade me fazia permanecer ali. Dei dois passos para o lado, lentamente, enquanto finalmente começava a pensar na possibilidade medonha que se formava na minha cabeça. Será que...

Então meu coração parou.

Os dois se separaram, terminando o beijo em um abraço, e eu pude ver seu rosto. Pude ver, mesmo no escuro, a intensidade de seus olhos esmeralda. Meu coração parou nesse momento, assim como tudo à minha volta. A única coisa que eu conseguia sentir eram as várias toneladas que apertavam meu tórax. Os olhos dela se fixaram em mim, depois de alguns momentos, trazendo uma expressão estranha de surpresa. Não tive mais forças em nenhum músculo e minhas pernas cederam, fazendo com que eu cambaleasse para trás, precisando me apoiar em algo. A única coisa que encontrei foi a armadura, que não suportou meu peso e tombou, fazendo um barulho que provavelmente foi ouvido em todos os andares do castelo.

― Mas o quê... ― James tinha se virado ao ouvir o barulho, deixando Lily atrás dele e tentando protegê-la com os braços. ― O que raios foi isso? Snape? Snivellus? O que você estava... O que ia tentar fazer conosco? ― Ele avançou para perto de mim, ficando a alguns palmos, mas não consegui nem pensar em como reagir. Não tinha como reagir. Qualquer força que existisse em mim tinha se esvaído. ― E então? Não vai falar...

― James! Pare... ― Lily apareceu ao lado dele, tentando puxá-lo pelo braço. ― Vamos, deixe-o aí. Vamos embora.

Ela não me encarava mais, mas pude perceber algo diferente em sua expressão. Ela estava incomodada. Seus olhos não estavam com o mesmo brilho de alguns instantes atrás.

― Mas...

― Vamos, por favor. Não me faça ter que ficar aqui mais tempo.

Os dois se afastaram. Não consegui prestar mais atenção no que eles ainda falavam, nada mais fazia sentido para mim. Não era possível ter que passar por tudo aquilo numa só noite. Por quê? Por que precisava passar por isso? Deixei-me escorregar na parede até que estava sentado, com a cabeça entre os joelhos. Só então percebi que meu rosto estava totalmente cortado pelas lágrimas que caíam insistentes.

Lembrei-me, como sempre me lembro, do dia em que estraguei tudo. Sempre culpei aquele maldito Potter, mas no fundo sabia que a culpa era minha. Fui eu que deixei escapar aquela palavra.

Sangue-ruim.

Por que disse aquilo? Como pude? Era óbvio que ela não ia me perdoar. Nunca irá. Terei de viver o resto de minha vida carregando esta sombra, apenas pensando no amor que poderia ter tido e não tive. Tudo por causa daquele momento, daquela palavra.

Não, não era possível. Sei que tinha errado, mas como ela nunca pôde me perdoar? Nem ao menos falar novamente comigo? Todos erram alguma vez na vida, oras. Quantas vezes aquele idiota não fez besteiras? Quantas vezes ela mesmo não constatava isso? E agora ela estava lá, com ele? Tinha esquecido as coisas que ele fez, mas não podia esquecer o único erro que cometi? Isso não estava certo. Ela tinha que me dar uma chance, uma única chance que fosse. Tinha que me ouvir. E era pra ser hoje, droga. Tinha me preparado, estava esperando este momento o dia todo. Não podia deixar essa chance passar.

Tinha que ser hoje.

Trazendo forças de onde eu não acreditava ainda ter, levantei-me num pulo e comecei a subir as escadas correndo. Passei pelos corredores voando, mas nem conseguia prestar atenção no caminho. Tudo o que pensava era no que eu iria dizer em breve. Errei umas duas vezes até chegar ao corredor do quadro da mulher gorda. Fazia algum tempo que não passava ali, mas consegui reconhecer. Fiquei aliviado quando vi que os dois ainda não tinham entrado no salão comunal. Estavam de pé, em frente ao quadro, e pareciam discutir algo. Fizeram menção de entrar e então voltei a correr antes que a perdesse.

― Lily! Espere! ― chamei, com as forças que ainda tinha, e ela parou. ― Lily. Preciso falar com você.

Ela se virou e me encarou, novamente surpresa, mas não disse uma palavra. Continuei a me aproximar, mas logo aquele desgraçado voltou de dentro do buraco do retrato e pôs-se novamente à frente dela.

― Sério? Sério mesmo que você veio até aqui?

― Potter, me deixe, meu assunto é com a Lily. ― Eu o encarei sem saber de onde ainda tirava aquela força para sustentar minha voz.

― Com a Lily? Ela não tem assunto nenhum com você, Snivelly. Como você tem coragem de...

― James. ― Ela pôs a mão no ombro do garoto e o impediu de continuar. ― Está bem, deixa. Deixa que eu resolvo isso. Por favor.

― Mas, Lily...

― Por favor. Está tudo bem, agora eu quero ouvir o que ele tem a dizer. ― Lily olhava fixamente para mim. Seu olhar me provocava e parecia cheio de reprovação, mágoa e descrença. Não consegui sustentá-lo por muito tempo.

― Tem certeza? ― Ah, céus, porque ele não sumia logo da minha frente?

Ela apenas meneou a cabeça, ainda olhando fixamente para mim. Tentei voltar a sustentar aquele olhar, mas era muito mais difícil do que podia parecer. Potter resmungou mais alguma coisa e subiu de volta pelo buraco do retrato.

― E então, o que quer? ― essas foram as primeiras palavras que ela me disse em um ano e meio. Não era exatamente o que eu esperava. Não soube exatamente como começar. Ela não tirava aquele olhar fixo em mim.

― Lily, eu... Eu precisava falar com você. Não aguento mais. Preciso que você me ouça.

― Estou aqui. ― Ela cruzou os braços, como se estivesse impaciente. – Vamos, fique à vontade.

Dei um passo à frente, tentando me aproximar, mas Lily recuou, então me contive.

― Você sabe... Você sabe o que sinto por você. Não é nenhum segredo. Sabe que sempre quis seu bem e que nunca desejaria mal nenhum a você. ― Ela parecia impaciente, a ponto de me cortar, por isso voltei a falar rapidamente. ― Me desculpe. Me desculpe, me desculpe, me desculpe. Sei que já pedi isso, mas pedirei quantas vezes forem necessárias. Perdoe-me pela idiotice que eu falei naquele verão. Você não faz ideia de como isso me assombra todos os dias, como eu me arrependo a cada segundo daquele momento. Nunca deveria ter falado aquilo. Não faz nenhuma diferença para mim. Você é perfeita da forma como...

― Não faz diferença mesmo? ― Lily me cortou e eu engoli em seco. Não esperava que ela respondesse daquela forma. ― Você se arrependeu mesmo?

― Claro! É claro que sim...

― Severus ― Por que não ‘Sev’? Ela nunca me chamava de Severus. ―, por favor. Já tivemos essa mesma conversa, neste mesmo local, há mais de um ano. Se você não tem nada de novo a me falar, não entendo por que esteja aqui.

― Eu... Eu tenho...

― Você ainda anda com aqueles garotos da Sonserina, não anda? Avery? Mulciber? ― Calei-me, pois não poderia mentir para ela. – Você ainda venera Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e quer virar um servo dele, não?

― Mas isso não fa...

― Isso faz toda a diferença, Severus. Como você pode achar que não? Aquele homem caça pessoas como eu. Para ele, faz sim toda a diferença eu ser uma... Sangue-ruim.

― Não, eu não...

― Você acha que eu posso acreditar em alguma palavra sua, acreditar no seu sentimento, se você continua seguindo esse caminho que eu tanto te alertei?

― Lily! Me escute. E quanto a você? Como você pode estar junto daquele... Daquele Potter. Você o odiava, assim como eu! Você sabe tudo que ele já fez.

― Isso não vem ao caso, Severus. ― Lily virou de costas, deixando de me encarar finalmente. ― Ele mudou. James não é mais aquele garoto fanfarrão de antes.

― Não é? Como não? Você sabe o que ele faz todo mês! Sabe que tipo de amigo ele tem. Eu me preocupo com você, Lily, me preocupo com a sua segurança.

― Eu sei da situação do Remus, James me contou. Isso não vem ao caso. ― Ela voltou a me encarar, ainda com os braços cruzados.

― Você sabe? Viu! Eu te alertei há muito tempo. Como pode ficar tranquila ao lado dele...

― Eu fico muito mais tranquila ao lado de um lobisomem, do que ficaria ao lado de um Comensal da Morte. Ao menos Lupin não teve escolha.

Não consegui responder. Não tinha o que responder.

― Severus, já é tarde e preciso entrar. Agradeço a sua preocupação, mas creio que eu possa decidir sozinha em quem confiar, com quem eu devo sair e quais perigos devo aceitar correr. Se você não tiver mais nada a dizer, adeus.

Ela se virou e pôs-se a entrar no salão comunal.

― Lily, espera. ― Com uma dificuldade tremenda, me concentrei naquela tarde no parque abandonado em Spinner’s End, a lembrança mais feliz que tinha em minha mente. – Expecto Patronum!

Uma grande luz prateada saiu da ponta de minha varinha logo formando a imagem de uma corça, que saltitou pelo corredor, rodeando Lily por alguns segundos antes de seguir e se dispersar pela janela. Lily apenas olhou para trás, meneando negativamente com a cabeça. Pude perceber algumas lágrimas se formando nos olhos dela.

― Sinto muito, Sev.

E então ela entrou rapidamente pelo buraco do retrato.

Minhas pernas cederam e caí ao chão. Apoiei-me na parede, colocando a cabeça entre meus punhos, quase arrancando a pele do meu rosto e tufos do meu cabelo.

Havia perdido para sempre meu amor. Não haveria forma alguma de reverter o que tinha feito.

Não ia passar um único dia sem que me lembrasse do momento que usei aquela maldita palavra. O arrependimento estaria sempre ali, dentro de meu peito, bem ao lado do amor que sentia por ela.

Para sempre.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desta fic, pois gostei bastante de escrevê-la. Mesmo não sendo fã deste ship, foi muito legal mudar a escrita um pouco.
Se possível deixem um comentário, por favor, dizendo se gostaram, se não gostaram, o que for. Prometo que ficarei bem feliz e responderei seu comentário :)
Até a próxima!