Avatar: A Lenda de Zara - Livro 1: Água escrita por Evangeline


Capítulo 16
Cap 15: Heróis Intrusos




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– O que um rato do fogo faz aqui? – perguntou a menina escondendo muito bem seu nervosismo e parando há quatro metro na frente de Airon.

– Venho falar, pacificamente, com Kiriku, e levar minha namorada para conhecer o templo. – Disse casualmente, surpreendendo até mesmo seus amigos. A garota fez uma careta de desaprovação.

– Mas que desperdício... – Falou sarcástica, fazendo Gumo e Airon rirem baixo ao mesmo tempo.

– Você nem faz ideia do desperdício que é... – Sussurrou Zara sorrindo de canto, trocando olhares com Gumo. Os três amigos tinham entrado na adrenalina, estavam com a lábia afiada.

Com uma batida de pé do garoto que ficou para trás, o chão em que pisavam começou a tremer. Terra. Pensou imediatamente a jovem Avatar.

Com alguns movimentos simples e discretos de mãos, Zara fez com que começasse a chover em cima dos dois. Rindo um pouco da cena, Gumo se pôs na posição básica para começar a dobrar, no mesmo momento onde Airon jogou a pequena tocha num monte de madeira num canto ali perto.

A garota deu poucos passos para trás.

– Então, podia me ajudar a encontrar o Monge Kiriku, seus companheiros monges e seus companheiros refugiados? – Pediu Zara educadamente.

– Claro. – Falou sarcástica. – Tragam os velhos e os pirralhos do ar. – Falou olhando para algo atrás de si, dentro do templo escuro.

Em pouco tempo três idosos foram arrastados para fora do templo por alguns “colegas” da menina, assim como trouxeram duas crianças com as roupas dos nômades do ar, um casal que parecia ser de irmãos. A menina vinha sendo quase arrastada, com lágrimas nos olhos. Os cinco tinham as autênticas tatuagens.

– Solta. – Disse Zara arregalando os olhos seriamente. Nunca vira ninguém ser tão curel com alguém, como estava vendo naquele momento. Os capangas davam tapas nos idosos, puxavam os cabelos das meninas e davam breves chutes no garotinho.

– Se não...? – Desafiou a garota mais velha, que já duvidava que aquele trio pudesse trazer alguma ameaça. Zara, num movimento um tanto rápido e ágil, desenhou um arco na frente de seu corpo com a perna direita e o mesmo arco com a mão, antes de começar a movimentar-se rapidamente, com os olhos fixos na garota mais velha que olhava a cena um tanto risonha.

Não dobra nada. Pensou ela.

Mas era apenas um código. Quando a série de movimentos acabou, ela recomeçou, como se fosse um ritual, mas desta vez Gumo repetiu a série com ela.

Franzindo o cenho para aquela “dança” estranha, a garota pisou forte no chão e ergueu uma mão rígida no ar, levantando com ela alguns pedregulhos grandes no ar. Lançou-os na direção de Zara, mas antes que atingisse a menina, Airon com dobra de fogo chutou na altura dos pedregulhos e trazendo uma rajada de fogo vinda da fogueira, destruindo as pedras, transformando-as em pó.

Quando a série dos dobradores de água acabou, eles se entreolharam e recomeçaram, desta vez com dobra. A série tinha efeito muito simples e direto.

Com os primeiros arcos as nuvens tornavam-se água e se transportavam para uma poça no chão, atrás do seu respectivo dobrador. Com os dois primeiros passos para frente, a água era lançada como uma lâmina para o inimigo, voltava para o dobrador.

O inimigo escolhido por Zara fora o menino, já que estava mais distante e sabia que Gumo não teria confiança para dobrar à distância.

Quando as lâminas d’água atingiram a lateral do corpo dos inimigos, cortou um pedaço da roupa dos mesmo, arrancando-lhes até mesmo algumas gotas de sangue.

No final da série de movimentos, ao abaixarem-se lançando as mãos suavemente para frente, a água rodeou os pés dos inimigos e tornou-se gelo maciço.

Com uma série de chutes altos e aéreos, Airon assustou rapidamente os capangas e os rendeu próximos a parede, para então manter o fogo como luvas para suas mãos, e com alguns murros simples deixou os capangas desacordados. Assim que terminou, foi para perto da garota, que lhe parecia mais perigosa, e manteve a mão em chamas perto do pescoço da mesma, ameaçando enforca-la.

Quando os dobradores saíram de sincronia, Zara continuou com movimentos que sequer sabia que podia fazer, e vinda das nuvens, a água começou a rodear todos os que estavam no pátio. Com movimentos rápidos, circulares e contínuos, uma parede de água se formou ao redor de todos, apagando até mesmo a fonte de fogo de Airon e deixando-o apenas com a mão em chamas.

Seus colegas estavam tão perplexos quanto os dobradores de terra. A parede de água levantada por Zara ficava cada vez mais alta e densa, logo a iluminação no pátio era puramente azulada, e ninguém que não estivesse no pátio poderia ver o que se passava ali dentro.

Com um ultimo movimento, toda a água que conduzia a girar se voltou contra os dobradores de terra, e certeiramente os atingiu fazendo-os bater na parede de pedra e antes que pudesse ricochetear e cair no chão, toda a água congelou, prendendo-os na parede apenas com as cabeças a mostra.

Quando terminou o movimento, posicionou-se de pé normalmente e caminhou até o Ancião Kiriku, que obviamente era o mais velho.

Ajoelhou-se diante dele e fez uma reverência. O senhor se pôs ereto e olhou para a menina, levemente surpreso.

– Menina Zara. – Falou o Ancião com um breve sorriso parcial. – Recebi diversos recados de que logo você viria. – Disse para em seguida fazer uma reverência para ela também. – Obrigado. – Completou.

Gumo se aproximou, ainda estupefato, da parede conde os dobradores de terra estavam presos. Airon cessou o fogo que estava em sua mão e, de olhos arregalados, olhou para Zara.

Se ela estava há menos de duas semanas aprendendo dobra d’água e já podia fazer aquela parede d’água que nunca vira ninguém fazer... Airon imaginava o estrago que a menina poderia causar quando aprendesse todos os outros elementos.

– Mestre Kiriku, preciso de sua ajuda. – Falou a menina, tremendo. Nem mesmo ela sabia ocmo havia feito tudo aquilo.

– Tenho certeza que sim, jovem Zara. Mas tem algumas pessoas aqui que precisam da ajuda de vocês. – Falou pacificamente, gestuando para as crianças que se escondiam nos becos e nos arcos de pedra, olhando curiosas para os intrusos heróis.

Os três amigos passaram o resto da tarde ajudando os monges com serviços domésticos como lavar quartos para as crianças e idosos, dobrar a água pura para que pudesse ser bebida, acender as tochas de todo o templo – o que Airon aproveitou bastante – e reativas as belíssimas fontes do templo.

O serviço terminou quando anoiteceu. A cada segundo que passava ali, e quanto mais entrava no templo, Zara sentia seu coração bater cada vez mais rápido.

Num momento de descanso, todos os refugiados, monges e os três amigos, estavam reunidos num grande salão principal do templo.

As paredes tinham os símbolos da dobra de ar, três redemoinhos. Comiam uma sopa estranha que os monges haviam feito. Quanto aos prisioneiros dobradores e seus capangas, comiam também. Os monges diziam que todos erram e cada um tem seus motivos para se tornar quem são.

Quando todos foram para seus aposentos, Zara pode caminhar pela enorme construção, acompanhada por Airon e pelo monge Kiriku.

– Então, menina Zara, acho que tem algo importante para falar. – Disse com toda a calma do mundo. Era um homem baixo, de pele clara, as rugas idade percorriam seu rosto e as tatuagens ainda estavam vívidas em sua pele.

– Sim, Monge. – Confirmou a menina. – Preciso de sua ajuda. – Falou. A menina caminhava lado a lado com o monge, e Airon andava mais para trás.

– Que quer saber, minha querida?

– Eu quero que me ensine sobre nosso espírito. – Falou sem saber como explicar exatamente, sem que contasse que era o avatar. – Sobre meditação, sobre equilíbrio, sobre mundo espiritual. – Explicou. O monge assentiu com a cabeça lentamente e com um sorriso amigável no rosto.

– Posso saber porque uma talentosa dobradora de água veio da capital dos dobradores de água para cá, só para aprender sobre o equilíbrio espiritual? – Perguntou sem um pingo de sarcasmo ou má intenção.

A menina parou de andar, fitando o chão, e depois olhando para Airon pelo canto do olho, recendo um olhar intenso de volta. Era uma situação tensa. Deveria confiar em Kiriku?


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