Avatar: A Lenda de Zara - Livro 1: Água escrita por Evangeline


Capítulo 12
Cap 11: A Caminho




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Para todos os lados que olhavam, não se passava de nuvem, céu, gelo e mais gelo. Zara já se sentia mais perdida do que nunca, afinal, era a primeira vez que saía da Tribo, e não estava sendo agradável.

– Se tivessem deixado eu trazer Hiro... – Resmungava Airon, falando da sua ave negra. Em pouco tempo Zara também estava preferindo ter trazido a Ave, e irem voando.

Gumo ainda estava muito incomodado com a presença do dobrador de fogo, mas se sentia culpado pelo que falou e fez.

– Eu preferia ter nascido no Reino da Terra. – Resmungou Zara num raro momento de mau humor. Graças Àquele comentário, começou a imaginar como aprenderia a dobrar terra. No fundo ela sabia que tinha trazido Airon apenas por ser dobrador. Ninguém sabe quando eu encontraria outro. Pensava.

E indo para um Templo do Ar, teria a chance de aprender a dobra de ar. Mas dobrar terra estava parecendo cada vez mais impossível.

Suspirou profundamente, com o cotovelo apoiado na borda da canoa e o rosto apoiado na palma da mão.

Airon estava dormindo no chão da canoa, encolhido em posição fetal, graças ao frio. Gumo estava concentrado em fazer a canoa se mover. Só quem sabia o caminho para o Templo do ar era ele.

– Gumo. – Chamou Zara, baixinho para não acordar Airon. Ele respondeu com um “Hm” desanimado.

– Está chateado com o que eu disse? – Perguntou. O menino suspirou.

– Não, Zara... – Disse como se estivesse impaciente. – Apenas não entendo pra quê trazê-lo conosco. – Declarou.

– Um dia eu te explico tudo... – Disse e mais uma vez o menino suspirou. A verdade é que Zara estava muito ansiosa para chegar o Templo do Ar do Norte. – Ainda está muito longe? – Perguntou pela centésima vez no dia.

Eles haviam começado a jornada pela manhã, e estava à noite.

– Um pouco. Pode dormir, ainda não estou cansado. – Disse o menino. Zara olhou para ele hesitando um pouco. Não estava com sono, podia aguentar a noite inteira guiando o barco. Decidiu meditar. O balanço do barco estava muito suave, não atrapalharia nem um pouco. O problema é que não sabia o que havia ali, no mundo espiritual. Talvez apenas água e mais água. Ou talvez algo ameaçador. Não fazia ideia de como era o Mundo Espiritual além do Oásis.

Por algum tempo, sentiu falta de Tuí e La.

Achou melhor não ir ao mundo espiritual, e por fim, apenas meditou. Pensava na água. Estava em contato com a água ali, naquele exato momento, como nunca estivera antes. Água, gelo e nuvens. Podia treinar e observar a água, como fazia com o lago do jardim de gelo.

Quando abriu os olhos novamente, encontrou Gumo dormindo e Airon remando. Olhou para a cena um tanto surpresa. Primeiro porquê Gumo se ofereceu para virar a noite guiando a canoa, e segundo porquê Airon não devia estar remando, seria muito mais cansativo do que deixar que um dos dobradores fizesse o trabalho.

– Airon, que está fazendo? – Perguntou falando baixo para não acordar Gumo, e se aproximando cuidadosamente do rapaz, que estava na extremidade traseira do mesmo.

– Não me leve a mal. – Disse. – Mas estou fazendo alguma coisa. – Completou. Zara deu uma risada baixa e contida. – O quê foi? – Perguntou irritado.

– Nada, é só que a maioria das pessoas estaria feliz em não ter que fazer nada. – Explicou a menina.

– Ainda bem que eu não sou “a maioria das pessoas”, certo? – Falou casualmente. Zara riu um pouco. Em algum momento ela quis ser a maioria das pessoas. Na verdade quis ser qualquer outra pessoa. Abaixou a cabeça e juntou as mãos no colo, pensando mais sobre isso. – Como consegue? – perguntou quebrando o silencio.

– Como consigo o quê? – Falou sem entender.

– Ficar com esse vestidinho num gelo desses. – Explicou fazendo a menina rir alto. – Não tem graça, é sério! – Falou segurando o riso também. – Eu estou de bota, luva, casaco e tudo o mais, e estou morrendo de frio! E você está aí, sem mangas, sem luvas, sem calça. – Concluiu. A menina ainda ria alto. Logo o rapaz se juntou a risada dela, acordando Gumo.

– O que é que vocês tanto riem aí? – Perguntou mau humorado.

Ainda rindo, Airon precisou parar de remar para poder enxuga r algumas lágrimas, e Zara já segurava a barriga, que doía de tanto rir. Gumo nunca havia visto Zara rir daquele jeito.

– Nada, nada... – Falou Zara no meio da risada. Gumo, irritado se sentou no chão da canoa, onde estava dormindo e ficou encarando os dois rindo. Num gesto comum, o menino se abraçou para se aquecer.

Em menos de um segundo, a risada que estava acabando apenas aumentou cada vez mais quando viram o colega tentar se esquentar. Bufando de raiva, Gumo apenas se levantou e começou a guiar a canoa.

– Desculpa, desculpa. – Pediram os dois risonhos para o colega.

– Ei, deixa que eu faço isso! – Disse Airon para Gumo. O menino olhou confuso para o dobrador de fogo.

– Ah, e agora você é dobrador d’água? – Perguntou sarcástico.

Airon suspirou e se acomodou no banco de remador ao lado de Zara.

– Tudo bem, se quer ficar aí rodando os bracinhos até cansar. Você que sabe. – Disse Airon irritado. – Se não ajuda, é preguiçoso, se quer ajudar, não pode. Ah... – Resmungou.

Zara assistia com um meio riso nos lábios.

A menina sentou-se no chão da canoa e colocou o braço dentro da água, encaixando a axila na lateral do barco. Apoiou o outro braço na mesma lateral de madeira e deitou a cabeça em seu próprio braço.

Fechou os olhos e ficou sentindo a água passando pela sua mão com um sorriso parcial no rosto.

Não demorou muito para que a menina adormecesse, e Airon e Gumo revezaram quem ficaria guando a canoa. Airon tinha certa força e conseguia fazer o barco ir quase tão rápido quanto Gumo fazia.

Pela manhã Zara rendeu Airon em seu turno. Definitivamente com a menina o barco ia muito mais rápido. Na tarde do mesmo dia chegaram à base da montanha do Templo do Ar do Norte. Gumo passara o dia inteiro falando do povo de lá que, para a decepção de Zara, não eram os nômades do Ar, e sim refugiados do reino da Terra.

De acordo com o garoto, não se vê um nômade do ar há muitos anos, muito menos naquele templo já re-povoado.

– Está errado. – Disse Airon depois de ouvir toda a explicação sobre os refugiados do reino da terra. Gumo irritado quase vira a canoa quando estavam descendo dela.

O trio desembarcou rápido, e os garotos a esconderam em alguns arbustos. Na verdade Airon fez quase todo o trabalho sozinho, já que O forte de Gumo com certeza não é a força. Como disse Zara.

– Ah é, então me diga, onde tem um monge do ar? – Desafiou Gumo.

– No templo daqui. – Respondeu pacificamente, sem se importar nem um pouco com o estresse do menor, deixando Zara mais esperançosa.

– Ótimo, é bom que você apresenta ele pra gente. – Disse o garoto irritado.

Subiram a montanha com certa dificuldade, Airon dizia que havia caminhos mais fáceis, já Gumo usava o argumento de que se refugiara lá e que sabia como chegar. Não demorou muito para Zara calar ambos e seguir seu próprio caminho, através de seu extinto com uma ajudinha básica: O Templo era no topo da montanha, então só tinha um caminho. Para cima.


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