Entre o céu e o inferno escrita por Karollin


Capítulo 10
Capítulo 9 - Suspeitas


Notas iniciais do capítulo

♥ Desculpem-me pela demora. Como alguns sabem, dia 23 agora vou viajar para os EUA e estou LOUCA arrumando as coisas e também eu fui mal na escola e acabei tomando recuperação, o que resultou um belo de um castigo. Espero que ainda não tenham me abandonado xD

♥ Adilya, sua lindona ♥ GENTE DO CÉU AMO VOCÊ CARA ♥ ASUHASUHA Muito obrigada mesmo pelas palavras maravilhosas e os incríveis elogios, você me levou às alturas! :D

♥ Tifa Lockhart, seja super bem vinda ao Nyah! Natsu provocador e sexy >> All UASHAUSH Nunca iria abandonar nenhuma fic, posso até demorar horrores para atualizá-la, mas nunca abandonaria xP

♥ Espero que gostem :3 Boa leitura ♥



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Lucy Heartphilia – Colégio Fairy Tail, New York – 7:15

O professor de religião, Hoteye, havia partido para o Hawaii em busca do irmão desconhecido, Wally Buchanan. Em seu lugar, um substituto entrou na sala com o olhar sério e cumprimentou a turma com um ‘‘bom dia’’. Seu cabelo preto era curto e perfeitamente arrumado, usava um óculos simples que deixavam seus olhos azuis-acinzentados ofuscados. Contrariando todo seu visual certinho, ele possuía uma cicatriz em formato de ‘‘x’’ na bochecha esquerda. Estava usando uma blusa azul e calças brancas combinando com os sapatos sociais da mesma cor.

Olhei para o lado e percebi os músculos de Natsu ficarem tensos e sua boca se franziu em uma expressão raivosa. Olhei ao redor e notei que Gajeel repetiu as ações do rosado, ao passo que Lisanna encolheu os ombros e abaixou a cabeça, como se estivesse com medo do homem. Por um instante quase senti pena dela, mas ao lembrar de sua pulseira no galpão tive vontade de pular em seu pescoço e perguntar o motivo dela querer me matar.

Ela havia chegado tarde e por isso não pude interrogá-la antes, agora eu torcia para que o intervalo começasse logo para que eu pudesse colocá-la contra a parede. Iria fazer o que Levy havia proposto: entregaria a pulseira para a albina fingindo tê-la achada no corredor e analisaria a expressão em seu rosto.

– Sou o novo professor de religião, Lahar. Alguns aqui nessa sala já me conhecem – ele olhou diretamente para Natsu e Lisanna – e espero que possamos nos dar bem.

Quando olhei para frente na sala, notei-o me encarando, analisando-me. Ele parecia ser uma pessoa contida, que sabe mais do que aparenta. Dei um sorriso em sua direção e ele franziu o cenho, como se eu fosse alguma equação difícil de matemática. O que eu definitivamente não era já que nutro um profundo ódio por essa matéria.

– Quem acredita em vampiros, anjos, demônios, enfim, toda essa mitologia? – perguntou.

Levy foi a primeira a levantar o braço e pouco a pouco outros alunos timidamente repetiam o gesto. Aquele questionamento me pegou de surpresa, pois nunca havia parado para pensar naquele assunto. Será que isso existia? Com base no que havia visto em filmes e lido em livros era um pouco inverossímil. Por exemplo, um vampiro tem tempo de vida ilimitado, é poderoso e podre de rico, por que ele iria querer ficar repetindo a escola várias e várias vezes? Se eu fosse uma, sairia sugando o sangue de todo mundo que eu odiava e não passaria a menos de quinhentos metros de um colégio. E, se eu fosse um demônio, sairia pelo mundo avacalhando e curtindo muito, sem preocupações ou tendo que me controlar.

Levantei minha mão.

E ninguém – nem mesmo eu – ficou mais surpreso que isso do que Natsu. Observei disfarçadamente seus olhos arregalarem um pouco e ele errar o ritmo que fazia ao bater sua caneta na mesa. Ele também estava com a mão direita em pé.

– Parece que temos uma turma bem misturada aqui. A maioria não acredita, mas vou logo avisando: não é necessário ter vergonha de assumir, não são só malucos fanáticos que creem nessas coisas. – advertiu.

– E você, professor, acredita? – perguntou uma menina da segunda fileira.

– Se eu não acreditasse não estaria aqui, não é mesmo? – respondeu sorrindo – Vamos começar do início. Muito antes de existir os humanos, demônios caminhavam livremente pelo planeta, brigando entre si e divertindo-se com o sofrimento alheio. Como o universo funciona como uma balança, para contrapor todo aquele mal existiam os anjos, que travavam batalhas intermináveis contra os seres da trevas. Devo dizer que eles estavam em grande desvantagem já que quando um demônio morria ia para o inferno e algum tempo depois voltava à vida, sendo que o mesmo não acontecia com os anjos.

‘‘Um dia um ser transcendental, criador de tudo, resolveu interferir ao ver que uma nova raça havia surgido: os humanos. Frágeis, submissos, dependentes e lotados de amor. Deus – não necessariamente o Deus, mas um Deus – fez com que os anjos fossem capazes de se multiplicar e impôs restrições aos demônios. Eles só poderiam sair do inferno em um mês específico, sendo que no último dia dele poderiam possuir os humanos. Com isso, os anjos reinaram em paz por um tempo.’’

– Quando exatamente? – perguntou Levy anotando tudo o que ele dizia com extremo interesse.

– 31 de outubro, o famoso Haloween, o dia em que os mundos ficam mais próximos do que nunca. – respondeu calmamente e, após tomar fôlego, continuou com sua explicação – Um anjo cometeu o pecado da carne: enamorou-se de uma humana e a engravidou, sendo expulso do céu por isso. Eles são os tão conhecidos Adão e Eva. É errôneo pensar que eles não tinham desejos, sentimentos e uma genitália. – nesse momento alguns deram uma risadinha, mas eu só conseguia prestar atenção naquela história fascinante – Os Anjos Caídos obviamente são antigos anjos que caíram do céu. Eles não podem sentir o toque dos humanos, mas podem ter sentimentos, como amor, ódio, alegria, desejo, entre outros; a maioria deixa o lado mal prevalecer e por isso são chamados de demônios, afinal não caíram apenas porque queriam experimentar um sabor de sorvete.

Inconscientemente inclinei meu corpo para frente, buscando absorver mais sobre tudo aquilo. O modo como Lahar expunha aquele assunto me fascinava, e desejei que aquele mundo realmente existisse. Porém, mesmo tendo levantado minha mão, não via como tudo aquilo podia existir. Mas, confesso, o mundo seria muito mais interessante com eles.

– Muitos aqui conhecem o demônio Lúcifer, rei do inferno e tudo o mais. Na verdade, ele era um caído, que havia se rebelado com Deus por não aceitar que confraternizar com outras raças resultaria em expulsão. Todos que o seguiram foram derrotados. – ele fez uma pausa dramática, olhando para cada um – A união deles com humanos resultou em neflins: seres gigantes, que com o passar dos séculos e milênios foram caçados e diminuíram de tamanho, até ter a altura de uma pessoa normal, para passarem despercebidos. O cruzamento de demônios com mortais deu origem aos vampiros, ao passo que relações entre anjos e demônios resultaram em lobos.

Tentei imaginar como seria a Terra com esses seres por aí. Gigantes andando no centro de Nova Iorque, demônios e anjos caídos esbanjando-se em Las Vegas, aproveitando toda luxúria que a cidade oferecia. E anjos rezando nas igrejas nas manhãs de domingo. Eu era incapaz de imaginá-los fazendo outra coisa.

– O que você faria caso você fosse um anjo e seu melhor amigo celestial fosse expulso do céu por estar apaixonado por uma humana? – perguntou Natsu com um tom de chacota – Hipoteticamente falando, é claro.

– Eu não faria nada, as regras existem para serem obedecidas. Da mesma forma que vampiros não podem se relacionar com lobos, anjos não devem apaixonar-se por mortais. Hipoteticamente, claro. – respondeu olhando para o rosado com um sorriso estranho.

O sinal tocou exatamente nessa hora. Infelizmente a aula havia chegado ao fim. Definitivamente, religião passou a ser minha matéria preferida. Levantei-me da cadeira pegando meus materiais e caminhei em direção à porta para mudar de sala.

– Ei garota – chamou o professor e o fitei questionando silenciosamente – Você mesmo, desculpe-me não gravei seu nome ainda. Eu gostaria de falar com você. Pode esperar um pouquinho? – questionou.

– Claro professor. – olhei para Levy e percebi que ela me encarava com o cenho franzido – Nos encontramos na aula de física, guarde meu lugar ao seu lado, por favor.

Após um aceno de cabeça ela saiu da classe. Quando estávamos somente eu e Lahar na sala, fiquei curiosíssima com o que ele queria tanto me dizer. Toda aquela demora enquanto ele arrumava sua papelada de volta à pasta estava me deixando cada vez mais ansiosa.

– Percebi que você hesitou em levantar o braço, mas ficou muito compenetrada em minha explicação. – afirmou – Será que consegui te fazer firmar sua opinião sobre o assunto?

– Não, talvez. Eu ainda não sei, isso tudo parece muito fantasioso para mim. Acho que eles podem até ter existido, mas já morreram ou, sei lá, acharam algo melhor para fazer ao invés de ficarem provocando uns aos outros. – respondi tomando cuidado para não desmerecer sua aula.

– Interessante. – falou após uma pausa com sua cara de equação difícil – Era só isso, desculpe-me por atrasá-la. Te acompanharei até a sala de física para que o professor a deixe entrar.

Caminhamos silenciosamente até minha outra sala e consegui assistir a aula sem ser barrada por estar fora do horário. Não consegui prestar muita atenção nas fórmulas, pois só conseguia refletir sobre o que Lahar havia dito. Será que era possível aqueles seres existirem ou era só mais uma história de ninar? Um conto contado para fazer as crianças não se apaixonarem por anjos, talvez? Ou para fazê-las temer o que havia na escuridão? Refletindo sobre isso, os dois horários acabaram e quando percebi o sinal do intervalo já estava tocando.

– Você irá falar com Lisanna? – perguntou Levy apreensiva.

– Sim, eu tenho que fazer isso. – respondi estralando os dedos da mão de nervosismo.

– Eu acho melhor você a seguir depois da aula e quando ela chegar em casa você aparece do nada. Ela ficará com tanto medo que irá contar tudo! – sugeriu a baixinha com os olhos brilhando.

A azulada realmente gostava de coisas de detetive. Porém, da última vez que concordei em seguir alguém nosso plano saiu pela culatra e Natsu percebeu o que fazíamos.

– Mas foi você quem sugeriu que eu a abordasse agora, então não reclame. Deseje-me sorte. – pedi.

Procurei pela Lisanna em todo o pátio, mas não a encontrei com seu grupinho frequente. Onde raios essa garota se meteu? Sentei no gramado com as costas escoradas no tronco de uma grossa árvore que proporcionava uma sombra refrescante e olhei para cima. Quando notei que havia alguém no telhado arregalei os olhos. Todos os alunos eram proibidos de ir àquele lugar simplesmente pelo fato de, há três anos, uma garota fora de seu juízo perfeito ter pulado lá de cima. O nome do colégio ficou estampado na primeira página do The New York Times graças à mote dela, o que causou várias perdas de alunos. Até eu que era novata sabia disso!

Fui em direção às escadas e as subi rapidamente. O sangue martelava em meus ouvidos com a possibilidade de encontrar alguém tentando reunir coragem para dar um fim a própria vida. Quando estava no último degrau parei para tomar fôlego. Segurei a maçaneta gélida da porta de metal com força e abri-a silenciosamente.

Senti meu corpo relaxar ao perceber que não havia nenhum suicida ali, somente Lisanna olhando para baixo através da tela de proteção. Acho que não fui tão silenciosa quanto imaginei, já que a garota olhou em minha direção assustada. Seus olhos estavam vermelhos e percebi que ela deveria ter chorado há pouco tempo.

– O que quer aqui? – perguntou ríspida.

Dei um passo para trás, surpresa pela raiva que ela exalava em minha direção. Por que ela agia daquele modo? Nunca fiz nada de mal para fazê-la agir assim comigo! Quando percebeu que eu a encarava, limpou seu rosto com força para que eu não notasse que estava chorando. Mas eu já tinha percebido e isso foi o que me impediu de retrucar da mesma forma.

– Eu que deveria fazer essa pergunta, afinal, é proibido estar aqui. – respondi.

– Se está querendo saber se vou me matar igual a idiota de Katherine, está errada. Eu só gosto de ver as pessoas daqui de cima. – falou com certa melancolia.

– Eu encontrei essa pulseira e ela é sua. – afirmei com a voz calma.

Seus olhos acompanhavam meus movimentos quando retirei de meu bolso sua pequena dourada pulseira. Ao ver aquele acessório, ela abriu um sorriso genuinamente aliviado e correu em minha direção para pegá-lo.

– Obrigada! Onde a encontrou? Estou feito louca procurando-a há dias! – exclamou fechando em sua mão o objeto com carinho excessivo.

– Estava no corredor. – menti.

Ela olhou-me desconfiada e minhas mãos se fecharam em um punho. Eu não acredito que essa garota tentou me matar! Dei um passo em sua direção com a raiva borbulhando em minhas veias. Lisanna Arregalou os olhos e corri em sua direção, acertando um soco em seu rosto. Como aquela cretina teve coragem de colocar fogo naquele depósito?!

– Pare com isso, sua louca! – exclamou quando comecei a bater repetidas vezes em seu corpo.

– Você tentou me matar, sua cretina! – berrei acertando mais golpes.

Não calculava onde acertar, para falar a verdade minha visão havia se escurecido fazendo com que eu mal a visse. Só o que eu ouvia eram seus grunhidos e protestos. Porém, ela conseguiu me empurrar e perdi o equilíbrio, caindo no chão ofegante. Aproveitando disso, saiu correndo do telhado.

~ # ~

Lisanna mesmo dois dias depois de eu atacá-la, ainda estava com marcas arroxeadas e esverdeadas espelhadas pela sua pele excessivamente branca. Ela não havia contado o que acontecera no telhado para ninguém já que fiquei isenta de punições. O que eu não esperava era que ela fosse ficar com mais raiva de mim. Quero dizer, ela tentou me matar! Eu é que deveria estar fula da vida com ela, o que, a propósito, eu estava. A albina ainda me olhava como se estivesse se controlando para não me estraçalhar no meio da sala e eu retribuía seu olhar sempre que nos cruzávamos.

Para piorar, Levy – após me confessar que era completamente fissurada por seres sobrenaturais – tomou a decisão de me fazer crer totalmente que eles existiam. Para ela ou acreditava ou não, um meio termo era inexistente e já que eu estava indecisa, ela faria de tudo para me levar para seu lado.

Ontem ela tentou provar que vampiros existiam e jogou sal na comida do refeitório. Isso fez com que dez alunos jogassem seus lanches fora e a azulada ficou histérica acreditando que eles eram sugadores de sangue. Toby Horhorta era um vampiro? Por favor! O garoto usava uma meia como colar!

– O que você fará hoje para testar suas hipóteses? Irá atirar em todos os alunos para ver se algum deles é um lobisomem disfarçado? – perguntei sorrindo.

– Essa é uma ideia interessante. – murmurou baixinho e depois viu minha expressão assustada. Ela não estava realmente falando sério, não é? – Estou brincando. O plano de hoje é simples, vou descobrir os anjos!

– Veja quem vai à missa de domingo e reduza sua lista. – retruquei contagiando-se com sua empolgação.

– Ah! Você está achando que irei atrás dos anjinhos? Os anjos caídos são muito mais interessantes, Lucy. – esclareceu.

Enquanto caminhávamos pelo corredor, a baixinha olhava para todos desconfiada. Assim que chegamos na sala de biologia, a maioria das pessoas já se encontrava presente conversando animadamente com seus amigos ou dormindo.

– Como você vai provar sua tese? – perguntei.

Levy me olhou e deu um sorriso que dizia ‘‘eu vou aprontar’’ e se posicionou atrás de uma garota que estava entretida lendo. Então ela a cutucou, o que fez a menina se virar na hora para trás a procura de quem a havia incomodado. Segurei para não rir da baixinha curvada para que seu alvo não a visse.

Seus olhos brilharam quando olhou em direção a Gajeel enquanto ele se ajeitava para dormir apoiado em cima da mesa. Quando o moreno já estava de olhos fechados, Levy foi até ele e o cutucou, mas ele não esboçou nenhuma reação. Confusa ela tentou novamente, só que dessa vez mais forte. Não era possível ele não ter acordado com a força com que a baixinha havia o apertado. Talvez ele só estivesse dormindo profundamente, pensei neurótica. Observei-o esperançosa de que ele iria fazer qualquer coisa que indicasse que ele estava sentindo o que Levy fazia.

Porém, ele não fez nada, continuou com a cabeça na mesa, imóvel.


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Notas finais do capítulo

♥ Primeiramente eu devo dizer que toda aquela explicação do Lahar veio da minha cabeça, fiz uma pesquisas e adaptei as coisas que li à história. Então, nada de sair por aí atirando em pessoas com balas de prata, hein? UASHASUHASUHAS

♥ VISH! E o mistério vai aos poucos sendo revelado! SUAHSAUH Lisanna apanhou legal u-u Tadinha dela D; E então: tentou matar ou não? BWAHAHAHA

♥ Mereço recomendações e/ou comentários? Quem quiser deixe um review só para eu saber se ainda tem alguém aqui xP

♥ PARA OS LEITORES DE FLOR DE LÓTUS: Irei atualizá-la em breve, não se preocupem!