Em Todos os Momentos escrita por Van Vet


Capítulo 7
Esperando o Amanhecer




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Ir de encontro ao famoso deserto australiano, o Outback, não estava no roteiro deles. Ter de atravessar metade do país para chegar até lá, muito menos. Os caminhos longínquos que teriam de trilhar na busca, às cegas, aos pais de Hermione, faziam-na questiona sobre o que se passava na cabeça deles para serem atraídos cada vez mais para situações estranhas e lugares distantes.

“Talvez não fosse a bruxa habilidosa que sempre acreditara”, ela se condenava. Não conseguia, por mais que Rony dissesse parar de culpar-se por ter feito algum feitiço equivoco que estive colocando sua família em perigo.

Novamente eles estavam reféns da espera. A magia estava vindo a calhar, já que a aparatação era inútil se não sabiam ao certo para onde estavam indo. Tinham de aguardar o próximo dia chegar para poderem embarcar num voo para Coober Pedy, cidade vizinha de onde o roteiro dos pais circundaria.

Somente uma coisa continuava a superar positivamente as expectativas dela: Rony. Seu empenho e sua dedicação, constante como havia prometido há dias atrás no trem.

Ouviu a porta do quarto abrindo e os passos de Rony se aproximando. Ele surgiu na porta que dava para varanda e encontrou-a debruçada sobre o parapeito, estudando a cidade com as expressões vagas.

Hermione virou-se para ele.

Trazia duas latas de refrigerante nas mãos. Estava aprendendo rapidamente a lidar com os maquinários e apetrechos trouxas, e, desde que descobrira a máquina de refrigerantes no hospital, parecia viciado.

Ele aproximou-se. Continuava com aquele perfume leve do sabonete que era oferecido no hotel. Haviam jantado e tomado banho, e, depois, enquanto ela dizia apreciar a vista da varanda, ele fora acertar as diárias para saírem do hotel antes das seis da manhã.

—É impressão minha ou você está fissurado nisso? — comentou Hermione, quando Rony encostou-se ao parapeito também, passando-lhe uma latinha.

— Esse troço é meio viciante. Peguei o seu de laranja, como você gosta.

— Obrigada. — e abriu a lata, tomando um golinho com delicadeza.

Rony espiou-a de canto de olho.

— Acho que vamos começar a ter progresso a partir de amanhã...

— Não é estranho? — interrompeu-o.

— O que é estranho? — perguntou confuso.

Hermione continuava fitando a cidade.

— Nós. Juntos nisso. Há cinco anos, se alguém me dissesse que passaria por esta situação, poderia colocar a mão no fogo em afirmar que quem me acompanharia nisso seria o Harry.

Se Hermione estava tentando ser lisonjeira com aquela afirmação, não era esse o efeito que estava produzindo dentro dele. Por mais que Harry fosse seu amigo também, às vezes a frustração devorava-o por saber que a relação do amigo com a morena nunca sofria com discussões, ou sai dos trilhos como a deles.

— Preferia que fosse Harry no meu lugar? É isso que quer dizer? — questionou-a assumindo uma postura rígida e uma voz fria.

Ela virou-se para ele.

— Não é isso. É que sempre fomos tão ímpares, quer dizer, eu e Harry tínhamos mais em comum do que eu e você.

— Onde? — Rony deixou a lata tombar da sua mão.

— Calma, Ron. — pediu Hermione aproximando-se ao notar a expressão de choque no rosto dele. — Você não está entendendo. O que estou falando é que nunca concordávamos em nada, sempre estávamos aptos a brigar por qualquer coisa, e parecíamos improváveis demais um para o outro.

— Ainda pensa assim? Que somos improváveis?

Rony tentou controlar um tremor involuntário que se apossou de seus lábios, pelo nervosismo de estar ouvindo coisas daquele tipo da boca de Hermione. Não foi difícil descobrir porque o medalhão o havia atingido com mais força. Ele ficava transtornado somente em pensar nos amigos como uma entidade só.

— Claro que não. — ela sorriu, trazendo um pouco mais de calma para seu coração, mas nem por isso menos agitação. Com a ponta dos dedos encostou-se a seu tórax como se tentasse sentir suas batidas através das roupas — Porque disse mais cedo que era meu namorado?

O ruivo achou aquela pergunta estúpida. Para ele estava mais do que claro a resposta.

— Não é verdade? — murmurou com medo de uma resposta negativa.

O diálogo dos dois transformava-se numa série de questionamentos sem fim. Rony queria uma resposta definitiva da garota que amava, porque era terrível estar jogando a bola e não ter ninguém para rebater de volta. Era assim que se sentia desde a volta de Hogwarts, não correspondido.

—Você sabe que é. — ouviu-a confirmar — Mas é porque às vezes é estranho essa nossa mudança súbita de atitude. Antes nos gostávamos em silêncio, extravasando tudo em discussões...

— Ainda fazemos isso. — disse, aliviado por a conversa estar focada novamente só neles dois.

— É, eu sei. — a morena sorriu, tencionando voltar para a sacada. Rony pegou-a pelo braço e puxou-a para junto do peito. Ela não criou resistência, aninhando-se em seu abraço com facilidade.

— Porque está levantando essas questões então?

— Porque acho que nunca ninguém fará o que você está fazendo por mim. Acompanhando-me, financiando toda essa busca, me aturando... Mas o principal, tentando me ver completamente feliz, outra vez. Eu só quero que saiba que vou retribuir.

O desejo de calar Hermione com um beijo longo e quente estava ficando crescente.

— Continue sendo a Hermione Granger de sempre, que é um pagamento mais do que aceitável. — brincou.

Então ela abriu um lindo sorriso, e segurando sua cabeça com as duas mãos, aproximou-se dele com olhos fechados e os lábios entreabertos. Sinal verde para mais um daqueles beijos assustadoramente viciantes que ela possuía.

Rony enlaçou os braços e mãos ao redor da cintura da namorada, beijando-lhe lenta e sensualmente. Para se equiparar a altura dele, ela ficou nas pontas dos pés, enquanto sua língua ia de encontro à dele.

Antes que pudessem dar conta de que caminharam para dentro do quarto sem se desgrudarem, ele já estava sentado na cama tendo-a somente para si, no seu colo, com as pernas enlaçando-lhe a cintura. Lábios avermelhados escorregaram para o pescoço e nuca. Línguas ágeis deslizaram pelo queixo, e sob o contorno da boca. Mas quando Rony sentiu que seu membro estava começando a ficar rígido naquele esfrega-esfrega inusitado, mesmo sem querer, ele sabia que era hora de parar.

Hermione olhou-o intrigada, quando ele recuou o rosto sutilmente.

— Estou te sufocando?

— Não. Claro que não. — ela saiu de cima dele mesmo assim — Só preciso de um pouco de ar.

Rony foi para varanda outra vez. Hermione o acompanhou sentindo um leve constrangimento por aquele “pequeno primeiro amasso dos dois”.

— Você está fragilizada com o que houve com seus pais e...

— Eu entendo, Ron. Não acho que precisamos discutir isso. — interrompeu-o, enlaçando-o pelo braço com carinho. — Vamos entrar. Amanhã o dia começa cedo, e vai ser longo... Muito longo.


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