POV Maxon

Já havia se passado uma semana deste o ataque.

Hoje era dia do Jornal Oficial. Gavril disse algumas palavras sobre America e logo após começaram a mostrar fotos dela em um telão. Não aguentei e fui para o quarto, não queria que vissem minhas lágrimas, eu me culpava muito. Mamãe bateu na porta, não queria que ela me visse assim, ela perguntou como estava e disse que papai queria falar comigo, eu deveria ir o mais breve possível até seu gabinete. Ela foi embora, eu estava com medo, será que ele iria me bater por eu ter saído do jornal? Eu estou de luto! Será que o rei Clarkson não pode respeitar?

Mas eu sabia que ia ser pior se eu não fosse. Fui ao banheiro, limpei o rosto, nem parecia que eu havia chorado. Andei pelo corredor e bati na porta do gabinete de meu pai.

– Entre.

Respirei fundo e abri a porta. Ele estava sentado na cadeira em frente à mesa e fez um gesto em direção à cadeira a sua frente ordenando que eu sentasse.

– Sim, pai? Mamãe disse que o senhor queria falar comigo.

– Maxon, você precisa escolher sua esposa.

Senti como se o chão tivesse sumido. Ele não falava sério, não podia estar falando! Aliás, eu nem sei por que ainda tinha aquele circo, vulgo Seleção, depois do que aconteceu. Eu sei que ele é o rei, mas como ele ousava fazer aquilo comigo? Eu sou seu filho! Ele podia, pelo menos uma vez na vida, ser o meu pai e me consolar! Eu esperava que aquilo fosse uma piada, mas sabia no fundo, que não era.

– Como? – não custava tentar.

– Não se finja de anta garoto! Você me ouviu. No fim do jornal, para tirar o clima de tensão no ar, eu disse que na semana que vem você iria anunciar sua escolhida.

Eu fiquei impressionado. Meu pai falava aquilo como se dissesse “Hoje, eu pedi para o jantar aquela sopa que você adora! Ah, e também vai ter aquele mousse de chocolate delicioso!”. Será que ele não tem sentimentos? E não consigo acreditar que ele realmente tenha dito “tirar o clima de tensão no ar”. A minha vontade era de dar um soco nele e chamá-lo de desgraçado, tirano e dizer outras verdades em sua cara, mas o que aconteceu não foi isso. Eu apenas disse:

– A minha escolhida sempre foi a America e você sabe disso.

Ele me fitou com os olhos semicerrados.

– Isso não muda o fato de que você tem que se casar com uma das selecionadas. Já disse o que tinha que falar, pode se retirar Maxon. Tenha uma boa noite.

Como se depois de tudo eu fosse ter uma boa noite. Meu pai e a Seleção que se danem! Fui para os jardins e depois de muito pensar tomei minha decisão. Era tarde mas ela ainda estaria acordada com certeza. Bati na porta e ela apareceu, ainda com o vestido do jornal.

– Não esperava vê-lo hoje Maxon – disse Kriss. Ela dispensou suas criadas e me deixou entrar em seu quarto. Sentei em uma cadeira e ela sentou na cama – você saiu correndo do jornal. Eu também sairia, mas eu não poderia me levantar antes de estarmos fora do ar. Sabe, eu me sinto um pouco culpada, sempre desejei que você me escolhesse.

– É sobre isso que quero falar, a propósito, não se sinta culpada Kriss, você não tem nada haver com a morte dela, mas, voltando ao assunto, eu conversei com meu pai e ele disse que eu ainda tenho que escolher alguém, já que America... – não quis terminar a frase mas Kriss havia entendido.

– Desculpe-me Maxon, sei que é o rei e seu pai, mas a atitude dele foi horrível! Ele estava todo alegre quando comentou que você faria a escolha semana que vem e mal tinham terminado de passar todas as fotos no telão! Perdoe-me ter te interrompido, você tem algo mais a falar não é?

– Kriss, você sempre foi minha confidente aqui. Sei que se eu tivesse me casado com America, nós continuaríamos sendo amigos, então você será minha escolha. Tudo bem?

Ela assentiu, deu pra perceber que estava tentando conter a felicidade, admirava Kriss por ser muito compreensível, sabia que gostava de mim, no entanto, sempre deixei claro que éramos amigos.

– Mas nós vamos continuar com nossa AMIZADE, nós casaremos, porém vamos apenas ser bons amigos, se quiser namorar com alguém do palácio pode, afinal, teremos um “casamento aberto”. Só terá que me avisar antes, ok?

– Sim Maxon, eu respeito seu luto e sei que nunca esquecerá ela. Você sabe que eu te amo, não da mesma forma que você me ama, mas eu respeito nossa amizade.

Eu a abracei e ela me deu um beijo na testa. Saí de seu quarto e fui pro meu.

SEIS ANOS DEPOIS

POV Autora

Maxon e Kriss tiveram um casamento simples. Passaram cinco anos, esse foi o tempo em que Maxon ficou de luto, pois America era da casta cinco. No tempo em que ficou de luto, o príncipe só chegou a dar selinhos em Kriss e eles dormiam em camas separadas. Nesse mesmo período, ele aprendeu a amar Kriss (que nunca deixou de amar Maxon), não tanto quando Meri, mas ele aprendeu a gostar de verdade da esposa, certo é que eles renovaram os votos, casaram “novamente”. Depois de um ano após o término do luto eles tiveram um filho, Logan, e Maxon se tornou rei pois seu pai estava em idade de se aposentar.

Maxon nunca mais teve contato com a família Singer, nem com ninguém que tinha relação com America. Ele ainda sentia culpa.

Longe do palácio, uma jovem balançava em seus braços um bebê. Era uma menininha com cabelos cor de fogo e olhos azuis, ela lembrava à jovem, alguém muito especial, sua irmã.