Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 96
Perdendo-me


Notas iniciais do capítulo

Às vezes as mudanças ocorrem tão rápido que nem nos damos conta. Quando estas são externas, mesmo sendo trabalhoso, não é difícil mudar novamente. Mas quando estas são internas, além de ser muito difícil aceitar e admitir, mudar novamente é quase uma prova de fogo e nem todos são tolerantes ao fogo.



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 #17/03#

Segurando o seu amuleto de proteção, sem tirá-lo do retrovisor, aquele homem tão estrito e soberbo chorou silenciosamente.

Que poder sobre Jhonatan tinha aquele pequeno penduricalho de espelho? Que magia poderosa continha aquele amuleto capaz de desarmar tanta altivez? Que calor era aquele que parecia emanar daquele pequeno pedaço de tecido azul, que ao tocar, aquele homem sentiu queimá-lo por dentro, como se algo quisesse exorcizar dele aquele homem em que ele havia se transformado?

 

FLASHBACK

— Não, Jhonatan. Você não pode participar do meu chá de bebe! — reiterou Nicole, cansada de repetir a mesma coisa ao marido e futuro pai coruja. — É um evento apenas para mulheres!

— Mas eu prometi ao meu filho que ia estar presente em todos os momentos importantes da vida dele. — lembrou-a da promessa feita por ele numa noite em que o pequeno Nathaniel não deixou a mãe dormir de tanto que se mexeu em seu ventre. Foi a primeira vez que Jhonatan conseguiu ver as formas do bebê marcadas na barriga dela. Ele chorou igual a uma criança ao ver e tocar o pezinho e a mãozinha fechada do filho sobre a pele da barriga da esposa, que embora emocionada com a emoção do esposo, sentiu como se o garoto estivesse em meio a um show de rock dentro do seu útero de tantos socos, chutes e cabeçadas que levou naquela noite.

— E eu sei que ele me ouviu e acreditou em mim porque logo depois que fiz a promessa ele se acalmou e você conseguiu dormir!

— Eu sei, amor e tenho certeza que ele te ouviu e acreditou na sua promessa, mas entenda. Homens não participam de chás de bebê! O que as senhoras do clube vão dizer se você estiver presente? — falou enquanto levantava da sua poltrona da mamãe de tecido aveludado azul bebê, indo em direção ao pequeno berço de madeira de lei cerejeira cujo marido colocava o mosquiteiro de musselina branca trabalhada com renda azul do mesmo tom pastel que a poltrona. — Você iria deixá-las inibidas!

— Inibidas? E por que eu, o pai do seu bebê, vou deixar as suas amigas e amigas das nossas mães inibidas? O que vocês vão fazer, afinal? — questionou, não por estar desconfiado, e sim, curioso.

— Ora, Jhonatan. Coisas de chá de bebê. Vamos conversar sobre nossos casamentos, maridos, filhos, a casa... — explicou sem entrar em detalhes enquanto pegava algumas fraldinhas de tecido bordado de dentro do berço, levando-os para guardar na primeira gaveta da cômoda, conjunto do berço e do pequeno guarda-roupa, junto com as outras fraldinhas e toalhinhas higiênicas.

— Mas se é só isso, qual o problema de eu estar junto? — questionou novamente. Nicole sentou na poltrona, pois se sentia pesada e suas pernas doíam; ela já estava perdendo a paciência. Seu humor não melhorou com o avanço da gestação, pelo contrário, há menos de um mês para Nathaniel nascer, o medo da hora do parto a deixou com os ânimos aflorados em todos os sentidos, fosse para chorar ou reclamar.

— Eu vou ser mais clara, Jhonatan. Quem sabe assim você entende e se convence. Você se lembra do chá de bebê da sua prima? — perguntou e ele assentiu, encostado no berço, olhando para ela, de braços cruzados. — Então, no meio do chá ela estava só de lingerie, toda pintada com batom e já tinha contado para todo mundo, como castigo por não ter adivinhado o presente, que o marido adorava transar com ela na mesa da cozinha. — contou. Ela nunca tinha visto a feição do marido se transformar tão rápido, indo de surpreso à indignado em segundos.

— M-Mas que palhaçada é essa? — questionou. — É nisso que se resume uma reunião só para mulheres? — exteriorizando seu lado conservador. — Futilidades!? — Nicole sabia que ele era um pouco conservador, assim como ela, até pela criação que tiveram, e que ele não gostava e nem aceitava determinados comportamentos, mas nunca imaginou que ele pudesse ser bem mais conservador que ela, que não via problemas em certas brincadeiras ou conversas se fosse entre amigas.

— Calma, querido, é só uma brincadeira entre amigas. Todo chá de bebê é assim.

— Não me interessa! — ralhou. Ele nunca havia sido ríspido com ela antes. — Eu não sou casado com as outras. Que vocês se pintem inteiras e façam um chá de pijama é aceitável, mas expor sua vida íntima como se fosse um folhetim açucarado para fofoqueiras de portão, é inadmissível!

— Calma, Jhonatan. Você está exagerando! — disse ela, firme como sempre fez ao argumentar sobre algo com ele. — Não é para tanto!

— Não fale comigo como se estivesse falando com uma das suas amiguinhas do clube, Nicole. Eu sou seu marido! — ralhou, impondo-se. Ela não soube o que dizer, nem como reagir de tão surpresa. Aquele não era o Jhonatan que ela conhecia. Ela se lembrou do sogro falando com a esposa; até o olhar dele estava parecido. — E como seu marido eu digo que não quero que você exponha a nossa vida, principalmente as nossas intimidades, para ninguém! — ordenou. — Ouviu bem. Eu te proíbo de se expor e me expor desta maneira! Não se esqueça que minha mãe vai estar neste chá e eu não quero que você dê motivos para ela me infernar mais ainda por conta do nosso casamento. — lembrou-a de sua sogra, referindo-se ao fato da mãe dele nunca ter concordado com o casamento dos dois, aceitando apenas porque o pai dele concordou.

Nicole sabia que a sogra a não gostava dela, que ela a achava inadequada para o seu filho por conta dos seus erros de adolescente. Ela já havia aceitado isso quando decidiram se casar e não ligava, pelo menos não até aquele momento, pois a postura do marido a fez pensar que ele também condenava suas escolhas erradas quando estudante. Ela teve medo dele achar que ela ainda era fútil.

— E não me olhe com essa cara! Não estou te proibindo de fazer o chá. Só não quero que a pauta desta reuniãozinha seja a minha vida íntima com você. Não quero ninguém especulando o que acontece dentro da nossa casa, quanto mais na nossa cama, principalmente meus pais! — deixou claro. — Já basta a sua mãe falando da nossa vida por ai! — inclusive sua opinião sobre a sogra, visto que Adélia contava tudo o que vinha a saber dos dois ao marido e se fosse para enaltecer a filha, até à sogra da jovem, principalmente quando estavam reunidas com as senhoras do clube. Nicole se magoou com aquele comentário.

Nicole não conseguiu articular nenhum argumento, nem mesmo pensar em um; ela estava confusa e abalada demais para tal. Seu pai sempre fora ríspido com ela, autoritário, mas Jhonatan nunca havia lhe dito uma única palavra de forma grosseira, quanto mais imposto sua vontade a ela. Ele sempre fora gentil e carinhoso, sempre dera importância ao que ela pensava, dizia e queria. Ela sempre esteve ao lado dele em tudo, nunca abaixo ou atrás. E tê-lo ouvido reclamar da mãe dela daquele jeito, sendo que ele nunca havia dito nada com um peso tão negativo sobre ela antes, a assustou.

Pela primeira vez desde que se conheceram Nicole teve medo dele, como sempre teve do pai. Pela primeira vez, desde que começaram a namorar, ela baixou a cabeça e assentiu, fazendo um esforço enorme para não desabar em prantos diante dele.

— E-Está bem, J-Jhonatan. N-não vou dizer nada. — prometeu. Sua voz estava tão baixa que mais um pouco ele não a ouviria.

Ele estava tão zangado em ter sido excluído da 1ª festinha do filho, mesmo sendo apenas um chá de bebê, e pela possibilidade de ter sua vida íntima exposta para um grupo de senhoras, incluso sua mãe, que não percebeu o fio de lágrima que correu o rosto da esposa, naquele momento tão silenciosa e cabisbaixa. Ele precisava espairecer, esvaziar a mente; ele precisava ouvir o ronco do motor. Ele a deixou sozinha, sem um aceno de mão, tampouco um beijo.

— O que foi, Jhonatan? Está tudo bem? — perguntou Adélia ao encontrar o genro, de cara fechada, no meio do corredor da casa do casal. Eles já tinham voltado para a casa deles, pois além da mãe de Nicole interferir demais na vida deles, a mãe de Jhonatan se enciumou do filho vivendo na casa da sogra ao invés da dela. Para evitar dor de cabeça com sogra e mãe, o empresário preferiu voltar para casa com a esposa e contratar uma acompanhante para ela, e que depois viria a ser a babá do filho.

— Eu estou ótimo, Adélia. Só fui proibido de participar do 1º momento especial do meu filho. Eu não poderia estar melhor! — ironizou, passando direto por ela, que o observou enquanto se distanciava, a passos rápidos e pesados, visivelmente estressado. Ela nunca o tinha visto daquele jeito antes. Ela se lembrou do próprio marido. Ela foi atrás da filha.

Tudo já estava pronto para o chá e em menos de uma hora as convidadas começariam a chegar. Adélia queria ver se a filha já estava pronta, mas ver o genro daquela forma a deixou apreensiva. Ela desejou que eles não tivessem se desentendido. Ela se enganou. Ao mesmo tempo em que ela ouviu o motor do NSX 94 vermelho e preto do genro roncar da garagem ao portão principal, ela ouviu o pranto desesperado da filha, cujo coração estava dilacerado. Ela disse à filha que homens eram daquela forma e que se ela não quisesse perder o marido, ia ter que se acostumar e se adaptar.

— Não o meu Jhonatan! E-Ele não é assim. E-Ele não pode ser as-sim. —inconformada, ela não queria acreditar que havia se enganado sobre ele. — E-Ele jurou que nunca seria assim. — e que a promessa feita enquanto planejavam seu futuro juntos foram apenas palavras sem valor.

— Os filhos mudam tudo, Nicole. Antes eram apenas vocês dois, agora com a chegada do bebê, tudo para ele fica mais complicado. Ele não é mais somente o seu marido, agora ele é pai. As cobranças sobre ele aumentam, suas responsabilidades aumentam, tudo o que antes era opcional ou sem prioridade, se torna prioritário, obrigação. — comentou, deixando-a mais nervosa.

A forma da mãe ver e levar a vida era tão diferente da dela, mas estaria ela errada? Sem suas respostas e tomada pelo medo de viver um dejavú, e mais que isso, tomada pelo medo de perder o marido que ela tanto amava, Nicole não fez outra coisa a não ser se entregar totalmente ao choro.

— Calma, Nicole. No seu estado esse desespero todo não lhe fará bem. — pediu Adélia, preocupada com o abalo emocional da filha. — Lembre do que seu médico disse.

— GLÓRIA! VENHA ATÉ AQUI! — chamou, aos berros, pela acompanhante da filha que estava no quarto ao lado do quarto do bebê arrumando suas coisas. — Vá até a cozinha e peça a Matilde que faça um chá calmante bem forte para minha filha, e me traga um copo de água com açúcar... RÁPIDO CRIATURA!

Sem demora a senhora de meia idade e baixa estatura foi a cozinha, deu o recado para a cozinheira e depois voltou com o copo de água com açúcar.

Nicole não conseguiu sufocar o que estava sentindo.

Enquanto isso, desejando acalmar seus pensamentos e suas emoções, Jhonatan passou no Makellos e enquanto lavavam seu carro aproveitou para conversar sobre paternidade com seu colega de infância, Saul, dono daquele lava rápido e pai de dois garotos, um de 10 anos e outro de 2 anos. Sevian, o filho caçula de Saul, como toda criança com síndrome de Down, era extremamente ligado a mãe, mas ele não podia ver o colega do pai que já lhe estendia os braços e Jhonatan não lhe negava o colo, passando todo aquele tempo de espera conversando com ele, que devido sua síndrome, mal articulava as palavras.

Ninguém daquela família entendia o carinho que o garotinho com cabelo de anjo tinha por Jhonatan, principalmente porque ele ia ao lava rápido uma vez ao mês apenas, e mesmo assim o garotinho o adorava, interagindo com ele melhor do que com outras pessoas que passavam muito mais tempo perto dele.

Nos últimos meses, cada vez que Jhonatan pegou Sevian no colo, ele pensou em seu filho que ainda estava por nascer e não ouve um momento em que ele não pediu, em seus pensamentos, que ele nascesse forte, saudável... e normal. Não por preconceito, pois isso ele não tinha, mas por medo. Ele não suportaria ver o filho sofrer enquanto crescia.

De certa forma, Sevian transmitia uma enorme paz ao coração de Jhonatan, que por mais estressado que estivesse, sentia-se revigorado após passar um tempo com ele.

Sevian era um garotinho especial não apenas por sua síndrome, mas porque conseguia fazer aquele homem ver o quão importante eram as pequenas coisas, pois o simples fato de articular bem uma palavra ou mastigar bem o alimento era uma vitória para ele. Tudo para ele seria mais difícil, e mesmo assim, ele, na sua inocência infantil, ria e brincava como qualquer criança da sua idade e sem limitações, a não ser as da própria idade. E naquele dia em especial, aquela família estava em festa, pois o pequeno caminhou por uma distância maior que 5 metros sem cambalear nenhuma vez. E vê-los comemorar aquele momento fez Jhonatan pensar nos primeiros passos do seu garotinho.

Assim que seu carro ficou pronto ele devolveu Sevian ao pai e foi embora, passando a tarde fazendo o que muitos chamariam de programa feminino, desfolhando livros infantis numa enorme livraria do centro, analisando o tipo de leitura que o mercado oferecia para seu filho, comprando vários, desde fábulas à livros apenas com imagens que se montam ao abrir, sem nenhuma palavra. Depois foi a uma loja de roupas infantis e comprou um único item, um que da vitrine chamou sua atenção.

Depois de passar umas 4 horas fora, mais calmo e tranquilo, voltou para casa, estranhando encontrar apenas sua sogra.

— Onde estão suas amigas, Adélia? O chá já terminou? — perguntou colocando as sacolas sobre o sofá da sala, estranhando a reunião ter encerrado tão rápido.

— Não houve chá. Eu cancelei. — contou. — Nicole não se sentiu bem e o médico a sedou para que descansasse.

— C-Como assim? O que houve com a minha esposa? — perguntou, aflito. — Por que você não me ligou? — indagou, visivelmente irritado por não ter sido comunicado, indo em direção ao quarto do casal.

— Eu não achei que fosse necessário. — disse ela.

Jhonatan só não falou o que veio a sua mente porque estava diante da porta do seu quarto e naquele momento ele só queria ver Nicole. Ao abrir a porta ele a viu dormindo, sedada. As olheiras escuras em sua face clara denunciaram que ela havia chorado muito e ele sentiu seu coração apertar, pela preocupação e pelo medo de ter sido ele o culpado daquilo. Ele se aproximou e ajoelhou ao seu lado.

Adélia, parada diante da porta do quarto, ficou a observá-lo com olhar repressor. Ela o culpava por aquilo e ele sabia disso.

— O que tiver para dizer, diga logo, Adélia. — pediu sem desviar o olhar de Nicole, segurando-lhe uma das mãos e lhe acariciando os cabelos.

— A discussão de vocês dois mais cedo mexeu demais com ela, que não parou de chorar até o sedativo fazer efeito. O doutor Salazar disse que por sorte eu estava aqui com ela e o chamei a tempo de evitar o que poderia ter sido uma fatalidade. — contou, manipulando as palavras para , de certa forma, ferir o genro.

— C-Como assim, fatalidade? Do que você esta falando? — questionou, desta vez olhando diretamente para ela, apavorado com a possibilidade de vir a perder a esposa e/ou o filho, mas incomodando-se com o olhar da sogra para ele.

— Nicole não quis te contar para não te preocupar, mas a pressão dela tem oscilado muito de uns dois meses pra cá, e o Dr. Salazar diagnosticou como pré-eclâmpsia. — revelou, fazendo-o olhar para a esposa adormecida, confuso. Ele se levantou e se afastou, indo até a sogra, puxando-a pelo braço para fora do quarto. Ele queria entender aquilo, mas longe de Nicole.

Ele desceu a escada e a levou para o escritório, cujo mobiliário ainda estava sendo feito pelos marceneiros. Ele fechou a porta e pediu que ela contasse aquela história direito.

— Que história absurda é esta de pré-eclâmpsia, Adélia? O que você e a Nicole estão escondendo de mim? — questionou assustado, porém calmo, mas como ela não se manifestou de imediato ele se aborreceu e se fez ouvir por ela.

— FALA! — bradou e seu olhar não era o do genro que ela conhecia. Aquele homem não era tão tranquilo como parecia, tampouco submisso.

— Calma, Jhonatan. Você esta se estressando e agora não é o momento para isso. – disse ela como se estivesse falando com a própria filha.

Jhonatan já estava de saco cheio da sogra se metendo na vida deles, enfiada na casa dele todos os dias por conta da gravidez de Nicole, metendo-se a patroa das suas três empregadas, a cozinheira, a arrumadeira e a acompanhante de Nicole; e levando ao esposo, sogro dele, o que via e ouvia em sua casa.

Desde que se casou com Nicole que Adélia não dava um tempo, se metendo em tudo, interferindo nas decisões dele naquela família, pois Nicole sempre acabava cedendo a opinião da mãe, pois a atenção que não teve dela enquanto solteira estava tendo depois de casada. Seus próprios pais não interferiam na sua relação, mas viviam azucrinando sua cabeça por conta daquela mulher. Eles não aceitavam o fato dele a deixar interferir tanto na sua vida com a esposa e começaram a duvidar da sua capacidade de chefiar uma família.

Por amar demais a esposa Jhonatan aguentava calado aquele contexto em que se via, controlando-se para não sair do sério, mas tudo tinha um limite e o dele havia chegado ao fim. Ele podia suportar Adélia enfiada em sua casa por Nicole. Ele podia suportar a ciumeira da mãe por ver a sogra enfiada na casa dele. Ele podia suportar o pai lhe chamar de frouxo por não bater de frente com o sogro quando reclamava de alguma coisa por conta de uma fofoca da sogra e até de ouvi-lo dizer que ele era um "moleque brincando de casinha" porque deixava a sogra se meter em tudo. Mas ouvir Adélia falar com ele como se fosse a matriarca daquela família, ainda mais ele querendo saber sobre o estado de saúde da sua esposa, que para piorar a situação, estava mentindo para ele com o apoio dela, foi a gota que fez aquele jarro enorme transbordar. Aquilo ele não podia suportar.

— Escuta aqui, Adélia! Não se dirijas a mim como se eu fosse seu filho e lhe devesse obediência. — ralhou, sem elevar ou engrossar a voz. Apenas sua postura, altiva e firme foi necessária para ela entender que as coisas seriam diferentes a partir daquele momento. — Esta é a minha casa, Nicole é minha esposa e você é só uma mulher infeliz que acha que pode se sobrepor a mim. Não me tome por um moleque bobo. Eu não estou brincando de casinha, tampouco sua filha.

Adélia não soube o que dizer, ela ficou desconcertada e até envergonhada. Ela nunca imaginou que Jhonatan poderia lhe falar daquela forma.

— N-Não f-foi minha intenção, Jhonatan. Eu... — tentou se justificar, mas ele a cortou. Ele não queria suas desculpas, ele queria saber o que havia acontecido com Nicole.

— Não me interessa qual tenha sido sua intenção em nada aqui nessa família, Adélia. Eu te fiz uma pergunta direta e espero uma resposta igualmente direta! — ela estava conhecendo seu lado ríspido.

Adélia deglutiu sua saliva, respirou fundo para controlar seu nervosismo e contou a verdade ao genro, que a cada palavra ficava mais irritado com aquela mulher e desapontado com a esposa. Ela havia quebrado o juramento que fizeram enquanto namorados e repetiram diante do altar: entre eles nunca haveria segredos ou mentiras, por pior que fosse a verdade.

PAUSA NO FLASHBACK

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