Miracles In December escrita por Ushio chan


Capítulo 1
Um Milagre de Natal


Notas iniciais do capítulo

Yoo! Eu espero que gostem da fic, eu fiz com todo o amor e carinho. Sou iniciante nessa categoria, mas não precisam ter pena de mim, podem fazer críticas à vontade, se estou aqui é para escrever cada vez melhor. Enfim, caiam em cima com as críticas...
Espero que gostem! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452321/chapter/1

Aqueles sinos suaves tocavam à distância, soando quase no ritmo de uma canção de natal. As luzes coloridas piscavam lentamente, colorido todas as construções de Baker Street. Uma finíssima camada de neve cobria o asfalto, camada a qual aos poucos engrossava, pois a neve não havia parado de cair. Todas as luzes estavam acesas; era quase meia noite do dia vinte e quatro de dezembro - onze e trinta e cinco, com mais exatidão – e todos pareciam se preparar para uma troca de presentes. Árvores de natal cintilavam em todas as salas com suas luzes e enfeites coloridos, exceto por uma janela, no 211B. Naquela casa, naquela noite, não haveria natal.

Não havia árvore. Não havia luzes. Não havia música. Não havia cantos natalinos, não havia comida, não havia familiares se abraçando e, certamente, não havia sequer um lampejo da felicidade natalina que infestava os outros lares. Será que era só ele que entendia o quão triste era aquele dia? Será que aquele incrível homem fora tão insignificante na vida de todos os outros? Será que ele era o único capaz de sentir aquela dor?

John Watson estava de pé diante da janela, olhando para o nada. Seus olhos não pareciam fixos em nada visível. Nem no vidro, nem fora dele. Eram olhos vagos, distantes, mortos, diferentes dos olhos astutos que um dia cintilaram em seu rosto. Sob aquelas duas esferas mortas encontravam-se duas bolsas escuras e esta era a única cor em seu rosto pálido e abatido. Na realidade, o roxo escuro de suas olheiras era, provavelmente, a única cor viva daquele apartamento tão melancólico no qual ele decidira passar uma última noite de natal – a primeira sem o melhor amigo -. Ele se isolara de todos havia muito tempo, então não fora difícil conseguir se livrar dos poucos convites que recebera para o natal. Só havia uma pessoa com a qual ele gostaria de estar naquele momento... A única que ele jamais voltaria a ver. Agora uma nova cor surgia em seu rosto conforme as lágrimas se acumulavam em seus olhos sem vida e os tornavam vermelhos. Depois as lágrimas rolaram por seu rosto pálido e triste.

Virou-se e ficou de costas para a janela. Marchou com as costas curvadas até sua velha poltrona, sentando-se diante da que Sherlock usava. Fechou os olhos marejados e o imaginou ali. Imaginou que o amigo se sentava diante dele e contava sobre novas conclusões que contava sobre ele. Provavelmente deduziria tudo o que fizera durante uma curta empreitada até o supermercado mais próximo. Contaria sobre o tempo, sobre alguma poça na qual havia pisado ou alguma senhorinha com um pug que o havia cumprimentado. Talvez deduzisse que havia esbarrado em algum poste de rua ou que havia deixado a sacola cair perto da porta. Daria para isso razões que passariam completamente desapercebidas que chocariam John e logo em seguida falaria de algum caso que lhe interessara, ou talvez reclamasse de estar entediado. Começaria a tocar violino, provavelmente uma canção de natal, fazendo com que aquele som suave ressoasse por toda a casa enquanto John guardaria as compras na geladeira, onde provavelmente encontraria alguma cabeça ou as tripas de alguém.

Mas Sherlock Holmes não mais se sentaria em sua velha poltrona. Nem faria deduções sobre o dia de seu amigo. Nem tocaria seu violino, daria tiros na parede às três da manhã ou guardaria cadáveres na geladeira. Jamais iria retornar. Mas ele, John Watson, permaneceria ali, sofrendo sozinho. O médico do exército, o quase-famoso companheiro do grande Sherlock Holmes, perdera todos os seus títulos junto com seu companheiro. Perdera-se a si mesmo. Agora era apenas um homem de aparência abatida, com saudade do melhor amigo.

Desejava não ter tido arrependimentos. De ter sido sincero o tempo todo. De jamais ter duvidado dele. Mas, acima de tudo, arrependia-se de não ter lhe revelado a verdade. De nunca ter contado que toda aquela admiração... Que toda aquela fidelidade... Não eram apenas admiração e fidelidade, mas algo muito maior. Muito mais profundo. Muito mais intenso. Algo para o qual ele sequer tinha um nome. Tinha apenas aquelas batidas fortes de seu coração quando se aproximava de Sherlock.

Mais lágrimas rolaram por sua face. Apenas as lágrimas, pois os soluços estavam entalados na garganta, presos em um nó que o machucava. Já fazia tempo que aquele nó se estabelecera permanente na garganta de Watson e não estamos falando apenas daquela infeliz noite de natal. Todos os dias, ao acordar no novo apartamento, sentia falta das esquisitices de Sherlock e sentia vontade de chorar. Quando saia sozinho na rua, sentia falta das observações do amigo com relação a todos os que passavam e o nó voltava a lhe subir pela garganta, às vezes seus olhos ficavam marejados. Sentia falta dele em tudo, cada pequena ação de seu cotidiano.

A cada dia odiava Moriarty ainda mais por ter-lhe arrancado tudo o que tinha de precioso na vida. Seu amigo. Seu Sherlock. Teria assassinado Moriarty com as próprias mãos se ele já não estivesse morto. Mas acima de tudo odiava-se a si mesmo por não ter sido capaz de impedir a morte de seu querido amigo.

Apoiou o rosto nas mãos e permitiu que o nó em sua garganta se desfizesse, deixando os soluços livres para saírem daquela prisão apertada, o corpo convulsionando de tanto chorar. Ele perdera todo o seu auto controle, não conseguia conter os soluços, não conseguia parar as lágrimas e, acima de tudo, a tristeza e a dor em sua alma eram completamente incontroláveis. E ele não queria se controlar. Queria se deixar levar, queria que aquilo saísse dele, queria apenas que a dor passasse, ou ao menos algum tipo de alívio. Perdeu completamente o auto controle.

Não tinha a capacidade de parar de chorar e, mesmo se a tivesse, não a queria. Aquele nó na garganta já o cansava muito. Lutar todos os dias para não chorar era cansativo demais, em especial quando qualquer coisa era capaz de fazê-lo querer chorar.

Lá embaixo, a campainha tocou. John ignorou, devia ser mais um coral de natal; só naquela noite, dois deles já tinham passado pela casa. O grupo, porém, foi mais insistente que o homem sozinho, de forma que este acabou por levantar-se, vestir o velho casaco surrado até então pendurado na maçaneta da porta da sala e descer para abrir a porta e assistir a performance do coral.

Abriu a porta e ficou parado por um instante – paralisado, melhor dizendo -. Uma ilusão? Um sonho? Não importava, ele estava ali. Os olhos azuis olharam John por alguns segundos antes de se fecharem quando este se lançou em seus braços, aos prantos, decidido a não ter mais arrependimentos. Agora ele estava ali.

– M-mas como? – Deu um jeito de perguntar no curto espaço de tempo entre um soluço e outro.

– Meu caro Watson, eu nunca seria capaz de desacatar um pedido seu, seria? ­– Sherlock o abraçava, os olhos fechados e a expressão tranquila enquanto lembrava o amigo de seu último desejo ao lado da lápide.

– Então me deixe te pedir só mais uma coisa... – Disse John, agora controlando-se um pouco melhor.

– Quantas você quiser.

– Fique comigo para sempre... Nunca mais me deixe. Não me deixe vivendo em um mundo sem você. Eu... Eu te amo. – Apertou-se ainda mais contra o peito do detetive.

Um longo instante se passou, como se Sherlock estivesse confuso em relação ao que dizer. Por fim, abraçou o amigo com ainda mais carinho e suspirou. Levou as mãos ao rosto de John e o ergueu para que olhasse em seus olhos. Aproximou seus lábios dos dele e o beijou suave e brevemente, porém de uma forma doce e gentil, antes de se afastar e voltar a fitar os olhos de John, que repentinamente readquiriam o antigo brilho.

– Eu estou bem aqui. – Sussurrou em um tom quase inaudível.

Ele estava. Ele estava bem ali. Seu amigo, seu amor, seu milagre de natal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já que é quase natal... Me deem um comentário de presente pra eu melhorar minha escrita e aprender mais coisas! Espero que tenham gostado... Eu me esforcei!
Kiisu!
Ushio-chan.