E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 19
Um erro de dez anos finalmente corrigido... ou não?




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"Pierre..." chamou Alex se ajoelhando ao seu lado e o abraçando "A gente vai recuperar o Matt. Não fica assim. Vai ficar tudo bem."

"Da última vez que eu deixei ele sozinho com a Amanda ela fez ele trabalhar para comprar a própria comida e ele mal sabe cozinhar. Ele perdeu 10 quilos. Ele estava tão magrinho quando eu voltei. Ele estava só pele e osso. E o Chuck odeia o Matt. Se ele foi capaz de dar um soco no rosto dele sabendo que eu estava aqui, imagina agora que eu não estou mais por perto. Eles vão matar o meu filho."

"Pierre, calma." Disse David

"Como é que eu vou me acalmar? O meu filho acabou de tomar um avião para Nova York e vai morar em sabe-se lá aonde com duas pessoas que o odeiam e eu nem ao menos vou conseguir falar com ele porque eu não sei nem o telefone e nem o endereço deles. Eu não posso impedir que eles o machuquem agora. Como é que eu vou conseguir me acalmar? Eu quero o Matt de volta."

"Ele vai voltar, eu te prometo isso." Disse Alex "Nós vamos recuperar a custódia dele."

"Como você pode ter tanta certeza? O único motivo de eu ter prometido isso para ele foi porque eu queria que ele se acalmasse, mas eu sei que é bem mais provável que a Amanda ganhe esse caso. O pai dela é juiz e eu sei que ela vai dar um jeito de ser ele o juiz que vai fazer o nosso divórcio e, além do mais, eu sei que a Amanda e o Chuck estão planejando alguma coisa. Eles não iriam morar na mesma casa sem motivo nenhum."

"Pierre, não comece a ficar com medo deles agora. Talvez eles tenham decidido tentar e ver se dá certo entre eles. Ou talvez eles simplesmente não queriam ficar sozinhos." Sugeriu Seb "Você é o melhor pai que essa criança poderia sonhar em ter e nem o Chuck nem a Amanda vão conseguir separar vocês para sempre. Nós vamos ajudar vocês dois e não vamos parar de tentar enquanto não virmos o Matt entrando na sua casa com as malas nas mãos."

"Muito obrigado mesmo. Nós vamos precisar de muita ajuda com isso."

"Pode ter certeza absoluta que nós vamos recuperar a guarda do Matt. Mas, por favor, fica calmo. Eu odeio te ver assim." Disse Alex enxugando suas lágrimas e beijando seus lábios "Se lembre que eu não sou a Amanda, eu não fico feliz com as suas lágrimas. Eu quero te ver sorrindo. Você fica muito melhor assim. Sorria agora!"

"Sim, senhora." Ele disse sorrindo para tentar anima-la "Eu prometo tentar não ficar assim na maior parte do tempo em que eu me lembrar de que o meu filho não está mais comigo." ele completou, se levantando do chão

"É melhor conseguir, e não tentar. Se não conseguir manter uma promessa para uma garota tão linda assim, quer dizer que você não a merece e que nós podemos começar a lutar pela Alex." disse Jeff com um sorrisinho de ameaça

"Boa sorte. Contando com o tempo do ensino médio também, eu levei 13 anos para conquistar a Alex. Se quiser tentar também, é melhor começar agora antes que fique velho demais."

"Passar 13 anos tentando conquistar uma garota? Muito obrigado. Ela é muito linda, mas eu prefiro alguém um pouquinho mais fácil. Não precisa ser daquelas que não leva nem uma noite pra você conquistar, mas eu acho que dois meses já dá, né?" ele respondeu

"Eu não me arrependo de ter insistido tanto assim." Ele replicou e a beijou "Eu te amo." Ele sussurrou no ouvido dela enquanto a abraçava

"Eu também te amo." Ela respondeu não o largando

"Bom, eu não quero ser chato e atrapalhar a frescura, mas... essa é a última chamada para o nosso vôo. Se perderemos este, vamos ter que ficar aqui mais uma semana já que não tem mais nenhum vôo livre para Montreal antes disso e eu estou sentindo muita falta de casa." Disse Seb

"Tá, a gente já entendeu." Disse Alex o soltando e segurando sua mão "Vamos, então."

Ele estava se esforçando para aparentar estar o melhor possível por fora mas, bem lá no fundo, ele estava sentindo como se a Amanda tivesse arrancado um pedaço dele quando levou Matt embora e ele era a sua única preocupação. Ele não iria dizer isso para não chateá-la mas... apesar de estar feliz por finalmente estar levando a garota que ele mais amou durante a vida toda para  casa, ele tinha a estranha sensação de que alguma coisa muito errada estava para acontecer. Não só com o Matt, mas com os dois também. Ele não conseguia deixar de pensar em quantas vezes Amanda prometeu matar um dos dois se descobrisse que eles a estavam traindo, o que ela seria capaz de fazer agora que tem certeza disso? Além do mais, o Chuck e a Amanda morando juntos não poderia significar só mais um casal normal tentando formar uma família, com toda a certeza eles estavam planejando algo. Ele tentou ao máximo tirar seus pensamentos deles, mas não conseguia evitar a sensação de que ainda viriam muito mais coisas pela frente.

Durante a viagem, Alex adormeceu com a cabeça recostada em seus ombros e ele finalmente conseguiu afugentar qualquer outro pensamento de sua cabeça quando se concentrou no que tinha acabado de ganhar naquele dia. No momento em que seus olhos encontraram a expressão de paz em seu rosto, ele finalmente encontrou a mesma sensação de paz dentro de si e conseguiu, por instantes, aliviar o conflito que ocorria em sua mente. Tentando deixar todo o resto para trás, ele a abraçou ao redor dos ombros e lhe deu um beijo na testa.

"Você me faz sentir tão forte. Eu não quero te perder nunca. Isso seria muito mais do que eu posso suportar agora. Eu vou enlouquecer de uma vez só se isso acontecer." Ele sussurrou deitando o queixo sobre sua cabeça e fechando os olhos

Em mais alguns minutos, ele adormeceu também e nenhum deles acordou antes da viagem ter acabado. Logo que pousaram em Montreal, alugaram um carro e dirigiram de volta para a casa em que ela dividia com Chuck para buscar o resto das coisas dela. Uma hora e meia depois do pouso, chegaram ao novo lar do casal.

"Bem-vinda a sua nova casa!" ele disse ao abrir a porta

"Está bem diferente do que eu me lembro."

"E deveria estar mesmo. Já faz anos desde a última vez em que o Chuck te deixou vir aqui. Mas agora que você veio para cá, eu nunca mais vou te deixar sair." Ele disse a beijando, pegando no colo e colocando no sofá

"O que você acha que está fazendo?" ela perguntou sorrindo enquanto ele se juntava a ela no sofá

"O que você acha que eu estou fazendo?" ele perguntou sorrindo

"Não é assim como você está pensando. Eu tenho que te torturar um pouquinho ou não vai ter graça." Ela disse rindo e saindo do sofá

"Você é má."

"Tenho meus motivos. Eu estou morrendo de fome. E você, não quer comer nada?"

"Até queria, mas não tem nada pronto."

"Eu cozinho alguma coisa pra gente."

"Sério? Você vai mesmo fazer isso?" ele perguntou saindo do sofá

"Vou. Por quê? A Amanda nunca cozinhou para você?"

"Não. Ela sempre me disse que não queria arriscar quebrar as unhas então ela sempre me fazia pedir comida fora ou cozinhar eu mesmo. Quando ela pedia, tinha que ser comida natural. Quando eu cozinhava, tinha que ser salada ou coisas tão leves quanto. Ela não queria engordar e até eu rezava para que não engordasse. Se ela ganhava 200 gramas ela passava o dia inteiro gritando no meu ouvido e chorando como se o mundo tivesse acabado e não tivesse mais volta. Vai ser a primeira vez na minha vida desde que eu deixei a casa dos meus pais que alguém cozinha pra mim e que eu como comida de gente."

"Ah, que fofo, então eu vou te mimar bastante. Você vai ficar tão mal acostumado que não vai mais conseguir se virar sem mim." ela disse o abraçando ao redor dos ombros "Você pode me ajudar colocando as minhas coisas no seu quarto enquanto eu cozinho, você faria isso pra mim?"

"Claro." Ele concordou lhe dado um beijo e logo, indo para o andar de cima com as malas dos dois

Logo que entrou em seu quarto, ele se livrou de tudo o que era de Amanda o mais rápido possível e substituiu tudo pelas coisas da Alex. Eram as roupas dela que estavam próximas as dele agora e todas elas traziam um novo perfume que, com o tempo, apagariam até mesmo o cheiro da Amanda. As coisas e a presença de Alex iriam acabar se livrando de cada uma das lembranças da Amanda até que já não sobrasse mais nenhuma lembrança dela naquele lugar.

Em mais meia hora, ele terminou de arrumar todo o quarto, mas ele não voltou ao andar de baixo assim que terminou. Ao invés disso, ele foi para o quarto de Matt. Ele entrou naquele mesmo quarto de paredes pintadas de azul e a primeira coisa que ele percebeu foi que a sua cama, com edredom de seu desenho favorito, estava desarrumada. Ele se lembrou naquele momento que antes de começarem a turnê ele tinha pedido para que o garoto arrumasse a cama. Matt disse que já tinha arrumado tudo e ele nem ao menos foi verificar. Mesmo assim, ao invés de ficar bravo, ele sentiu uma lágrima descendo por seu rosto novamente. Ele não ia colocar Matt para dormir naquela noite...

Caminhando devagar em direção a cama, ele continuou a observar o quanto aquele quarto estava bagunçado. Fez com que ele se lembrasse do próprio quarto quando tinha a idade dele. Era por isso que ele não conseguia ficar bravo. Além do mais, toda aquela bagunça o fazia lembrar que, um dia, Matt esteve naquele quarto e esteve perto assim dele. Em pouco tempo, ele sentou na beirada da cama de Matt e pegou um de seus brinquedos em suas mãos e ficou olhando para ele tão concentrado que nem conseguiu perceber o momento em que Alex entrou no quarto e ficou parada na porta observando a expressão no rosto de Pierre e suas lágrimas.

"Pierre... você está bem?"

"Ah, estou. Estou sim. Eu só estava... pensando nele. Queria saber se eles deram comida pra ele e se alguém vai colocar ele na cama esta noite. Ele deve estar com tanto medo e com tanta fome. Dá pra imaginar ele se deitando na cama dele agora e chorando em silêncio, completamente sozinho no novo quarto dele, sem ninguém do lado pra acalmá-lo e falar que vai ficar tudo bem."

"Pierre..."

"Além do mais, a Amanda o fez escolher só um brinquedo pra levar na turnê e ele escolheu esse bonequinho do homem aranha que ele deu pra mim. Eles não vão comprar nenhum brinquedo novo pra ele, eu sei. Ele é só um garotinho, ele... Bom, na verdade um garoto de estatura média, como eu disse que iria chamar, ele precisa brincar e fazer coisas desse tipo. Ele não tem amiguinhos em Nova York e a Amanda não vai dar tempo pra ele fazer nenhum... Imagina o quanto ele deve estar se sentindo sozinho, entediado e triste agora..."

"Queria que todos os pais nesse mundo fossem exatamente como você, Pierre."


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