Louise Sawn & Megan Jackson: Especial de Natal escrita por Liza S V


Capítulo 1
Capítulo Único: Louise & Megan - Especial de Natal


Notas iniciais do capítulo

Lay, coloquei Louise e Megan da mesma idade - ou seja, 14 anos - de modo que isso ''aconteceu'' no final de A Maldição do Titã e O Prisioneiro de Atlas.

PS.: Deu pra ver que o Sammy não morre E_E
PS²: Era para ser pequeno, mas quando vi já tinha mais de 5.000 palavras. SORRY *U*

Espero que goste ^^)



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Para Lay e Megan
Feliz Natal, Peixinhas.

A chuva cortava a manhã silenciosamente enquanto pequenos flocos de neve caiam do céu.

Faltavam poucas horas para o natal - e, geralmente, pessoas normais estariam preparando a ceia, comprando aquele presente de última hora, conferindo os enfeites e observando os malditos piscas-piscas que sempre queimavam na hora errada. Eu disse pessoas normais, mas quando se é um semideus...Bem, sua vida nunca é normal.

Mas eles comemoram, assim como todas as pessoas normais - um pouco irônico, já que o Natal marca o nascimento de um cara chamado Jesus, um homem novo e atual demais comparado aos parentes próximos dos semideuses - os deuses gregos.

Pensando bem, o cara chamado de Jesus e os deuses do Olimpo podem estar interligados - Louise já confundiu Jesus com Zeus (Daí o termo ''Zesus''...O que foi?) Mas claro, Jesus é muito mais bonzinho que Zeus, muito menos estressado e...Bem, você entendeu. Mas não é exatamente disso que quero dizer.

Independente de Deuses ou só um Deus, a magia do Natal existe. É, para muitos, o momento mais esperado de todo o ano. Digamos que é um momento mágico pois é um momento especial que se junta uma família, abre-se presentes e, mesmo que o Natal aconteça todos os anos, cada ano temos uma recordação diferente - boas ou ruins, sempre uma recordação.

Como todos sabem, semideuses não são pessoas normais. E com certeza a magia do Natal deles também não é normal - digo e repito, pode ser bom e ruim. Nunca se sabe.

E se, em pleno Natal, o tempo parasse e voltasse atrás - ou fosse para o futuro? Se tudo de repente torna-se possível?

Louise estremeceu ao pensar na palavra tempo– pois a lembrava Cronos, o titã do tempo.

Três semideuses encontravam-se em uma loja de decoração de Natal num centro de Long Island chamado LONG TIME - Longo Tempo. Estava estranhamente vazio e silencioso. A não ser pela musica natalina ecoando pela velha loja e um lojista velho e magro lendo um jornal com os grossos óculos apoiado no nariz.

Louise estava pensativa olhando para um Papai Noel dançarino. Mais além havia uma janela, onde ela podia ver os pesados flocos de neve caindo nas ruas.

Ela pensava exatamente nisso: Em como o tempo parecia ter mudado de repente. Era só uma sensação, uma coisa que sentíamos em eventos como esse...Pelo menos ela pensava assim.

A filha de Poseidon olhou para Julius, encolhido em seu casaco azul marinho - que combinava perfeitamente com seus olhos.

– Acho que aquilo seria legal no chalé de Apolo. - Louise murmurou, apontando para o Papai Noel dançarino tocando saxofone.

Julius, o filho de Apolo, sorriu.

– Acho que esse ficaria legal no seu. - disse ele, pegando o Papai Noel Pescador.

Louise fez uma careta engraçada, pegando o Papai Noel.

– Acha que se parece com o meu pai? - perguntou ela, olhando as bochechas rosadas, o cabelo e a barba branca e os olhos azuis do Papai Noel. - Não. Não mesmo.

– Não. - Julius concordou, rindo. - Ele é muito gordo para ser Poseidon.

– Ei! - disse uma voz aguda, vinda do fundo da loja. Todos os corredores estavam lotados de decoração. Ás vezes era possível confundir uma pessoa com um boneco qualquer (ainda mais quando certas pessoas estão se vestindo de elfo.)

Aquele era Sammy Lee, o jovem filho de Hermes - vestindo uma fantasia verde com um gorro vermelho. Disseram á ele que estava parecendo mais o Peter Pan com gorro de Papai Noel - ainda mais com seus cabelos cor de areia bagunçados e sua espada em punho - mas ele não ligou. Sam disse que aquilo era um elfo natalino.

Sam colocou uma barba artificial do Noel na cara e deu uma gargalhada.

– EU SOU ZEUS - disse ele, imitando uma voz grave. - O GRANDE REI DOS DEUSES! VOU DAR UM PRESENTINHO Á TODOS VOCÊS, BERRR BOOOOM! UM RAIO NA CABEÇA DE CADA UM! HEHEHE. EU SOU TODO PODEROSO E UM BARBUDO MUITO SEXY!

– Hã...Sam? - disse Louise, relutante. - Eu acho que Zeus não é surdo.

Julius abafava o riso enquanto Sammy caia na gargalhada.

– Sabe a vaca do presépio? - disse Sam, recuperando o fôlego e colocando a barba no lugar. - Eu ainda acho que foi uma participação especial da Hera.

Sam ria, enquanto Louise olhava debochado para Julius.

– Acho que esse garoto quer morrer. - disse ele, com um sorriso torto nos lábios.

– Ele quer? - perguntou Louise. - Ele está pedindo para morrer.

Julius apenas riu.

– Quem será que vai vestir de Noel lá no acampamento?

Louise revirou os olhos.

– Ah, por favor. - ela disse. - Ninguém acredita em Papai Noel lá no acampamento, acredita?

– Bem - ele começou. - Eu fiquei pensando...Se os deuses gregos existem, por que não o velho Noel?

Louise deu de ombros, apertando uma Mamãe Noel extremamente magra de pelúcia.

– Como diz Cole, basta acreditar para existir. - disse ela.

– Hmm...- murmurou Julius, pensativo. - E se eu não acreditar mais nos deuses eles desaparecem?

– Hã...Não exatamente. Eles são sua família...é diferente. - respondeu ela.- E, bem, nem todos os deuses eu me arrependi de ter conhecido.

Sammy andou na direção deles com um Papai Noel Esportista nas mãos. Ele pareceu hesitar ao colocá-lo no peito.

Louise sorriu.

– Se parece muito com o chalé 11. - disse ela.

Sam riu desconfortável.

– Bem, er...Não é exatamente para o chalé. - ele coçou a cabeça. - Estava pensando em mandar para Hermes.

– Bem, por que não? - perguntou Louise, olhando de relance para o Papai Noel Pescador.

Antes que os três semideuses pudessem fazer qualquer coisa, eles ouviram um barulho diferente na loja - não, aquele barulho vinhado lado de forada loja. Pareciam passos de algum gigante - ou um animal, como um elefante.

Louise pegou sua concha cymbiola imperialis, que se transformava em uma espada de bronze celestial. Mas eles não saíram. Só ouviram silenciosamente os passos se aproximarem do lado de fora.

☆ ❄ ★ ❄ ☆ ❄ ★

– Ah, deuses, isso é que é Natal. - resmungou o filho de Ares, guardando seu sabre. - Achei que comíamos aqueles porcos com maçãs na boca, e não um porco selvagem desse tamanho.

– É uma bênção. - disse Hansel, o garoto metade bode (ou menino-jegue...Ah, tanto faz.) - Você não pode mata-lo, Jake.

Jake suspirou enquanto observava atrás de uma árvore o porco selvagem andando na neve. Ele era assustador. Tinha mais ou menos dez metros de altura. Possuía uma pele rosada com pelos marrons eriçados - além de ser horroroso.

– O que vamos fazer com essa coisa? - perguntou Megan, agachada ao lado de Jake. - Não consigo nem imaginar se essa criatura começar a aterrorizar os mortais e destruir Long Island inteiro...

– Que tipo de bênção seria essa? - disse Jake. - Bênção de Natal? Não, obrigado. Vamos mata-lo logo antes que ele destrua Long Island. Megan tem razão.

– Não! - protestou Hansel. - É o Porco de Eremantia. Se lembra, Megan?

– Oh se lembro...- Megan balançou a cabeça. - Foi...esse ano mesmo...Não é? Que vimos essa coisa.

– Eu não me lembro. - disse Jake, franzindo o cenho.

– Você não estava lá...- disse Hansel. - Só não entendo porque está aqui exatamente.

O javali gigante soltou um grunhido de repente e olhou para as lojas do pequeno centro de Long Island.

– Espero que ele não faça o que ele está pensando em fazer. - murmurou Megan.

Eu não sinto os meus cascos.– reclamou Hansel.

– Não podemos deixar ele se aproximar da cidade. - disse Jake, se levantando e saindo de trás da árvore.

A paisagem era branca e colorida - resultado da neve e as cores do Natal enfeitando as construções - mas o que mais atrapalhava nessa paisagem era um traseiro peludo e rosado de um javali.

As ruas estavam vazias, mas algumas lojas permaneciam abertas. O javali rondava pelas árvores que fazia fronteira com o centro. A cada passo que a criatura de não sei quantas toneladas dava, o chão estremecia e neve caia das folhas das árvores.

– Você vai pela direita. - disse Jake á Megan. - Eu vou pela esquerda. Hansel, você convença sua bênção de recuar.

Hansel engoliu em seco, mas assentiu.

Megan pegou Anaklusmos - sua espada de bronze celestial - e olhou para Jake á sua esquerda.

– Cuidado, Cabeça de Javali.– alertou Megan.

– Pode ter certeza, Cabeça de Alga. - Jake disse, e depois correu rápido como um guerreiro para a direita da criatura.

Megan fez o mesmo, de modo silencioso. A neve dificultava a corrida e não era nem um pouco seguro perto de uma criatura gigante como um Porco de Eremantia.

Hansel, ágil com seus cascos de bode, trotou um pouco mais á frente de modo que ficaria cara a cara - não muito próximo - com o javali (Pobre sátiro). Hansel pegou sua flauta e tocou uma melodia (Pobre Javali).

– Oh, grande criatura abençoada por Pã! - ele disse. - Não destrua esta cidade, ou então estará destruindo a tua própria natureza!

Hansel...Essa foi péssima.– sussurrou Megan.

O Javali notou Hansel. Seus olhos selvagens e negros o encararam com curiosidade. Megan e Jake não estavam visíveis para ele.

– Hã...Poderosa criatura da natureza...quer tirar essa bunda dai e voltar para sua casa? - tentou Hansel.

Jake balançou a cabeça negativamente quando Hansel começou a tocar outra música com sua flauta de bambu. O javali não parecia nada feliz, pois avançou para o garoto bode e guinchou algo parecido com ''REEEEEEEEEEEEET''.

– Ferrei. - murmurou Hansel. Ele se virou de costas e saiu gritando...que nem uma garotinha.

– Ah, meus deuses, Hansel! - gritou Megan, sacando Anaklusmos.

Jake e Megan ficaram visíveis para chamar atenção da criatura. Hansel estava longe, escondido entre as árvores, quase comendo sua flauta de nervoso.

O plano era que o javali saísse correndo floresta adentro, mas ele parecia mais interessado em destruir uma cidade.

– Atrás dele! - gritou Jake, enquanto o Porco Selvagem corria direito ao encontro de uma lojinha de souvenir que se encontrava fechada.

O javali fez um estrago. Destruiu a entrada com um só impulso com seu corpo gigante e pesado.

Megan puxou Hansel do meu das árvores, que balia nervosamente.

– Desculpe! - disse Hansel. - Sabe, ando meio nervoso esses dias porque sonhei exatamente com essa coisa vestido de palhaço e...

Megan revirou os olhos para seu melhor amigo.

– Tudo bem, entendi. - disse ela. - Agora vamos ir atrás daquela coisa antes que ele estrague com nosso natal.

Eles correram, enquanto o javali levava com ele vários objetos da loja de souvenir.

– EI, PORCO NOJENTO! AQUI! - gritou Jake. O javali deu meia volta e o fitou com seus olhos selvagens.

Foi uma péssima ideia. Eles não podiam simplesmente mata-lo, mas não conseguiria correr mais que aquele animal. A única vantagem, era que ele era grande e pesado demais, por isso era lento quando se tratava de ataques.

Então o Porco Selvagem atacou.

Grande natal. - murmurou Megan, preparando para se defender.

☆ ❄ ★ ❄ ☆ ❄ ★

– Você só pode estar brincando! - disparou Louise, olhando a coisa gigante da janela da loja de enfeites vazia. - O que é exatamente aquilo?

Sammy estreitou os olhos para enxergar a criatura marrom de longe.

– Aquilo é uma anta? - perguntou Julius.

– Não. - murmurou Sam. - Parece um javali...

Louise suspirou.

– Ótimo. Um javali no meio de Long Island. - disse ela.

– Acho que não é um javali comum. - disse Sam, ainda observando de longe.

– Então acho melhor agente chegar mais perto. - disse Louise. - E mandar essa coisa fora daqui.

– O que ele está fazendo? - perguntou Julius. - Dançando?

Sam riu, saindo da janela e indo para a porta.

– Não. - disse o jovem semideus elfo. - Ele está comemorando o natal. Vocês vão ficar aí?

Sam, Julius e Louise começaram a correr pela rua coberta de neve. Estava mais frio que eles imaginavam. Dentro da loja era muito mais quente e confortável - e ainda por cima, se não chegassem no acampamento com as compras, alguns teriam um ataque.

Louise e Julius faziam de tudo para acompanhar Sam, que corria como um foguete mesmo na neve. O filho de Hermes tinha mania de dizer que ele sabia muito bem cuidar de si mesmo - mesmo depois de vários momentos de vida e morte sozinho. Seu irmão mais velho, Hiram, tinha que lhe lembrar que ele tinha 11 anos de idade ainda.

O javali era muito maior que eles imaginavam. Ele não estava dançando ou comemorando o natal. Ele estava atacando alguém ou alguma coisa.

Os três semideuses estavam com a espada em punho. Eles ouviram o barulho de uma flauta - e, pelo som, Julius soube que era de bambu que geralmente os sátiros usavam. Ele imaginou que seria James ou Joy, um dos sátiros do acampamento.

Julius e Sam não pensaram duas vezes antes de atacar. Mas Louise gritou:

– EEEEEEI! AQUI NÃO TEM LAMA! ISSO É NEVE, BICHO DALTÔNICO! - disse ela apontando para o chão.

– AQUI NÃO É SEU LUGAR, ZÉ MANÉ! - disse Sam, correndo para ataca-lo.

O javali ficou confuso. Não só ele, como também Megan, Jake e o sátiro Hansel.

Julius e Sam pararam de correr quando viu que o javali estava sem reação - e cercado por mais três pessoas.

REEEEEEEEEEEET?– grunhiu o javali.

– Ret o que? RETARDADO? - gritou Sam.

– Sammy...- alertou Louise. - Fique quieto.

O javali agora olhava diretamente para Louise. Ela parou e levantou as mãos, como se tivesse pedindo rendimento. Ela havia visto os outros semideuses e o sátiro de relance, mas nada disse.

– Quietinho, bichinho. - disse Louise, tentando manter a voz calma e firme. - Volte para casa, certo?

– REEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEET! - grunhiu o javali, mas dessa vez com raiva.

– Ahn, Louise? - disse Julius. - Isso não é um cavalo.

Algo impediu que o javali atacasse os três semideuses naquela hora.

– NÃO! AQUI! - gritou Jake, ganhando a atenção do animal mais uma vez.

– Não sei quem são vocês, mas não o mate! - gritou o garoto bode. - É uma bênção!

– Uma o quê? - disse Julius. - Está mais pra maldição natalina!

– Ah! É o porco que Quíron encomendou! - disse Sam, um pouco alegre demais para aquela situação. - Sabia que ele não nos mandou aqui a toa!

– Eu não quero comer isso. - disse Louise.

REEEET!– grunhiu o javali.

– Ret! - imitou Sam.

REEEEEET!

– RET!

REEEEEEEEEEEEET!

– REEEEEEEEEEEEEEEEEEET!

– Pelos deuses, Sam, PARE COM ISSO! - disse Louise.

– Acho que vai precisar de uma maçã um pouco grande demais pra colocar na boca desse bicho. - murmurou ele, pensativo.

Megan estreitou mais os olhos para ver os semideuses do outro lado do animal. A chuva havia parado, mas os flocos de neve estavam começando a ficar maiores.

O javali parecia nervoso novamente. Com cinco semideuses e um sátiro, Megan pensou que poderia coloca-lo para correr. Precisava da ajuda de Hansel.

– Não sabemos quem são vocês. - disse ela. - Mas precisamos tirar essa coisa daqui antes que ele se ofenda novamente e destrua a cidade inteira.

REEEET!– gruniu o animal.

– Ree...- começou Sam, mas Louise tampou sua boca.

– Bloqueamos ele aqui...- começou Louise, encarando o animal com atenção. - E vocês correm para cá.

– O sátiro pode fazer alguma coisa. Esse anta é selvagem. - disse Julius.

– É Porco de Eremantia. - murmurou Jake. - É um bom plano.

– Achei que fosse um javali.– murmurou Louise.

– Ah, tanto faz. - Julius deu de ombros.

Hansel engoliu em seco.

– Tudo bem, menino-jegue. - tranquilizou Megan. - Temos fé em sua flauta.

☆ ❄ ★ ❄ ☆ ❄ ★

O plano deu certo - em parte.

Megan e Jake correram - um para a direita, o outro para a esquerda. Sam, Julius e Louise bloquearam com dificuldade o caminho do javali, que agora tentava ataca-los.

Os três defendiam-se com as espadas, mas sem querer mata-lo. Hansel tocava uma música terrível para os ouvidos do filho de Apolo.

– Por Pã! - gritou o sátiro. - Volte para a natureza!

Megan e Jake agora estavam do outro lado, com os outros semideuses desconhecidos.

O javali hesitou e recuou um pouco irritado. Jake levantou seu sabre. Megan fez o mesmo com Anaklusmos. Logo depois, Louise, Julius e Sam também brandiram suas espadas - e isso foi tudo que o javali precisava para desistir de atacá-los.

Irritado com o barulho da flauta e temendo das cinco espadas apontadas para ele, o Porco de Eremantia tropeçou em seus próprios pés e saiu correndo para em direção á floresta.

– ISSO! - gritou Hansel com uma voz um pouco aguda demais.

Jake abaixou seu sabre.

– Uma bênção, Hansel Phelps? - disse ele.

Hansel pareceu desconfortável.

– Acho que ele foi pra leste demais. - murmurou ele. - Ele não vai mais voltar.

Megan, arfando, se afastou relutante dos três semideuses. Jake olhou para eles e caminhou lentamente para ficar ao lado de Megan.

Quem são vocês exatamente? - perguntou ele.

Nenhum dos três responderam. Pois eles estavam se perguntando o mesmo.

Quem-são-vocês?– perguntou Jake mais uma vez, raivoso. - De onde vocês vieram?

Sam ia responder, mas Julius o interrompeu.

– Espere. - disse ele, tirando seu casaco de inverno e revelando uma blusa laranja com os dizeres ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE.

Megan franziu o cenho, confusa. Ela fitou Louise. Elas pareciam ter a mesma idade, mas de alturas muito diferentes. Louise era alta demais e Megan, baixa demais.

Louise também a observou confusa. Os cabelos da garota eram negros e seus olhos, verdes como o mar. Muito diferente dela também, mas Louise sentia algo familiar na garota.

Megan também. A garota alta não tinha os mesmos olhos verdes dela; pareciam ser mais acastanhados do que propriamente verdes. Seus cabelos castanhos claros estavam presos. Um cacho teimoso caia em seu rosto confuso.

– Meu nome é Louise Sawn. - disse a garota. - Filha de Poseidon.

Megan ficou perplexa. Ela trocou um olhar com Jake, mas nem ele parecia saber o que estava acontecendo.

– Eu sou Megan Jackson. - disse ela.- Eu também sou...filha de Poseidon.

Louise ficou surpresa. Na verdade, todos ali estavam surpresos e de boca aberta.

– Está brincando? - perguntou ela.

– Não. - respondeu Megan. - Por que eu estaria?

Louise franziu o cenho. Ela achava que ela era a única herdeira de Poseidon ainda viva. Algo estava muito errado.

– Certo. - ela assentiu. - Esse é Julius Ashley, filho de Apolo...E esse é Sammy Lee, filho de Hermes. - Louise disse, apontando para os garotos.

Megan sorriu.

– Hansel Phelps - apresentou ela. - E...Jake Turner, filho de Ares.

– Seu namorado? - perguntou Louise.

Megan corou, não sabendo o motivo.

– Ahn, não...Meu amigo.

Louise balançou a cabeça.

– Ah, desculpe. Desculpe. Benção de Afrodite, sabe? - disse Louise.

– Ah...tá. - disse Megan, sentindo seu rosto quente.

– Ei, ele tem o nome do seu cavalo! - disse Sammy.

– O quê? - perguntou Jake. - Está me chamando de que?

– Hã...Não tem chamei de cavalo...

– Nada demais. - interrompeu Louise. - Então, o que vocês fazem aqui?

Megan riu desconfortável.

– Eu ia fazer a mesma pergunta pra vocês.

Julius franziu o cenho.

– Vocês são do Acampamento Meio-Sangue? - perguntou ele.

Megan assentiu, relutante.

– Então como nós nunca te vimos lá? - perguntou Sam. Megan olhou o garoto com cabelos cor de areia bagunçados e olhos castanhos e espertos, vestido de elfo natalino.

Ninguém respondeu. Estava tudo muito confuso demais.

A neve estava ficando cada vez mais expressa. Estavam começando a ficar com bastante frio, e eles não podiam simplesmente ficar parados ali para sempre.

Louise olhou para os destroços da loja de souvenir ao seu lado e pensou.

– Que tal agente sair daqui e tomar um chocolate quente? - disse ela. - Podemos conversar...sem perigo de nos congelar vivos.

☆ ❄ ★ ❄ ☆ ❄ ★

A lanchonete não estava muito cheia. Só se via algumas pessoas empaturradas com casacos de neve e gorros. Estava silencioso; mas era um silêncio bom e reconfortante.

Alguns policiais revistaram a lojinha que o javali destruiu - e os seis observavam de longe, como se estivessem curiosos e se perguntando o que teria acontecido - como um bando de adolescentes normais.

Megan e Jake se sentaram um do lado do outro na mesa. Julius e Louise se sentaram do outro lado. Sam e Hansel se sentaram nas pontas. Todos ficaram em silêncio, saboreando o delicioso chocolate quente.

Megan foi a primeira a abrir a boca.

– Então - ela começou, hesitante - há outro acampamento?

– Hmm...-resmungou Julius. - Outro Acampamento Meio-Sangue? Acho meio difícil.

– Faria sentido. - disse Louise. - Nunca os vi no acampamento antes. Quanto tempo estão lá?

– Três anos...- respondeu Megan.

– Eu tenho muitos. - respondeu Jake. - Vocês são novatos?

– Mais ou menos. - respondeu ela. - Dois anos.

– Eu tenho quatro. - disse Sam. - Eu nunca vi vocês lá.

– Uma filha de Poseidon. - disse Julius, olhando para Louise. - Esse é o mais esquisito de tudo. - ele riu.

Megan se parecia muito com Poseidon. Não tinha dúvidas que a garota era herdeira do deus.

Megan olhou desconfortável para Louise. Ela tinha um rosto bonito - um rosto fofo, até - mas ela era ao mesmo tempo atlética e alta demais...Lembrava Megan algumas filhas de Ares, o deus da guerra. A garota parecia ser boa de luta. Por um momento, ela duvidou que ela fosse filha de Poseidon.

Louise sorriu para ela.

– Acho que tenho uma irmã. - disse ela.

Megan sorriu.

– Acho que sim. - ela disse. - Um pouco diferente, mas...

Naquele momento, Julius engasgou com seu chocolate quente. Ele tossiu, tentando falar.

– Acho que já sei...- ele balançou a cabeça. - Não, esquece.

Jake franziu o cenho.

– Cara, você é esquisito. - disse ele.

– O que ia dizer? - perguntou Louise.

– Nada demais... - disse Julius. - Mas você não acha esquisito nós nos encontrarmos de repente, sendo que eles são semideuses do acampamento e nós também mas nunca nos encontramos antes?

Long Time...– murmurou Sammy. Julius o encarou com as sobrancelhas franzidas. - Ahn...É o nome da loja de enfeites de natal. Sei lá.

– Poderíamos estar em épocas diferentes? - perguntou Jake, tentando entender.

Megan e Louise olharam para o filho de Ares, confusas.

– Isso não é possível...É? - perguntou Megan.

Hansel baliu baixinho.

– Nada é impossível no mundo em que vivemos. - murmurou Louise.

– Era exatamente nisso que eu estava pensando...- disse Julius. - Sabe, essa coisa de passado e futuro.

– É bem coisa de filho de Apolo. - disse Sam.

– Mas qual é o objetivo disso? - perguntou Jake.

– Uma bênção? - opinou Hansel.

O rosto de Louise se iluminou.

– Talvez. - disse ela, sorrindo. - Mas iai, Megan...O que fez esses anos todos no acampamento?

– Hmm...- murmurou a filha de Poseidon. - Bem, capturei o raio de Zeus, navegamos no Mar de Monstros e resgatamos a deusa Ártemis.

Louise pareceu surpresa.

– Capturaram Ártemis? Deuses...

– Louise...é melhor não dizer nada demais. - disse Julius.

– Não vou. - ela deu de ombros. - Nada contra sua tia. Nada mesmo.

– Aham.

– Sem ressentimentos.

– E vocês? - interrompeu Megan.

– Não. Não diga... - disse Julius. - Não se pode revelar o futuro.

– E como sabe que eles estão no ''passado''? - perguntou Louise.

– Louise, dá pra perceber...Sou filho de Apolo, esqueceu?

Megan de repente ficou curiosa. Louise não disse mais nada. Achou melhor não forçar muito.

– Estávamos comprando algumas coisas de última hora para o acampamento. - disse Louise. - Gostariam de vir com agente?

Megan deu de ombros, sorrindo.

– Não vai adiantar muito agente ficar pensando o que está acontecendo. - disse ela. - Vamos aproveitar.

– Antes que alguma bênção da natureza estrague de novo. - concordou Jake.

☆ ❄ ★ ❄ ☆ ❄ ★

O velho, dono da loja, estava dormindo quando entraram.

Lá dentro, por um momento, Megan e Louise esqueceram que estava tudo muito confuso. Era como duas irmãs normais, conversando uma com a outra como conversam duas pessoas normais - nem tanto...

Jake e Julius pareciam conversar pacificamente. Sam dava gargalhada com as palhaçadas de Hansel. O sátiro o achou bastante ''natureza'' - mas Sam disse,mas uma vez,que ele estava vestido de elfo de Papai Noel, e não um elfo da natureza.

Louise pegou o Papai Noel Pescador e pensou em que Julius havia dito. Que combinava com seu chalé. Pensou em Sam querendo dar o Papai Noel Esportista para seu pai Hermes, e pensou se seria boa ideia enviar o Pescador para o pai. Louise estava ignorando Poseidon a muito tempo, por motivos realmente muito pessoais e sérios.

Megan separava algumas bolinhas de natal.

– Ei, baixinha. - disse Louise. - Acho que não vai conseguir colocar nenhuma dessas bolinhas na árvore.

Megan riu, notando o tom de brincadeira de Louise.

– Acho que você vai confundir alguma árvore da floresta com o pinheiro, grandona.

Louise riu balançando a cabeça.

– Sabe, podemos ser diferentes fisicamente, mas acho que nos somos bastantes parecidas.

– Talvez. - respondeu Megan. - Você...deveria ter conhecido Percy...

Louise franziu o cenho.

– Quem é Percy? - perguntou ela.

– Meu irmão. - disse ela.

Do modo como Megan disse sobre o irmão, Louise achou melhor não perguntar mais nada.

– Quem sabe um dia. - disse ela. - Tudo é possível.

Megan sorriu.

– O que vai fazer com isso? - disse, apontando para o Papai Noel Pescador.

– Estava pensando em mandar para nosso pai. - disse ela. - Anfitrite vai odiar.

Megan fez uma careta debochada.

– Não mesmo. Você já se encontrou com ela?

– Ah, já...Nem me lembre disso. - murmurou Louise. - Fiquei pensando...em mandar com o nosso nome.

Megan assentiu.

– É. - disse ela. - Ótima ideia.

Megan sentiu que Louise se ressentia muito do pai. Claro, ela também sentia raiva dele ás vezes, mas Poseidon pareceu ter feito uma coisa muito pior com Louise - e mesmo assim, Louise parece ama-lo.

– ''Poseidon não pode ter filhas'' - Louise riu.- Que irônico.

– Tudo é possível. - murmurou Megan.

Os semideuses saíram da loja com uma sacolas não muito cheias. Apenas o suficiente para uma noite de natal.

Tinha parado de nevar. O sol estava fraco entre as nuvens, mas podia-se ver a diferença de temperatura.

Sam jogava bolinhas de neve o tempo todo na cabeça de Hansel e os outros semideuses. Ninguém achou ruim. Era mais provável que desencadeassem uma guerra de bolinhas de neve ali mesmo.

Antes de qualquer coisa, Megan e Louise enviaram através de uma mensagem de Íris - bastante cara - a estátua de Papai Noel Pescador para Poseidon - sem antes escrever algo como:

PARA POSEIDON.

COM CARINHO,

DE SUAS FILHAS LOUISE SAWN & MEGAN JACKSON

FELIZ NATAL!

PS.: Mande beijos para nossa linda madrasta.

– Acha que vai dar certo? - perguntou Megan.

– Tudo é possível. - Louise revirou os olhos.

Duas silhuetas apareceram no céu depois de um chamado dos semideuses. Eram dois pégasos - um tão negro quanto breu, e o outro tão branco quanto a neve.

– A nossa carona chegou. - disse Jake.

Ei, chefinha!disse o pégaso negro, fitando Megan.

– Olá, BlackJack. - disse Megan.

Louise sorriu para o pégaso de Megan, acariciando o branco.

– Esse é o Fergus. - disse Louise para Megan.

– Esse é o BlackJack. - disse Megan, sorrindo. - Parece que eles se deram bem.

A viagem não foi tão demorada - apenas congelante, mesmo com grossos casacos de neve. Sam parecia ter um ataque de frio no meio de Julius e Louise, que voavam em Fergus.

Os pégasos pararam no topo da colina meio sangue - antes do pinheiro com o velocino que protegia o acampamento. Peleu, o dragão, liberou a árvore para poder enfeita-la. Era um pinheiro importante.

Havia ali algumas luzes, mas nada mais podia reluzir mais que o próprio Velocino de Ouro.

Megan pegou as bolas vermelhas e pratas que havia comprado e colocou uma na árvore. Ela entregou uma para Louise.

A irmã sorriu, colocando a bolinha pendurada na árvore.

– Podia colocar lá em cima. - disse Megan.

Louise deu língua, revirando os olhos.

Todos eles enfeitaram a árvore. Estava bonita, pois antes os filhos de Hefesto tinham colocado grandes armações de luzes e enfeites em todo o pinheiro.

Mas, com aquelas bolinhas ali, a árvore recebeu algo de especial. Talvez algo especial ligado ao''Tudo é possível''.

– Megan? - chamou Louise.

– O que foi? - perguntou ela.

– Eu tenho a sensação de que...se passarmos por esse pinheiro, nos não vamos nos ver mais. E talvez você nem lembre da minha existência.

Megan fitou o pinheiro, pensativa. Os outros meninos atrás delas prestavam atenção em tudo.

Jake sorriu e deu um soquinho de despedida no ombro de Julius e Sam. Hansel bagunçou o cabelo de Sammy, que sorriu.

– Acho que a Louise tem razão. - disse Jake, parando ao lado de Louise. - Bem, Megan... te espero no acampamento.

Megan assentiu.

Hansel e Jake se despediram de Louise.

– Adeus, cunhadinho. - disse Louise para Jake. - Fique de olho em minha irmã.

– Pode deixar. - disse Jake, virando as costas e acompanhando Hansel.

Sammy e Julius sorriram, se despedindo de Megan.

– Acho que não vamos nos encontrar com eles lá em baixo. - disse Julius. - Mas qualquer coisa, eu grito. Adeus, filhas de Poseidon.

Megan sorriu enquanto ela a Louise observavam os meninos lá em baixo.

– É provável que não. - disse Louise. - Acho que eles não se viram.

– Que estranho. - murmurou Megan.

– Muito estranho. - concordou Louise. - Mas talvez seu amigo Hansel tenha razão. Quem sabe essa é a verdadeira bênção. Nos conhecermos.

– O tempo não é tão mal assim, é? - disse ela.

– Não...- respondeu Louise. - Isso não bênção de Cronos...Com certeza não é. É uma bênção de Natal.

Megan sorriu.

– Não vou me esquecer dessa bênção. - disse ela.

Louise contribuiu o sorriso.

– Fiquei feliz em saber que tenho..tive...- ela balançou a cabeça, confusa - Que tenho uma irmã.

– Eu também. - disse Megan. - Agente se vê?

Louise deu de ombros.

– Tudo é possível!

Megan revirou os olhos.

Elas olharam para trás. Não podiam ficar ali por muito tempo, pois era exatamente ali o limite de proteção do Velocino de Ouro.

– Feliz Natal, Cabeça de Alga. - disse Megan, sorrindo para a outra filha de Poseidon.

– Feliz Natal, Peixinha. - disse Louise, antes de passarem juntas pelo brilhante Pinheiro de Natal.


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