Falling in Love escrita por Susannah Grey


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

Ooiee gentee!!!! Desculpem a demora pra postar, meu início de ano tem sido um pouco turbulento, viagens, lugares sem sinal e sem net... E também não sabia como escrever esse capitulo, mas consegui e aqui está: o maior capitulo da fic até agora... Tentei compensar pela demora...
Eu fiz uma conta na polyvore e estou fazendo alguns modelos das roupas que Amy usa. Só pra testar fiz dois modelos desse capitulo, um de Amy e o outro é de Isabelle. Vou colar o link das roupas delas no próprio texto (no momento que elas aparecerem com a roupa) e nas notas finais... (Detalhe: os olhos de Amy e os cabelos dela são como os da imagem só que o cabelo é loiro, Isabelle é daquele jeito mesmo) Quero saber a opinião de vocês sobre isso, me digam nos comentários se querem ou não os modelos das roupas...
Bom, não vou prolongar mais aqui, recado dado então....
Boa leitura *__*



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A semana passou rápido, ninguém comentava sobre minha mudança para os Estados Unidos, mas dava pra perceber algumas trocas de olhares entre Liam e Isabelle que eles pensavam muito nisso.
Já estávamos no sábado, o dia em que meus pais iriam viajar. Não estava muito animada para sair da cama, mas ao escutar a voz da minha mãe dando algumas ordens no andar de baixo tratei de levantar logo. Sentei-me na cama e peguei meu celular que estava na estante ao meu lado, acendi a tela. 7:15 da manhã. Ótimo! Minha mãe tinha me acordado cedo no único dia que costumo dormir até o meio dia. Solto um suspiro alto e me levanto da cama.
Andar pelo meu quarto estava se tornando uma coisa triste. Havia algumas caixas aqui e ali. Minha mãe tinha me mandado guardar só as coisas mais importantes, o restante compraria novos lá mesmo, como roupas, sapatos e acessórios. Ela achava que eu deveria deixar essas para que quando eu viesse visitar já ter roupas aqui e não precisar me preocupar em trazer malas. Ela sempre gostou muito de comprar roupas novas pra mim, e estava usando a desculpa da temperatura diferente de lá para comprar as "roupas adequadas", como ela gostava de chamar.
Fui diretamente ao banheiro. Parei em frente ao espelho e observei meu reflexo nele. A garota que eu via não se parecia muito com a de algumas semanas atrás. Olhos azuis esverdeados inchados, pelas noites que fui dormir chorando, olheiras fundas, meu cabelo escapando do elástico que os prendiam caiam em volta do meu rosto bagunçados. Soltei meu cabelo e tentei ajeitá-lo, meus pais não poderiam me ver nesse estado, nada do que uma simples maquiagem não resolvesse.
Me despi e entrei no box para tomar um banho. Quem sabe um banho gelado não resolvesse minha situação. Conforme a água caía sobre minha cabeça e molhava meus cabelos e meu corpo eu me sentia melhor. Em poucos minutos me sentia renovada. Lavei meus cabelos e terminei meu banho. Vesti meu roupão e enrolei uma toalha em meus cabelos para que parassem de pingar e secassem mais rápido. Olhei-me novamente no espelho, bem melhor!
Fui ao meu closet e escolhi uma roupa simples e arrumada pra levar meus pais ao aeroporto. Peguei uma saia de babados branca com renda e uma blusa de manga curta azul e coloquei-as em cima da cama, voltei para o closet e escolhi um par de sandálias rosa bebê. Voltei ao banheiro, soltei meu cabelo e o penteei. Voltei ao meu quarto no momento que escuto alguém batendo na porta. Fui até lá e abri. Era Isabelle.
– Oi amiga! - disse abraçando-a
– Tava tomando banho foi? - ela perguntou se jogando na minha cama, pegou minha blusa e levantou. - Roupa muito simples pra sair não?
– Estava, já tinha terminado quando você chegou. E não, - disse tomando minha blusa da sua mão. Ela virou-se de bruços e ficou me olhando como se estivesse se divertindo. - não está muito simples. Só vou até o aeroporto levar meus pais. Só isso!
– Tava pensando em irmos pro McDonald's quando seus pais viajarem. O Liam tá lá em baixo, ele vai também... - virei-me pra ela
– O Liam tá lá em baixo? Porque você não me avisou que ele também ia? - peguei minha blusa e minha saia e fui para o banheiro me vestir, de lá podia escutar Belle, que começou a falar mais alto.
– Pensei que você soubesse, foram seus pais que deram a ideia... - voltei para o meu quarto já vestida olhando incrédula pra Isabelle, que estava mexendo na minha penteadeira.
– Meus pais o que?! - quase gritei, Isabelle olhou pra mim
– Foi isso mesmo que você ouviu, eles nos chamaram. Disseram pra te fazer companhia quando eles viajassem porque você não gostava de ficar longe deles, muito menos sozinha. - respondeu dando de ombros e voltou a mexer nas minhas maquiagens. Sentei na minha cama e calcei minha sandália. Isabelle passou por mim e foi até meu closet.
– Tá procurando o que Belle?
– Alguma coisa pra você usar com essa roupa, assim tá muito simples... - ri comigo mesma. Isabelle era o tipo de menina que saía na rua parecendo que ia pra uma festa.
Estranhei quando ela entrou no meu quarto e percebi que ela não estava usando salto. Ela estava vestindo uma blusa de botão rosa com detalhes pretos, um short-saia preto e uma sapatilha branca com um laço e a frente preta, e estava usando uma maquiagem um pouco mais fraca, com exceção do batom. ( http://www.polyvore.com/cgi/set?id=110940582&.locale=pt-br )
Isabelle era o tipo de garota que todos os meninos param o que estão fazendo só pra observá-la passar. Com seus 1,73 metros de altura, ela possuí um corpo com curvas nítidas, cabelo castanho escuro com algumas mechas mais claras e olhos cinzas. Ela era realmente muito linda. E adorava usar roupas chamativas, como se ela precisasse disso pra prestarem atenção nela.
– Não precisa Belle, vamos descer. To com fome... - esperei ela responder, mas ao invés disso ela saí do meu closet segurando um sobretudo branco. Isso não vai dar certo, pensei comigo mesma.
– Isso aqui ficaria lindo... - ela comentou pensativa.
– Nem pensar, estamos no verão. Sol, calor, ou seja, nada de casacos. - fui até ela, peguei o sobretudo e guardei. - Quando eu terminar de me arrumar pra sair você fala alguma coisa. - puxei-a pelo braço. - Vamos, quero comer.
Ela me seguiu sem reclamar. Eu conseguia ouvir minha mãe conversando animadamente com alguém no andar de baixo. Descemos as escadas e Isabelle foi pra sala, tentei passar despercebida e ir direto pra cozinha. Não deu muito certo.
– Amy!!! - Liam me chamou animado. Será que todo mundo aqui tava tão animado assim pra essa mudança menos eu? Me virei na direção da voz no momento que ele chegou e me abraçou. - Tava dormindo foi preguiçosa?
– Bom dia pra você também Liam! - respondi sarcástica
– Acho que alguém acordou de mau-humor hoje. O que foi? Estava tendo um sonho muito bom e Isabelle te acordou? - ele riu alto, o que me fez rir também.
– Não, só estou com fome. Quando vocês chegaram já estava acordada, ela só ficou me enchendo o saco lá em cima. - voltei a caminhar pra cozinha, Liam veio comigo.
– Deixe-me adivinhar... - ele fingiu estar pensando, a cara dele estava hilária. - Ela ficou reclamando das suas roupas de novo!
– Bingo! Como você sempre acerta? - abri o armário e peguei o sucrilhos e a aveia e comecei a preparar meu café.
– Estamos falando da Isabelle, ela é previsível.
– Tem razão. - rimos
Peguei minha caneca e fui me sentar à mesa com Liam. Eu iria comer apenas sucrilhos, não sou muito fã de comer de manhã cedo. Ele começou a falar sobre o time de futebol da escola que ele fazia parte, sobre suas vitórias e que eles estavam na final do campeonato entre escolas do estado. Terminei de comer e coloquei minha caneca na pia. Era incrível como minha mãe conseguia ocupar todas as empregadas pra fazer não sei o quê. Voltei pra sala de jantar onde Liam estava.
– Vamos pra onde minha mãe tá, não falei com ela ainda. - disse me encaminhando pra porta, Liam segura meu braço e me puxa de volta.
– Já contou pra ela? - ele estava sério, percebi logo que não estava brincando. Olhei interrogativa pra ele sem saber ao certo sobre o que ele falava. - Sobre a faculdade, já contou pra ela que você passou em primeiro lugar pra medicina?
– Quem passou em medicina aqui? - gelei na hora que escutei aquela voz. Na mesma hora Liam se afasta de mim e olha na direção dela. Mesmo sem me virar sei que ele está parada atrás de mim com uma expressão interrogativa no rosto. Virei-me devagar pra encontrá-la exatamente como pensei que ela estaria.
– Bom dia mamãe! - andei até ela e lhe dei um abraço e um beijo. Será que eu conseguiria desviar a atenção dela pra outra coisa?
– Bom dia flor! Dormiu bem? - ela beijou minha testa e nos desvencilhamos do abraço. Tá dando certo!
– Dormi sim mãe, e a senhora? Preparada pra uma nova vida em outro país? - forcei um sorriso, ultimamente estava ficando muito boa nisso.
– Muito ansiosa. É tudo muito bonito lá, e eu quero conhecer logo o hospital onde vou trabalhar. - ótimo, ela esqueceu. - Mas voltando a minha pergunta inicial, quem passou em medicina? - droga! Estou mesmo sem sorte.
– Er... - eu não posso mentir sobre isso pra minha mãe, mas também não posso dizer que passei. E em primeiro lugar! - O Liam e a Isabelle! Os dois passaram! - o olhar que Liam me fez arrepiar na hora, ele queria que eu contasse a verdade pra minha mãe, ele sabia que ela me faria ficar.
– Sério Liam?! Porque você não me contou antes quando estávamos conversando?
– Não queria me gabar. - ele respondeu e sorriu cínico sem tirar os olhos de mim
– Sobre o que estão falando? - Isabelle chegou por trás de mim. Ela ficou alternando o olhar entre mim e Liam, que continuava me encarando feio. Já estava ficando com medo do que ele ia fazer.
– Belle! Parabéns! - minha mãe foi toda animada abraçar Isabelle que ficou sem entender nada.
– Obrigada tia, mas não é meu aniversário. - minha mãe riu e eu me segurei pra não rir também. desviei minha atenção de Liam e fui pra perto de Isabelle.
– Ela já sabe que vocês dois passaram em medicina. - falei pra ela dando ênfase no "dois" pra ela não dar com a língua nos dentes e acabar falando demais. Minha mãe não poderia saber antes da gente ir que eu também tinha passado. Ela me encarou da mesma forma que Liam, mas vi decepção em seu olhar. Cortei nosso contato visual e olhei pros meus pés. Murmurei um "licença" baixo e saí da sala de jantar.
Deixei os três pra trás conversando animadamente sobre a faculdade. A faculdade que eu não poderia fazer agora. Lágrimas começaram a querer sair pelos meus olhos, não podia deixar isso acontecer. Engoli em seco e pra ala oeste da casa, onde ficava a sala de musica, o escritório do meu pai e também a biblioteca. Sempre que eu queria um pouco de paz ou silêncio eu ia pra lá. Mas não ficava na biblioteca, não na situação que minha mente trabalhava, ler um livro nessas condições estava fora de questão.
Passei direto pela biblioteca e entrei em uma salinha que tinha logo depois. Ninguém ia lá além de mim, por isso eu sabia que conseguiria ficar sozinha com meus pensamentos. Nessa sala tinha todos os instrumentos que eu sabia e que queria tocar. Violão, guitarra, baixo, violino, cavaquinho, bateria, e vários outros. Não sabia quase nada da maioria desses, mas hoje eu só queria apenas um instrumento. Era o que eu tocava com todo meu coração e o que eu mais amava.
Sentei-me no banco em frente ao piano de cauda branco que eu tinha na sala de musica. Levantei a tampa e deslizei minhas mãos sobre as teclas e comecei a tocar uma combinação de notas qualquer que vinha em minha mente. Estava com tanta saudade da familiaridade das teclas sobre meus dedos que não sei como suportei tanto tempo sem tocar. O que antes era uma coisa boa de fazer diariamente por puro prazer simplesmente se tornou uma coisa dolorosa. Eu não tocava desde a notícia da mudança, os únicos que perceberam isso foram Isabelle e Liam, que costumavam me escutar tocar ou comentar algo novo que estava aprendendo no piano.
Enquanto tocava pensava nos vários momentos em que passei ali com meus amigos. Isabelle e Liam cantando e dançando no ritmo que eu tocava, Isabelle sentando no piano e Liam pegando-a no colo, e até as vezes que tentei ensinar Liam a tocar piano. Ele nunca conseguia tocar com as duas mãos ao mesmo tempo, o que fazia Isabelle rir dele.
Estava tão envolvida nos meus pensamentos que só percebi que tinha companhia quando Liam sentou-se ao meu lado esquerdo no banco do piano. Parei de tocar na mesma hora.
– Você me assustou. - sorri gentilmente, ele mantinha seus olhos fixos em mim. Pegou minhas mãos e pousou-as suavemente no teclado.
– Não pare de tocar, por favor. Eu gosto de ouvir você tocando.
Assenti e comecei uma nova melodia, não fazia ideia de quem era ou qual era a musica que estava tocando, eu simplesmente unia as notas e acordes formando uma melodia. Logo já estava dedilhando uma de minhas musicas preferidas, a qual muitas vezes já tinha chorado somente em ouvir sua melodia.
Os soluços voltaram mais forte que antes, segurá-los estava sendo muito difícil, e só percebi que já chorava quando Liam me aninhou em seus braços. E sussurrava coisas que eram abafadas pelo som dos meus soluços em meus ouvidos. Depois de pouco tempo me forcei a parar de chorar, não que Liam tenha percebido dessa forma, e me afastei um pouco dele.
– Não precisa chorar, eu sempre estarei com você pra tudo o que precisar. E tenho certeza que Isabelle também acha isso. - ele se aproximou um pouco e secou as ultimas lágrimas que caíram e ainda vagavam pelo meu rosto. Sua mão repousou na minha bochecha esquerda, meus pés tinham ficado interessantes de repente. Ele baixou sua mão até meu queixo e levantou meu rosto, me forçando a olhá-lo nos olhos. - A propósito, você não perdeu o jeito. - ele se aproximou, me deu um selinho rápido e saiu.
Pisquei diversas vezes sem entender. Ele chegou tão rápido quanto saiu. Ultimamente ele tinha agido de forma estranha, como se estivesse mais feliz a cada dia que passava. E ele me roubava selinhos com frequência, nas horas que eu menos esperava lá estava ele. Uma vez cheguei a me perguntar se essa felicidade dele era porque eu ia me mudar ou porque ele ia viajar pra um lugar que sempre quis ir. Optei pela segunda opção e logo descartei a primeira, não deveria nem ter pensado sobre isso.
– Emily, vamos! Está na hora! - fui acordada dos meus pensamentos pelo som dos gritos da minha mãe da sala de estar, balancei a cabeça algumas vezes pra apagar aquele antigo pensamento.
– Estou indo! - respondi enquanto fechava o piano e saía quase correndo em direção a sala.
Cheguei lá e encontrei meus pais e meus amigos envolvidos em algum tipo de discussão sobre algum filme que já tinham assistido. Revirei os olhos e passei direto, subindo as escadas e indo direto para o meu quarto, precisava passar uma maquiagem leve pra esconder a vermelhidão dos meus olhos por causa do choro - pior parte de ser muito branca.
No meu quarto eu passei um pouco de pó e o básico da maquiagem, lápis de olho, rímel e um brilho rosa nos lábios. Meu cabelo já tinha secado e caía em grandes cachos loiros até um pouco acima do meu quadril. Fui ao meu closet e coloquei um par de brincos ouro, um laço com uma pérola pendurada a ele; um colar também de ouro, um coração com o símbolo do infinito cruzando ele bem no centro; e, coloquei minha pulseira da sorte, não sei porque, mas ela sempre me trazia sorte. Peguei meu óculos de sol Ray-Ban branco e minha bolsa branca e dourada e voltei para o quarto. Peguei meu celular em cima do criado-mudo e saí. Encontrei todos já no hall de entrada da casa se preparando para saírem. ( http://www.polyvore.com/cgi/set?id=110940405&.locale=pt-br )
– Uhul! Bem melhor agora! - Isabelle assoviou quando eu cheguei, fazendo com que todos olhassem. Um sorriso surgiu nos lábios de Liam, me senti corar levemente. Tirei o óculos e olhei pra Belle.
– Eu disse que ficaria melhor. - pisquei um olho e coloquei o óculos novamente e passei por ela, parei ao lado dos meus pais. Isabelle sorria.
– Nos encontramos no aeroporto então? - perguntou meu pai para Liam
– Pode ser. Amy vai com você e volta comigo não é isso? - Liam disse mais afirmando que perguntando. Perai, eles já tinham decidido tudo e eu nem sabia de nada?
– Isso mesmo. Até lá então. - meu pai passou o braço direito sobre meus ombros e me puxou para seu Mercedes, que já estava parado na frente de casa. Só consegui me virar e dar um tchauzinho, vendo também minha mãe acenando pra eles e descendo as escadas da frente de casa também, seguindo meu pai.
O caminho para o aeroporto foi rápido, rápido até demais para o meu gosto. Queria que o tempo passasse uma pouco mais devagar, não estava gostando da ideia de ficar longe dos meus pais.
Nós chegamos antes de Liam e Isabelle. Fiquei sentada nas cadeiras em frente ao balcão enquanto meus pais faziam o check in das malas. Minha mãe terminou primeiro e veio ficar comigo.
– Seus amigos demoraram né? - perguntou sentando-se ao meu lado.
– Já devem estar chegando, devem ter pegado alguma rua diferente das que papai pegou e acabaram ficando no trânsito. - respondi dando de ombros. Minha mãe assentiu e pegou uma revista que estava ao lado dela. Eu tinha que contar a verdade sobre minha faculdade, e tinha que ser agora. - Mãe... - parei, as palavras engancharam na minha garganta.
Ela abaixou a revista e me olhou diretamente nos olhos.
– Quer me contar alguma coisa filha? - ela perguntou docilmente
– Quero! - Agora vai, pensei comigo mesma. Respirei fundo e contei até três mentalmente e falei tudo num suspiro só. - MãeeupasseiemprimeirolugaremmedicinanaUFMG! - soltei o ar quando terminei. Minha mãe me olhava com uma cara entre o susto e a incompreensão.
– Você poderia repetir só um pouquinho mais devagar? - ele soltou um risinho tímido. Escondi meu rosto em minhas mãos e comecei calmamente.
– Eu passei em primeiro lugar em medicina na UFMG. - repeti ainda de cabeça baixa.
O silêncio que se seguiu foi tão agoniante. Não tinha ideia de como minha mãe reagiria a essa notícia, não iria cursar de qualquer forma. Me sentia envergonhada por ter esperado até o dia dos meus pais viajarem pra contar isso. Respirei fundo e soltei o ar lentamente. Tomei coragem e levantei a cabeça pra ver a reação da minha mãe sobre a notícia.
Seu orgulho estava estampado em seu rosto. Ela estava com um sorriso de orelha a orelha e com algumas lágrimas de felicidade nos olhos.
– Minha filha vai ser médica! - ela comentou baixinha como se pra si própria, tentando absorver a notícia. Tinha que dar logo a ruim.
– Eu desisti da minha vaga. - revelei. O sorriso da minha mãe sumiu na mesma hora.
– Você o que?! - ela estava ficando irritada
– Desisti da minha vaga. Entenda mãe, eu não vou deixar vocês dois irem sozinhos pros Estados Unidos. Eu vou também! Nem que pra isso eu deixe de ir no próximo ano pra faculdade e vá pro colegial mais uma uma vez. - disse não deixando ela reclamar. Quando percebi que ela iria questionar falei novamente. - E nada nem ninguém vai me fazer mudar de ideia! - cruzei os braços sobre meu peito. Ela riu, as lágrimas já passeavam livres em seu rosto.
– Você é igual o seu pai nisso, é teimosa feito uma mula! - ela estendeu os braços e olhou pra mim. Envolvi-a em meus braços enquanto ela me apertava pra ficar mais perto. - Parabéns meu bebezinho! Estou muito orgulhosa de você! E sei que você vai se sair tão bem lá quanto se saiu aqui! Te amo muito!
– Também te amo mamãe!
Meu pai chegou nesse momento junto com meus amigos, que minha mãe logo questionou se sabiam da minha posição no vestibular. Eles olharam pra mim e eu acenei com a cabeça, respondendo uma pergunta silenciosa, dizendo que ela já sabia de tudo que eu já tinha contado. Enquanto meus amigos levavam uma bronca da minha mãe por não terem contado a ela nem nada do tipo meu pai me dava parabéns muito espantado com a notícia dada por minha mãe, seguida por um "no avião te explico".
Logo o voo dos meus pais foi chamado, me segurei pra não chorar e não chorei. Nos despedimos deles e esperamos o avião sumir no céu pra sairmos do aeroporto. Liam e Isabelle estavam cheios de planos pra essas três semanas que eu ainda tinha no Brasil. Paramos no Burger King perto da minha casa. E eu pensando que íamos pro McDonald's.
Aquela tarde foi uma das melhores da minha vida. Só eu e meus amigos, sem me preocupar com nada. Procurei nem pensar que meus amigos iriam viajar no mesmo dia que eu para aproveitarem suas férias junto com a família, eles tinham me dito isso a dois dias.
Quando voltei pra casa quando o sol já estava se pondo, o crepúsculo era uma das minhas horas favoritas do dia. A mistura de cores, o solo se pondo e o ar ficando mais gelado com a chegada da noite. Era um momento perfeito para tocar piano.
Aproximadamente 1 hora e meia depois que deixamos meus pais no aeroporto minha mãe liga avisando que já chegaram no Rio de Janeiro. De lá iriam pra Nova Iorque e depois pra Chalortte - a cidade onde eu iria morar em três semanas - e que todo o percurso duraria em média de 18 horas, contando com o tempo que trocariam de avião, então eles chegariam lá aproximadamente ás onze e quarenta de hoje.
Meus amigos decidiram dormir hoje na minha casa comigo, segundo eles eu não podia ficar sozinha porque eu podia me "afogar nas minhas lágrimas". Ficamos assistindo filme e comendo besteira até minha mãe ligar, já era 23:55.
– Oi mãe! Como foi a viagem? - atendi dando pause no filme, Liam e Isabelle tentavam se recuperar do ataque de risos que estavam tendo. Assistir filme com os amigos não dá certo.
– Oi meu anjinho! Foi ótima, muito tranquila. Aqui é tão lindo filha! Já passamos por uma biblioteca pública enorme! Tem um jardim muito lindo, só não entramos porque tá muito tarde. Estamos indo conhecer nossa casa. Você tá fazendo o que?
– Tomara que não seja tão grande como a daqui. - ri comigo mesma. - Isabelle e Liam vieram dormir aqui hoje, estamos fazendo um maratona de filmes animados. - olhei pra Belle e Liam que estavam comentando do filme de antes e rindo muito. - Estamos assistindo agora Meu Malvado Favorito 2, já assistimos o primeiro e até agora estamos rindo. - escutei minha mãe soltar uma gargalhada do outro lado da linha.
– Amo esse filme, eu e seu pai assistimos em 3D no cinema. Ri muito com os minions. Mas voltando, a cidade é muito linda e fria! Muito, muito fria. Estão dizendo nos noticiários que as chances de nevar são altíssimas.
– Neve? - eu simplesmente amava neve, mas só tinha visto uma vez na minha vida e era muito nova.
– Você vai amar! - ouvi minha mãe suspirar de surpresa. O celular ficou mudo.
– Mãe?! Mãe, a senhora tá ai? - o que será que tinha acontecido?
– Filha!!!! É muito lindo!!! - tive que afastar o celular do ouvido, minha mãe estava gritando de tanta empolgação. - Nossa casa é perfeita! Não vejo a hora de você vê-la. Ah, amanhã vou dar um pulinho no hospital que vou trabalhar e seu pai vai se encontrar com o governador, quando eu sair de lá vou dar uma volta na cidade e te mando umas fotos por WhatsApp. Vou ter que desligar agora filha. Boa noite, fica com Deus! Te amo!
– Boa noite mãe, também te amo! Manda um beijão pro papai, diz que já estou com saudades. Amo vocês!
Desliguei o telefone e contei pra meus amigos o que minha mãe tinha dito depois continuamos com o filme. Depois desse assistimos mais um e depois fomos dormir. Isabelle comigo no meu quarto e Liam no quarto de hóspedes.
Os dias se passaram muito rápido e sem nenhuma novidade. Estudávamos pela manhã e tarde durante a semana e nos fins de semana saímos juntos. No último dia de aula os professores e colegas fizeram uma despedida pra mim, no final todos acabaram sabendo da mudança porque passou na televisão.
Isabelle e Liam praticamente se mudaram pra minha casa, eles não me deixavam um segundo sequer sozinha em casa. Somente no dia anterior a minha viagem que eles dormiram em suas casas pra arrumarem suas malas. Eles tinham me dito que iam passar as férias juntos em Gramado, que seus pais já tinham ido na frente e eles ficaram pra ir no mesmo dia que eu pra não me deixar sozinha.
Já estava pronta pra viagem, estava com apenas duas malas de roupas, uma bolsa e uma bagagem de mão. Meu visto e minha passagem estavam dentro da minha bolsa junto com meu passaporte, identidade e CPF. Eram 10:25 da manhã de um domingo, eu já estava a caminho do aeroporto, onde fiquei de me encontrar com meus amigos.
Quando cheguei dei um forte abraço em Bones e me despedi dele, - já estava me segurando pra não chorar - que deixou minhas malas já na calçada em frente ao aeroporto. Olhei no relógio, e me apressei em entrar logo e procurar meus amigos. Já era 10:40 e eles pegariam o avião das 11.
Assim que os vi parei um pouco pra observá-los. Eles pareciam tão felizes, e quando eu chegasse não ficariam assim comigo por perto. Eu estava indo embora, morar em outro país e demoraria até que nos encontrássemos novamente. Esta era a triste realidade que eu tanto quis afastar dos meus pensamentos. Não me lembrar do fato que me afastaria dos meus amigos, que os deixaria pra trás, podia ter ajudado um pouco a aguentar todo esse tempo, mas agora não. Quando os vi tudo veio a tona. Todos os momentos que passamos juntos, todos os momentos felizes, nossas brigas, nossos encontros e o ultimo que eu pensei foi no dia em que nos conhecemos e ficamos amigos.
Decidi enfrentar logo isso, estava perdendo os meus últimos minutos com meus amigos. Quando me aproximei percebi que eles conversavam sobre contar ou não contar algo à alguém.
– Acho que temos de contar, ela pode não gostar de não saber. - dizia Liam, Belle negava com a cabeça e logo cortou ele.
– Não podemos falar, ela vai perceber que foi com boa intenção. Eu digo que ela vai gostar!
– Oi gente! - preferi fingir que não tinha escutado o que eles estavam conversando. Olhei no relógio, tínhamos 15 minutos.
– Amy! - disseram juntos, Liam que estava de costas pra mim se virou na mesma hora e Isabelle sorriu de orelha a orelha. Soltei minhas malas e fui abraçá-los.
Me envolvi nos braços de ambos. Era um abraço tão comum entre a gente, igual a todos os outros que já demos, mas de certa forma diferente. Dessa vez não era um abraço amigável, que dávamos todos os dias, e sim um abraço de despedida. Uma despedida muito difícil, de anos de convivência. Senti que Isabelle chorava, me soltei do abraço e sequei as suas lágrimas.
– Não fica assim, o que combinamos? No carnaval vocês vão me visitar, e assim que der uma folguinha lá eu venho também. Não vamos perder contato, eu prometo! - já sentia minha garganta se fechando também por causa das lágrimas. Nos sentamos para esperar eles serem chamados.
Eu estava abraçando os ombros de Isabelle que chorava incontrolavelmente do meu lado, Liam tinha ido em alguma das lojas comprar lenços pra ela. Quando ele voltou e se agachou de frente à ela, Isabelle conseguiu parar de chorar um pouco. Dava pra ver o quanto ela se esforçava pra não chorar, mas algumas lágrimas teimosas insistiam em cair e logo Liam as limpava. Quando ela parou de chorar começamos a conversar sobre a escola, o tempo que passamos juntos e os momentos mais engraçados. O tempo passou tão rápido que só percebi que já tinha acabado quando estavam anunciando a última chamada pro voo deles.
– Promete que vai ligar quando chegar? - Belle perguntou quando estávamos indo pro portão de embarque.
– Prometo que ligo, ligo todos os dias também, mando fotos e digo tudo que eu fizer e descobrir. Fica bem tá? Te amo muito amiga! - abracei ela, um abraço muito apertado, como se fosse a ultima vez que iríamos nos ver. Lágrimas já caiam em meu rosto, me voltei pra Liam que estava prendendo o choro e o abracei. - Cuida dela por mim? Por favor! - implorei em seu ouvido. - Se cuida também! Te amo muito e me perdoa por tudo que te fiz passar, por todos os momentos que te magoei e... - ele colocou um dedo na minha boca pra me silenciar.
– Não precisa pedir desculpa, esses últimos 7 anos foram os melhores da minha vida! E como eu disse antes eu não mudaria absolutamente nada! Eu também te amo muito, e você sabe disse. - ele sorriu e me olhou diretamente nos olhos. - Só quero o seu bem, e sempre vou te apoiar em suas decisões. E se cuide você também lá nos Estados Unidos senhorita, ouvi dizer que tem muitos garotos metidos a pegadores. Você é esperta, vai sobreviver a mais um ano de escola!
– Obrigada Liam. - soltei-me dos braços dele nos abraçamos os três novamente. Dessa vez tinha uma pontinha de esperança, eu podia senti-la. E como Liam disse, isso não é um adeus, é um até logo.
– Te amo amiga! Se cuida você também. - Isabelle secou as lágrimas e desfez nosso abraço. - Como você disse isso não é um adeus e sim um até logo, não é Liam?
– Isso mesmo! Saiba que te amamos e nunca vamos esquecer de você! Até logo!
Eles entraram na sala de embarque dando um ultimo tchau pra mim. Minhas lágrimas já rolavam livres pelo meu rosto. "Que vocês sejam muito felizes!" pensei comigo mesma. Fui fazer o check in das minhas malas e deixar tudo pronto logo pra viagem, terminei em menos de dez minutos e fui pro andar superior ver o avião dos meus amigos decolar. Cheguei a tempo de ver eles entrando no avião e ele decolar. Em nenhum momento as lágrimas pararam de cair. Faltava 10 minutos pro meu voo, eu iria fazer o mesmo curso que meus pais fizeram. De Belo Horizonte pro Rio de Janeiro, depois Nova Iorque e, por fim, Charlotte.
Sentei-me, onde estava antes com meus amigos, para esperar meu voo e pensar um pouco. Deixei meus pensamentos viajarem pra 11 anos atrás, quando eu e Isabelle decidimos ser amigas. Estávamos na alfabetização e já nos conhecíamos a 4 anos. Sempre estudamos juntas, foram 15 anos de companheirismo, com ela em minha casa ou eu na dele durante muito tempo, todo dia trocávamos. Estava sendo rompido agora todo esse companheirismo, independente de qualquer coisa não nos veríamos mais todos os dias.
Já o Liam, nos conhecíamos a 7 anos quando fizemos a 5º série juntos. Liam se aproximou primeiro de Isabelle, sabia que ela seria meu ponto fraco, e logo nos tornamos amigos também. Até que ele se apaixonou por mim e eu não sentia a mesma coisa por ele. As coisas entre nós não mudaram muito, mas dava pra perceber que Liam gostaria que eu sentisse o mesmo por ele.
Fui despertada dos meus pensamentos com o chamado do meu voo. Levantei-me da minha cadeira, peguei minhas bagagens de mão e fui pra sala de embarque. Uns 10 minutos depois fomos encaminhados pro avião. Estava na primeira classe, em uma poltrona na janela. Guardei minhas bolsas e me sentei no meu lugar. O avião começou a decolar, e logo já estava alcançando uma grande altura no céu. Tomei um remédio pra dormir, gostaria de dormir em todas as viagens.
Olhei pra Belo Horizonte em baixo de mim. "Até algum dia cidade querida, vou sentir sua falta." pensei comigo mesma enquanto uma última lágrima caía antes da escuridão me consumir.


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Notas finais do capítulo

Iai, gostaram? Espero que não tenha ficado muito cansativo o capitulo muito grande, e mais uma vez me desculpem pelo atraso... Digam nos comentários o que acham a respeito das produções que fiz na polyvore, se vocês querem ou não elas... Aqui estão os links:
Amy: http://www.polyvore.com/amy_aeroporto/set?id=110940405
Isabelle: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=110940582&.locale=pt-br
Se encontrarem algum erro ou tiverem alguma sugestão podem me dizer pelos comentários ou MPs...
Bom, comentem, recomendem ou favoritem... O que vocês acharem que mereço... Tentarei postar o próximo o mais rápido possível!!!



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