Abela estava terminando de arrumar a sua mala e já havia feito o teste de gravidez, conforme havia prometido ao Dean, quando ouviu um grito vindo do quarto dos Scotfield. Ela e Annie correram até lá e abriram a porta apressados. Tamanha foi a agonia ao ver Lucy sendo enforcada pelo fio do abajur que parecia ter criado vida sozinho.

– Onde está o Connor? – perguntou Abela e Lucy apenas apontou para o banheiro. A caçadora correu até lá e bateu na porta. – Connor é a Abela, está tudo bem ai? – Ela não obteve resposta. – Connor? – insistiu outra vez. Olhou para Annie que tentava em vão tirar a corda que sufocava Lucy. Até que a mulher se afastou e deu um chute forte na porta. Ao entrar, encontrou Connor dentro da banheira, sendo afogado por alguma coisa invisível. Ela correu até o homem e tentou tirá-lo de lá, mas parecia que ele pesava toneladas.

– Abela, temos que encontrar os saquinhos. – gritou Annie.

– Se eu soltar, ele se afoga.

– E se eu soltar, ela é enforcada. – respondeu a outra irmã McAllen. As duas permaneceram tentando impedir que os outros dois morressem, até que a porta do quarto foi chutada e Dean entrou por ela.

– Encontra os saquinhos de bruxa e destrói, Dean. - gritou Annie. O loiro correu e começou a buscar aquelas coisas em todas as partes, até que encontrou um dentro do abajur da cama de Lucy e o outro dentro do travesseiro de Connor. Tirou o isqueiro do bolso e colocou fogo naquilo. Imediatamente o fio parou de apertar o pescoço de Lucy e Connor foi solto da banheira. A mulher estava bem, mas Connor não respirava. Abela começou o processo de reanimação fazendo a massagem cardíaca e respiração boca a boca, até que ele tossiu e abriu os olhos.

– Obrigada Deus. – falou ela sorrindo. Connor não conseguiu ter outra atitude a não ser pegar a loira e beijá-la com toda a força que tinha. Afinal, ela havia salvado ele. O único problema era que além dele estar completamente pelado, Dean entrou no banheiro naquele exato momento.

O loiro correu até onde os dois estavam e puxou Connor com toda a força que tinha. O colocou contra a parede e deu um murro no rosto do caçador. O mais velho dos Scotfields revidou o murro e assim começou uma luta dentro do banheiro, até que Abela se meteu no meio. Se algum deles continuasse a sessão de murros, pegariam nela com certeza. Por isso, pararam

– O que você está fazendo? – gritou a mulher com o namorado enquanto o outro loiro pegava uma toalha e se enrolava.

– Você está defendendo ele? – perguntou Dean seriamente.

– Ele quase morreu, seu idiota.

– Quase morreu, mas não pestanejou em enfiar a língua em sua boca. – gritou o Winchester e em seguida, recebeu uma tapa no rosto, dado por Abela.

– Acabou. – falou ela. – Eu avisei desde o principio que seria assim, se você desse as suas crises de ciúmes, estaria acabado. Pegue as suas coisas do meu quarto e caia fora.

– Você gostou. Gostou do que ele fez. – afirmou Dean. Abela se virou parecendo que soltaria fogo pelas narinas a qualquer momento. Os olhos estavam completamente negros e ela estava definitivamente com raiva. O que assustou o homem.

– Connor, saia daqui. – falou ela e o outro loiro obedeceu. Abela fechou a porta do banheiro. – Você é um desgraçado. – gritou ela e foi caminhando na direção do loiro. – Eu durmo com você, não com ele. – Ela deu um empurrão em Dean. – Quando eu tive a oportunidade de transar com ele eu disse não, porque eu estava apaixonada por você. Quando eu estava presa naquele sonho, eu escolhi deixar tudo para trás para viver com você, ser sua mulher. – ela respirou fundo e deu as costas para Dean. – Eu estou grávida de você. – ela respirou fundo. - É, eu acho que tendo todas essas evidências, eu gostei do que o Connor fez.

– Você está grávida? – perguntou Dean e sorriu timidamente. Abela enfiou a mão no bolso, puxou os dois testes de gravidez e entregou a Dean.

– Duas listras, positivo. – ela encarou o homem e seus olhos voltaram a ter a cor verde, mas estavam ensopados de lágrimas. – Parabéns, papai. – Dean abaixou para olhar os testes e Abela saiu irada do banheiro, passou por Annie, Lucy e Connor. Na saída, encontrou Sam e Bobby que já haviam dado um jeito no homem que estava no cemitério. A garota pegou o mustang e saiu rápido pela rua, sem dar satisfação a ninguém para onde estava indo.

[...]

Já havia se passado mais de três horas e Abela ainda não havia retornado. Dean estava mais do que preocupado. Sam e Bobby contaram o que havia acontecido e que havia sido Sam a matar o bruxo, porque esse tentava matar o velho caçador. Os dois recuperaram as doze chaves e entregaram para os irmãos Scotfield. Além da fortuna que eles já tinham, herdaram também todo o tesouro que estava guardado naquela cripta, mas Dean estava pouco se lixando para o que eles falavam.

– Eu vou atrás dela. – falou ele pegando o casaco e colocando nas costas, mas não chegou a sair porque a garota entrou pela porta do quarto.

– Só vim avisar que eu já cheguei. – falou ela seriamente e encarou o loiro. – Aluguei o quarto 302. Pode ficar no que estávamos.

– Bela, espere. – falou o loiro, mas a mulher deu as costas para ele e seguiu pelo corredor do motel. O homem foi atrás dela e pegou em seu braço. – Me perdoa. Eu fui realmente um babaca e eu estou implorando o seu perdão. – ele encarou a mulher. – Vamos ter um filho. Droga, vamos comemorar ao invés de brigar.

– Primeiro, não há o que comemorar. – ela puxou o braço. – e segundo, quantas vezes você vai pisar na bola e depois pedir desculpas, esperando que todas as vezes eu vá perdoar?

– Eu não vou aguentar ver você assim, sendo fria dessa forma. – falou ele e engoliu um choro teimoso. – Você não pode fazer isso comigo. Não termina comigo.

– Ótimo, não vou terminar com você. – falou ela e o loiro sorriu. – Mas eu quero um tempo. Eu preciso disso.

– Bel...

– Eu amo você, Dean. – falou ela e tocou no rosto do loiro que fechou os olhos ao ser tocado. – Mas eu preciso colocar a minha cabeça no lugar. – o homem a olhou e Abela lhe beijou. Deu as costas e seguiu até o seu quarto. Entrou rapidamente e desabou a chorar, sentada na poltrona próxima da janela. Segurou na barriga e se encolheu na cadeira. – Me desculpe, bebê. Perdoe a sua mãe por não poder te trazer ao mundo. – ela enxugou as lágrimas e sorriu. – mas durante esses cinco meses que nos resta, eu vou te amar muito e vou te proteger. Pode ter certeza disso.

Abela continuou encolhida na cadeira e nem percebeu que haviam dois anjos, invisíveis em seu quarto.

– O que vamos fazer, Fanael? – perguntou o homem vestido o sobretudo bege e de extremos olhos azuis.

– Vamos ver como ela discorre com esse assunto. – falou a mulher. - O filho da chave e da espada de Miguel é uma das criaturas mais poderosas que esse mundo já viu.

– Mas não podemos interferir. Abela morrerá em cinco meses, assim como Dean, assim como esse bebê.

– Castiel, você já está aqui há tanto tempo e ainda não aprendeu sobre os planos de Deus? Destino é destino, ninguém consegue fugir dele. Está escrito que haverá uma criança nascida da luz e outra das trevas e acredite, essas crianças vão nascer, mas cada um a seu tempo. Pode não ser essa criança que Isabela está no ventre, mas haverá outra. Isso eu posso lhe garantir.