She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 7
Capítulo 06 — A irracionalidade da mente humana.


Notas iniciais do capítulo

GENTE *corações* ler o review de vocês foi a melhor parte desses dias, sério! Eu agradeço profundamente a todas que comentaram, fiquei muuuuuuuito feliz quando percebi o aumento de leitores e de comentários! Sejam bem vindas, suas lindas! Obrigada pelos comentários meigos, obrigada por tudo!



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Abril de 2006.

Bella.

Edward achou que era invencível mesmo depois que me soltou, ainda depositando um beijo simplório contra os meus lábios. Eu não iria fazê-lo passar um vexame quando quase todas as pessoas prestavam atenção em nós, eu não iria empurrá-lo e dizer que, se ele tinha amor à vida, se afastasse de mim. Tudo bem, tudo bem, Edward era um cara legal — ou costumava ser — e, nos últimos dias, eu tinha imaginado bastante como seria beijá-lo. Mas não naquela hora, nem naquele lugar terrível.

Todos achavam que as minhas bochechas estavam vermelhas de vergonha pela atenção quando, na verdade, estavam vermelhas de raiva.

Respirei fundo e voltei até onde eu estava antes de Edward me puxar como um louco. Ele estava disputando mais uma vez, com a mesma pessoa que queria uma revanche. Não me foi surpresa nenhuma quando ele ganhou mais uma vez, dando mais outros murros no ar e batendo no peito como gorilas faziam.

— Duvido que me ganhe, Cullen! — John, o garoto do time de futebol americano, disse alto para que todos escutassem.

A plateia, atenta, fez um ”oh!” surpreso. Eu apenas revirei os olhos, cruzando os braços.

— Vamos ver então!

Observei com monotonia eles subirem na moto e dispararem pela avenida escura. Eu estava com tanta raiva de Edward que estava até cogitando a ideia de falar para Esme sobre as suas aventuras de sexta-feira a noite. Isso com certeza o faria parar de ir. E parar de falar comigo também, mas quem se importava? Eu certamente, mas… seria para o bem dele. E era o certo a fazer.

Perguntei-me qual era a graça de ver dois idiotas bêbados disputando para ver quem chega primeiro a tal lugar ou quem se ferra primeiro. Eu já estava entediada.

Poucos minutos depois, eles apareceram em nosso campo de visão. Edward estava um pouco mais a frente e já sorria pela vitória iminente quando seu querido amigo jogou a moto para cima dele. A plateia — inclusive eu — arfou de apreensão quando as motos se bateram, fazendo um barulho que doía nos dentes. John, no entanto, conseguiu se equilibrar mais uma vez com um sorriso nos lábios enquanto disparava para a linha de chegada. Já Edward se desequilibrou da moto.

E caiu no acostamento. Na verdade, a moto caíra por cima dele.

— Ganhei! Ganhei, seus imbecis! — John saltou da moto e bateu no peito com os dois punhos.

Ninguém foi até onde Edward estava.

— Que idiota. — Murmurei para mim mesma.

— Como é? — Ele ergueu as sobrancelhas loiras e parou na minha frente, tentando me intimidar com toda a sua altura.

Você. É. Um. Idiota. Tá difícil de entender? — Praticamente gritei. — Agora saia da minha frente! — Empurrei-o com meu ombro e corri até o ponto onde Edward havia caído.

Ninguém veio o ajudar porque era, claramente, comum que alguém caísse da moto e sangrasse com um ferimento na cabeça. Um ferimento feio e que fez meu estômago se embrulhar, enjoado. Eu não lidava muito bem com sangue, por isso tinha o máximo de cuidado para não me acidentar. Felizmente, Edward estava consciente e já tinha se livrado da moto quando eu cheguei até onde ele estava.

A parte cruel de minha mente quis gritar para ele que eu o havia pedido para ir embora, quis gritar que eu o havia avisado sobre tudo que acontecera porque eu sempre estava certa. A parte boa, a predominante, compadeceu-se ao vê-lo sangrando e sentado no asfalto, a moto caída ao seu lado. Ele estava tentando parar o sangramento que tinha em algum ponto em seu couro cabeludo, sem êxito.

Suspirei, engolindo em seco ao me abaixar perto de Edward.

— Você deveria ter ido embora. — Murmurou ele.

— Deveria. — Concordei.

— Eu só ferro com as coisas.

— É.

Tirei o meu casaco e depois a blusa que eu vestia por cima de outra blusa em consequência da abertura que a última tinha em suas costas. Não hesitei muito ao estender a blusa que eu não utilizava na direção do rosto de Edward que também estava com sangue.

— Você… — Titubeei com a mão estendida. — Você quer limpar?

Ele não me respondeu, por isso, sem cerimônia e tentando ser gentil, limpei o sangue de seu rosto e logo em seguida um corte superficial que tinha em sua sobrancelha. O corte mais grave ficava um pouco adentro de seu couro cabeludo, por esse motivo inclinei-me mais ainda em sua direção, pressionando a minha amada e acabada blusa contra ele na tentativa de fazê-lo parar de sangrar. Edward pressionou os olhos e aquilo foi tudo que ele fez para demonstrar que estava sentindo dor. Ele era sempre o forte da história.

— Tem que lavar e limpar. — O disse.

Eu brigaria com ele quando eu tivesse certeza que ele estivesse completamente bem. Teria mais efeito.

— Você consegue se levantar? — Perguntei.

Outras duas motos passaram zunindo por nós em alta velocidade. Outra disputa inconsequente.

— Consigo.

Edward até conseguiu se levantar, mas caminhar foi mais difícil para ele. Suas pernas pareciam não se mover corretamente e, quando o olhei com preocupação, ele rapidamente tirou de seu rosto a careta de dor que fazia. Eu havia sido rápida o bastante para notar e passar uma mão por sua cintura, o ajudando a caminhar. Ou tentei. Ele se retraiu para longe de mim. Não de propósito. Eu provavelmente o havia machucado em meu toque.

— Suas costelas estão doendo?

Ele assentiu.

— Se apoie em meus ombros. — Orientei gentilmente. A raiva que eu sentia de John sobrepunha a que eu sentia por Edward. — Vamos pegar um táxi, você não vai conseguir andar até a sua casa.

— Vou, sim.

— Não teime comigo, Edward. Eu já estou com raiva demais para isso.

O caminho de táxi até a casa de Edward foi curto, no entanto eu podia perceber que havia sido doloroso para ele já que, sempre que o carro freava bruscamente, ele prensava os lábios. E, devido àquela noite, eu já tinha conseguido identificar bem os sinais de que Edward estava sentindo dor. Quando não eram os lábios prensados, eram as mãos fechadas em punho. Eu me via de mãos atadas, sem poder fazer exatamente nada para amenizar a dor que ele claramente sentia.

Então eu acariciava o ombro dele e depois a nuca, o escutando suspirar, seus ombros ficando mais relaxados.

— Não diga a minha mãe sobre isso. — Ele pediu.

Engoli a raiva e o desejo de despejar tudo isso sobre Esme para castigá-lo e assenti. Eu normalmente fazia muito isso por Edward e continuaria a fazer.

— Oh, céus! Edward? — Uma garota que assistia tevê na sala exclamou assim que Edward cambaleou para dentro em meus ombros.

Ela era baixinha e tinha longos cabelos escuros com olhos verdes claros, parecidos com o de Edward. Se eu não soubesse que ela era adotada, diria que ela sem dúvida alguma era a irmã mais nova dele.

— O que aconteceu?

— Onde está Esme, Alice? — Ele perguntou.

— Já está dormindo lá em cima. — Respondeu dando de ombros. — Você se meteu em uma briga? A mamãe não vai gostar de saber disso.

— Não, nada disso. Eu…

— Uma bicicleta bateu nele enquanto estávamos indo… comer algo. — Eu expliquei. — Nada digno de preocupação. Aliás, acho que teremos que levá-lo ao médico. Ver se está tudo bem com as costelas, a cabeça, essas coisas.

— Não precisa, Bella.

— Precisa, sim. — Teimei, o olhando de lado em um claro sinal que ele não tinha nada que rebater.

Edward suspirou e sentou-se cuidadosamente no sofá que tinha atrás de si.

— Eu… vou chamar a mamãe.

Em menos de meia hora nós estávamos esperando Edward ser atendido no hospital. Esme falava de segundo em segundo sobre o quão desatento Edward era, resmungando que ele deveria prestar atenção na próxima vez. Até se perguntou como uma mera bicicleta havia feito um estrago tão grande. Seu filho não escutava nada que ela estava falando, estava ocupado demais observando os dedos da minha mão que ele mantinha cativa entre as suas.

Eu ainda queria reclamar com ele, mas a disposição estava partindo tão rápido… Com aqueles toques singelos em minha mão, Edward tornava incoerente o fato de se ter raiva de sua estupidez.

— Edward Cullen. — A atendente chamou. — É a terceira sala.

— Eu vou pegar um café, Bella. Você toma conta dele só por mais um momento? — Esme perguntou.

— Claro. — Sorri-lhe.

Alice foi com a sua mãe, alegando que também precisava de um café e que não iria segurar vela sozinha. Edward ainda arranjou tempo para gargalhar de minhas bochechas coradas enquanto caminhávamos para a sala 3. Na verdade, eu que caminhava. Ele apenas mancava de qualquer jeito. Se Edward voltasse a falar com aquele maldito do John, eu concluiria que ele era um babaca completo.

Ou maduro. Como eu não era.

Edward sempre foi o mais compassivo e calmo de nós dois. Ele nunca guardava ressentimento, era sempre ele que ia atrás de mim quando brigávamos. Eu o perdoava quando ele pedia, mas ainda ficava por alguns dias estranha e calada. Eu sempre fui a mais rancorosa, sempre fui dura como uma pedra para pedidos de desculpas e para tudo. Edward era ao contrário. Completamente. Deve ter sido por aquele motivo que eu sempre gostei de ficar com ele. É bom ter alguém que você sabe que vai correr atrás de você caso algo desagradável acontecer. Alguém fácil.

— Licença. — Eu pedi ao abrir a porta.

— Pode entrar. — O médico disse.

Apesar de fazer muito tempo, eu conhecia aquela voz. Era a voz de Carlisle Cullen. Edward, ao meu lado, ficou tenso e apertou os punhos com raiva.

— Entrem. — Ele mandou.

Trincando o maxilar que estava começando a se desenvolver com maestria, Edward entrou na sala antes de mim. Carlisle estava ocupado demais anotando alguma coisa numa agenda para notar que era seu filho que estava a sua frente. Ele sempre foi muito negligente, mas eu tinha certeza de que daquela vez não tinha sido de propósito.

Eu queria ter podido bater uma foto do rosto de Carlisle quando ele percebeu que estava atendendo ao próprio filho o qual não via há mais de meses — Edward recusava qualquer tipo de contato paternal desde que ele saíra de casa. A expressão de Carlisle foi de incredulidade, surpresa e, por fim e mais surpreendente, arrependimento. Eu não sabia bem o porquê de seu rosto estar arrependido.

Edward, por sua vez, se manteve inexpressivo. Quase como se não conhecesse o médico a sua frente.

— Edward. — Carlisle disse, esboçando um sorriso nos lábios que seu filho havia herdado.

Doutor. — Eu nunca tinha visto Edward olhar com tanta frieza para uma pessoa como ele estava fazendo naquele momento.

Eu suspirei.

— Bella. — Carlisle sorriu para mim. — Desde quando você voltou?

— Faz um mês mais ou menos. — Eu disse gentilmente, tentando amenizar a tensão em que aquela sala estava envolta.

— Ah sim, eu sinto muito de verdade pelo que aconteceu por Charlie. Ele era um bom homem.

Engoli em seco. Falar sobre Charlie ainda me deprimia e fazia meus olhos marejarem pateticamente. Eu nunca superaria. Eu nunca superaria. Desviei meus olhos, olhei para cima e inspirei pelo nariz pelos segundos que me eram permitidos e convencionais de silêncio. Olhar para cima normalmente funcionava quando eu queria parar as lágrimas.

— O melhor de todos. — Concordei e me remexi na cadeira.

Carlisle voltou sua atenção para Edward que continuava com a sua máscara de indiferença. Eu queria que ele pegasse mais leve com o seu pai, pelo menos por aquele momento. Tudo bem que Carlisle havia sido um péssimo pai — e principalmente marido —, mas eu realmente não gostaria de ficar no meio de uma briga familiar. Seria o cúmulo do desconforto.

— Então, o que aconteceu?

— Uma bicicleta bateu em mim enquanto eu estava voltando para casa com Bella. — Respondeu Edward automaticamente.

— Uma bicicleta deixou um machucado no seu couro cabeludo desse jeito? — O loiro ergueu as sobrancelhas, incrédulo. — E machucou as suas costas?

Edward apenas deu de ombros.

— Edward Cullen…

— Foi uma bicicleta. — Ele garantiu.

Carlisle não protestou. O que ele poderia falar sem ser incrivelmente hipócrita? A partir do momento em que ele deixou Edward com Esme, sem sequer assinar o divórcio, ele não tinha mais direito de falar mais nada. Ele, querendo ou não, estando certo ou não, seria sempre o hipócrita da história. Não tinha mais respeito algum.

Os machucados de Edward, no final das contas, não haviam sido muitos graves. Não havia dano interno algum na cabeça de Edward, nem nas costelas, mas Carlisle pediu para que ele desse uma folga no futebol americano por uma semana para esperar que as costas parassem de latejar como estavam fazendo. Ele passou um analgésico e uma pomada especial para a dor. Edward ignorou tudo.

— Olhe só, Edward. — Eu comecei assim que saí da sala de Carlisle. — Se você não comprar esse maldito remédio e essa pomada, eu digo a Esme o que você estava fazendo.

Eu estava com sono, cansada e com fome. Minha paciência era zero para as bobagens dele.

— Você não teria coragem.

— Quer apostar? — Ergui as sobrancelhas.

— Porra, Bella. — Passou os dedos raivosamente pelo cabelo.

Edward não mencionou Carlisle durante a nossa curta viagem até a farmácia, ele não falou para Esme que havia visto seu pai, não falou que o seu pai havia pedido para Edward dizer a sua mãe que queria falar com ela. Preocupei-me com a quantidade de ódio que ele sentia porque, claramente, era demasiadamente exagerada. No entanto, não falei nada. Aquele assunto não me pertencia.

E então, Esme estava cansada e sonolenta demais para conseguir me levar para casa. Ofereci-me para ir sozinha, afinal, só eram dois quarteirões, nada demais. É claro que ela recusou, já era madrugada e não era seguro que uma garota como eu saísse sozinha por essas ruas. Eu suspirei e não rebati. Esme era mais teimosa que eu e estava cansada, eu não insistiria para que ela me levasse para casa mal conseguindo manter seus olhos abertos.

Alice me emprestou gentilmente roupas suas para que eu pudesse vestir e me ajudou a arrumar o quarto de visitas. Ela era uma garota legal como Edward havia me dito que seria.

— Você e o Edward estão juntos? — Ela sorriu com cumplicidade.

Eu corei, balançando meu rosto em negação.

— O Edward é um idiota. — Respondi.

— Essa doeu, Bella.

Quando eu me virei, ele estava encostado na porta com casualidade, um sorriso torto no rosto. Seu cabelo estava molhado do banho recente e eu não sabia se sua roupa de dormir era só uma bermuda ou se ele estava fazendo de propósito. Acanhada, desviei os olhos rapidamente, as bochechas ardendo.

— Edward! — Alice exclamou. — Você deveria ser mais educado e parar de escutar a conversa dos outros.

— Cheguei agora.

Alice saiu do quarto assim que ele entrou. Foi quase com desamparo que percebi o seu sorriso complacente e tímido ao se despedir e dizer que iria dormir. Já estava tarde, segundo ela. Eu também concordava, estava tarde demais para ser decente Edward estar no meu quarto. Por causa dessa percepção, minhas bochechas coraram revoltadas.

— Você me acha mesmo um idiota? — Edward perguntou, sentando-se folgadamente na cama.

— Dos piores.

— Por quê? — Franziu as sobrancelhas.

Por quê? — Ergui as sobrancelhas. — Você me arrastou para um lugar terrível sem sequer me perguntar se eu gostaria de ir. Você, em algum momento, se deu conta de que meu pai morreu por causa dessas rachas?

O sorriso leve que ele tinha no rosto desapareceu quando ele percebeu que eu não estava igualmente sorridente.

— Bella, eu…

— É um idiota? Eu sei.

Soltei a minha trança bagunçada e prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo, ignorando Edward que continuava sentado na cama em que eu supostamente iria dormir. Ele estava tentando achar algo bom o bastante para falar e, enquanto ele não achava as palavras certas, fui até a suíte e me olhei no espelho. Eu estava terrivelmente cansada. Meus olhos com olheiras denunciavam isso com facilidade.

— Me desculpe. — Ele pediu quando eu saí do banheiro.

Eu assenti.

— Sério, Bella, eu não sabia que…

— Tudo bem. Por que você não vai dormir agora? — Perguntei. Era sobre isso que eu me referia quando falei que guardava ressentimento por muito tempo.

— Vim pedir para você me ajudar com a pomada das costas. — Ele parecia tão envergonhado por causa disso que eu não pude manter a minha hostilidade por muito tempo. No geral, Edward me conhecia bem o bastante para saber como se safar da minha raiva duradoura. — Se você estiver chateada demais para isso, eu… entendo.

Eu suspirei pesadamente.

— Se eu fosse menos idiota, você gostaria de mim? — Ele indagou quando eu me sentei atrás dele, observando os músculos discretos de suas costas. Ele cresceu tanto em tão pouco tempo… eu me lembrava de que, quando eu saí de Seattle, ele era magricelo e só um pouco mais alto que eu.

Eu já gosto, Edward. Eu já gosto, pensei tristemente. Eu estava em uma furada.

— Talvez. — Sorri mesmo que ele não conseguisse ver.

As costas de Edward enrijeceram quando eu, cautelosa e timidamente, espalhei a pomada que ficava gradativamente gelada por sua pele.

Seus ombros subiram e desceram em um suspiro e mesmo não tendo necessidade, continuei passando a palma de minhas mãos suavemente por suas costas por alguns minutos a mais. Eu não sabia fazer uma massagem, e se eu soubesse, eu o faria apenas para escutá-lo suspirando daquele jeito por mais tempo.

— Pronto. — Eu disse. — Você já pode ir dormir agora.

— Eu não estou com sono. — Edward se virou para mim.

— Bem, eu estou. — Minha voz pedia desculpas. Eu realmente não me incomodava de ficar conversando com Edward por toda noite se fosse possível, ele era uma ótima companhia. Mas eu estava com sono de verdade. O dia havia sido estressante demais.

— Você ainda está com raiva pelo que eu fiz? Se for isso, eu sinto muito mesmo… não passou pela minha mente que…

— Edward. — Eu o interrompi gentilmente e fechei minha mão em punho para resistir à tentação de tocar o rosto macio dele. — Eu não estou com raiva de você. Só com sono. O dia foi cheio e eu costumo dormir cedo.

Ele assentiu.

— Eu sinto muito.

— Eu sei. — Sorri brevemente com as pálpebras pesadas. — Não se preocupe com isso.

Hesitantemente, o vi estender a mão na minha direção. Edward colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha com gentileza e eu reprimi o impulso de me inclinar para a sua mão, para que ele continuasse com o carinho por mais tempo. Meu orgulho não deixou que eu realizasse aquela proeza.

— Eu quero tanto te beijar. — Ele murmurou.

Eu queria tanto que ele me beijasse.

— Edward… — Tentei manter minha voz em um tom de censura, falhando.

Ele me deu tempo para negar, para dizer que eu não queria que ele me beijasse, mas eu não o fiz porque queria e porque estava envergonhada demais para falar algo sem ser gaguejando. Eu já deveria ter passado daquela fase de vergonha sempre que Edward me tocava ou algo desse tipo há muito tempo. Entretanto, eu continuava a mesma Isabella envergonhada de exatos um ano e meio atrás.

Eu me lembrava de que, na semana em que passamos como namorados, eu não conseguia sequer escutá-lo me dizer que estava linda sem explodir de tanto corar. Quando ele foi à casa de meus pais, escondi meu rosto no ombro de minha mãe de tanta vergonha que estava com os absurdos que meu pai dizia. De qualquer jeito, eu queria que ele falasse absurdos em qualquer dia ou hora. Eu não me importava em escutá-los.

Então, admitindo que meu silêncio envergonhado era uma confirmação para a sua pergunta em forma de afirmação, ele se aproximou de mim na cama e pôs sua mão em minha nuca. Notando que meus cabelos estavam presos, puxou-os gentilmente do rabo-de-cavalo.

— Eu já disse o quão bonita você fica de cabelos soltos? — Ele perguntou e acariciou o meu rosto com o seu nariz pontudo. Eu estremeci, fechando meus olhos.

Era uma pergunta retórica e eu não a teria respondido nem mesmo se quisesse. Edward agarrou meu rosto gentilmente entre as suas mãos férreas e me beijou. Beijou-me mais intensamente do que um dia havia feito e eu correspondi na mesma altura, tão desejosa quanto ele, mas extremamente consciente da porta escancarada do quarto — não que mudasse alguma coisa. Jogando a precaução para o alto, entrelacei meus dedos em seu cabelo e o puxei contidamente.

O ar faltou rápido demais em decorrência da impetuosidade presente no beijo,

Ele não se parou, porém. Puxou-me para mais perto até que pudesse passar um braço ao meu redor e esperou que minha respiração estivesse mais regular, a testa encostada na minha. Não sei o porquê eu achei o ato de ele esperar pacientemente que eu estivesse recomposta adorável, mas o fiz e acabei sorrindo contra os seus lábios quando ele me beijou de novo. E de novo.

Eu estava mais que corada quando ele encostou a testa mais uma vez a minha, nossas respirações pesadas se misturando, nossos narizes se tocando.

— Droga, Bella. Droga. — Ele sussurrou. — Como você pode fazer isso comigo?

Eu teria perguntado o que eu fazia com ele se Edward não tivesse me beijado mais uma vez e se levantado da cama.

— Durma bem, sim? — E se inclinou para me beijar na testa.

Com aqueles beijos ele não me precisaria nem pedir.


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Notas finais do capítulo

Minhas aulas começaram hoje e eu estou ~morrendo~ hahah. Comentem, sim? Ficarei muito feliz em responder e ler e babar nos reviews de vocês! Beijos! Posto o mais rápido possível!