She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 24
Capítulo 23 — Segunda chance.


Notas iniciais do capítulo

Eu estou sendo uma pessoa muito corajosa vindo postar esse capítulo, HAUSHAUSHAU e tô rindo de nervoso. Quero agradecer logo aqui em cima por todos que comentaram, eu nunca vou me esquecer do quão fofos vocês foram comigo. E... me desculpem pelas várias vezes em que eu demorei a postar. Juro que não foi de propósito. Vocês foram os melhores leitores desse mundo todo! E de todas as minhas fanfics também. SDF foi muito especial para mim, sabe. Foi a fanfic que mais me tocou e eu estou chorosa em ter que terminá-la.
Por favor, leiam as notas finais.
ps: Eu estou atualmente escrevendo uma fanfic depois de 5 meses sem escrever nada que prestasse, no entanto não sei se vou postar... Por enquanto, SDF é a última.
Beijossss *corações*



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Abril de 2013.

Edward.

Tinha uma arma no meu criado-mudo e foi a primeira coisa que eu pensei depois de puxar Bella para trás de mim, servindo de escudo humano para o caso de eles decidirem atirar. Mas eles não estavam querendo atirar. Pude sentir os dedos de Bella se apertando ao redor de meu braço enquanto um homem com o rosto coberto com uma máscara escura se aproximava. Eu sabia que era John, quase podia até perceber o seu sorriso por trás daquele pano grosso e escuro.

Ele me disse que a minha arma estava sem munição, ele mesmo tirara. Ou melhor, Tanya o fizera. A arma que eu usava no trabalho, por sua vez, estava longe demais, dentro do guarda-roupa que não estava ao alcance de minhas mãos. Quando Bella gritou ao ser levada para longe de mim, me senti a pessoa mais burra desse mundo. Eu não deveria tê-la metido nisso, pensei. Apenas quando escutei os gritos dela no outro cômodo que olhei para John, os olhos ardendo de raiva.

Era impossível lutar contra dez homens armados. Não que eles tivessem atirado, eles não queriam chamar atenção, eu presumia. Entretanto as coronhas de suas armas atingiam e doíam tanto quanto um tiro. A dor não me parou, eu não deixaria que fizessem nada com Bella, ela já tinha passado coisas demais e não merecia aquilo.

Eu que merecia. Não ela. Eu.

— Não a machuque. — Eu pedi.

— O que te faz achar que você tem o direito de pedir alguma coisa? — Era mesmo a voz daquele maldito. Eu estava certo.

Fiquei em silêncio, me sentindo prepotente como o inferno.

— Jeff se divertiu com ela. — John gargalhou. — Assim como fiz com você para convencê-lo a vir à Califórnia, o convenci a pegar a garota do Cullen naquele jogo. Sei que ela te contou sobre o ocorrido porque na segunda-feira seguinte o coitadinho apareceu com o rosto todo roxo. E não foi só por causa do soco que a sua namorada deu nele, não… Foi você quem fez. Agora os garotos vão se divertir um pouco também. Do jeito que Jeff não conseguiu fazer.

Ele parou de falar e eu tive a impressão que talvez ele estivesse franzindo as sobrancelhas loiras, juntando-as. Controlei minhas mãos que desejavam ir para o seu pescoço… talvez em segundos eu conseguisse apertar o suficiente para estrangulá-lo. Infortunadamente não era eu que estava com a arma.

— Eu prometi a ele que me vingaria. — John recomeçou a falar. — Ele infelizmente não está aqui para presenciar isso, mas sei que ele sabe que eu sempre cumpro minhas promessas.

Querendo ilustrar o que queria dizer, bateu com a coronha da arma em meu rosto.

Eu mal senti. Fazia um tempo que eu parara de sentir dor — provavelmente desde que meus ferimentos de bala recomeçaram a sangrar — e a pancada forte foi apenas um detalhe em minha mente distraída. Eu tinha mais coisas para me preocupar. Eu não conseguia mais escutar os gritos de Bella e por um momento eu temi que eles tivessem cessado para sempre. Ou talvez eles tivessem deixado que ela corresse para outro lugar.

A segunda opção era um tipo de conforto mental que eu sabia ser bobo. Eles não eram piedosos.

Eu fiquei apagado por um tempo por causa do éter que eles usaram para tentar conter os meus protestos que gritavam por Bella, tentando escutar algo de volta. Nada. Eu não recebi nada de volta e naquele momento, poucos segundos antes de minha mente ficar completamente inconsciente, fiquei apavorado ao perceber que ela estava morta. Bella, a minha Bella vívida ou a que queria se matar e tentara três vezes, estava morta. E a culpa era minha. Eu tinha colocado a sua cabeça na guilhotina. Eu a assassinara. E não fora indiretamente. Foi direta.

Recobrei meus sentidos num completo escuro e silêncio doentio. Um silêncio que doía nos ouvidos e em poucos segundos me deixaria louco. Pensei no quanto era irônico que meses antes Bella tivesse sido posta num lugar totalmente branco e silencioso. Ao contrário de onde eu estava. Talvez o branco fosse para significar a sua pureza. Em contrapartida, o preto significava o quão podre eu era. Ou sei lá. Eu não sabia de nada. Estava enlouquecendo.

Foi difícil me agarrar ao fio de racionalidade que dançava livremente por dentro de minha mente, mas o fiz com muito esforço. Concentrei-me na dor excruciante que sentia na parte esquerda de minha cabeça e a dor no braço e no ombro. E tinha também a formigação agonizante que sentia em minha perna. Segundos depois notei que a minha nuca estava doendo, eu não conseguia virar meu rosto para lugar algum e foram as coronhadas que causaram…

As coronhadas. Ah. Armas escuras sem silenciadores, cano curto. Calibre vinte e dois. E tinha também os homens que estavam todos mascarados e vestidos de preto… Perguntei-me como eu sequer os escutara entrar, então, ligando um ponto ao outro, me dei conta que talvez Tanya tivesse feito uma cópia da minha chave e os dera. Só de precaução… ou eles sempre souberam que eu iria querer sair? Talvez a minha insensibilidade com Tanya mostrasse bem o quão insatisfeito eu estava com a situação.

Tanya… Ah. Fazia sentido ela trabalhar junto com o Esquema. Ela era esposa do Tenente Foxyn e poderia fazer uma conversa casual se tornar em uma mina de informações, ela podia entrar no escritório dele quando ele estava dormindo. Ela podia saber tudo que quisesse. Eu me sentia idiota por nunca ter cogitado a ideia de que talvez eu não estivesse fazendo nada além de transar com Tanya Foxyn.

Talvez eu quem estivesse sendo vigiado e enganado com conversas bobas as quais eu sempre me esquivava porque eu detestava conversar com ela. Talvez eu estivesse apenas sendo um fantoche prestes a se rebelar por uma garota…

Bella. Bella. Lembrei-me dela com um tipo de pânico mudo. Foi a primeira vez que tentei mexer os meus braços para me mover, girando os meus pulsos nas amarras de cordas que estavam o ralando. O nó estava impossível de desfazer e o escuro piorava tudo. Mesmo assim tentei mexê-los, assim como os nós que prendiam as minhas pernas.

Bella. Perdoe-me. Eu não conseguia gritar. Eu não conseguia acreditar que ela tinha morrido por minha culpa, eu… eu…

Não consegui completar o meu pensamento, a repulsa instantânea me fazendo rejeitar a ideia de que ela estava morta em segundos. Bella não morreria desse jeito. Quando estávamos no Ensino Médio eu costumava imaginar que ela morreria com cem e tantos anos, dormindo numa manhã ensolarada.

É claro que não imaginava aquilo ainda, mas eu havia me acostumado com a ideia.

Não deveria ter saído de Seattle, eu nunca deveria tê-la deixado só para me livrar de Carlisle — o que já era patético o suficiente. Eu poderia tê-la pedido em casamento e então nos mudaríamos para uma casa onde estivéssemos sozinhos e eu me formaria na ADPS. Tudo estaria e ficaria perfeitamente bem. Nada disso estaria acontecendo.

Foi John quem me fez pensar em vir para Califórnia, eu detestei a ideia de início, mas aí ele me perguntou se era por causa de Bella. Eu não respondi, porque a resposta era positiva. Então, astutamente ele disse que era ridículo que tudo que eu fizesse fosse sujeitado a ela. Disse que eu parecia mais um cão-guia do que um homem. E foi assim que eu decidi que iria para a ADPSF. Era mais fácil e mais longe de Carlisle. E quanto a Bella… Bella ficaria bem e entenderia.

Eu fui um cão-guia de qualquer jeito. E, na verdade, eu nem me importava em o ser por Bella.

Fiquei no escuro e no silêncio absoluto por mais tempo do que os meus pensamentos permitiam. Eu tentei ficar pensando em coisas desnecessárias, mas às vezes o fio do pensamento simplesmente não se completava e eu me via em completo silêncio. Aquele, sem dúvida algum, era o pior tipo de tortura existente. Bella sabia disso. Toda vez que ficava com raiva de mim, punha-se em um silêncio exasperado que faria qualquer pessoa cair aos seus pés, pedindo desculpas.

O silêncio, dessa vez, era pior. Eu não conseguia me concentrar nas dores que eu sentia quando sabia que Bella estava morta. Se eu saísse vivo desse lugar, nunca mais conseguiria viver sem me culpar cada segundo por tudo que acontecera a ela. Logo ela! Bella era… ela não merecia aquelas coisas. Tudo que ela merecia era uma vida tranquila e sem preocupações… A qual eu faria tudo para dar-lhe.

Eu falhei nisso. Como poderia não o fazer? As circunstâncias em que nos encontrávamos nunca a permitiria ter uma vida tranquila. Eu nunca conseguiria dar isso a ela. E Bella… Bella não reclamaria, não iria embora ou qualquer outra coisa que eu esperava que ela fizesse. Às vezes o nível de altruísmo dentro dela me irritava. Eu queria que ela fosse mais egoísta para o seu próprio bem.

Mas agora não adiantava de mais nada… Ela estava… Não, eu me recusava a acreditar que ela estivesse morta. Não fazia sentido.

Pareceu ter demorado horas para que eu percebesse e escutasse passos caminhando em minha direção. Esperei que eles me matassem. Se eles não o fizessem e Bella estivesse morta, eu iria atrás de cada um — porque, sim, eu sabia os nomes dos filhos das putas — e os fariam pagar por cada maldita coisa que havia acontecido com a minha — minha garota.

Mas eu sabia que eles não correriam esse risco. Não me deixariam sair daqui, eles provavelmente me matariam ou me torturaria dia após dia para que eu servisse de exemplo para as pessoas que decidisse dar o fora do Esquema tão displicentemente como fiz.

Se eu estivesse em condições de gargalhar, eu o teria feito. Eu estava em um galpão abandonado e tinha uma luz fraca brilhando no alto dele. O típico cenário de filme de ação onde as pessoas normalmente levavam as outras quando queriam torturá-las ou se encontrar. É claro que eles não poderiam ser mais criativos que isso.

Eu não conseguia abrir direito o meu olho direito. Ele provavelmente estava inchado e vermelho por causa do murro covarde que John havia me dado antes de me apagar com o éter. Se eu não estivesse sendo segurado por mais dois homens mascarado ele veria o que era uma luta justa quando eu esmagasse sua cabeça com o meu pé.

— Espero que você não seja muito apegado a sua casa, Edward. — A voz dele era maldosa e sorridente.

Eu me sentia estúpido por um dia ter confiado nele.

— Porque ela está em chamas. E sua garota provavelmente também está.

Remexi-me na cadeira de ferro, tentando ao menos soltar minhas mãos das amarras grosseiras que a prendiam.

— Você não vai conseguir sair daí até que eu queira. Pare de tentar.

Ele me olhou, a luz refletindo somente em uma parte do seu rosto. Acho que nunca odiei tanto uma pessoa na minha vida quanto fiz naquele momento. John me causava repulsa. E não era um sentimento recente. Eu não gostava dele fazia um bom tempo — desde o Ensino Médio —, apenas o suportava porque tinha que o fazer.

Eu não falei nada, embora quisesse gritar para ele o quanto eu o odiava. Eu não conseguia falar nada devido ao pano firme que se passava por entre os meus lábios, prendendo-se atrás de minha cabeça com uma força desnecessária.

— Você ainda estaria em sua casa se não fosse por causa de Isabella, Edward. Ela é a culpada de tudo que isso que está acontecendo com você. — Ele disparou a falar.

Eu balancei o meu rosto, negando.

O único culpado daquilo era eu. Eu que havia saído de Seattle quando ela me oferecia opções ótimas, eu que havia aceitado entrar para o Esquema, eu que havia reatado o meu namoro com Bella como se não estivesse enrolado com “coisas pesadas”. Foi a minha culpa. Eu que fiz minhas próprias escolhas, não Bella.

— Nós poderíamos deixar você sair, afinal Isabella já foi morta e ela não atrapalhará nossos planos dizendo que vocês deviam fugir… Mas, infelizmente, você foi infectado. Sabemos que virá atrás de nós quando tiver a oportunidade. E não podemos nos arriscar a tanto. — Ele inclinou o rosto ridículo para o lado. — Se não fosse pela surra que você deu no Jeff, eu nunca saberia que você é vingativo.

E então, sem mais nem menos, jogou sua mão aberta no meu rosto. Não senti a dor da batida, achei que meu cérebro não podia mais registrar mais nenhuma diante todas as que eu ainda sentia. Mas o que eu senti de sua tapa foi apenas a parte direita de meu rosto queimando. Eu o olhei com o desafio e o ódio brilhando em meus olhos, o desafiando a tentar bater mais forte porque aquela sua tapa havia sido ridícula.

— John! — Escutei o Tenente Mason gritar, empurrando a pesada porta de ferro para o lado a fim de abri-la. — Seu maldito irresponsável!

John me olhou, os olhos pressionados de raiva e me deu as costas, caminhando para onde o Tenente Mason estava parado, os braços cruzados e um pé se mexendo impacientemente. Escutei a porta do galpão se fechando raivosamente e foi com desesperança que a luz se apagou mais uma vez, com uma lentidão dramática demais.

Eu estava com sede e, para piorar a situação, o galpão era abafado e quente como o inferno. Estava começando a desidratar e o meu estômago estava se revirando dolorosamente. De fome. Eu não tinha sequer ideia de quantas horas ou dias eu estava naquele lugar, mas a minha fome e sede diziam que fazia tempo o bastante para eu começar a pensar em como eu sairia daqui. Se eu sairia.

Não havia nada que eu pudesse fazer.

Fiquei no escuro pelo que pareceram ser novamente dias. A sede se sobrepondo a qualquer outra dor que eu sentia, o anseio que ela causava era terrível! Não era aquele tipo de sede que você sente após fazer uma longa corrida, era pior que isso. Era quase como a sensação sangrar e saber que estava perdendo mais sangue do que deveria. Era saber que, em breve, você estaria tão fraco que nem falar conseguiria.

O tempo era cruel. Ele fazia com que eu indagasse se eu estava muito perto de ter uma infecção nas feridas que ainda ardiam, fazia com que eu me perguntasse se demoraria muito mais para morrer de sede. E eu sabia que não faltava quase nada… Não que eu estivesse sendo dramático. Nada disso. Eu já tinha levado um tiro no estômago e durante o pouco tempo que eu havia passado no chão, a sensação fora bem melhor do que o que eu sentia naquele momento.

Fui acordado com um murro de soco inglês que bateu bem em meu maxilar. Foi impossível não sentir a dor.

— Você vai dizer sobre o Esquema para alguém? — O Tenente Mason estava à minha frente, os olhos injetados de raiva.

Sacudi o meu rosto de um lado para o outro, negando. Falar para alguém era uma coisa, ir atrás de cada filho da puta que fizera mal a Bella era outra completamente diferente. Caso eu saísse vivo desse galpão.

Ele bateu em meu rosto mais uma vez e eu não pude sequer cuspir o sangue que subira aos meus lábios.

— Você vai falar para alguém o que aconteceu aqui? — Ele gritava a plenos pulmões, as veias de seu pescoço se sobressaindo.

Eu falaria, gritaria se ele quisesse que eu não ia falar aquela droga para ninguém, se eu não estivesse com uma amarra cobrindo a minha boca e me impedindo de falar.

— Quando a polícia perguntar o que aconteceu você vai dizer que foi um grupo de bandidos que entrou em sua casa e lhe sequestrou a fim de saber informações secretas da ADPSF, entendeu? Se você falar alguma coisa para eles que dê a entender que está falando sobre nós, eu mesmo vou atrás de você e de Isabella Swan. E espero que você saiba que eu tenho uma mira perfeita.

Ele deve ter percebido as perguntas que os meus olhos perguntava e explicou:

— Depois de dar veneno para a sua namoradinha, nós a trancamos dentro de um quarto em chamas. Mas mesmo assim ela continua viva! — Kevin Mason parecia extremamente exasperado com a situação. — Não sabemos como e quem a tirou daquela droga. O que sabemos é que ela está respirando em um hospital. Se ela acordar e souber que você está morto, vai abrir a boca e falar o que sabe. Nós não podemos entrar no quarto dela para matá-la de uma vez, tem policiais por todo o canto e seria arriscado demais. E nós não iremos correr esse risco por causa de você.

O Tenente Mason soltou o soco inglês de sua luva e o deixou no chão.

— Sr. Cullen, não iremos ser mais displicentes assim da próxima vez, então, se eu fosse você, tomaria cuidado com o que fala por aí.

O FBI chegou uma hora depois, apontando armas com lasers para todo o lado, procurando pessoas escondidas no escuro do galpão. Mas só tinha eu em uma situação prepotente: Amarrado e amordaçado a uma cadeira, o rosto todo machucado. Quando me carregaram para fora, em uma maca, eles isolaram o local como sendo prova de crime. E eu realmente quis dizer que eles não encontrariam sequer um fio de cabelo naquele lugar, John e o Tenente usavam toucas, e o único sangue presente lá era o meu.

Alguém me deu água ao perceber os sinais de desidratação e me informou que eu passara dois dias dentro daquele lugar. Dois dias. Pareciam meses…

— E Bella? — Eu perguntei.

— Eu infelizmente não sei nada sobre a Srta. Swan. Sinto muito. — A Enfermeira falou.

Eu não precisava ficar internado, insisti que estava bem e que só sentia fome, mas logo resolveria isso. Não antes de ir ver a minha garota, é claro. Assim que fui levado para dentro do hospital, ainda na maca humilhante, os repórteres avançaram, perguntando o que tinha acontecido, tirando fotos, gritando ao perguntar se eu estava bem. Bom, eu não estou morto, não é? Eu teria respondido se pudesse mexer ao menos meu pescoço imobilizado.

— Onde está Bella? — Eu perguntei quando Carlisle entrou pela porta do quarto hospitalar.

— Está no andar de cima, Edward. — Ele disse pacientemente. — Como você está?

— Vou sobreviver. E Bella? Ela está bem?

Ele suspirou.

— A Bella foi envenenada. — Ele olhou para baixo. — Aspirou muita fumaça também.

— O quê?

— Ela vomitou boa parte do veneno que lhe foi dado, mas uma parte ainda permaneceu em seu corpo. Junto com a fumaça, prejudicou os pulmões, o fígado… — Carlisle franziu o cenho. — Bella vai ficar bem, tendo em vista tudo o que poderia ter acontecido. — Ele concluiu. — O que foi que aconteceu com você?

Fechei meus olhos brevemente, respirando fundo. Eu não via sentido nenhum na história que o Tenente Mason inventara, mas a falei mesmo assim:

— Uns… bandidos queriam saber informações confidenciais da ADPSF. — Murmurei.

— E você falou?

É, eu falei?

Não. — Eu disse, tombando a minha cabeça nos travesseiros. — E eles não puderam me perguntar por muito mais tempo porque escutaram que o FBI estava chegando.

— E você aguentou por dois dias? — Tinha algo incrédulo em sua voz que me exasperou.

— Sim. — Respondi e dei por terminada a conversa.

Eu fui liberado no dia seguinte e Bella ainda não tinha acordado pelo que Esme me falou com os olhos marejados baixos para suas mãos. Alice não saía do lado da minha garota desde que ela chegara aqui e ela estava chorando tanto que a minha preocupação só fez aumentar quando entrei no quarto onde Bella estava.

Minha irmã desviou os olhos avermelhados para mim e em um rompante se levantou da poltrona onde observava Bella e se jogou em meus braços, abraçando-me com força e desesperadamente. Eu a abracei de volta com calma, passando minha mão em seu cabelo e a dizendo para chorar mais baixo porque estávamos num hospital. Alice negou com o rosto, recusando-se e soltou um soluço contra o meu peito.

— Alice, se acalme. — Sussurrei. — O que aconteceu?

Ela desviou os olhos marejados dos meus quando eu a peguei pelos ombros.

— Alice! — Eu chamei a sua atenção para mim.

— Eu pensei… Eu pensei que você estivesse morto. — Soluçou. — Eu pensei em como eu contaria para a Bella… como ela ficaria arrasada.

— Eu não estou morto, tudo bem? — Forcei-me a soltar um sorriso em sua direção. — Quando Bella acordar, eu estarei aqui.

— Eu sei… eu… eu… Só não aguento mais perder pessoas.

— Ah, Alice, às vezes você deveria ser menos sentimental. — Beijei a sua testa. — Obrigada por olhar a Bella enquanto eu estava fora.

Ela assentiu e limpou o rosto, sorrindo nervosamente.

— A médica disse que talvez ela se acordasse ainda hoje. — Alice falou, esticando a mão para tocar o cabelo de sua amiga. — Ela disse que ela só estava dormindo tanto como um modo de defesa…

Eu balancei o meu rosto positivamente e peguei uma mão de Bella entre as minhas.

— Ela não merecia nada disso. — Falei, esquecendo-me da presença de Alice ao meu lado.

— Nem você. — Ela retrucou, seus olhos curiosos disparando para o meu rosto. Alice sempre foi boa para perceber quando eu estava ocultando ou até mesmo mentindo sobre alguma coisa.

Daquela vez, porém, eu não cederia ao seu olhar inquisitivo. Como uma resposta simplória, eu apenas assenti e desviei meus olhos para Bella. A minha garota ainda ressonava com uma tranquilidade que causaria inveja em qualquer pessoa e o seu rosto estava corado, não pálido como eu imaginava que estaria. Parecia estar somente em um sono comum, o cabelo emoldurando o seu rosto.

Eu queria que ela se acordasse logo, queria saber como ela se sentia, o que eles tinham feito com ela e, principalmente, queria saber quem havia sido a pessoa bondosa que a havia tirado do quarto em chamas. Ou talvez, se ela não quisesse falar nada, queria apenas ver os seus olhos azuis abertos, vívidos. Não sorridentes, eu sabia que eles não estariam. Só queria vê-los. Só assim eu ficaria mais tranquilo.

Alice voltou para o hotel onde estava hospedada com a promessa que voltaria assim que cuidasse de Jasper que continuava doente. Falei a ela para dormir um pouco também, eu cuidaria de Bella em tempo integral e, claro, ela me fez prometer ligar para ela quando Bella acordasse. Queria estar aqui para consolar a sua amiga e protegê-la — ela parou nesse momento, respirando fundo — de qualquer trauma.

Esme estava com o rosto inchado e vermelho quando entrou no quarto e eu imediatamente soube o motivo de sua demora. Ela não era tão controlada assim e não queria que eu visse suas lágrimas. De qualquer jeito, o seu esforço foi em vão. Ela se debulhou em lágrimas pesadas e abundantes na minha frente, pedindo desculpas por aquilo com a voz rouca e que mal se era escutada.

Ignorei suas lágrimas ao abraçá-la.

— Eu estou bem, mãe. Eu estou bem mesmo. Disse para ela, tentando fazer com que seus soluços parassem.

— Nunca quis — Ela arfou, recuperando o ar que os soluços a roubavam. — que você viesse para Califórnia. Nunca quis que você fosse um Agente Especial ou até mesmo um Policial.

— Eu sei. — Murmurei. — Mas eu estou bem, sim? Vai ficar tudo bem, eu vou para Seattle e tudo vai se resolver.

Ela se permitiu ser consolada e convencida e depois, quando se afastou, limpou o rosto com as mãos e respirou fundo, desviando os olhos para Bella que continuava adormecida na cama hospitalar.

— Os jornalistas e a polícia estão loucos para falarem com você e com a Bella. — Murmurou e se aproximou de Bella, tocando levemente o cabelo escuro dela. — Sabe, às vezes sinto falta de quando ela tinha mechas rosa e vocês tinham começado a namorar. Ela estava tão envergonhada, você lembra?

— Eu lembro. Claro que lembro. — Eu sorri.

— Era tudo tão certo e leve… — Seus dedos deslizaram pelo rosto de Bella. Esme piscou, afastando as lágrimas. — Eu ainda tinha você, Edward. E eu sinto tanta falta disso, tanta falta que às vezes penso em pedir divórcio só para dizer que escolhi você.

— Foi injusto de minha parte pedir para você escolher. — Murmurei, enfiando minhas mãos dentro dos bolsos de minha calça. — Não quero mais que faça isso. Sei que está feliz com Carlisle.

— Você nunca vai chamá-lo de “pai” novamente, não é? — Perguntou, olhando-me com os olhos verdes marejados.

Eu suspirei, hesitando e ponderando. Então disse:

— Sinto muito, mãe. Eu não consigo.

Esme balançou o rosto em concordância e se inclinou para beijar a testa de Bella brevemente. Ela saiu do quarto dizendo que ligaria para o Detetive e diria que eu só falaria quando Bella se acordasse e estivesse bem. Mais uma vez, fiquei espantado com o quanto ela me conhecia. Era exatamente o que eu diria a eles se tivesse oportunidade. Só falaria quando Bella acordasse.

Não demorou muito para que isso viesse a acontecer. Eu estava dormindo, mas incrivelmente desperto quando escutei o gemido dolorido dela e abri meus olhos de imediato, adaptando-os a escuridão em que o quarto se encontrava. Seus olhos, no entanto, brilhavam de lágrimas quando ela os desviou para mim.

Eu fiquei onde estava, guiado por seus olhos assustados que desviavam-se de mim para a janela e o banheiro. Seu queixo tremeu quando ela me olhou mais uma vez, os olhos cinzentos devido à escuridão me olhando com lágrimas já nas bordas dele. Eu sabia que tinha umas partes de meu rosto que estavam machucadas e avermelhadas, mas não estava tão ruim agora que tudo estava limpo. Esperei que ela não tivesse ficado assustada com aquilo.

Tudo que eu queria era acabar com aquela distância enorme nós, abraçá-la e pedir desculpas por tudo que a havia acontecido. Por minha culpa.

— Em que… — Ela pigarreou, a voz saindo rouca mesmo depois de ela ter o feito: — Em que ano nós estamos?

Franzindo o cenho, eu me levantei da poltrona e me aproximei de sua cama, tocando o seu rosto com a ponta de meus dedos. Quando ela se inclinou na direção deles, espalmei toda a mão em sua bochecha com mais confiança.

— Estamos em dois mil e treze, meu amor.

— Ah. — Ela fechou os olhos.

— Por quê? Em que ano você achava que estávamos? — Perguntei.

Ela engoliu em seco, as lágrimas deslizando por seu rosto.

— Dois mil e nove. — Sussurrou ela. — Pensei que estivéssemos em Seattle e eu tivesse me acordado depois de perder o bebê… Desculpe-me, Edward.

— Você não tem nada que se desculpar. — Disse levemente e me sentei na beirada da cama hospitalar, movendo minha mão até estar na lateral de seu pescoço fino. — Mas me diga… Como você está? Se sente bem? Consegue se lembrar do que… aconteceu?

Bella assentiu.

— Agora consigo. — Murmurou. — Eu pensei que eles iriam matar você. — Choramingou.

Puxei-a para os meus braços, abraçando-a com uma força calculada. Embora eu quisesse a apertar com muita mais força, não podia. Sabia que ela ainda estava em fase de recuperação. Encostei, por fim, minha testa em seu ombro, sentindo seus dedos se perderem por dentro de meu cabelo. Eu sentira tanta falta dela que não sentia vontade alguma de afastar-me dela.

— Eles iriam se não fossem por você. — Disse eu baixinho. — Você ter sobrevivido não estava nos planos deles e eles acharam que me matar era arriscado uma vez que você diria tudo para os jornais.

— Eu amo você. — Sussurrou ela. — Nunca poderia ter morrido sem dizer isso.

Mas ela o fez.

Ela nunca saiu daquele quarto em chamas, a porta estava trancada e mesmo que ela se jogasse contra ela com toda força que conseguia, não abriu. Nunca abriria. As janelas tinham grades, seus pulmões se encheram de fumaça antes mesmo que ela pudesse gritar por socorro. Bella estava fraca do veneno, ninguém a escutou gritar ou foi a socorrer a tempo.

John não errou em nada. O Esquema nunca erra duas vezes, nunca dá segundas chances e eu deveria saber disso. Eles não deixam a pessoa simplesmente sair. Ou fica ou morre. Eu morri porque eles sabiam que eu tinha de morrer para serem deixados em paz — e esta eles nunca teriam se me deixassem viver livremente por aí, sabendo tudo que sei. Eu estava conformado, se Bella também tinha ido, eu também o faria. Não reclamaria.

Mas eu quero dizer que ela nunca mereceu aquilo. Ninguém nunca merecia os golpes dolorosos da vida.

E eu sabia disso:

— Por favor! — Eu gritei a pleno pulmões, ainda no galpão. — Por favor, não a matem! Por favor.

Eu nunca tinha merecido Isabella Swan, deveria ter me afastado assim que percebi que tudo dizia que ela era demais para mim. Ou eu simplesmente resolveria aquele problema ficando com Bella quando ela me pediu pra o fazer. Tantas ótimas opções… e eu as desperdicei sem dó nem piedade. E foi assim que eles nos mataram também: Sem dó ou piedade.

— Ela já está morta, Edward. Se conforme. — Ele me disse.

Do outro quarto — que era onde eu reposicionara a escuta —, eu podia escutar os gritos de Bella se esvanecendo. Eles os reproduziram para que eu a escutasse implorar para sair daquele lugar, eles me fizeram escutar tudo. E pararam quando não se pôde escutar mais grito algum na casa e tudo que se podia ouvir eram os alicerces caindo, se curvando ao fogo.

Mas, eu percebi depois e novamente no escuro, eu era pior que eles. Eu colocara uma pessoa inocente numa guerra que não era dela, colocara-lhe mesmo sabendo que ela corria riscos. Eu reclamava do altruísmo de Bella porque o invejava. Eu nunca seria altruísta como ela foi, eu sempre seria uma pessoa egoísta e sem coração. Eu fechei os olhos para os problemas porque era melhor apreciar Bella, era mais formoso e calmo e sorridente. Tudo que eu desejei ver por inteiros quatro anos.

Não se podia adiar uma tempestade. Eu soube disso tarde demais.

Sozinho, eu pedi perdão a Bella por tudo que a havia feito passar. Por tudo que eu a havia feito sofrer. E citei tudo também: Ir embora de Seattle, nunca atender as ligações desesperadas de Alice, nunca ler suas cartas, não ter a protegido como deveria o fazer, ter sido imprudente ao contá-la sobre a besteira em que estava metido, não ter sido paciente no início para saber o que havia acontecido com ela. E tantas outras coisas.

Eu só havia errado com Isabella Swan. Não esperava que ela me perdoasse, era tarde demais para isso. Eu fui uma praga que apareceu na vida dela, uma praga que só a fez afundar em direção a morte.

Mas a vida não era justa de verdade, era? Eu não achava. Bella era e sempre foi uma ótima garota e merecia uma vida decente. Uma vida feliz. Não comigo — eu não merecia, sabia e tinha consciência disso —, com outra pessoa que pensasse duas vezes antes de tomar qualquer decisão.

Eles me mantiveram vivo só até sair o exame de autópsia dela. Eles quase sabiam que tinha como piorar a minha situação. Bella estava grávida quando morreu. De três semanas. O bebê nem completamente formado estava ainda! Mas tinha alguma coisa lá. Meu material genético junto com o de Bella que formaria o bebê. Uma nova chance para nós dois e o bebê que já tínhamos perdido antes.

Eu morri quando soube daquilo. Morri ainda mais quando soube que Bella havia tentado se matar cm a arma que eu escondia dentro do guarda-roupa. E só tinha impressão digital dela. Ela tentara atirar em si própria por saber que não sairia do quarto em chamas, por saber que ninguém invadiria o quarto e a tiraria dali. Porque, naquela hora, eu não iria quebrar a porta para lhe salvar. Eu não poderia ou conseguiria. Não era o bastante.

O Esquema tirava tudo que via pela sua frente. Tirava coisas que você nem sabia que possuía.

Fechei meus olhos com força, impedindo que eles ardessem.

Na minha mente, quando ela fala que me ama, eu sorrio e a beijo, fechando meus olhos com força para tentar gravar a umidade e a textura de seus lábios nos meus. Eu a abraço, beijo sua testa e sorrio mais uma vez, observando os seus lábios se abrirem em um sorriso hesitante. O meu sorriso e a minha garota. A ilusão é tão perfeita que pode ser realidade se eu quiser.

E eu quero. Quero muito.

— Eu amo você também. — Sussurro. — Me desculpe por tudo.

— Eu só queria ficar com você, Edward. Tudo isso valeu a pena.

Só por aquele sorriso eu sei que ficaremos bem. Independente do que aconteça.

Independente das várias marcas que teremos que carregar pelo resto da vida.


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Notas finais do capítulo

EU SEI, NÃO ME ODEIEM. E SE VOCÊ NÃO LEU O CAPÍTULO AINDA E PULOU PARA AS NOTAS FINAIS, VOLTE E VÁ LER.
...
...
Gente, eu sei. Quando eu estava escrevendo esse capítulo, eu já tinha tudo pronto em minha mente, mas a fanfic ME IMPLOROU pra terminar desse jeito. Eu li o capítulo umas mil vezes e sei que o final ficou parcialmente aberto (no princípio, eu planejava fazer uma coisa bem fechada mesmo, sem espaços para divagações, mas foi isso que acabou saindo). Eu sei que tem gente aí que nem vai ler isso, sei que tem gente que vai ler e vai estar se queimando de raiva e vai comentar o quanto me odeia e o quanto o capítulo ficou uma bosta, mas EU não achei. E eu sei, compreendo vocês e a raiva, mas vejam bem: essa é a vida. O Edward não foi precavido e acabou desse jeito. Mas, para mim, eles estão vivinhos da silva. Cada um escolhe no que quer acreditar, o final deixou espaço para isso.
Seguinte: ainda tem o epílogo que vai servir como um "final alternativo" e, se vocês ainda quiserem, postarei em breve.
Por favor, não me odeiem. Por favor, comentem e sejam gentis. Se forem fazer críticas, que essas sejam construtivas e não somente baseada no quão furiosos vocês vão estar.
Prometo que no Epílogo teremos algo bonitinho e Beward sentados, felizes...
Beijos e, dependendo, até a próxima! Amo vcs e esses meses postando foram uns dos melhores *corações*