She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 15
Capítulo 14 — Nova demais.


Notas iniciais do capítulo

OI, GENTE LINDA, SEI QUE DEMOREI, mas eu tenho explicações bem convincentes, ok? Eu estava em semana de prova e fiquei totalmente sem tempo para postar... mas hoje eu vim postar com muita alegria e amor *corações*. ALGUÉM ME FALA QUE PERFEIÇÃO FOI AQUELA NO CAPÍTULO ANTERIOR? Fiquei muito feliz com os comentários que vocês mandaram! Vocês não imaginam o quanto!! É sério, estou muito >in love< Só tenho que agradecer a todas as lindas que comentaram! E eu até recebi uma recomendação (!!!!!!!!!!). Obrigada, Zoey! Obrigada mesmo!!
Enfim, esse capítulo tem a participação superespecial do Charlie!! Se passa em 2004 e, fora o final, é bem despreocupante.
Vou postar o próximo capítulo, dependendo dos comentários, na sexta e nele descobriremos a resposta para várias perguntas.
obs: Esse capítulo se passa antes da morte de Charlie, antes de Bella ir para São Francisco e ela tem 12 anos, sim?.



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Junho de 2004.

Bella.

— Pai — Eu implorei, lançando-me o meu melhor olhar de cachorro abandonado enquanto me sentava a sua frente na mesa. Ele deixou o jornal de lado, olhando-me com curiosidade. —, seja gentil com Edward. Por favor.

— Ele não foi gentil comigo ao pedir em namoro a minha única filha! — Ele disse, inclinando o rosto para o lado. — Não vou ser piedoso com aquele garotinho que pensa que…

— Não estamos namorando. — Eu menti de imediato, escondendo minhas mãos embaixo da mesa para poder apertá-las ansiosamente.

Meu pai ergueu as sobrancelhas grossas e escuras, formando rugas em sua testa.

— Ah, não? — Ele sorriu com sarcasmo.

Eu conhecia meu pai. Ele me conhecia. Ambos nos conhecíamos. Ele sabia quando ele estava com raiva e vice-versa. Desde que nasci, fomos muito ligados e, até os dez anos, eu pensei que era a única pessoa quem ele cativava — até me sentia possessiva sobre ele —, mas ao chegar um amigo dele aqui em casa, junto com uma filha, eu percebi que a gentileza dele era pública. Não exclusiva. Lauren, a garotinha ruiva que chegou invadindo a minha casa com suas tranças e sorriso largo, o chamava de titio e o considerava um segundo pai.

Fiquei possessa nesse dia, é claro. Choraminguei por várias horas que eles não tinham nenhum parentesco, portanto aquela garota era uma tola. Charlie apenas passou pela porta do quarto onde eu estava chorando nos braços da minha mãe, espiou a cena e sorriu ao me dizer que o meu ciúme ainda me mataria. E, sabe, aquilo não era coisa que se dissesse para uma criança de dez anos! Fiquei arrasada.

— Ele vai vim para pedir permissão.

— Mesmo? E onde estão as suas mãos? — Meu pai sabia que eu apertava minhas mãos quando eu estava mentindo, deduzindo que, ao escondê-las embaixo da mesa, eu estava tentando apagar a evidência de mentira.

Eu corei. Charlie riu.

— Eu sempre achei essa sua amizade com o garoto dos Cullen promissora demais. Quando você era menor eu torcia para que Carlisle arrumasse algum trabalho em outro estado, então ele não estaria aqui quando você crescesse.

— Pai. — Eu o censurei envergonhadamente, colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha direita.

— Minhas esperanças se provaram falhas, afinal. — Meu pai soltou um longo e teatral suspiro. — Ele está aqui e agora vocês estão… prestes a namorar. — Ele entortou o rosto em uma careta de desaprovação.

Eu assenti, acanhada demais para pensar em algo para falar.

— Quantos anos ele tem? — Ele perguntou.

— Treze. — Dali a alguns dias ele faria catorze, mas preferi deixar aquele detalhe de lado.

Era incrível a possibilidade que tínhamos de achar que, aos doze anos, sabíamos de tudo, porque, sim, era o que eu achava naquele momento. Eu me achava completamente coerente e madura, capaz de ter um namoro duradouro que acabaria em um lindo casamento. Só em achar que o meu primeiro namorado seria meu marido comprovava a minha imaturidade a qual se baseava em todos os filmes ilusórios que eu costumava assistir e suspirar, apaixonada pela ideia de um dia viver um romance daqueles.

— Ah, treze! Papai exclamou, sua voz assumindo um tom de uma falsa contemplação. — Quando eu tinha treze anos eu não saía por aí pedindo em namoro a filha única de um pai.

— Não seja mentiroso, Charlie. — A voz de mamãe me fez virar o rosto para o lado, abruptamente, enquanto um sorriso assaltava meu rosto por não ter de responder. — Você sempre foi um conquistador, sua mãe me disse muito bem.

— Não destrua minha moral, querida.

Minha mãe revirou os olhos azuis em sua direção, ganhando um sorriso confidente de Charlie e um beijo carinhoso no pulso. Essa era uma daquelas várias horas em que eu me tornava uma observadora invisível — para eles — e notava que, se um dia eu fosse amada daquele jeito, a minha vida já alcançaria vários níveis da perfeição.

Edward chegou exatamente às dez e meia da manhã e, assim que a campainha suave da minha casa tocou, empurrei a cadeira em que me sentava para trás e saí em disparada até a sala, abrindo a porta com uma animação nada discreta. Eu tinha quase certeza que o sorriso que brotou em meus lábios tomava conta da metade de meu rosto de tão largo que era, no entanto, eu não me parei ou fiquei envergonhada por demonstrar tanta afeição.

Aquele era um dos melhores dias da minha vida! Aquela felicidade nunca iria embora.

Edward tentara pentear o cabelo para trás e tentara se mostrar responsável ao vestir uma camisa polo azul escura e uma calça jeans preta. Estava lindo, é claro, ele sempre estava, entretanto eu não pude conter a risada de escárnio que saiu de minha garganta quando olhei mais uma vez para o seu cabelo.

— Está horrível, eu sei.

— Não está tão mal. — Murmurei e não esperei nem um segundo a mais para me jogar em seus braços que se abriram assim que ele percebeu a minha intenção.

Edward me apertou em seus braços por uns vinte segundos e depois pegou meu rosto em suas mãos para beijar a minha testa.

— Devo temer o seu pai ter uma arma? — Ele perguntou para mim aos sussurros.

— Sim. Mas eu não vou o deixar atirar em você.

— Estou aliviado por isso.

Ele não pode mais hesitar quando escutamos o pigarro nada discreto de Charlie. Antes mesmo de me virar, minhas bochechas esquentaram furiosamente, eu detestava aquele ritual de apresentação de namorado, achava completamente desnecessário e arcaico que eu tivesse que trazer Edward a minha casa para que ele pedisse permissão. Tudo aquilo só servia para me deixar com as bochechas coradas.

— Edward, querido! — Minha mãe o cumprimentou gentilmente, abrindo os braços para abraçá-lo.

Charlie, por sua vez, cruzou os braços fortemente, não tirando os olhos de Edward.

— Pai. — Eu sibilei, arregalando meus olhos.

Ele me ignorou, olhando severamente para Edward quando ele parou à sua frente, hesitando e logo pigarreando com desconforto.

— Sr. Swan.

— Edward. — Aquilo era tão constrangedor! Eu não sabia o porquê de meu pai precisar ser tão grosseiro com ele.

Se eu bem me lembrava, toda vez que Esme nos convidava para um almoço em sua casa, papai era sempre agradável com Edward, bagunçando o seu cabelo e dizendo que ele seria um grande garoto quando crescesse. Agora, nada tinha mudado. Só havíamos elevado a amizade para um namoro. E somente. Edward continuava o mesmo garoto de antes.

— Mãe. — Eu implorei a ela, sibilando.

Ela se compadeceu de meu desespero com um sorriso simplório em seus lábios rosados.

— Por que não vamos assistir algo? Charlie locou um filme ótimo.

— Sim, isso é ótimo! — Eu exclamei.

Puxei Edward pelo braço para a sala de imediato, controlando o calor em minhas bochechas. Ele se sentou ao meu lado no sofá e, quando eu virei meu rosto para ele, prestes a pedir desculpas pela grosseria de Charlie, meu pai parou a nossa frente, pigarreando mais uma vez — eu estava quase lhe perguntando se ele estava com algum problema na garganta — e cruzando os braços.

— Você se senta ali, Bella. — Ele apontou para o lado oposto do sofá.

— Mas…

— Charlie. — Mamãe veio novamente ao meu socorro. — Deixe Bella se sentar onde ela quiser, você pode conversar com Edward sem estar ao lado dele.

Eu suspirei de alívio.

— Me desculpe. — Sussurrei para Edward quando tive a mínima oportunidade.

Ele sorriu.

— Eu não sabia que o Chefe Swan poderia ser tão medonho como ele está se mostrando. — Ele disse de volta, falando baixo o bastante para que os ouvidos atentos de meu pai não escutassem. — Mas o que eu não faço por você?

— Papai só está com… ciúmes.

— É um ciúme bem agressivo o dele. — Edward comentou.

Eu sorri discretamente.

Renée se sentou ao lado de Charlie e passou um braço por seu ombro, sussurrando algo que eu não consegui e nem queria escutar.

— Então, Edward — Renée começou, calma e gentilmente. — quais são suas intenções com a minha garota?

— As melhores possíveis.

Charlie soltou um muxoxo com a resposta e eu sorri bobamente, segurando a mão de Edward.

— É bom que sejam mesmo.

Minha mãe sorriu com doçura na direção de Edward, o confortando.

— Isso tudo é ciúme. Sabe como é… quer proteger a cria.

Edward sorriu torta e compreensivamente. Meu pai não se defendeu, ao contrário disso: Ele ignorou e cravou os olhos na televisão que reproduzia o filme não muito promissor que Charlie tinha locado um dia antes. Era sobre a história de um cachorro que havia se perdido de sua família humana durante uma viagem… O filme em si não era muito empolgante e talvez tenha sido por aquele motivo que Charlie não parou de ditar regras durante ele.

Eu não podia, em hipótese alguma, quando fosse para a casa de Edward, passar da escada. Usaria o banheiro que tinha no térreo, nada de subir para os quartos. O horário máximo, em dias de semana, que eu podia ficar com ele, depois da escola, era até às cinco da tarde — três horas eram o bastante, Charlie disse, tendo em vista que largávamos às duas. Em finais de semana, eu podia passar o dia todo na casa dele se Esme ou Carlisle estivesse supervisionando. Se eles não estivessem em casa, a minha ida para lá era totalmente vetada.

— Eu vou cuidar da Bella, Sra. Swan. — Edward prometeu quando já estava indo para casa.

— Sei que fará isso. — Mamãe o disse, sorrindo. — Você é um bom garoto, Bella não poderia namorar alguém melhor.

— Além de cuidar, você também a respeitará. — Charlie declarou, firmemente.

Corei, desviando meus olhos para a sala que parecia o lugar mais interessante do mundo para estar. Meu pai sempre arranjava um modo de me deixar sem graça com suas ordens nada pertinentes.

— Sem dúvida alguma. — Edward confirmou.

Acompanhei-o até a porta quando declarou que tinha de ir para casa. Eu choraminguei discretamente, aborrecida por ter de me despedir tão rápido assim dele. Eu não percebi naquela hora, mas ali estava mais uma prova da minha imaturidade: A afeição intensa demais, egoísta ao deixar o afeiçoado ir. A afeição madura era mais discreta, sentia falta, é claro que sentia, no entanto se conformava com a ideia que em breve voltaria a vê-lo.

Eu ergui meu rosto para ele, desejosa por um beijo nos lábios. Edward, em uma resposta simplória demais, deixou um beijo em minha testa — o milésimo no dia, eu lembrava com impaciência.

— O Chefe Swan está nos observando. — Sussurrou ele para mim.

Eu suspirei pesarosamente.

— Amanhã nos veremos. — Ele prometeu. — Tenho que te apresentar a minha mãe também.

Soltei uma gargalhada. Pelo menos eu sabia que Esme não iria ser tão dura quanto Charlie foi com Edward.

— Tudo bem. — Acariciei o seu couro cabeludo e beijei a sua bochecha. — Amanhã nos vemos.

Assim que voltei para dentro de minha casa, agradeci aos meus pais — mesmo que Charlie, em especial, não merecesse — por ter aprovado meu namoro com Edward, era tudo que eu queria. Meu pai, sem perder a oportunidade de ser rabugento, disse que namoraríamos escondidos caso eles não deixassem, então eu não os havia dado escolha. Pela milésima vez no dia, Renée riu ao lhe repreender.

Beijei a bochecha de ambos antes de subir para o meu quarto, agitada demais para dormir. A espera não se mostrou longa demais, logo o dia estava amanhecendo novamente e eu andava de um lado para o outro sem saber o que vestir ou o que fazer em meu cabelo. Minha mãe logo se apiedou de meu alvoroço, batendo e entrando discretamente pela porta de meu quarto que estava mais que bagunçado, roupas espalhadas por todos os lugares.

— Edward gosta de você com o cabelo bonito ou não, minha querida. — Mamãe disse, sentando-se em minha cama pacificamente, observando-me entrar e sair do closet.

Nenhuma maldita roupa estava boa! A frustração era tão densa e real que eu quase comecei a sentir meus olhos marejarem da mais pura raiva. A minha mente já havia aceitado o fato de eu não ter nada para vestir e, toda vez que alguma roupa não me agradava, eu me perguntava o porquê de eu continuar tentando.

— Eu sei, mas eu não vou parecendo uma mendiga. — Retruquei.

Deixei-me cair perto da parede, enfiando a mão dentro de meu cabelo úmido e suspirando colericamente.

— Não tem nada! — Exclamei, exasperada. — Vou ligar para Edward e dizer que eu não vou poder…

— Sabe, o jeito que o Edward te olha me parece bastante com o jeito que Charlie me olhava quando começando a namorar. — Divagou mamãe, finalmente chamando a minha atenção para ela.

— Sério? — Eu indaguei, sorrindo.

— Sim. — Ela me olhou, abrindo um sorriso simplório em seus lábios. — Na verdade, faz um tempo que eu percebo que ele olha para você de um jeito diferente. Como se fosse fazer tudo que você quisesse, como se te reverenciasse… — Minha mãe abaixou os olhos para as mãos. — Eu acho você nova demais para namorar, mas talvez todas as mães achem isso por não quererem perder seus únicos bebês cedo demais…

— Mãe, eu continuo aqui. — Lembrei-a.

— Eu sei, mas não é a mesma coisa. Você está namorando!

Depois de se lamentar por estar começando a perder o seu bebê — eu, no caso — cedo demais, ela me ajudou a procurar uma roupa decente para eu vestir. Ela disse, enquanto me passava uma blusa cinza rendada e de mangas compridas, que ela só me perderia completamente quando eu resolvesse me casar — o que demoraria tempo o bastante para ela se acostumar com a ideia. Eu apenas balancei meu rosto, envergonhada.

Acabei colocando a tal da blusa cinza que ela me passou junto com um casaco preto que tinha os zíperes prateados e, claro, uma calça jeans porque o clima terrivelmente frio de Seattle impossibilitava o uso de saias ou vestidos. Mamãe também me ajudou a arrumar meu cabelo, fazendo o famoso penteado que consistia em pegar duas mechas dos dois lados de meu cabelo e prendê-las para trás em uma trança. Ela também pegou algumas maquiagens suas em seu quarto e fez a gentileza de me ajudar a passar algumas já que o máximo que eu já usei foi um batom.

Eu estava colocando a minha calça jeans quando Edward chegou. É claro que eu surtei um pouco quando notei que estava atrasada e que, provavelmente, ele estava enfrentando a segunda fúria de Charlie Swan, o Impiedoso.

Se você sequer levá-la para o seu quarto, eu vou saber, escutou? Escutei meu pai falar. — Não me importa para o que seja.

— Sim, Sr. Swan.

— Edward! — Exclamei assim que parei na entrada da sala.

Eu sorri. Ele estava lindo! Finalmente deixara os cabelos criarem vida própria e usava uma camisa polo junto com uma calça jeans de lavagem tradicional. Estava mais lindo que nunca. A percepção foi demais para mim: Joguei-me em seus braços antes mesmo de lembrar que Charlie, o Impiedoso, estava nos observando.

Só foi um abraço, mas meu pai agiu como se eu tivesse tirando a roupa dele — o pensamento fez minhas bochechas corarem violentamente.

— O que foi que eu falei sobre contato físico? — Meu pai indagou severamente.

— Charlie. — Renée ralhou. — Eles só estavam se abraçando!

— É, mas você sabe que…

— Não sei! E eles também não sabem, então trate de parar de ver malícia em um simples abraço. — Minha mãe disse.

As minhas bochechas arderam novamente.

— Podem ir agora, crianças. — Ela se virou para nós com um sorriso.

— Oito horas. — Meu pai lembrou-nos.

Eu nem olhei para trás ao me despedir.

Esme foi supergentil comigo, fazendo-me ter vergonha do comportamento de meu pai com Edward, por isso pedi desculpas a ele mais uma vez com as bochechas coradas. Ao contrário de Charlie, Esme não ficou nos vigiando enquanto estávamos na sala, usando o filme como desculpa. Meu coração disparou como um louco quando Edward, puxando meu rosto delicadamente em sua direção, juntou nossos lábios. Aquela só era a terceira vez que nos beijávamos

Eu estava feliz por saber que aconteceriam outros beijos, vários outros beijos… Incontáveis.

— Tenho uma coisa para você. — Sussurrou ele, nossos narizes se tocando.

Eu quase soltei um suspiro de frustração quando ele se afastou para pegar algo em seu bolso, mas a curiosidade logo se mostrou maior que a minha impaciência. De dentro de seu bolso na calça, ele pegou uma caixa de veludo branco que fez o meu já normalizado coração voltar a disparar em minha carta torácica. Edward ergueu os olhos para checar a minha reação e sorriu, estendendo uma mão para colocar uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

A caixinha escondia um anel de prata que formava uma coroa pontuda e redonda. Lindo.

— Você agora é — Ele começou, colocando no dedo médio de minha mão direita. — oficialmente minha namorada.

Eu sorri largamente, abraçando-o com o máximo de força que consegui.

— Obrigada, Edward.

— Obrigado você.

Fiquei lá até faltar cinco minutos para o toque de recolher de Charlie Swan, então eu e Edward corremos até minha casa, surpresos pela hora e terrivelmente temerosos com as reclamações que meu pai fariam. No entanto, toda e qualquer preocupação foi de menos quando ele parou de correr, puxando-me junto com ele.

— Não vou ter mais oportunidade hoje. — Ele justificou.

Edward estava com o rosto corado pelo esforço de correr de sua casa até a minha e a respiração artificial. Nunca me pareceu mais bonito quanto naquela hora.

Por fim, depois de sorrir confidentemente para mim, ele pegou meu rosto entre as suas mãos e aproximou nossos rostos, hesitando por alguns milésimos de segundos antes de me beijar. Eu acabei sorrindo, forçando-me a ficar séria para conseguir retribuir ao seu beijo leve. Acariciei seu couro cabeludo, passei a mão por seu pescoço e a estacionei em seu ombro ao mesmo tempo em que me erguia nas pontas dos pés.

Acabou em segundos por ambos estarmos sem ar antes mesmo de nos beijarmos, no entanto, consolei-me com a promessa sussurrada que ele me fez de que amanhã nos veríamos de novo.

Chegamos de oito horas em ponto e eu sorri astuciosamente para meu pai assim que vi a hora no relógio de minha casa. Charlie apenas suspirou e voltou os olhos para a televisão onde ele assistia a um jogo de basquete que não me interessava. Mesmo assim, sentei-me ao lado dele no sofá, tirando o meu sapato.

— Sabe, pai… O senhor não precisa ficar com ciúmes de Edward. — Murmurei casualmente. — Ele é uma ótima pessoa e eu gosto muito dele. Seria ótimo se o senhor o tratasse bem, eu ficaria muito mais feliz do que estou agora.

Charlie suspirou, finalmente desviando os olhos para mim.

— Você gosta muito dele, é? — Perguntou.

Eu corei. Assim como ele eu não gostava de colocar ou assumir meus sentimentos em palavras.

— Sim.

Ele suspirou mais uma vez.

— Então acho que vou me esforçar mais um pouco para ser legal com ele. — Meu pai sorriu levemente, colocando uma mão dentro de meu cabelo. — Eu só não… estou acostumado com a ideia de que minha garotinha já está namorando. Num dia desses, eu estava descobrindo que Renée estava grávida de você!

Eu sorri compreensivamente.

— Tenho certeza que o vovô Dwyer também não ficou feliz quando soube que a garota dele estava namorando. — Murmurei cruzando minhas pernas em cima do sofá para aquecer meus pés gelados.

— Ele ficou furioso. — Charlie disse, rindo. — E eu não conseguia sequer encarar o pai dela.

— Sério?

— É. Edward foi um garoto corajoso. — Meu pai reconheceu.

A semana se passou com mais normalidade que o esperado, nenhuma farpa sendo enviada por Charlie até Edward. Na verdade, eu tinha de reconhecer que papai estava bem melhor do que estivera no primeiro dia, até chegara a brincar com Edward ao dizer para tomar cuidado comigo, pois eu era teimosa até a morte. É claro que eu neguei aquela acusação sórdida! Eu era totalmente flexível quando queria.

Edward jantou por várias vezes na minha casa e, como Charlie, conseguia cativar as pessoas rapidamente. Não demorou a cativar a afeição de meu pai também nas várias coisas engraçadas e inteligentes que falava à mesa de jantar. E, é claro, eles discutiam sobre os vários jogos que ambos assistiam, deixando eu e minha mãe de lado na conversa, mas por um ótimo motivo.

— Ele é realmente um bom garoto, Bella. — Papai murmurou para mim quando eu estava me recolhendo para ir dormir, após um jantar animado no domingo.

Uma semana depois era aniversário de Edward e eu já estava agitada a procura de um presente. Era o primeiro aniversário dele o qual nós estaríamos juntos como namorados, então tinha de ser uma coisa perfeita.

Na segunda, eu insisti a meu pai que eu precisava de uma pizza para o jantar, mas tudo parecia estar conspirando contra isso — eu deveria ter desistido quando tive chance. A pizzaria não estava entregando em domicílio, por esse motivo eu implorei que Charlie fosse até lá e trouxesse a pizza para casa. Insisti tanto que ele acabou cedendo às minhas suplicas egoístas.

— Obrigada, pai! — Eu exclamei quando ele pegou a chave de seu carro. — Você é e sempre será o melhor!

— Você é uma pequena interesseira mesmo, não é? — Ele sorriu. — Aposto que aprendeu com a sua mãe.

Fingi uma expressão injuriada enquanto ele partia.

Eu me lembrei daquela cena umas mil vezes só em minha mente e somente por isso que notei que ele tinha feito recentemente a barba, tinha deixado de cortar o cabelo e estava com um casaco marrom quando saiu. Mamãe o preferia daquele jeito e aquele casaco era o favorito dela. Passou a ser o meu também.

Eu estava deitada no sofá, passando os canais da televisão com a melhor expressão entediada que poderia arranjar — um jeito divertido de reclamar com meu pai pela demora quando ele chegasse — quando o telefone tocou.

Eu saltitei até ele, esperando que Charlie me desse uma ótima desculpa por causa de toda aquela demora. Eu estava faminta! Eu o acusaria de ser somente sua culpa caso, ao chegar a nossa casa, só encontrasse meus restos mortais. A causa da morte seria inanição. Eu diria isso a ele com um sorriso astucioso e ele riria ao me dizer que eu tinha criatividade e dramaticidade de sobra, o bastante para escrever um livro.

Mamãe estava com Esme no shopping. Toda segunda era dia de sair com sua velha amiga, deixando Charlie a mercê de meus pedidos.

— Pai! — Eu exclamei assim que atendi ao telefone. — Estou morrendo de fome.

— Senhorita Swan. — Uma voz desconhecida me cumprimentou, fazendo-me franzir o cenho. — Senhorita Swan… eu posso falar com a Senhora Swan, por favor?

— Ela não está aqui. — Eu disse com um tom descortês e entediado.

— Senhorita Swan…

— Bella. — Eu o interrompi. — Chame-me de Bella.

Ele dispensou o meu conselho quando voltou a falar:

— Houve um acidente com seu pai.

O quê? — Eu arfei, apoiando-me na parede porque, de repente, tudo começara a girar de um jeito nauseante.

— Por favor, explicaremos tudo quando tivermos todas as informações necessárias. Mas nesse momento tudo que eu peço é que fique calma e…

— Como meu pai está? — Perguntei com minha voz falha já começando a denunciar a enxurrada de lágrimas que queria escorrer por minha bochecha.

Ele hesitou. Hesitou por um longo tempo.

Hesitar normalmente significava que algo horrível estava por vir, mas nem mesmo em mil anos eu estaria preparada para escutar que o meu pai não estava bem, que havia perdido sangue demais, batido a cabeça e tinha quebrado costelas as quais o perfuraram a ponto de causar-lhe uma hemorragia interna. Eu sabia que aquela situação era ruim. Ruim o suficiente para matar uma pessoa.

Se ele não tivesse ido pegar a pizza a qual eu tanto almejava, ele nunca teria sofrido o acidente.

Era tudo minha culpa.


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Notas finais do capítulo

"— Solte a arma. — Eu mandei mais uma vez, destravando o gatilho. — Agora."
"— É por que Isabella apareceu? Podemos dar um jeito nela por você"
"— Não foi sua culpa. — Ela murmurou, por fim. "
Então... esses são apenas trechos do capítulo seguinte... Não se desesperem. E, sim, essa última parte é a Bella falando para o Edward, o que significa que teremos alguém sendo perdoado? Como disse lá em cima, talvez posto na sexta, sim? Se vocês forem beeeem bonzinhos comigo, quem sabe eu não reconsidero e posto mais cedo? HAUSHAUSHAU, beijos, gente.
Vocês são 10!