Acordei com Alex me chacoalhando feito louca, eu estava abraçado com Jack na maca, que também acordou assustado. Esfreguei os olhos querendo me enterrar no chão de tanta vergonha, ela nos olhou e bufou.

–Se um médico pega vocês dois assim, esse albino sai daqui a tapa. – disse ela abrindo as cortinas e depois voltando para meu lado, suas bochechas estavam rosadas.

Jack se levantou e sumiu porta afora.

–Posso ir também? – indaguei em um suspiro. Ela começou a mexer no meu soro.

–Você pode ficar quietinho ai. – disse.

Ela saiu do quarto e logo depois Jack entrou ainda com olhar de sono.

–Vá pra casa. – disse me deitando.

–Não, eu vou ficar aqui até seus pais chegarem. – disse e segurou minha mão me dando um selinho. Sentou-se na cadeira.

–Está muito rebelde Jack. – disse e ele riu.

~*~

Jamie ficou conosco aquela tarde perguntando sobre o dia do cinema, algumas perguntas me faziam corar e Jack rir. No final da tarde meus pais chegaram, minha mãe me beijara múltiplas vezes.

Depois de explicá-los o que aconteceu eles agradeceram a Jack, meu pai se foi, Jamie devorava os cookies que minha mãe havia trago. Minha mãe enchia Jack de perguntas e ele parecia feliz em respondê-las.

–Há quanto tempo vocês dois são amigos? – indagou ela e Jamie parou o que fazia e olhou pra ela.

–Mas eles não são amigos. – disse ele e ela franziu o cenho. – São namorados.

Minha mãe ficou boquiaberta, eu queria enterrar aquele pirralho no chão e depois me enterrar no chão. Ela alternava o olhar entre nos dois que nos encolhíamos, Jamie voltou a comer normalmente.

Ele suspirou como se fosse para se acalmar, se endireitou na cadeira onde estava e cruzou as pernas. Entrelaçando os dedos sobre elas, eu estava com certo medo do que ela pudesse dizer a partir dali.

–Mãe eu... – comecei e ela me encarou me calando.

–Está tudo bem. – disse ela calma. – Ian me contou, há dois anos, eu já sabia filho. – “Ian e ela já sabiam e nunca me disseram nada, ridículo isso” – Só não entendo por que não me contou, Jack sua mãe sabe?

–Sim. – ele respondeu. – Mas não disse ao meu pai.

–Está vendo Ethan? Deveria ter me contado. – ralhou ela.

–Mas mãe nem mesmo eu sabia. – disse. – Só descobri depois que Jack... – repensei. – Depois de ele se confessar...

–E beijá-lo. – completou Jack fazendo meu rosto ferver, ele parecia se divertir com isso. – Mas é verdade nem ele sabia.

–Sim tudo bem, mas só pra esclarecer, vocês ainda são... Virgens? – indagou ela e eu devia estar pior que um tomate.

–Somos sim. – riu-se Jack.

–Ótimo. – suspirou ela aliviada. – Bem eu vou para casa, Jack pode levar Ethan pra casa amanha, terei de trabalhar então...

–Sim, levo. – respondeu ele instantaneamente.

–Hic! – uma ruiva gordinha adentrou o quarto e me abraçou apertado. – Fico tão feliz que esteja acordado, me desculpe não pude vir ontem. – Ela se ergueu e olhou pra minha mãe que tinha uma expressão azeda. – Ah, oi senhora.

–Olá, adeus. – disse minha mãe já saindo do quarto.

–Bem eu queria ficar, mais tenho que fazer algumas coisa. – me deu um beijo estalado na testa. – Até mais Hic, e Jack vá pra casa garoto. Sabe Hic tinha que ver como ele chorou, dizendo que não podia perde-lo...

–Calada! – ralhou ele se levantando.

–Calma eu só estou narrando os fato, mesmo tenho de ir até mais. – acenou e saiu do quarto.

Já era tarde e Jamie dormia ao meu lado e Jack do outro, a maca era bem grande, os dois ressonavam baixinho. Jack era extremamente fofo dormindo, talvez Jamie fosse mais, mas eu não iria dizer isso.

–Vim levar Jamie. – Alex apareceu. – Eu não mandei expulsar este garoto? – indagou pegando o moreno no colo.

–Eu tentei, mas ele disse que acamparia no corredor. – disse e ela bufou.

–Bem trancarei a porta para que nenhum médico os veja assim de manha. – disse e saiu.

Abracei Jack, o que foi uma péssima ideia por que a agulha de soro em meu pulso se soltou. Doeu um pouco ou eu fiz drama, pensei em chamar alguém ou eu mesmo colocar novamente.

Optei pela segunda opção afinal as luzes do corredor já estavam apagadas, doeu bastante, puxei o pedestal até ficar colado a maca. Abracei o albino que agarrava minha cintura, eu despertou e deslizou até pousar seus lábios nos meus.

“Eu te amo.” – sussurrou.

~*~

Fui acordado por Jamie que levou a mim e a Jack para a lanchonete do Hospital onde tomamos café. Jamie estava inquieto e comia vagarosamente seu cereal que ele chamava de... Me esqueci.

–O que foi? – indaguei, estávamos em uma mesa mais afastada e não havia muitas pessoas por ali. 15 no máximo.

–Alex. – ele olhou para mim. – Ela disse que você vai embora hoje, então ficarei sozinho outra vez. – disse tristemente. – Não tem crianças para brincar comigo, nunca. Aqui é muito chato.

–Ah, mas Jamie eu preciso ir para casa. – disse e ele parecia prestes a chorar. – Eu quero ver meu cachorro, Jack precisa de um banho.

–Eu sei, é por isso mesmo, eu não tenho mais casa. – disse ele.

–Sinto muito Jamie. – queria saber o que houve com sua mãe. – Ei que tal você ir passear na minha casa?

–Serio? Eu posso mesmo? – um sorriso um tanto falhado surgiu em seu rosto. Assenti. – Mas e Alex? Ela não vai deixar.

–Eu posso convencê-la. – disse Jack.

–Está decidido, mas só no final de semana tenho de ir ao colégio. – ele assentiu e voltou a comer.

Fomos embora naquela tarde, mandei Jack para casa e ele foi a contra gosto, um beijinho no nariz e logo e saiu saltitando. Voltou e me deu um nos lábios e voltou a sair dali, sorrindo de orelha a orelha.

Nos dias que se seguiram, foi um tanto desconfortáveis principalmente no colégio, as pessoas sempre cochichavam.

Olhavam para mim com desgosto como se me culpassem, por estar vivo, o mais estranho foi Melequento. Ele pediu perdão a Jack que o abraçou, e o mais incrível aconteceu, ele chorou.

O cara mais valentão de todo colégio chorou e muito, eu sempre pensei que ele só paquerava Astrid. Mas na verdade Kevin West realmente amava aquela loura, eu nunca derramei uma lágrima por ela.

Bem eu a odiava, mas a morte é algo muito ruim, ainda mais quando você ama a pessoa, você não se conforma. Sabe que nunca mais vai vê-la em toda sua vida, mesmo assim insiste em chorar.

O tempo foi passando as coisas foram se acalmando, minha mãe e Anna se tornaram melhores amigas. Daquelas que não se desgrudam nem por um segundo, venderam a cafeteria e abriram uma Pet Shop.

Jamie passará a me visitar nos fins de semana, ou Jack e eu íamos até o hospital, ou talvez saiamos para patinar. Um ano depois a mãe de Jamie morreu, eu nunca soube realmente o que ela tinha.

Alex assumiu a guarda dele, claro que continuamos a nos ver, mas de vez em quando ele chorava. No mesmo mês da morte de sua mãe, seu pai apareceu e pediu sua guarda, que foi negada pelo tribunal.

Pois no testamento da mãe dizia que a guarda passaria para Alex, que era sua irmã mais velha e que o pai não deveria tomá-la. Pude conhecer Sophia que era pequena loura, olhos verdes e tinha cinco anos.

Muito alegre ela ainda não sabia sobre a mãe, e ninguém ousaria contar, ao menos não agora. Ele passou a morar na casa de Alex, mas como ela trabalhava no hospital ele teve de estudar.

Ele ficava na minha casa até ela ir buscá-lo e por vezes ele dormia lá quando ela fazia um turno extra no hospital. O que era bom, ainda mais quando Nancy aparecia, ela amava Jamie.

Quando eu e Jack nos formamos ele me pediu em casamento, foi o pedido mais lindo do mundo. Mas acho que todos os noivos acham isso, nos casamos sim, em uma igreja azul (completamente).

Continuamos a morar em Happy Valley e bem felizes? Nancy se casou com Spencer e foram morar em Nova York, não sei o que aconteceu com Melequento. O pai de Jamie nunca voltou.

Eu acho que não existe nada impossível, só existe o improvável, achar seu como devo dizer? Amor verdadeiro o que é muito IMPROVÁVEL, mas caso você encontre lembre-se de nunca mais largar.

Por Ethan Leonardo Kings.