Coloquei meu melhor salto alto,estava usando um vestido preto. Estava indo para a cafeteria que ficava a duas quadras da minha casa, nada demais, mas eu sempre saia bem vestida e de preto. Só saia de preto depois de Luke, meu último namorado, me destruir pouco a pouco. Coloquei meu fones de ouvido e sai de casa. Ele nunca entendeu as músicas que eu gostava, e fazia questão de falar que eu era idiota por gostar dessas músicas, mas eu entendo a música, eu entendo.

A cafeteria estava quase vazia. Três mesas ocupadas. Sente em uma perto da janela e pedi um cappuccino. Eu tirei da minha bolsa um livro e comecei a ler. A garçonete colocou meu cappuccino na mesa.

-Obrigada -eu disse.

-Vai querer mais alguma coisa? -ela perguntou e eu neguei com a cabeça.

Voltei a ler. Cinco minutos depois, eu parei. Senti que estava sendo observada, então, levantei a cabeça e olhei em volta. Um par de olhos negros maravilhosos cruzaram com o meu. O garoto era lindo, cabelos negros como os olhos e pele pálida. Voltei a olhar para o meu livro. Ele estava acompanhado de um garoto moreno com olhos verdes, e uma loira de olhos cinzas.

-Posso me sentar aqui? -o garoto dos olhos negros estava parado na minha frente, e eu queria dizer não, afinal, não queria me envolver com ninguém.

-Claro -respondi.

-Eu sou Nico. Nico Di Angelo.

-Thalia. Thalia Grace.

-Esta ouvindo o que?

-James Taylor. -disse tentando não me importar com o Di Angelo.

-Não?? Gosta de James Taylor? -ele perguntou e respondi que sim, e lhe contei que tinha todos os discos deles.

A conversa foi fluindo naturalmente. Eu estava falando naturalmente, não pensei que algo ruim fosse acontecer ao fazer amizade. Contamos histórias engraçadas, e ele ria como uma criancinha, uma risada gostosa de se ouvir. De uma hora pra outra comecei a ficar meio tímida, Nico não sabia o motivo, mas eu sim. O casal que estava com ele já tinha ido embora. E já estava na minha hora. Ele me acompanhou até o meu carro. Fomos conversando e eu quase mencionei o Luke, mas Nico começou a falar dos filmes que a família dele assistia todo natal. E eu estava gostando disso. Pela primeira vez, o que passou, passou. Luke não existia mais na minha vida, ele era passado, uma história passada, um amor que deu errado, se é que eu posso chamar aquilo de amor. Eu fui burra ao parar de viver minha vida e ficar achando que tudo que o amor faz é quebrar, queimar e acabar. Pois o amor pode trazer sua felicidade, o amor pode te fazer sorrir, pode fazer seu mundo parar, fazer você ficar com um sorriso bobo.

-Gosto dos seus olhos. Azuis eletrizantes. -ele disse, eu corei e dei uma leve sorriso.

-Gosto dos seus olhos. Negros profundos. -eu disse e ele sorriu.

Quem diria que em uma quarta-feira, em uma simples cafeteria, eu veria o amor recomeçar.