Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 9
9


Notas iniciais do capítulo

~Pov Effie



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Dois dias depois de fingir que estava doente, eu já estava de volta ao sofá com meus pais. Eles me deixaram sabendo do fim da aliança entre Haymitch e Maysilee e da decisão do tributo de ficar no penhasco. Eu esperava que Haymitch tivesse descoberto o campo de força, mas não entendia porque resolvera permanecer no penhasco. Ele seria encontrado e morto rapidamente agora que Maysilee... bem, havia isso. Meus pais contaram tão casualmente que foi difícil de entender ou aceitar. Maysilee Donner estava morta. Eu não fiquei triste o suficiente para soltar uma lágrima, afinal, não a conhecia. Ela, no entanto, fora quem mantivera Haymitch vivo nas últimas duas semanas, e eu tinha de dar-lhe algum crédito por isso. Ele era um tributo difícil e ela parecia ser uma boa pessoa. Haymitch era amigo dela, e eu me permiti ficar pelo menos um pouco triste.

Hinak, obviamente, odiava os Jogos, então quando nos reuníamos para assistir, ela dava um jeito de escapar para a cozinha ou fazer alguma coisa desnecessária. Naquele dia, porém, ela sabia que eu precisava de apoio, já que Haymitch era um dos últimos tributos e possivelmente seria morto por um dos carreiristas restantes.

Logo depois do hino da Capital, ao invés da Arena, Caesar Flickerman apareceu, com um tipo de “Boletim Voraz”. Já que apenas três tributos ainda estavam vivos, aquele seria muito provavelmente o último dia daquela edição dos Jogos e ele desejava sorte aos tributos e aos espectadores torcendo por eles. Meu estômago se embrulhou ao ser lembrada que, para o resto da Capital, era só isso que os tributos eram. Não pessoas lutando pela própria vida, mas coisas participantes de um joguinho, pra quem se pudesse torcer. Não se torce para alguém matar outra pessoa.

Ao fim do boletim, a Arena surgiu na tela, o vulcão exibindo uma trilha de lava que escorria fazia alguns dias. Depois a localização de cada tributo foi esclarecida e eu vi quão ruim era a disposição dos participantes.

Havia um carreirista no bosque ao lado do vulcão e outra, do 1, indo na direção de Haymitch. Ela ainda estava uns bons cento-e-alguma-coisa metros, mas certamente chegaria lá. O pior de tudo: ela carregava um machado em uma das mãos. Uma arma pesada, afiada e já ensanguentada com o sangue dos que ela assassinara anteriormente. Haymitch, claramente, não estava ciente de sua aproximação, mas a faca que pendia de seu lado de nada serviria em sua defesa. Enquanto a carreirista caminhava em exaustão na direção do penhasco, o tributo restante tentava fazer sua passagem pelo bosque, sem sucesso.

De repente, ao tropeçar em uma raiz colossal, foi atacado por esquilos. Aconteceu tão rápido que só percebemos que os raios dourados que o atingiam eram esquilos quando estes se dispersaram antes de atacar uma segunda vez. O chão coberto de folhas e o pelo dourado sedoso dos animais estavam tingido de vermelho, mas nada se comparava ao tributo. Fora a primeira e praticamente única vez que eu sentira pena de um carreirista: cortes finos feitos por garras afiadas atravessavam todos os pedaços de pele exposta e todo seu corpo, pele ou não, estava coberto de sangue. O sangue escuro e fresco de um humano agonizante manchava a tela de todas as televisões de Panem e ninguém moveu um dedo para fazer algo sobre isso.

Antes que os esquilos dourados atacassem novamente, o canhão soou. Ele estava morto.

E restavam apenas dois tributos.

No momento que a carreirista atingiu a distância de quatro metros de Haymitch, ele virou-se subitamente. Arregalando os olhos de terror, ficou paralisado por um momento antes de agarrar a faca e segurá-la na direção da tributo. Ela deu um sorriso carregado de escárnio e investiu.

A luta deles é algo que eu evito lembrar. Mesmo quando consigo, a maior parte é um borrão de movimentos vermelhos e violentos. Eu estava com os nervos à flor da pele, então só comecei a prestar atenção mais pro fim da luta:

Havia sangue pra todo lado e Haymitch mal conseguia andar. Ele tinha uma mão sobre a barriga cortada e segurava a faca com a outra. A carreirista tinha vários cortes também, mas ainda era forte o suficiente para segurar o machado. Subitamente, a faca de Haymitch cortou o ar e enterrou-se no olho da tributo. Ambos gritaram enquanto ela levava as mãos ao rosto, largando o machado, e deu um passo para trás. Haymitch virou-se e mancou até o penhasco, percebendo a idiotice do ato quando a carreirista agarrou o machado novamente e começou a andar em sua direção.

Num último esforço, ela segurou o machado com as duas mãos e girou-o acima de sua cabeça, lançando-o em Haymitch com um rugido de ódio. Quando ele se abaixou, desviando, ela deu outro grito e tentou avançar nele, mas, ainda agachado, ele sorriu de orelha a orelha. Um sorriso carregado de malícia, maldade e aquele jeito que o sorriso tem quando você sabe algo que a outra pessoa não tem nem ideia. Aquele sorriso fez a carreirista hesitar, como se se perguntasse por que diabos ele estava sorrindo se ela ia matá-lo com as próprias mãos. Vindo do vale, ouviu-se um som elétrico, de curto-circuito, e, voando como um bumerangue, o machado voltou. Antes que a carreirista pudesse reagir ao ricochete, o machado atravessou sua garganta.

A cabeça caiu no chão ainda com a expressão de surpresa e, quando o canhão soou, pareceu mais alto do que qualquer outra vez.

Não sei se por alegria, horror ou tristeza, lágrimas invadiram meus olhos, e eu fiquei completamente imóvel, prendendo a respiração. Haymitch estava vivo. Ele havia ganho os Jogos Vorazes.

Haymitch estava vivo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do final dos Jogos :D