Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 7
7


Notas iniciais do capítulo

~Pov Effie



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Fazia pouco mais de duas semanas que eu era obrigada a assistir os Jogos para que meus pais não descobrissem o que acontecera entre mim e Haymitch. Todo dia eu sentava no sofá entre eles e era torturada por imagens do tributo do 12 andando pelo bosque da Arena, fugindo dos outros, bebendo da água da chuva e, o mais doloroso, parecendo proteger o braço em que o trapo bege ainda estava amarrado.

Vários dias depois de ter de vê-lo matar um carreirista com uma faca e fazer uma aliança com Maysilee Donner, eu praticamente não aguentava mais. Os olhos azuis dos quais eu me lembrava iluminados por sarcasmo estavam apagados há muito e seu cabelo e roupas estavam sujos; vários cortes atravessavam seus braços e pernas. Quando minha mãe foi me chamar para sentar no sofá e assistir aos Jogos, eu resmunguei:

– Hmmm? Ah, não...

– Está tudo bem, querida? – ela quis saber, sua voz adquirindo um tom preocupado.

– Não... eu acho que estou doente...

– O que você tem?

– Minha cabeça...

– Está com dor de cabeça? Está com febre?

– Cabeça... sim...

– Ah, coitadinha... vamos fazer assim: você fica na cama o dia inteiro e a Avox te traz uma sopa no meio da tarde. Seu pai vem aqui te deixar a par dos Jogos de vez em quando, tá?

– Tá... – senti um nó na minha garganta quando minha mãe mencionou a Avox que estava conosco fazia alguns meses. Ela tinha uns dezessete anos e eu não sabia de que distrito viera, mas desde que conhecera Haymitch, eu me sentia mal por “tê-la”. Depois que minha mãe saiu do quarto, eu me afundei entre os lençóis e tampei meus ouvidos enquanto o hino da Capital tocava na sala. Sei que isso foi extremamente “não-patriota”, mas eu não suportava mais aquela melodia medíocre e todos os pensamentos relacionados a morte que ela me trazia.

Felizmente consegui dormir de novo e só acordei quando meu pai veio me dizer que uma tributo do 4 morrera envenenada por alguma coisa que ela comeu. Senti-me na obrigação de dar algum tipo de resposta, então sussurrei enquanto me espreguiçava:

– Ela já devia saber... a Arena é toda venenosa...

– É verdade – meu pai esboçou um sorriso – só a água da chuva que não é, além da comida das mochilas. Essa tributo não foi nem um pouco prudente.

– Pois é...

– É. Então, tá, Effie, a sua sopa já vai chegar. Tchau.

– Como aquele tributo do 12 está? – perguntei, tentando não parecer muito interessada.

– Quem? Aquele Haymitch? Ah, ele tá estranho. Acho que ele e aquela Maysilee estão louquinhos, indo pra lugar nenhum.

– Lugar nenhum?

– Eles estão andando em uma só direção desde hoje de manhã. Parece que não sabem pra onde estão indo.

– Ele está indo para a borda da Arena?

– O quê? Ah, sei lá, filha. Eles estão andando. Olha, eu vou voltar pra sala. Que bom que você já está um pouco melhor.

– Tá. Tchau.

Assim que meu pai fechou a porta, eu saltei da cama, peguei o tablet didático de História que o meu professor de Humanas usava e abri o capítulo que descrevia o funcionamento dos Jogos. Era uma coisa muito vaga, já que o governo não queria ninguém da Capital se indignando com o sistema, mas eu havia lido aquilo várias vezes e lembrava de cada detalhe que poderia passar despercebido.

Acessei os parágrafos, procurando o que explicava a Arena, e encontrei o trecho que explicava tudo, rápida e casualmente: “Para que os tributos não fugissem, os Idealizadores criaram um campo de força ao redor da Arena que era desativado depois que os jogos terminassem para visitação”. Era só aquilo. Mas apenas aquela menção ridícula do campo de força fez meu coração disparar de desespero. Se Haymitch alcançasse a barreira, não apenas seria impedido de sair da Arena, mas seria torrado vivo ou simplesmente ter seu coração desativado. Eu desabei no chão ao pensar que ele realmente podia morrer lá na Arena, e não retornar ao 12 como eu sempre acreditara.

Foi com o tablet nas mãos e as pernas dobradas embaixo de meu corpo que a Avox me encontrou ao entrar no meu quarto com a sopa. Ela quase derrubou a bandeja com o pote e sinalizou para que eu voltasse a me deitar, como se estivesse com medo que alguém me visse fora da cama. Quando me sentei, ela viu o tablet e, mesmo sendo proibido, ela fez uma cara curiosa e tentou ler por cima do meu ombro. Imediatamente percebeu seu erro e abaixou a cabeça, deixando a bandeja no meu criado mudo e acenando que ia embora. Quando alcançava a maçaneta, eu fiquei de pé e disse:

– Espere. – quando ela virou-se, surpresa, eu indiquei o tablet – Pode ler.

Ela arregalou os olhos e aproximou-se hesitante e cautelosamente. Antes de pegar o tablet, ela lançou-me um último olhar de incerteza e, quando eu assenti, ela se pôs a ler. Depois de algumas linhas, ela apontou para o texto e depois para mim, levantando ambas as sobrancelhas em indagação. Eu hesitei.

Não que ela vá contar para alguém sobre Haymitch, certo? No momento que isso passou pela minha mente, eu me senti péssima. Tanto porque era verdade quanto era o que a antiga Effie pensaria; a Effie Capitalista que aceitava tudo que lhe diziam sobre o sistema e achava conveniente que houvessem criados que não podiam questionar o porquê das suas ordens mais estranhas. Eu suspirei e perguntei:

– Qual é o seu nome?

A Avox pareceu ainda mais surpresa do que quando eu a deixara ler. Ela olhou para o tablet e criou uma página em branco, escrevendo “Meu nome era Lannais, mas meus amigos me chamavam de Hinak.” Eu encarei-a por um momento e mudei a frase de “Meu nome era” para “Meu nome é”. Lannais arregalou os olhos novamente e, depois de um segundo, escreveu “Por que está procurando informações sobre a Arena?”.

– Eu posso confiar em você pra não escrever nada pra ninguém?

Ela não pareceu ofendida e assentiu.

– Conheci Haymitch Abernathy. E... eu acho que... acho que estou apaixonada por ele. E estou com medo por ele. Sei o que ele pretende fazer e sei que, se conseguir chegar no fim da Arena, será morto pelo campo de força. Ninguém sabe nem nunca poderá saber, então... eu tenho de permanecer neutra assistindo os Jogos. Eu não aguento mais. E não estou doente.

Lannais pareceu refletir sobre algo por um momento e depois escreveu “Tome a sopa. Seu pai virá daqui a pouco pra te contar dos Jogos.” Eu assenti e me enfiei dentro dos cobertores novamente, pegando a sopa da bandeja e deixando que Lannais a levasse. Quando ela ia abrir a porta, eu disse:

– Obrigada, Lannais.

Ela sorriu sem mostrar os dentes e balançou a cabeça, movendo o indicador em roda.

– Hinak? – arrisquei.

Ela abriu o sorriso e saiu do quarto.

Pelo jeito eu tinha um talento natural para ser autorizada a usar os apelidos das pessoas.


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Notas finais do capítulo

Os Jogos já estão terminando na fic pq eu não quero ser mais infiel aos livros do que já estou sendo, mas, como já disse antes, terão gigantescos intervalos de tempo entre os capítulos e acho que terei de repetir de narrador no próximo capítulo, então, né ;)
Espero que ainda estejam gostando e não queiram me matar c:



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