Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 11
11


Notas iniciais do capítulo

~Pov Effie e... REENCONTRO LALALALA



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Eu inspirava e respirava, suando frio. Meu nervosismo estava incontrolável e, mesmo com a maquiagem à prova d’água, minha cara não era das melhores. A cada metro mais próxima do distrito 12 meu coração batia mais rápido, e o trem era bem veloz, para meu desespero.

Não conseguia evitar de imaginar como seria nosso reencontro. Será que ele ficaria feliz em me ver? Ficaria com raiva? Ou será que, depois de tanta bebida, havia se esquecido de mim? Porque essa certamente seria a opção mais dolorosa.

Amaldiçoei-me por ter demorado tanto tempo para voltar a estudar para escolta da Capital. Eu parara por conta da verdade que Haymitch havia me mostrado tantos anos antes e, embora sabendo que, se fosse escolta, eu o veria de novo, não suportava a ideia de levar tributos para a morte, mesmo que isso significasse todos os Haymitches do mundo. Felizmente, eu comecei a pensar o que aconteceria se eu me tornasse escolta. Não só me reencontraria com Haymitch, como também teria uma chance de fazer algum tributo do 12 vencer os Jogos novamente. Com a minha ajuda, talvez fosse possível que os “pobres coitados do carvão” fossem realmente bons e vencessem, mostrando a Panem inteira que os distritos mais desprezados também eram fortes.

Infelizmente, eu nunca pude ajudar muito nessa área.

Sempre me esforçaria para que os tributos fizessem bonito nas entrevistas e tentaria desesperadamente convencer os patrocinadores a ajudá-los, mas sabia que nunca conseguiria melhorar suas habilidades físicas e muito menos ensiná-los a manejar armas. Isso seria tarefa de Haymitch. “Estamos perdidos”, pensei, ao imaginar Haymitch ajudando dois adolescentes a lutar.

Quando, preguiçosamente, olhei pela janela, quase pulei de susto. A paisagem que ali me esperava era infinitamente pior do que eu esperava. O lugar era cinzento e pobre e todas as pessoas que vagavam pelas ruas malfeitas tinham expressões vazias e tristes. Eu não queria, mas reparei nas suas roupas simples e seus modos rudes, tão diferentes do que eu presenciava na Capital. Todos aqueles habitantes desolados se dirigiam ao mesmo local que o trem onde eu estava: a prefeitura.

Levantei-me da minha poltrona e me posicionei na frente da porta pela qual eu sairia, não apenas para reencontrar o homem que mudou minha visão do mundo, mas para sortear jovens inocentes e levá-los para o desconhecido. Alisei meu vestido branco e roxo e relaxei os ombros. “Vai dar tudo certo” eu suspirei “Tudo bem. Não surte”.

No instante em que a porta deslizou, minha atenção foi sugada pelo ambiente tosco e seco. Andei um pouco na direção do prédio da prefeitura e abri a porta. Os móveis de madeira pareciam extremamente desconfortáveis e o chão era cheio de marcas do tempo. As janelas pequenas deixavam pouca luz entrar e metade das lâmpadas estavam queimadas, então a iluminação não era grande coisa. Involuntariamente, fiz uma expressão de desgosto e dei um passo para dentro da sala. Esperei alguns momentos com um ar desconfortável antes que um homem grande e sério entrou na sala.

– Senhorita Trinket? – ele perguntou, me olhando de alto a baixo.

Com o sotaque da Capital, respondi, alvoroçada:

– Sim, sim, eu mesma! Effie Trinket, muito prazer!

– Ah... o prazer é meu, Srta. Trinket – ele estendeu a mão como se não tivesse prazer nenhum em me conhecer. Apertei a mão dele breve e delicadamente, olhando ao redor em seguida.

– Então o senhor que administra esse distrito? Deve ser difícil, com o comércio de carvão e os acidentes nas minas...

– Sim, sou eu que administro o distrito 12 – ele me cortou, seco.

Congelei meu sorriso e mudei de assunto.

– Bem, já devo ir? A Colheita começará em breve, certo?

– É. Venha, eu vou te apresentar ao mentor do 12.

Meu coração disparou e mais uma gota de suor brotou da minha nuca, mas eu não perdi a compostura.

– Claro, claro. Haymitch...?

– Abernathy. Ele está nessa sala – ele apontou para uma porta e abriu-a, entrando na minha frente.

Quase prendi a respiração. Haymitch Abernathy, com 38 anos, estava esparramado em uma poltrona marrom, usando uma camisa social cinzenta e amassada, calças horríveis e só um sapato. Seus cabelos loiros sujos estavam na altura de seu maxilar e sua boca estava colada no gargalo de uma garrafa de uísque, a razão pela qual ele estava completamente alheio à minha presença. Seus traços, no entanto, ainda eram atraentes, e ele certamente lembrava o adolescente que eu conhecera.

O prefeito pigarreou e Haymitch quase engasgou na bebida. Ainda segurando a garrafa, ele virou-se para nós, desinteressado. Quando me viu, porém, seus lindos olhos azuis com os quais eu ainda sonhava se arregalaram, indicando que ele me reconheceu. Ele se lembra de mim.

– Haymitch – o prefeito falou, como se estivesse cansado de ficar na mesma sala do ex-tributo – Essa é a nova escolta da Capital, Effie Trinket. Srta. Trinket, esse é o mentor do 12, Haymitch Abernathy.

– É um prazer – eu disse, ainda com a voz entusiasmada. Haymitch não respondeu o cumprimento. Ele continuava me encarando, embasbacado.

– Hm... bem, então é isso, já se conhecem – o prefeito pareceu desconfortável - Eu tenho que... ah... resolver algo. Adeus. Novamente, foi um prazer, Srta. Trinket. Chamarei quando estivermos prontos.

Ele saiu da sala, deixando eu e Haymitch completamente sozinhos. Eu suspirei, desfazendo o ar animado, e sentei na poltrona à frente dele. Fiz questão de abandonar a voz anasalada.

– Olá, Haymitch. Faz muito tempo.

Por alguns momentos, ele continuou sem oferecer reação, mas quando falou, pareceu incrédulo:

Effie?

Eu quase ri.

– Não, Presidente Snow – sorri – Porque está tão surpreso?

– Eu... – ele balançou a cabeça – Você parece tão jovem.

– Bem, a maquiagem da Capital realmente faz maravilhas com as mulheres mais velhas. Eu ainda tenho um ano a menos que você, sabe?

– Céus, Effie. Eu achei que nunca mais fosse te ver – a voz dele estava um pouco mole, característica de gente bêbada, mas suas palavras soavam sinceras – Eu senti tanto a sua falta nos primeiros anos.

Meu coração se apertou.

– Me desculpe por ter demorado tanto tempo. Eu parei de estudar pra ser escolta por um tempo.

Ele assentiu. Ajeitou-se na cadeira.

– Meu sapato.

Revirei os olhos e joguei o sapato que estava do lado da minha poltrona.

– E então? O que tem feito? Por quê começou a beber?

Seus olhos escureceram.

– Você não soube?

– Do quê?

– Eu comecei a beber no ano dos meus Jogos. Depois que a Capital queimou minha família.

Eu abri a boca, mas não consegui dizer nada. Por fim, quando processei a informação, soltei:

– O quê?

Ele deu um sorriso que pareceu um tanto cruel.

– Eles nunca contaram pra ninguém, não é? Depois dos Jogos, eles tiraram tudo de mim por causa do que fiz com o campo de força. São uns filhos da puta – ele levantou, cambaleando um pouco. Quando ele se firmou de pé, eu me levantei e abracei-o. Pego de surpresa, ele levou um momento para envolver-me com seus braços, mas quando ele o fez, eu me senti carregada de volta àquele terraço.

– Eu senti a sua falta – murmurei.

– Eu sei. Até virou escolta de tributo pra me ver de novo, né? Danadinha.

Eu ri e olhei para seu rosto. Ele cheirava a algumas bebidas misturadas, mas eu não me importava. Já tinha acostumado a tomar conta de bêbados por causa da minha mãe, que tivera uma crise quando eu larguei seus estudos. Mas Haymitch não era minha mãe.

– Haymitch, você me acha horrível, não é? Um instrumento odiável da Capital que arrasta tributos para sua morte...

– Primeiramente: você vai ter que fazer muito melhor pra virar um monstro daqueles – ele sorriu sem mostrar os dentes – E segundo: Aber.

Eu sorri de orelha a orelha.

Haymitch Abernathy ainda era Aber.


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Notas finais do capítulo

É issae, espero que tenham gostado, comentem, etc. :3 Abraços