POV Hermione

Estava sentada na mesa da Grifinória, observando Rony comer seu café-da-manhã de uma só vez.

–Rony, a comida não vai acabar sabia?

–Nunca se sabe quando os elfos domésticos irão se rebelar.

Revirei os olhos. Ele sabia que eu não gostava da escravidão sobre os elfos domésticos. Estava pronta para revidar quando o correio matinal chegou. Corujas largavam pacotes em toda parte. Eu nunca recebo cartas, meus pais são trouxas, portanto eles não sabem muito bem como funciona o correio de corujas.

–Hermione, chegou!

–O que chegou?

–Você sabe o quê! Vamos, eu quero vê-lo!

Ginny me arrastou até o Salão Comunal, me deixando sem café-da-manhã. Ela carregava uma caixa grande nos braços, e quando chegamos ao dormitório feminino, ela o jogou em cima da cama e começou a rasgar a embalagem, até um pedaço de cetim azul-celeste aparecer.

–Merlin! Ele é lindo!

Ginny tinha nas mãos um vestido elegante, estilo tomara-que-caia, com um corte na lateral esquerda.

–Ei, esse é o vestido que a sua mãe comprou para mim?

–É. Ele é muito mais bonito que o meu! Vista-o para mim, anda!

Eu fui ao banheiro e me troquei. Admito que o vestido era lindo, mas deixava a mostra muito mais coisa do que eu gostaria, realçando as curvas do meu corpo.

–Hermione! Você está maravilhosa!

–Não sei Ginny, eu achei muito justo.

–Caramba, mas que corpão hein?

Minhas bochechas ferviam.

–O que você vai fazer no cabelo?

–Eu não sei, não há muita coisa a fazer, não é?

–Claro que tem, Mione! Seu cabelo é lindo! Façamos o seguinte: Eu te arrumo para o baile, ok?

Ai, mil vezes Ai. Digamos que a minha amiga não é o que chamamos de... Discreta. Soltei um gemido baixo.

–Hermione Granger! Você vai deixar eu te arrumar sim, nem que eu tenha que te estuporar para fazer isso!

–Tá legal, Ginny. Eu deixo você me arrumar no dia do baile.

Seu rosto se iluminou de ansiedade. Isso não ia dar certo.

POV Fred

–George, Fred, a mamãe também colocou trajes a rigor na mala de vocês?

–Colocou. Elas são demais, não são?

–Demais?! A minha é ridícula! Se parece com um vestido!

Ele mostrou um pano marrom, com babados brancos que realmente era ridículo. Eu e George explodimos em uma gargalhada.

–Parem de rir! A de vocês não é assim?

–Não mesmo

Eu fui ao meu dormitório pegar meu traje a rigor para mostrar ao nosso querido irmãozinho o quanto é bom não ser o caçula.

–Mas a de vocês é muito legal!

–Nós sabemos – dissemos eu e George em uníssono.

Rony parecia realmente chateado, o que tornava mais engraçado ainda.

–Mas do que você está reclamando? Quer dizer, você nem tem um par ainda

–Ei, eu estou trabalhando nisso, ok?

–Ah claro, pois então trabalhe mais rápido antes que todas as garotas legais tenham seus pares.

Ele saiu pisando forte dali e eu comecei a rir novamente quando me lembrei do quão ridícula é a sua roupa. Senti um cutucão no ombro e ao me virar me deparo com Harry.

–Ei Fred, a Angelina está te procurando.

Soltei um lamento baixo.

–Se cansou da namorada, irmãozinho?

–Ela não para de me encher com coisas que não tem nada a ver. “Fred, o que você acha desse brinco? Fica bom com essa pulseira?” ou “Fred, como você acha que prendo meu cabelo?” ou até “Fred, sabe com quem a nojenta da fulana vai? Com o gato do sicrano”. Cara, ela é um pé no saco.

Os dois riram enquanto eu franzia as sobrancelhas.

–Bom, você convidou, agora aguenta.

–E você, Harry? Vai com quem ao baile?

Percebi que George havia feito a pergunta errada. O sorriso se apagou do rosto do garoto, e deu lugar a uma expressão de desapontamento.

–Eu convidei Cho Chang, mas ela já vai com Cedrigo Diggory. Portanto, ainda não tenho um par.

–Ouvi dizer que Parvati Patil queria ir com você.

Ele pareceu pensativo.

–Bom, talvez eu a convide. Obrigado. Até mais.

De repente uma voz estridente ecoou nos corredores:

–FREEEEEEED!

–Ai caralho.

Eu saí correndo até encontrar uma porta que eu jurava não estar ali antes. A Sala Precisa. Entrei ali e fechei a porta. Os gritos se abafaram. Finalmente!

POV Hermione

–Hermione, você é uma garota.

–Que observação interessante, Rony.

–Poderia ir com um de nós dois ao baile.

–Sinto te desapontar, mas eu já tenho um par para o baile.

–Quem? – Rony e Harry disseram juntos.

–Ninguém que os interesse!

Rony deu um olhar significativo a Harry que logo entendi. Ele não acreditava que alguém havia me convidado para o baile. Me levantei bruscamente do sofá em que estávamos sentados e saí bruscamente do Salão Comunal. Meu destino? A biblioteca. O único lugar em que eu me sentia bem nos últimos dias, e eu creio que não preciso explicar o porquê.

Encontrei Vitor buscando algum livro nas prateleiras. Cheguei atrás dele a fim de lhe dar um susto, mas antes que pudesse fazer alguma coisa ele disse:

–Olá Hermione.

–Como sabia que eu estava aqui?

Ele se virou para mim e me encarou com um meio-sorriso. Merlin, eu poderia me perder naqueles olhos negros a qualquer momento.

–Eu sinto a sua presença.

Ruborizei. É claro, um encontro com ele nunca poderia ser completo sem uma vermelhidão nas bochechas.

–Estava procurando alguns dos livros que você me recomendou. Pode me ajudar a procurar?

–Claro. Qual o título?

–Animais Fantásticos e Onde Vivem

–Eu acho que esse só vai encontrar na seção reservada da biblioteca, e é preciso a autorização de um professor para entrar lá.

–Talvez eu consiga de outro jeito. Espere aqui.

Observei ele se afastando em direção à bibliotecária, cujo nome eu sempre esqueço. Ele se apoiou na mesa e começou um papo animado com ela. Passado algum tempo, ela se levantou e nos levou até a seção reservada e nos deixou lá, sozinhos.

–O que você disse a ela?

–Ah, nada de mais. Só pedi a ela que me levasse a seção reservada porque queria alguns livros para me ajudar no Torneio. E é claro, meu charme ajudou muito.

Ele soltou uma gargalhada rouca que me fascinou. Acabei rindo com ele. Estava caminhando ao seu lado, e meu olhar foi atraído para um peitoral extremamente forte que era bem marcado pela roupa que Vitor usava. Ele falava algo que eu não prestava atenção. Estava tão ocupada reprimindo a vontade de tocar seu peito, que acabei tropeçando em meus próprios pés. Só não me esborrachei no chão, porque uma mão forte me segurou pela cintura. Vitor me segurou, e me trouxe pra perto dele. Ele sustentava meu olhar. Seu rosto começou a se aproximar, tanto que senti sua respiração quente em meu rosto. Ele tinha um cheiro amadeirado que me atraía para perto. Ele estava tão perto que poderia contar as pequenas e claras sardas que havia em seu rosto. Desviei os olhos e virei a cabeça. Pigarreei.

–Bom, qual é o livro mesmo?